COAF menos ativo?

A notícia mais recente e preocupante até o momento sobre o novo governo chegou hoje, e não se sabe (como tudo o que se publica nesses dias na grande imprensa) se é isso mesmo ou se é “another brick in the wall” que está sendo colocado para consumo do vulgo (nós).

O troço é mais ou menos assim:

  • Retirada de exigência de que informações sobre parentes de políticos sejam enviadas ao COAF;
  • Possibilidade de que o COAF venha a receber dos bancos menos informações sobre movimentações estranhas, como aquelas acima de R$ 10 mil, de uma forma geral;

A coisa, lida na mídia geral, aparece como acima descrita, ou seja, parece redução da rigidez das regras, ou seja, menos controle.

A informação que vem do Bacen, no entanto, diz que o caso vai no sentido contrário. Não apenas os bancos continuam obrigados a reportar ao COAF as situações consideradas atípicas, como NÃO se aplicam mais limites mínimos. Ou seja, não precisa que algum montante seja ultrapassado para que a instituição acione o COAF.

Como auditor, e sempre me valendo do conceito de materialidade, derivado de um escopo calculado estatisticamente para que não se tenha que examinar “tudo” mas que tudo o que é relevante o seja, entendo que há situações em que embora algo pareça “abaixo do radar”, ou do escopo, ainda assim deve ser investigado.

Meliantes talentosos tem um arsenal grande de truques para fugir aos controles estritamente estatísticos ou “genéricos”. O advento de inteligência artificial com algoritmos cada vez mais sofisticados implica na descoberta de padrões invisíveis aos olhos dos analistas, mas que podem apontar para fraudes concretas. Algoritmos que “aprendem” e trabalham na velocidade da luz podem “entender” o padrão de movimentação de cada correntista “exposto” politicamente ou não, e com base nisso alertar os analistas quando algo merece ser verificado mais a fundo.

Cuido muito em ler as coisas com mil olhos, porque está cada dia mais difícil identificar a verdade à distância, sem a interferência de jornalismo sério, verdadeiro, que verifique fontes com limpeza e sem viés ideológico pra lá ou pra cá. O fato de que os interesses que ora existem nos escalões mais de baixo, nos ministérios, autarquias, etc, ainda dá mais arrepio ainda. Algo atribuído a esta ou aquela autoridade pode ser simplesmente guerra de informações ou parte da fábrica de fake-news que roda a todo vapor.

Importante usar filtros cada vez mais potentes. Fica a dica.