Opiniões

A Guerra Comercial de 2025

Estou ouvindo e lendo de tudo. Desde que os EUA estão fazendo certo, até que a China está forte até tudo ao contrário disso. Estou lendo barbaridades, que, normalmente, são jogadas travestidas de opinião independente… a famosa agenda oculta no bolso do colete.

EUA fortes

Líderes do mundo livre, capitalistas e com grande IDH, os EUA são uma espécie de “polícia” do mundo, reconheça-se ou não, e gastam mais com suas segurança do que quase todos os outros países do mundo juntos. Só na OTAN são responsáveis por até 30% do orçamento. Na ONU, as forças de paz consomem 22% de grana americana, sobre o orçamento total da entidade.

(Fonte One AI, sobre dados da OTAN de 2024)

Esses dados dão a medida em que um país que representa 4% da população mundial acaba arcando com algo entre 20% e 25% de tudo o que o mundo gasta em defesa e missões de paz. Isso sem contar o aspecto de vidas, que não se sabe medir.

Meu saudoso pai dizia que “quem dá o pão, dá o ensino”. Ora, chamar os EUA de imperialistas é fácil. Difícil é fazer o que eles fazem. E aqui não vai nenhuma consideração sobre a qualidade desse imperialismo. Cubanos diriam “terrível”, países desenvolvidos diriam “necessário”. Eu diria “importante”.

Tudo isso se traduz para dentro da Guerra Comercial, iniciada agora por Trump. Para começo de conversa, quero deixar bem claro que como amante da Escola Econômica Austríaca, DETESTO qualquer tipo de protecionismo, e acho que Trump está absolutamente ERRADO nessa iniciativa.

Mas posso cá comigo entender por que… J.D Vance disse bem, numa entrevista recente à Heritage Foundation, que não é correto os EUA “bancarem” o faturamento do chinês médio, pagando com dívida que o próprio governo desse chinês médio compra e estoca. Verdade? Sim. Os EUA, com isso, comprometem todo o futuro das gerações vindouras com um déficit que se torna cada dia mais difícil de pagar, ou de manter em uma relação saudável com o PIB.

Exceto que J.D. esquece de dizer uma coisinha: não é de “trade balance” (balança comercial) que se trata o futuro do déficit de um país, mas de toda a corrente de comércio E serviços. E aí está a coisa: como maior emissor de patentes do mundo, cobra a maior parte dos royalties e serviços “intangíveis”, o que em muito ajuda a equilibrar o endividamento de lá.

(Fonte One AI Pro. Dados podem mudar segundo a fonte pesquisada)

No final das contas, os EUA tiveram uma boa melhora entre 2022 e 2023, no que tange a Balanço geral de pagamentos. Mas o fato mais relevante pode ser visto na exposição que o conta correntes sobre o déficit público americano é relevante. Em 2023, metade do déficit público (em valor, nào estoque) pode ser representado por saldo negativo de conta corrente com o restante do mundo.

Dá para entender a visão (no meu ver, “em túnel”) de Trump sobre a importância de reduzir o déficit comercial. Pode, e quase certamente vai, ser um tiro no pé.

Tiro no Pé?

Não sei se Trump considera que seus movimentos de agora, vistos como pré-Armagedom por meio mundo, serão levados à ferro e fogo até o fim. Ele precisa mandar uma mensagem ao mundo:

“Não vamos aceitar menos do que reciprocidade de tarifas, com país algum”

(Um suposto Donald Trump, da minha imaginação)

Se vai às últimas consequências, não sabemos.

Minha sensação é que, após esse freio de arrumação (como diríamos nós cariocas), Trump começará a refazer o sistema, considerando as especificidades e necessidades dos EUA. Não é possível criar uma taxação maiúscula, de (sei lá) 34% sobre Madagascar, que basicamente só exporta baunilha (a melhor do mundo) sem pensar bem e voltar atrás ali na frente. Seria maldade pura e simples.

Em alguns casos, as ditas reciprocidades já embutem algumas pílulas de açúcar, como a exceção de chips de computador de Taiwan. Agora, em abril de 2025, os Estados Unidos impuseram uma tarifa de 32% sobre produtos importados de Taiwan. Mas isso expressamente exclui semicondutores (vide reuters.com). Os EUA não são tão bobos de jogar Taiwan no colo da China de vez… Daí, em resposta, o presidente de Taiwan, Lai Chingte, propôs um regime de zero tarifas com os Estados Unidos. Em contrapartida pede o aumento de investimentos no país, sob desculpa de “fortalecer os laços econômicos e mitigar os impactos das novas tarifas” (de novo, reuters.com).

Como ninguém é bobo, com exceção dos que querem fazer xixi nos cantos do terreiro, pra marcar território, o que o o caso da China (que não pode deixar de fazer isso, sob pena de perder o discurso) e o Brasil (por burrice ideológica mesmo), o mundo vai, rapidamente, se ajustar, e ESPERO (Deus ajude!) que o resultado tanto para a economia americana, quanto global, acabe sendo grandemente mitigado, e até positivo, em última instância.

A nenhum ocidental, com exceção dos ideólogos de esquerda, interessa uns EUA frágeis. Isso exporia demais todo o ocidente às ameaças dos CRINK (China, Rússia, Irã e Corea do Norte). E olha que não são poucas as ameaças representadas por eles, sob Putin, Xi, O Turbantão e o Cabelito.

É só Wishful Thinking mesmo…

E no final, tudo o acima é minha forma de oração. Que Deus me ajude que escrevi algo que será lembrado no futuro como correto. O bom senso costuma vencer, exceto em casos em que “pequenos bigodes ridículos” (Hitler) ou “grandes bigodes mais ridículos ainda” (Stalin), prevalecem. Foi assim na crise dos mísseis de 1962, quando Kennedy e Kruschev acabaram recuando e mantendo a paz.

Tenho mais é que desejar o melhor, já que, francamente, minha confiança na sanidade mental da dupla Trump-Musk anda meio abalada.

Então, Deus nos ajude e que eu esteja correto!!!

Terremoto Econômico e o Bai Lan

Estamos diante do maior terremoto nas estruturas econômicas do mundo, talvez desde os choques do petróleo nos anos 70. A percepção que tenho captado, de clientes, colegas e players do mercado, é a de que não faltará fonte de tensão e problema, até que a coisa chegue a um equilíbrio e se torne mais conhecida dos mercados.

Mercados, por definição, odeiam imprevisibilidade. Mais do que odeiam a crise em si. Se há crise, mas há uma ideia clara de onde a crise nos leva, o mercado adapta-se e reage de acordo. Já na incerteza, não há o que fazer. É diante disso que estamos agora.

Trump mexeu com as estruturas do capitalismo mundial, ao propor as tais tarifas recíprocas, e as “mínimas”. Neste pormenor, o Brasil e boa parte da América Latina se livrou do pior, com uma taxação de 10% (ainda a ser mais bem entendida) e já chiou, mesmo assim. A razão de termos nos livrado de tarifas maiores, mesmo sendo um dos países mais protecionistas do mundo, advém de um só fator.

Irrelevância

Sim, escapamos do pior por sermos irrelevantes para os EUA. Aliás, ao lado do epíteto de “Anão Diplomático” este é o que talvez mais mal interior me causa. Quem diria que uma nação que tem o que temos, pode ser mais irrelevante, em termos de mídia, corrente de comércio, patentes, startups, etc, do que nós?

El Salvador é mais relevante do que nós. Irã é mais relevante do que nós. Irlanda, Nova Zelândia e outros países que teriam, numa ordem natural mais “cartesiana’, zero relevância comparativamente conosco. Mas irrelevantes somos e, pior, nos achamos muita coisa, num mundo que nos ignora.

E por que somos anões diplomáticos, anões econômicos, anões midiáticos? Porque não produzimos quase nada que valha a pena ser observado. Temos uma sociedade sufocada por tributos e criminalidade. Temos pseudo instituições, que o mundo acertadamente ignora. Temos, enfim, um governo que toda basicamente todas as decisões erradas – e não é só esse. O executivo brasileiro, há décadas, prima pelo erro. Aprimora o jeito de errar. Identifica o problema erradamente, obtém as piores soluções possíveis e as executa com primor.

Nova Fase Global

Pra não falar “nova era”, que não é uma expressão do meu agrado, estamos diante de uma ordem mundial que se altera por canetada. Acertadamente ou não, isso vai gerar, e enquanto escrevo, já gerou, uma reação forte de alguns países, a China entre eles. O gigante comunista do leste acaba de anunciar uma tarifa “reacionária” de 34% sobre as exportações americanas. Isso se contrapõe à tarifa igual, imposta pelos EUA esta semana. Pau que dá em Chico, dá em Francisco, ok? Mais ou menos.

Com uma balança comercial altamente deficitária em relação à China, parece que reagir em igual medida cumpre apenas um papel de estimular o mundo a tomar medidas parecidas contra os EUA, enfraquecendo, por consequência, sua posição adotada recentemente.

Funcionará? Para a China, provavelmente não. E para o Brasil? Possivelmente sim, pois que somos um dos poucos países com os quais os EUA mantêm algum superávit comercial.

J.D. Vance, o vice presidente americano, em entrevista à Heritage Foundation recentemente, argumentou a favor das tarifas da seguinte forma (minhas palavras, ou o que entendi delas): “ora, não é possível os EUA financiarem o comércio mundial com base na contratação de déficits crescentes. Nós financiamos o camponês da China, na fabricação de produtos para exportar para nós, e pagamos com dinheiro de empréstimos feitos a nós, em parte, por esse mesmo camponês chinês”.

Faz sentido continuar um processo de endividamento contínuo, crescente e sufocante, para que outros países tenham facilidade de exportar? Acho que não. O déficit americano nem é devido a um governo maior do que a média dos governos europeus, chinês ou russo. No caso brasileiro, o custo do nosso governo em relação ao PIB é 50%, se é que alguma estatística decente pode ser feita neste sentido. Nos EUA, é 35%. Mas vejam o que o estado americano carrega de gastos feitos a fim de tornar o mundo um lugar minimamente seguro, para os outros – sim, mandar no mundo tem um preço, e os EUA se deram conta de que: a)pagam a parte do leão; b)já não tocam o “apito” que tocavam em quase todo pós guerra.

A ONU é um exemplo, a OTAN, outro. Na ONU, vê-se os EUA apitarem cada vez menos. Países cuja contribuição para a organização é ínfima, mandam em áreas como Direitos Humanos (Irã, Egito, outros). Na OTAN, os EUA bancam quase todo o orçamento, apenas para manter a Europa em relativa segurança (pode-se argumentar que não é bem assim, claro), enquanto os europeus brincam de estado de bem-estar social com parte da grana que deveria estar sendo aplicada em defesa. É isso que Trump percebeu e que tenta remediar.

Bai Lan

Da forma certa? Remedia com bom senso? Acho que não. Não gosto de histrionismo, e de medidas pirotécnicas. Mas é o estilo do cara. Burro, ele não é. Cercou-se de excelentes pessoas. É como Bolsonaro fez aqui no seu governo – teve um “dream team” de ministros, mas continuou falando bobagem. E como o que se fala muitas vezes tem mais repercussão do que o que se faz, ele foi julgado por boquirroto.

 Até o tolo, quando se cala, será reputado por sábio; e o que cerrar os seus lábios, por sábio.

Provérbios 7:28

Boquirroto, apesar de ter feito o que reputo por um excelente governo, Bolsonaro foi, principalmente dadas as circunstâncias, Covid, Ucrânia, etc. Lula agora terá a chance de provar que não é bom piloto somente no sol. Com a tempestade que ameaça se abater sobre todos nós, vamos ver se ele é ou não o governante que, na minha opinião, mais atrapalhou do que ajudou o país, num dos períodos mais ensolarados da história do mundo.

A tempestade poderá alinhar o mundo. A China mete medo, principalmente por estar alinhada fortemente com a Rússia, cujo ditador, a exemplo do nosso presidente, não tem sucessor. Não se sabe se, em alguns anos, quem estará no leme daquele país. A China, por todo o seu desastre humanitário, ainda tem mais previsibilidade de transição de governos, aparentemente. Não é o que o especialista em oriente, o holandês Frank Dikötter, disse no programa “Uncommon Knowledge” há uns dias. Na visão dele, a China é uma estátua com pés de barro. E a razão, segundo ele, vem de uma “revolução silenciosa” que existe naquele país, que os locais apelidaram de “Bai Lan”, literalmente “Deixe apodrecer”. É uma resposta do chinês comum totalmente diferente de tudo o que se viu antes: o chinês que sempre trabalhou 12 horas por dia, começa a dizer: para quê? Vou deixar que tudo se exploda.

É algo que o Partido Comunista daquele país morre de medo, porque é o exemplo mais acabado de revolução sem armas, e que mata, e não apenas aleija, uma nação. No fundo, boa parte do nosso país vive assim. Cuidar do próximo? Que se exploda… patriotismo? que se exploda… honestidade? que apodreça.

É uma atitude derivada da desesperança. E a desesperança destrói governos mais do que qualquer outra força.

A tempestade de Trump pode desencadear uma onda de protecionismo (creio que vai), que vai desencadear um empobrecimento geral no mundo, que vai gerar uma atitude de descontentamento geral que pode desaguar (creio que vai) num Bai Lan mundial.

E de Bai Lan, o Brasil entende…

P.S. a Imagem deste artigo foi gerada por Flux, a partir de uma query minha chamada “Bai Lan – apodrecimento”, via Adapta.org. Achei o máximo…

Selic acima de qualquer retorno possível – a Saga da Inflação

A recente elevação da Taxa Selic, pelo Banco Central, para 14,25% acena para dois fatores. Um, surpreendentemente bom, e outro que remete a um cheiro de naftalina que eu julgava que estava num passado definitivamente morto e enterrado.

É positivo

O novo presidente do Bacen, contra minhas piores dúvidas, se revelou mais técnico do que político, e elevou a taxa Selic, num reconhecimento de que o aquecimento (artificial) da economia brasileira aponta para mais inflação, o que leva à necessidade de juros altos para desaquecer os ânimos.

É positivo, num contexto extremamente negativo, em que a economia cresce por uma demanda turbinada a gastos públicos descontrolados e “bolsas”.

Mais recentemente, o tão necessário aumento no limite de isenção do IR para o cidadão que ganha até R$ 5.000 vem no pior momento possível, e sendo contrabalanceado com uma medida que certamente desagradará a todo mundo (eu incluso) e que certamente terá efeitos colaterais que este governo não sabe precisar: evasão, por um lado e “criatividade” por outro.

É negativo

É negativo, é claro, porque juros nas alturas, ainda mais pelas razões que temos diante de nós, só pode ser considerado uma insanidade. A razão, obviamente, está fundamentada e explicada pelo aumento vertiginoso de gastos públicos, descontrole sobre estatais e burrices sobre burrices de condução da máquina pública que atende pelo nome de populismo social. Um populismo diferente do anterior, que denomino populismo “de gogó”. É negativo, ainda, pela qualidade dos gastos públicos. Tira-se gasto de áreas produtivas ou indutoras de produtividade, como Embrapa e outras, e coloca-se em ações para agradar “movimentos sociais”, cujos resultados são pra lá de incertos, se é que desejáveis.

É negativo porque é uma corrida contra o tempo para tentar não estourar o orçamento. Mais ou menos uma família que contrata despesas no cartão de crédito e depois sai atrás de aumentos de salário. Improvável, e de consequências possivelmente funestas.

Preço dos Ativos

Por volta da virada do milênio, a jornalista de economia e amiga, Mirian Gasparin, me perguntou em entrevista por que a Sanepar (à época planejava-se privatizar) tinha um valor de mercado tão baixo (francamente, nem lembro quanto era). A resposta que dei se baseou justamente na Selic da época: 45%, máxima histórica, durante os anos FHC. Que retorno sobre investimento resiste a uma comparação com uma Selic dessas?

O valor dos ativos deve ser sempre comparado com um “custo de oportunidade”. A oposição da época (o governo de hoje) estrilou barbaridade contra a privatização como “espoliação do povo brasileiro”. A Sanepar não foi privatizada, na minha visão corretamente, à época. Não porque privatização seja coisa ruim – eu acho que governo tem que cuidar de de saúde, educação, segurança pública e defesa, mas porque, como qualquer bom gestor, espera-se o melhor momento, a melhor janela, o melhor preço, para vender um ativo.

O termo “WACC” ou “CMPC” (Custo Médio Ponderado de Capital, em Português) refere-se à média do custo de capital próprio e de terceiros. Ora, se o custo do capital de terceiro ancorava-se em uma taxa básica de 45% em 1999, hoje ancora-se em não menos absurdos 14,25%. Isso, obviamente, deve ser comparado com a inflação da época: 20,12% (total de 1999) contra algo entre 5 e 6% esperados para 2025.

O tempo passa, o tempo voa, e a tal da irresponsabilidade fiscal continua numa boa… Créditos a FHC, pelo menos nesse caso, convivendo com uma economia que, claro, que vinha de uma hiperinflação, somente 4 anos antes, e tentava domesticar expectativas de que o Real fosse sucumbir, como sucumbiram o cruzado, cruzeiro, cruzeiro real, etc.

O site www.infomoney.com.br de hoje pergunta – que ativos ainda rendem acima da Selic de 14,25%? Poucos Quase nenhum. E não é por falta de eficiência ou trabalho, mas por excesso de taxa.

Os valuations certamente demonstram decréscimos cada vez que o custo de oportunidade aumenta (Selic aqui, juros nos EUA, Europa, etc, lá fora) que vai fazer com que a competitividade do preço dos ativos listados em bolsa (e fora dela, por decorrência) vire pó.

Conclusão

A conclusão não poderia ser menos animadora: falamos de um governo que vai na contramão da história econômica recente, não somente aqui, mas em diversos países. Mais do que isso, não o faz por desconhecer a doutrina econômica que funciona, mas por desejo evidente de contrariá-la, já que em o fazendo obtém o resultado desejado: uma população crescentemente dependente de bolsas; os que não fogem do país, claro.

Ontem, um amigo/sócio nosso de origem coreana deu o tom da história: eram 30 mil coreanos no Brasil até a pandemia. De lá pra cá, 20 mil saíram do país pra tentar a sorte em outros lados. Industriosos e inteligentes, os coreanos, com recursos suficientes para migrar, vazaram e nos deixaram pelos motivos óbvios: apontamos na direção errada, em relação ao resto do mundo.

O êxodo será proporcional ao descalabro. Deus nos acuda!

Condicionantes de Balanço Patrimonial para fins de Fluxo de Caixa Descontado

O tema aqui é técnico e um tanto mais árido do que meus textos regulares. Peço que me desculpem os eventuais leitores.

Por que projetar Balanços em DCF?

O mundo do “valuation” é composto de milhares de formatos diferentes, quase todos baseados em conceitos de Fluxo de Caixa Descontado (Discounted Cash Flow ou DCF), e em quase todos os casos, os modelos, desde que matematicamente precisos, levam a resultados parecidos, “ceteris paribus” (mantendo-se as variáveis iguais em cada caso).

De forma geral, as projeções derivam simplesmente uma Demonstração de Resultados (DRE) e seu resultado intermediário, o EBITDA (Geração Bruta de Caixa), da qual são derivados os Fluxos de Caixa Livre, ao Patrimônio, e aos Acionistas (FCFF e FCFE, respectivamente Free Cash Flow to Firm e to Equity).

A simples projeção de uma DRE e seu resultante FCF, mais o denominado CAPEX (Gastos de Capital, tangível e intangível) dão as variáveis necessárias para cálculo do FCF. Necessárias, mas, suficientes?

Projeções de Balanço

No mundo que muitas vezes é de “faz de conta”, do Valuation, um modelo adequado e matematicamente coerente pode não ser suficiente. A razão principal deriva da falha dos modeleiros em projetar as variáveis que perfazem as variáveis de Balanço.

Já lá atrás, consultando o que já foi a “bíblia” do Valuation, de Tom Copeland, et al (publicado pela Wiley and Sons em várias edições, inclusive em português), vemos que eles já se preocupavam em projetar não somente os fluxos de fundos, mas o Balanço Patrimonial. A razão é simples de entender, embora implique em diversas dificuldades para o avaliador, que, com base na famosa Lei do Menor Esforço, costuma não criar as projeções de balanço.

Uma empresa “madura” possui algumas variáveis que são proporcionais ao incremento ou redução de sua atividade (faturamento) mas que de forma geral se mantêm ao longo de diversos períodos. Assim, é razoavelmente confortável projetar premissas de variação de itens de balanço como Contas a Receber e a Pagar de forma segura via “dias” de atividade (por exemplo, 30 dias, em média, de contas a receber, 35 dias em média de contas a pagar, entre outros).

Com a aplicação dessas variáveis, é relativamente simples projetar boa parte do Balanço Patrimonial.

Ativos Fixos, tangíveis e intangíveis, possuem regras específicas de depreciação, aquisição de novos itens (CAPEX) entre outros. cuja projeção também é razoavelmente segura, desde que as premissas de CAPEX estejam bem fundamentadas, e a depreciação calculada de forma correta, pelos métodos mais modernos exarados do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), convergentes com o IFRS.

Investimentos deveriam sofrer uma avaliação à parte, contendo as premissas específicas das investidas, dentro dos mesmos padrões técnicos aqui tratados.

O Patrimônio Líquido é, para todos os fins práticos, uma decorrência da Demonstração de Resultados e eventos contábeis mais específicos, como Capitalização Mínima (“thin capitalization”), reservas legais etc.

Resta o mais complexo, que são os ativos líquidos e passivos onerosos.

Pontos de Ruptura e Outras Considerações

Uma vez feitas todas as projeções cuja lógica derivam exclusivamente das operações, resta projetar os efeitos financeiros, que impactam diretamente sobre a Necessidade de Capital de Giro.

Normalmente os modelos deveriam visar a maior assertividade possível no que tange às classes de ativos e passivos, e sua lógica de acumulação e liquidação.

1 – Ativos Líquidos – Caixa e Equivalentes

O Caixa Operacional pode ser estimado como sendo uma quantidade em dias de caixa, mínimos, para sobrevivência da operação, de forma bastante corriqueira, e normalmente baseado no histórico da empresa.

Já o que daí excede, deveria ser considerado como “excesso de caixa”, e segregado para fins de avaliação. Os modelos mais sofisticados normalmente “fecham” a equação entre ativo e passivo nesta linha do ativo (vide abaixo o fechamento do passivo/PL).

O excesso de caixa deve existir apenas e tão somente quando todas as necessidades de desembolso forem satisfeitas, dentro de suas regras próprias. Mais adiante trataremos deste aspecto.

2 – Passivos Onerosos

Do lado do passivo, os denominados “onerosos” são aqueles que normalmente estão sujeitos a juros. Aqui devem ser incluídos todos e quaisquer passivos que escapem da regra de pagamento regular das operações da empresa. Assim, um tributo parcelado deve ser encarado como um passivo oneroso, porque sai da regra específica de pagamento do mesmo.

2.1 – Passivos Onerosos Determinados

Chamamos assim os passivos onerosos cuja regra é conhecida a priori e cuja liquidação antecipada não seja possível ou conveniente. Incluem-se nesta categoria passivos como empréstimos de longo prazo ou com entidades oficiais (Finame, Pronampe, etc) ou mesmo os já mencionados parcelamentos tributários, cuja liquidação antecipada não possui qualquer virtude financeira em si.

Esses devem ser projetados dentro de sua regra própria, e com seus ônus (juros, custos) próprios. É importante que o Custo Médio Ponderado de Capital (WACC), em sua variável “capital de terceiros” reflita não uma média de juros de mercado, mas a realidade objetiva dos juros pagos pela entidade, o que, de certa forma, reflete sua realidade de risco percebido.

2.2 – Passivos Onerosos Indeterminados / Sem Regra Específica

Praticamente inexistentes em economias mais sofisticadas, no Brasil resistem práticas de mútuos intercompanhias ou entre empresa e acionistas, sejam eles Pessoas Físicas ou Jurídicas, cujas regras de liquidação (ou mesmo sua própria contratação) não são determinadas e cujas taxas de juros são basicamente indefinidas.

Consideramos aqui, o evento como uma “mistura de bolsos”. No limite, entendemos que o valuation desta classe de passivo deveria ter seu WACC considerado como “capital próprio”, caso uma regra não possa ser identificada.

Esses passivos costumam “mofar” nos balanços, mesmo de empresas com tamanho e governança razoáveis. O avaliador normalmente não é devidamente informado sobre os detalhes desses passivos, que, de qualquer sorte, não devem mesmo possuir qualquer lógica financeira exceto a necessidade de cobrir uma posição de caixa, pelo acionista/quotista.

Em nossa opinião, esses passivos onerosos não determinados devem ser “liquidados”, para fins de projeções, com toda e qualquer sobra de caixa que possa ser retirada, no Ativo, do já mencionado “Excesso de Caixa”.

2.3 – As Linhas de Fechamento das Projeções

Resta, na dinâmica das projeções, calcular duas variáveis:

  • Qual é o Caixa Excedente gerado, após todas as outras variáveis serem projetadas ou;
  • Qual é o Passivo Oneroso criado, pela necessidade de suprir eventuais deficiências de caixa.

São essas duas linhas da projeção que nos permitem verificar:

  • Se o projeto “para de pé”;
  • Se existem possibilidades de ruptura financeira que leve a “Going Concern”, acima das possibilidades de alavancagem a mercado;
  • Se existe excesso de caixa que determine liquidação antecipada de passivos onerosos que a sociedade assim o deseje.

Obviamente, parece sensato que o eventual excesso de caixa seja remunerado de forma conservadora, dentro das possibilidades de mercado dadas pelas variáveis usadas no cálculo da remuneração de ativos aplicados em prazo não tão longo; de igual forma, o passivo oneroso deverá ser gravado à taxa média obtida pela empresa historicamente, o que como já mencionamos, reflete o grau de risco percebido pelo mercado para suas operações, devidamente ajustados, no futuro, pela melhora ou piora nas condições financeiras, que indiquem variação na referida percepção de risco.

Valor Presente Líquido de Ativos de Longuíssimo Prazo

Nossa última consideração, e que deriva de uma jabuticaba bem nossa, refere-se a ativos “inexistentes” ou de realização de longuíssimo prazo e passivos cuja regra de amortização implique em eventuais ajustes de valor presente.

Ativos de Longo Prazo

Normalmente são compostos por ações judiciais cuja resolução se dá em prazos bem compatíveis com a justiça brasileira, que variam de não menos que 3 anos e que podem variar a algumas décadas.

O mesmo vale para algumas já aludidas “jabuticabas” de validade muitas vezes incertas, como os famosos Precatórios, adquiridos com deságio e contabilizados pelo valor de face, cuja perspectiva de realização deveria, no pior dos casos, ser reconhecida como impossível, e ajustada adequadamente, e no melhor dos casos, trazidas a Valor Presente Líquido por uma taxa apropriada, não necessariamente ligada ao WACC, mas, preferencialmente sim.

Um caso típico diz respeito a empresas cuja operação as faz acumular tremendos montantes de créditos de PIS, Cofins, IPI ou ICMS, cuja realização depende de autorizações governamentais e/ou negociações que acabarão fatalmente implicando em deságios por vezes grandes.

Esses valores não são passíveis de write-off (ajuste a resultado) puro e simples, mas sim o reconhecimento de que seu VPL é significativamente menor do que o registrado, ainda que algum nível de AVP (Ajuste a Valor Presente) tenha sido feito. Cabe ao avaliador ser criterioso e conservador nestes cálculos.

Passivos de Longo Prazo

Uma das maiores jabuticabas que temos, do ponto de vista contábil, diz respeito aos ultra-longos refinanciamentos de passivos tributários, denominados genericamente como “REFIS”. O primeiro REFIS data do ano de 2000, e um percentual de 1,5% sobre o faturamento era aplicada correção pela Selic, o que não se trata de nada barato, mas nada punitivo, de qualquer forma.

O resultado é que empresas com patrimônio líquido negativo continuavam operando normalmente. No fundo, o percentual de amortização de 1,5% representava um “novo tributo”.

Passivos dessa categoria ainda existem em muitas empresas. O fato é que o custo de oportunidade deste passivo, comparativamente aos juros cobrados, implica em um VPL que pode bem reduzir o montante total da dívida em até 90%, em alguns casos mais extremos.

Clientes nossos do exterior decidiram não adquirir empresas razoavelmente “saudáveis” nas condições do REFIS, porque em seus países de origem, dívidas dessa natureza, com o fisco federal, são consideradas como uma pá de cal no caixão societário. Não aqui, e isso deve ser representado devidamente nas projeções de Balanço.

Conclusões

  1. Projetar balanços é fundamental para dar consistência a valuations.
  2. Cada linha de balanço a ser projetada deve-o ser dentro de sua lógica própria, como uma “lei de formação” que representa o melhor resultado possível daquela variável.
  3. Uma avaliação que desconsidere aspectos de “Going Concern” quando das projeções de balanço deve ser posta sob dúvida, exceto em casos de flagrantes e plausíveis resultados positivos, ou negativos.
  4. Levar em consideração ativos e passivos de mais longo prazo, a fim de determinar os níveis de caixa excedente ou passivos onerosos é fundamental para determinar a variação do capital de giro líquido, peça fundamental na determinação do FCF e, por decorrência, do valor mesmo da entidade avaliada.
  5. Embora não haja um método livre de risco em avaliação, e a máxima de ‘Valuation depends on Assumptions’ (avaliar depende de premissas) ainda seja válida, existem formas de minimizar riscos de erros mais graves na geração de resultados minimamente confiáveis para fins de mercado e stakeholders.

Por fim, a conclusão mais importante é que um avaliador independente deve ser estimulado pelo mercado e pelos reguladores deste, a fim de não ficarmos reféns de gestores que contratam avaliadores baseado em objetivos não sempre ligados à clareza.

“Sua” Primeira Emenda

Tem engraçadinho capaz de qualquer coisa para defender uma ideia que, além de burra, é contrária aos próprios interesses últimos do defensor.

Acabou de acontecer outro dia. O cartunista Fraga, no Jornal Zero Hora de POA, lançou a seguinte pérola:

“Sua primeira emenda termina onde começa a nossa soberania”. Segundo o Google, “A charge ilustrava uma disputa entre Moraes e a Justiça americana.” 

Vamos lá… no fundo, mesmo, na raça, o que diz a primeira emenda da constituição dos EUA?

Como é uma charge, damos ao autor o benefício da dúvida: queria criticar a primeira emenda, ou Alexandre de Moraes? Prefiro crer que a segunda alternativa é a correta. Mas posso estar enganado. Acho que a charge quer dizer realmente que Moraes tem razão, e que aplicar a primeira emenda americana no Brasil pode ser considerado “ato atentatório contra nossa soberania”.

A Primeira Emenda diz:

O congresso não deverá fazer qualquer lei a respeito de um estabelecimento de religião, ou proibir o seu livre exercício; ou restringindo a liberdade de discurso, ou da imprensa; ou o direito das pessoas de se reunirem pacificamente, e de fazerem pedidos ao governo para que sejam feitas reparações de queixas.

Primeira Emenda à Constituição dos EUA

Eu gostaria de saber o que, disso aí, NÃO está de alguma forma contemplado na Constituição Federal de 1988. O QUE exatamente existe na Primeira Emenda que não seja parte integrante da nossa Constituição e suas emendas?

NADA. E é por isso que temos diante de nós um paradoxo. Ao invocar a Primeira Emenda como algo “alienígena” em relação ao Brasil, qualquer pessoa incorre num ato de “inocência útil”, e que só serve para criar antagonismo onde este não deveria existir.

Etarismo

É uma expressão nova e, como quase todas as expressões novas, ainda não se consolidou no vernáculo como algo “auto-entendível” (Sic!).

Etarismo é, ou seria, o ato de alienar alguém pura e simplesmente por conta de sua idade cronológica. Alguém com mais de 50 anos estaria fora do mercado de trabalho justamente pela idade, não por qualquer outra razão.

O Brasil já foi um país de jovens, em que alguém com mais de 30 anos já era visto com certa desconfiança (ou quem, com mais de 50 anos, não lembra da musiquinha cantora da jovem guarda Cláudia “Não confie em ninguém com mais de 30 anos”?):

Não confie em ninguém com mais de trinta anos
Não confie em ninguém com mais de trinta cruzeiros
O professor tem mais de trinta conselhos
Mas ele tem mais de trinta, oh mais de trinta
Mais de trinta, oh mais de trinta

Marcos e Paulo Sérgio Valle

A “crítica social” já tramava, de certa forma, contra os “novos velho” de então, os de mais de 30. Hoje, alguém com 30 anos às vezes nem saiu da faculdade e mal e mal conseguiu seu primeiro emprego – não apenas aqui, mas em boa parte do mundo. A adolescência já chega aos 25 anos, e empurrou a maturidade lá pra frente. Melhor medicina e nutrição faz com que os 50/60 sejam os novos 30.

Etarismo no Mercado de Trabalho

Um colega auditor, de Santa Catarina, me disse há uns dois anos, após um simpósio que apresentamos juntos, que se quiséssemos, trabalharíamos até os 90 anos, por pura falta de material humano para fazer o que hoje fazemos, com um mínimo de qualidade.

Não sou tão pessimista (ou otimista, se olhar só pra mim mesmo). Não sei se por graça de Deus ou por ter escolhido minimamente bem, tenho colegas na firma de 20 e poucos anos e que são ao mesmo tempo capazes, comprometidos e com excelente formação. Gente que “criei” desde adolescentes profissionais e que hoje me ultrapassam, em muito, na sua capacidade de execução.

Eu creio que só venci – por enquanto – o etarismo devido ao fato de ter me arriscado, por volta dos 38 anos, e desenvolvido minha própria firma, o que me fez de alguma forma relativamente independente do fator idade no mercado de trabalho.

Recentemente, mesmo, trouxemos um profissional da área de tributos internacionais para nossa equipe, um “guri” de 53 anos, cuja atuação está superando nossas estimativas, tanto em qualidade quanto em “pegada”. Isso não é muito novidade, pois nós, Baby Boomers, sabemos que não tínhamos alternativa a não ser cair de boca na enorme de trabalho que nos era direcionada, a fim de pagar as contas e sobreviver.

Confesso, porém, que mesmo eu com 60 anos tenho cá minhas dificuldades em contratar gente já mais pra cá do que pra lá (no meu caso… antes era mais pra lá do que pra cá, mas já dobrei esse cabo da boa esperança, como diria meu saudoso pai). Tenho um medo, originado da minha própria autopercepção, de que tem menos espaço pra excel e word, e mais pra netos e documentários históricos, na minha agenda, hoje do que havia há alguns anos.

Etarismo, Cronologia e Racionalidade Econômica

O fato é que etarismo diz, hoje, menos respeito a capacidade, e mais a uma espécie de autoflagelação, nossa, dos coroas mesmos. Conscientes de nossas limitações, esparramamos pra dentro da nossa esfera profissional os medos que nos acompanham, tanto da idade como dos custos associados à ela. Ora, o plano de saúde custa mais caro, as limitações de viagem são mais visíveis, e o pique para determinadas tarefas certamente não é o mesmo.

Mas eis que entra em cena a realidade das novas gerações: eles já possuem limitações muito parecidas, desde muito cedo. E não falo aqui dos que não acordam do sonho da adolescência e adentram a maturidade. Claro que adiar o casamento, a vinda dos filhos, entre outros fatores que fazem a pessoa madurar “na marra” é uma realidade cada vez mais presente. Se a mulher pode, com saúde, ter filhos depois dos 40 anos, por que comprometer-se com tanta trabalheira antes disso? Por que, homem, deixar a vidinha de solteiro e a casa da mamãe, se é tão confortável, e o sexo hoje é quase uma obrigação, desde muito cedo, e não mais a “prerrogativa” dos casados?

A despeito de tudo isso, é interessante notar que o mercado começa a se dar conta do fato de que a relação custo X benefício está pendendo muito mais para o lado dos coroas do que dos mais jovens. A saúde vai melhor até os 70 anos; a cabeça continua em dia, junto com uma maratona diária de exercícios físicos. Tudo isso torna gente de 50, 60 e até 70 anos muito mais produtiva do que jamais foi. Chovendo no molhado, para entrar no fator cash flow do assunto. Passa a ser muito mais econômico contratar gente já com anos de estrada, formada, experiente, e que já viu “a banda passar” (outra referência datadíssima…). É mais rápido um coroa pegar no breu, como se diz aqui em Curitiba, e entrar em altitude de cruzei rápido. Esses grisalhos demoram menos tempo para entender processos às vezes complexos, e precisam de muito menos supervisão.

O Perigo do Etarismo Reverso

Desde a antiguidade, as pessoas aprendiam umas com as outras, em guildas, ou em casa, com papai e mamãe, a fazer as coisas que a família havia aprendido e aperfeiçoado por gerações. De confecção de tecidos a fabricação de cerveja, passando por marcenaria e uma série de ofícios, o filho aprendia aos pés dos pais.

Com o advento da escola pública, e posteriormente, o ensino profissionalizante, pais marceneiros passaram a ter filhos médicos, e pais médicos passaram a ter filhos historiadores, e por aí vai. Hoje, espera-se até o fim da universidade para começar uma carreira profissional. Poucos são os que trabalham pra valer, mesmo em classes menos favorecidas, muitas vezes.

Com o advento da Inteligência Artificial, da Robótica e outros truques tecnológicos, onde vai parar a nova geração de trabalhadores? Onde vão aprender, se nem sequer o ambiente de trabalho existe como existia, e boa parte do povo está em home office? Como criar uma cultura empresarial, como alimentar um processo de fertilização cruzada de ideias se as pessoas já não interagem?

O temor é que a morte inevitável das gerações mais antigas, aliada ao desenvolvimento tecnológico faça com que tenhamos nas mãos uma geração de pessoas com formação pior do que a necessária para enfrentar o mercado de trabalho. Mais do que isso, uma geração que pode ser sustentada (até quando não se sabe) por programas sociais, que retiram delas a necessidade de labutar para sobreviver. Alguns acham isso o máximo: todos dependentes do pai-governo. Eu acho que isso se assemelha muito à onda de bebês-adultos que temos em nossas casas hoje; gente que está segura de que os pais continuarão a manter seu estilo de vida mesmo na velhice deles. Ledo engano… não é cronologicamente viável.

O mercado de trabalho corre o risco de se desabastecer por conta da alienação das gerações mais jovens; as gerações Z, Millenials, etc, correm o risco de se tornar imprestáveis ao mercado de trabalho, pois têm a “casca fina demais”, se magoam facilmente demais, achar ter mais direitos do que deveremos.

Nações envelhecidas como Japão e parte da Europa já se ressente desses efeitos. Tudo isso sem contar que a base etária maior no topo do que embaixo está causando devastação das políticas de seguridade social mundo afora; gente que já contribuiu quer se aposentar; os estados gastaram boa parte do que foi arrecadado com a própria máquina; sobrou quase nada dessa pirâmide financeira para aposentar as novas gerações. O resultado é ainda mais desencanto com carreiras e profissões. Isso pode ter um efeito, digamos, salutar, de tornar a vida mais difícil, deixando o povo mais esperto quanto à necessidade de sobreviver.

São ciclos, sabemos, mas que nunca se repetem da mesma forma. O advento da IA e da robótica pode modificar sensivelmente o mercado de trabalho que conhecemos hoje.

Apostar igualmente em coroas e garotos pode ser a melhor pedida, nesses momentos de mudanças radicais.

Liberdade de Expressão na Prática

Não sou (mais) assíduo frequentador de mídias sociais, como já fui. Facebook e Instagram pra mim já não são “literatura do dia a dia”. Apenas o LinkedIn permanece, por ser mais técnico e profissional, e, portanto, mais ao meu gosto, para o dia-a-dia. Mídias sociais passaram a ser algo mais de brincadeira do que forma de me comunicar. Apenas envio o link dessas minhas mal-traçadas linhas, para deleite (ou irritação) de meia dúzia de amigos queridos.

Hoje, porém, fui olhar o FB. Apareceu um link de uma publicação do Osvaldo Eustáquio. Deu um like… pensei duas vezes… deslikei…

Apareceu um link de ‘Friends of Israel Global Movement’. Amo Israel, lugar que adoro visitar, por razões de estética e raízes (judaico-cristãs). Ia dar um like. Nem me dei ao trabalho de likar e deslikar…

De vez em quando bate um desespero por me expressar por algo que entala a garganta, como essas reportagens que dão conta de que o USAID foi desmantelado por “fascistas” que não tem empatia pelo próximo. Comento, e sinceramente começo a me perguntar se devia ou não.

Medo

Sim, tá batendo medo. E não creio nem por um momento que a eleição de Trump e as atividades de Musk frente ao DOGE (Departamento pra cortar gastos públicos nos EUA) vão nos salvar da onda de cerceamento de liberdade de expressão. O medo é que, à medida em que meus posts alcançam mais gente, fico mais exposto à fúria de alguém que resolva me cancelar, expondo minhas visões, minha família, minha vida pessoal e profissional.

Cá entre nós, do ponto de vista, digamos, mais alinhado com nosso Executivo de hoje, eu realmente “mereço”. Afinal sou (quase) branco, conservador, vou à Igreja mais do que 99% da população, dou até aula em Escola Bíblica Dominical e não gosto de fugir de debates. Sou, portanto, alvo fácil para ser chamado de fascista, nazista e terraplanista. Slogan em mim pega fácil.

Então bate o medo, e com ele a pergunta: Por que? Por que estou com medo? Será que meu medo tem a mesma fundamentação daquele medo que a esquerda radical dos anos 60 e 70 tinha dos militares? Será que tenho o mesmo tipo de medo que, digamos, Dilma, Genoíno ou Dirceu tinham? Que Lula devia ter, durante suas greves no ABC?

O Medo de Hoje

Não podemos duvidar que aquele povo do MRI, VAR-Palmares et tal tinham do regime militar. Era real, e tinha fundamento. Estavam “lutando” por aquilo que criam correto (e ainda creem). Dirceu ainda pensa igualzinho do que há 50 anos – que o correto é um governo grande, dono de tudo, e que o cidadão não tem capacidade de se governar e que, portanto, precisa da tutela do Estado. Mas não do Estado militarizado de então: um estado grande, provedor, coletivista e “paizão”. Criam, e talvez ainda creiam, numa utopia socialista.

Dou a eles o direito de pensar como queiram. Creio que o medo deles era fundado. Apenas creio que os métodos que usavam eram, digamos, um tanto radicais, como fazem prova os sequestros de embaixadores, “expropriações” (leia-se assaltos à mão armada), entre outras atitudes.

Em tempo, talvez o ato de maior vilania perpetrado por mim tenha sido surrupiar os deliciosos pastéis que minha Nonna, Gentilina Montechiari, fritava no dia de ano novo na minha cidade, Cordeiro. Não posso portanto me comparar com os “heróis” da resistência ao regime militar. Portanto, meu medo deveria ser menor, pois apenas cometo “crimes de opinião”.

O medo de hoje, eu creio, está plenamente justificado. Alguém me disse outro dia que era moda o povo que votava na ARENA (partido dos milicos antes da redemocratização) não se sentia mal porque concordava com o regime; dessa forma, a gente tinha passaporte, ia e vinha, falava (quase) tudo o que queria, comprava, vendia, e até prosperava; tinha direito a propriedade e não era incomodado em (quase) nada. Ora, era uma ditadura, sim; branda, boboca, mas ditadura. Explicava-se pelo contexto da Guerra Fria, mas era ditadura.

A natureza do medo de hoje vem da certeza que temos de que não teremos quase ninguém para nos apoiar quando formos enredados em algum inquérito secreto, sem o devido processo legal, e metido num Gulag qualquer no Planalto Central ou outro lugar. Meu medo particular advém da certeza de que não estamos em guerra fria, como antes, mas em algo muito pior e mais insidioso. Algo que transcende o mero direito de ir e vir; algo que cassa passaporte, expropria conta corrente, coopta o legislativo e mantém o judiciário em um poder que não deveria ter.

O Medo de Amanhã

De novo, não me iludo que os Trumps ou Musks da vida vão, em longo prazo, me ajudar a perder o medo e falar – errado, certo, de boa, xingando – o que der na telha. Não podemos mais. Nem deputado e senador pode.

Me refiro ao medo que terei amanhã. Será que perderei meu patrimônio, juntado ao longo de décadas de trabalho árduo e honesto? Será que perderei a liberdade de ir à igreja? Será que perderei a liberdade simples de contar uma piada – ainda que de mau gosto? Será que não terei mais o direito de falar algo que alguém não goste, e eu possa ser cassado/sancionado/cancelado por isso?

Eu não tenho mais o direito de dizer que não gosto de algo ou alguém; não tenho o direito de dizer que creio que aborto é assassinato, que creio que o cristianismo é a única religião verdadeira (sem tirar de ninguém o direito de achar o mesmo da sua), de achar que ser conservador é manter um mínimo de ordem e decência, aprendendo com o passado as lições duramente ensinadas, e hoje esquecidas?

Terei que achar bonito um homem vestido de mulher, se declarando mulher? Terei que achar que existem dezenas de gêneros, e que um ser humano pode se identificar com um cachorro? Vejam bem, não estou querendo com isso retirar o direito de ninguém se vestir de querido pônei e relinchar. Faça-o à vontade, desde que não exija meu apoio. Posso perfeitamente não gostar de alguém por suas posições na vida, por mais esquisitas que sejam, e não querê-la morta ou cancelada. Live and let live…

O Medo do futuro repousa na “suposta” piada de Millôr Fernandes sobre o homossexualismo, nos anos 80:

“Antigamente o homossexualismo era proibido no Brasil. Depois, passou a ser tolerado. Hoje é aceito como coisa normal… Eu vou-me embora, antes que se torne obrigatório.” 

Millôr Fernandes

Suposta, porque hoje, infelizmente, verdadeira. Já não preciso sequer proibir ou tolerar. Hoje é necessário ter como obrigatório o apoio a pautas como aborto, troca de gêneros, etc.

Não odeio homossexuais. Nada disso. Na verdade tenho amigaços que amo de paixão e que não são “cis”. Nada disso me impede de ver o fenômeno da homossexualidade à luz de princípios que guardo e que creio sagrados.

Não odeio quem abortou, aliás, me penalizo e tenho tristeza profunda pelas circunstâncias que levam alguém a achar normal matar uma vida completa, antes de nascer. Mas não preciso achar bacana que a Planned Parenthood (BEMFAM, por aqui) vendam a ideia como parte de uma política de saúde pública.

O Medo de Sempre

No fundo, a inspiração ao medo, venha de onde vier, é sempre sobre como obter controle sobre o outro, como exercer poder. Desde a Inquisição e seus Autos-de Fé até as Caças às Bruxas, e as decapitações de “infiéis” em praça pública por gente de turbante e mau humor, o objetivo sempre é controlar o outro.

O medo é que a pessoa pense por si só, e tente exercer seu direito de pensar. O já citado Millôr costumava escrever no Pasquim que:

“Livre pensar é só pensar”

Millôr Fernandes

Sim, o próprio ato de raciocinar tende a levar a pessoa, independentemente de seu grau de instrução, a refletir sobre algo. E independentemente das conclusões chegadas, é melhor do que a alternativa.

O medo do futuro, pra mim, passa pelo enredo do filme dos anos 90 chamado “Idiocracy” em que um cara que en 2006 era considerado meio burro é congelado e acorda em 2515. Lá, se dá conta de que, mesmo com um QI de 90, se tornara o homem mais esperto do mundo. Ele não melhorou nada. O mundo é que ficou mais idiota. A ponto do “presidente dos EUA” criar uma fome no país porque achou que molhar o milho com água era um desrespeito com a planta, e que essa deveria ser regada com Gatorade…

Tem muito político regando milho com Gatorade hoje, e tem milhares aplaudindo o feito.

Exemplos de Justiça

Nosso judiciário não é bom, e não precisamos muita memória para constatar isso. Cada um de nós tem pelo menos meia dúzia de casos em que um processo está na justiça há 10, 15 anos; cada um de nós tem uma injustiça flagrante feita contra nós, como receber um processo trabalhista de alguém que não tem nada a ver conosco, só porque tivemos, há anos atrás, uma participação “micro” conjunta numa empresa; cada um de nós viu o noticiário recentemente e pode atestar a baixíssima qualidade dos julgamentos, a falta de técnica e respeito à Lei, mesma, na aplicação do direito; cada um de nós já testemunhou casos de flagrante perseguição judicial, “proof-fishing” e outros mecanismos de pressão social contra cristãos, conservadores, e, no passado, contra opositores do regime de exceção.

Branco não sofre Racismo

Em 05/02/25, o Ministro do STJ, Og Fernandes, concedeu um Habeas Corpus a um negro que insultou um coroa italiano, em Alagoas, por te-lo chamado de “racista de cabeça branca europeu, escravagista”. Ou seja, disse que branco não tem o direito de se sentir, nem ser, de fato, tratado com discriminação, pois é o “topo da cadeia de discriminação”. Para tal, usou base não legal (decisão do Conselho Nacional de Justiça – CNJ) que sequer é órgão regulador. Desrespeitou a Lei mesma, em prol de uma agenda identitária que está-se esboroando no mundo inteiro por falta de bom senso nos pleitos.

Acionista Minoritário Processando Auditorias

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) deu aos minoritários o direito de um minoritário em processar auditorias, por conta da fraude nas Americanas (AMER3) por negligência em seu trabalho. Em sua decisão, o Desembargador Luiz Eduardo Cavalcante Canabarro diz que, a despeito da jurisprudência, o minoritário teria, no caso das Americanas, o direito de processar as auditorias:

Superior Tribunal de Justiça entende que o sócio minoritário não tem legitimidade ativa para a propositura da ação individual por prejuízos causados ao patrimônio da empresa, pois não se pode considerar como seu prejuízo individual o que o atinge apenas indiretamente, por reflexo dos danos causados à companhia (AgInt no REsp 1.891.031). Mas o caso das Americanas é diferente, destacou o magistrado.

https://www.conjur.com.br/2025-fev-05/acionista-minoritario-das-americanas-pode-pedir-reparacao-a-auditoras-diz-tj-rj/

Ou seja, a jurisprudência existe, mas “aqui é diferente”. Isso abre a torneira para uma quantidade de injustiças e exageros que vão tornar, no médio/longo prazos, a vida das empresas que detêm ações em bolsa, algo impossível. Em síntese, QUALQUER cara que tiver perdido dinheiro em situações em que se julgue que houve omissão de auditores ou mesmo de diretores, pode, individualmente, ingressar com ação diretamente contra esses, individualmente. Se é que eu entendi corretamente, o ambiente de negócios no mercado de capitais corre o risco de se tornar impossível.

“Proteção a Jovens e Adolescentes”

Medidas recentes determinam que jovens e adolescentes em situação de criminalidade não podem ser revistados, não podem ser abordados sem um membro do Conselho Tutelar presente, e não podem ser presos ou colocados em viaturas da polícia.

Em síntese, estaremos, com essas decisões, à mercê de bandidos de 16, 17 anos, que estarão virtualmente livres de abordagens policiais. Como se não soubéssemos que o narcotráfico se utiliza principalmente desses “fumaças” e “aviõezinhos” do tráfico para cometer seus ilícitos. Mais – um menor que está a ponto de cometer um crime (eque dificilmente pode ser identificado como tal à primeira vista) não pode ser abordado pela polícia. Precisa, primeiro, roubar, assaltar, ou mesmo matar, para que depois, na presença de um representante do Conselho Tutelar, possa ser “detido”. Uma tal Coalisão pela Socioeducação (https://coalizaopelasocioeducacao.com/abordagem-policial-a-adolescente-deve-ter-responsavel-presente-regulamenta-mprj/) celebra o fato como uma vitória da sociedade.

É o mal usando a justiça para perpetuar injustiças.

E nós?

Tirando as flagrantes indecências cometidas por ministros dos nossos tribunais superiores contra a liberdade de expressão e contra a segurança pública, ficamos, nós, sociedade (de verdade) desprovidos de qualquer defesa, ou possibilidade dela, já que de nós foram tirados todos os instrumentos de defesa. Sem armas, sem voz e sem polícia, estamos à mercê de uma rede de malfeitores que se apossaram do estado brasileiro, pela via de quem deveria ser o fiel da balança, a nos proteger.

Até quando? Talvez até a volta de Jesus Cristo.

Cristianismo – sempre no centro da Perseguição

Li o relatório da organização sem fins lucrativos International Christian Concern (“Persecution.org”), denominado Global Persecution Index, publicado agora, para o resultado de 2024.

Os suspeitos de hábito

No topo da lista países como Coréia do Norte, China, Paquistão, Afeganistão, Somália, Nigéria, entre outras “potências” da perseguição. Em comum, o óbvio: o caráter ditatorial de seus governos.

No topo da lista de países mais perigosos para um cristão viver está a Nigéria, país que até pouco tempo era considerado majoritariamente cristão. Organizações desestabilizadoras, terroristas, como Boko Haram, conseguiram, nos últimos tempos, varrer quase todo o cristianismo do norte para o sul, com massacres, conversões forçadas, etc.

Os Novos Suspeitos

Entre os mais novos suspeitos, um país que está na região que, tecnicamente, menos persegue o cristianismo (de forma organizada, estatal): a Nicarágua. Em comum com os suspeitos de hábito, a necessidade de um tiranete de republiqueta de banana manter-se no poder. Esse país eu conheço. Já estive lá diversas vezes, a trabalho, nos anos do Sandinismo, quando o mesmo cretino estava encastelado no poder. Eram anos de intensa colaboração com Cuba (sempre ela) e um domínio quase total da sociedade, mas com certa leniência da Igreja Cristã, marcadamente a católica. Hoje, diferentemente disso, é justamente o catolicismo que tem pago o preço mais alto lá, com expulsão e prisão de padres e bispos.

O Cristianismo como alvo preferencial

Entendo que o cristianismo tem sido o alvo preferencial meramente por ter sido a religião de maior crescimento no mundo, por milênios, e por ser uma religião prosélita (que prega e quer fazer convertidos), diferentemente de várias outras e à semelhança dos muçulmanos, cuja “conversão”, com raras exceção, é obtida, digamos, de formas heterodoxas.

Sendo a religião dos maiores poderes do mundo, mormente ocidental, associa-se à ela as atitudes de governos ocidentais, o que quase nunca tem sido a regra. Claro que o catolicismo, com seu governo centralizado, no passado passou por situações em que sim, foi perseguidor (Inquisição Espanhola sendo o marco mais visível, corretamente) ou declarado perseguidor (Cruzadas sendo também marco visível, incorretamente, por se tratar de uma guerra de defesa, não de ataque, como comumente se diz nos livros de história).

Verdade é que governos, em algumas regiões, e em nome de “valores cristãos” perseguiram, por exemplo, judeus. Os pogroms são prova disso, assim como as conversões forçadas (cristãos-novos, dos quais parcialmente descendo). O holocausto não. Esse é fruto das ações de um maluco. De lá pra cá, o cristianismo tem insistido em emendar suas ações e, vezes sem conta, pedir perdão por atitudes que contrariam, antes de qualquer coisa, os dizeres do próprio Cristo (“amai vossos inimigos, orai pelos que vos perseguem”).

Governos raramente se dobram a preceitos religiosos. O cristianismo, sabedor disso, e sendo, originalmente, a religião dos perseguidos e dos párias, até Constantino, no século IV, pregou e ainda prega a segregação Estado X Igreja, o que não significa, como sobejamente dito por vários articulistas e pensadores, que o Estado deva ser “ateu”.

De fato, até recentemente, apenas católicos poderiam ser presidentes de alguns países, a Argentina entre eles. O fato é que essa tendência, entre os cristãos e ocidentais, praticamente acabou.

O cristianismo é, na minha opinião, alvo preferencial justamente por ter sido o alicerce intelectual do ocidente laico, progressista, conservador e democrático. Os EUA nascem sob a égide de Deus, na moeda e tudo, e assim continua, aos trancos e barrancos, tentando manter-se à margem das tentativas de cooptação do Estado para fins antirreligiosos. A eleição de Trump é uma prova cabal de que o americano médio, não-woke, prefere um cara meio doido na presidência do que um bando de pessoas desconectadas da crença e valores da maioria.

Por que é Alvo?

É difícil responder à pergunta acima sem adentrar nos princípios mesmos das crenças judaico cristãs. Somos alvo desde os imperadores romanos por diversas razões. Não dá para dissociar essas razões das ações de um inimigo (o diabo) que para a maior parte das pessoas não passa de um mito (assim como Deus, para quem não crê).

Somos alvo, e seremos cada vez mais, porque as Escrituras Cristãs assim nos contam. Não deveríamos estar espantados por isso, nem mesmo pelo crescimento da perseguição mundial a nós.

Quanto mais vocais formos, mais, e mais rápido, seremos perseguidos, seja moralmente, seja física e politicamente mesmo. Somos “de todos os mais rejeitados” como o Apóstolo nos ensina. O Apocalipse já nos contava, lá atrás, que seríamos objeto de tribulação, mas que seríamos vencedores dela.

Conto, portanto, com o crescimento, não a diminuição das perseguições a cristãos, e tenho apenas que agradecer a Deus pela perseverança e amor de cristãos Norte-Coreanos, Iranianos e outros, que, em meio a toda essa tempestade, conseguem deixar patente sua fé. Sem constranger; sem forçar; sem exigir; sem matar; sem silenciar.

PS: Após escrever este texto, vivemos um desses momentos de perseguição muito na carne, aqui do Brasil. Veja em anexo esta situação dramática vivida pela Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira, na Nigéria:

https://www.instagram.com/p/DE5rsE-yZg1/?utm_source=ig_web_copy_link

Sextetos do Vicente

Quero o Vicente saudar 
Do fundo do coração
Por ser primeiro, e varão,
Aguardado, e com tanto orar
Que faça o mundo mais belo e,
Se cumpra esse nosso anelo.

Deus sabe quanto quero
Mais 'nipoti' que virão,
Mas para ser bastante sincero,
Você, por ser primeirão,
Como o Tio Thomas será
Cercado de amor verdadeiro.

Para falar bem a verdade,
Você, por ser tão robusto
Pesou sobre sua mãe
Mexendo que dava susto
E nos fazia sorrir
De tanto que deu de 'chuto'

E já que perdi a aposta
Da data da sua vinda
Que nos dê por boa resposta
Criança aguardada e linda
Curtamos sempre a presença
É uma espera que compensa.

Entre noites de insônia (dos pais)
E muita fralda trocada
Que se virem eles, sem 'ais',
E alegria na caminhada,
Pois que agora a vez é minha
De mimar esta fofa vidinha.

Então, salve, salve o Vicente!
E que muita alegria dê
Mas que a maior alegria seja
Aquela que nem se vê,
Seja a de amar ao Senhor
Sobre tudo e todos

É o que peço com fervor!