Medo Social

Este é mais um daqueles meus posts que cumprirá um papel de me lembrar no futuro, de minhas conclusões sobre problemas do presente. E as conclusões estão um tanto longe do fato, tragédia, em si.

Assim como lá perto da minha terra, em Nova Friburgo, RJ, que em 2012 presenciou um “massacre” ambiental que levou a vida de mais de mil pessoas, por conta de chuvas tão avassaladoras que deixaram os meteorologistas de boca aberta, vimos esta semana o Rio Grande do Sul ser assolado por um fenômeno raro, e mais raro ainda deveria ser: uma queda de água sem precedentes, causada por um fenômeno que juntou uma massa úmida da floresta amazônica com um ar frio vindo da Argentina, como acontece todo outono. Como resultado, Porto Alegre ficou embaixo d`água, dezenas de mortos, milhares de desabrigados, gente sem água potável nem comida.

É uma tragédia. Mas para mim, não foi a tragédia de mais longo prazo. O Brasileiro, como sói acontecer, “caiu dentro”, apoiando, ajudando, fazendo doações, fretando aviões, levando água, comida, roupas e tudo o mais que a sociedade pode e deve dar nesses momentos em que nossos irmãos passam necessidade. Lindo de se ver, e independente de governos e autoridades. Mais rápido, voluntário, e certamente custando uma fração do que as “otoridades” conseguem fazer.

Medo

O depois está sendo mais doído e mais difícil de entender, mas posso concluir que deriva de uma parte da população que tem sido alimentada em um sentimento de direitos adquiridos indevido, e de certa forma, em detrimento da população em geral.

  • Grêmio – O clube de futebol abre as portas de seu lindo estádio para abrigar refugiados, apoia com água, comida, recebe as doações, faz o que é seu “dever cívico” (sim) mas com grande senso de dever social. O resultado é que parte, “aquela” parte da população cujo bem estar está acima de qualquer sentimento, invade as lojas do clube, quebra e rouba as vending machines, destrói cadeiras… talvez sejam torcedores do Inter, e achem isso “legal”. Mas é mais do que isso… certamente mais.
  • Saques – De novo, os “oprimidos” saem às ruas, enquanto a população se preocupa em salvar o que pode, para quebrar portas de lojas e mercados, e roubar. Comida? Pode ser também, mas as notícias dão conta de saques mais “seletivos”, de TVs, notebooks, e otras cositas más.
  • Assaltos – Uma organização cristã estava arregimentando gente pra ir apoiar no socorro a Porto Alegre. São homens, em sua maioria, e que fazem um treinamento intenso de sobrevivência, junto com uma jornada bacana pela fé em Cristo. Foram tomados de surpresa quando a liderança anunciou para “ir somente quem tem porte de arma” devido ao nível de bandidos à solta, cometendo crimes contra uma população já fragilizada.

Tá bom pra você? Ou acha sensacionalismo?

Repressão

A palavra acima suscita arrepios em correntes mais “libertárias” e “wokes” da sociedade, aqui e mundo afora. Reprimir, afinal, é o que dizem que a sociedade fez ao longo de séculos, criando um odiado patriarcado, e uma sociedade em que “é bom proibir”. Até que o “É proibido proibir” tomou conta da vida de todos nós.

  • Família – O pilar central da sociedade foi perdendo aos poucos o direito de educar, e dar uma boa palmada no traseiro de um filho rebelde. Claro, os exemplos de espancamentos são usados contra os pais que só querem, por amor aos filhos, faze-los sofrer menos no futuro. O resultado é uma família em que os filhos mandam (e mamam) nos pais. Os pais mandam então os filhos para o ponto seguinte do processo de “repressão” (segundo os wokes) sem um mínimo de respeito pelo outro, de respeito por si mesmos, e disciplina zero.
  • Escola – A escola então recebe um aluno que já tende a desrespeitar tudo e todos. Até um passado recente, a escola tentava tapar a lacuna de famílias desestruturadas e dar um pouco de disciplina e educação (no sentido não acadêmico) – falhar em provas, repetir de ano, ser levado ao “gabinete” do diretor, eram formas de tentar, ao menos, dar um mínimo de senso de convívio social. Não mais. Escolas se tornaram polos progressistas de transformação do que já vinha ruim, acabava por piorar
  • Governo – Todo governo, qualquer governo, que toma uma medida, meia boca que seja, no sentido de dotar a sociedade de meios de controle, é taxada de fascista, e ditatorial. O ex-ministro da justiça Sérgio Moro, em que pese sua burrice política extrema ao comprar briga com o chefe do executivo (convenhamos, não era também nenhum gênio), desfez um trabalho extremamente útil à sociedade, que foi o de acabar com uns tais “diálogos cabulosos” com a marginalidade. Por ego, talvez, colocou a perder o que teria sido seu maior legado: uma sociedade com menos poderes na mão de bandidos.

De novo – posso ser taxado de extrema direita pelas opiniões acima? Estou errado? Pode ser. Sempre estou disposto a admitir, desde que com boas razões. Não creio – neste momento de crise, pelo menos – que eu possa me sentir assim.

Legado

O resultado está diante de nós, na forma de uma sociedade cuja pior parte está armada, e pronta para cometer crimes contra uma maioria que só quer comer, dormir, trabalhar, procriar e fazer uma ou outra festa, quando der. Uma maioria esmagadora de gente que não está disposta a abrir mão de sua tranquilidade em troca de sensações de bem estar pessoal (leia-se, justiça própria).

Joaosinho Trinta dizia com propriedade que

pobre gosta de luxo; quem gosta de miséria é intelectual“.

Joãosinho Trinta, carnavalesco

Sabedoria vindo de onde menos se esperava, sob forma de um aforismo que, creio, todos deveriam ler corretamente: pobre gosta de luxo, de estar bem, de ter coisas boas; intelectual adora a miséria – alheia, e luta para ter uma plêiade de miseráveis a quem pastorear.

O resultado é uma sociedade dominada por minorias: de corruptos, de bandidos, de intelectuais pró-miséria, de artistas woke ganhando suas benesses à lá Rouanet, todos, sem exceção, apontando o dedo para o “pequeno burguês”, o “capitalistazinho selvagem” cuja principal preocupação é trabalhar duro e não perder, seja para ladrão, seja para inflação, o que consegue juntar ao longo da vida.

Como sempre, este post é dirigido a mim mesmo, mas compartilho com quem quiser ler. Depois de uma temporada de balanços patrimoniais, me volto a escrever um tantinho. Deprimido de tanto ver erro e mal feito, e esperando nada ansiosamente o momento em que serei “descoberto e cancelado” porque, secretamente ou nem tanto, gostaria mesmo é que todo mundo fosse paupérrimo – exceto a si mesmos.

Deus nos acuda!

Independência ou Morte!

Dizem que Dom Pedro I não disse essa frase – “Laços fora… independência ou morte”, no Sete de Setembro, às margens do Riacho do Ipiranga. Tanto faz. É mais do que comum os progressistas quererem desfazer do passado de um país, tachando tudo de mito. Desde a dentatura de madeira de George Washington até a luta de João Paulo II contra o comunismo, nas mãos de certos historiadores tudo vira lenda.

Não importa. Parafraseando Monteiro Lobato, “Um país se faz com homens, livros e histórias inspiradoras”. É algo que inspira a todos nós, termos tido um país livre, com pouquíssimo sangue derramado. Uma nação fundada na paz, num território impressionantemente contíguo, com uma língua comum, costumes estranhamente parelhos, para tanta gente distinta que o formou, e paz, muita paz, ao longo de sua história, ainda que pontilhada por guerras aqui e acolá.

Tanto é assim, que o sombrio período militar, descrito como uma era negra, de prisões autoritárias e tortura, não contabiliza, na ponta do lápis, mais do que 400 vítimas – boa parte dela sabendo dos riscos que suas ações representavam. Uma vítima já seria muito, claro, principalmente se a vítima é você, mas cá entre nós, na estatística Staliniana, 400 pessoas é algo que nem conta.

Assim, nossa grande guerra foi a do Paraguai, na qual os feitos de Caxias, Tamandaré e outros são “descontruídos” pela historiografia oficial (deles), houve uma defesa territorial, apoiada pela Inglaterra, a grande potência da época. E daí? Todas as guerras de todos os tempos tiveram interesses difusos, de algum império, o que não tira delas a justiça – pelo menos de um dos lados, o do defensor. A França apoiou os EUA em sua guerra de independência contra a mesma Inglaterra, e ninguém chama a França de “imperialista”.

Mas voltando à efeméride em si, sou tremendamente grato a Deus por ser brasileiro, amo essa nação e tenho pelo minha bandeira um sentimento quase religioso. Sou cidadão dos céus, como a Bíblia me chama, o que não me tira o direito de amar meu país, e, por decorrência cristã, todos os outros, cada um à sua maneira, respeitando povos e culturas, ainda que não concordando com muita coisa. Há impérios, há soft power, hard power, tudo isso. Há dominações, há mutreta, há diplomacia inválida, há de tudo. Nada disso impede que eu seja apaixonado pelo meu país, a ponto de enxergar claramente o perigo que nos ronda, por meio de um internacionalismo pregado pela Internacional Socialista desde sempre.

O mote hoje é o desrespeito às nações. Já não se canta o hino do país sede na Champions League, mas um pavor orquestral e vocal que pra mim soa como “Lasanhaaaa… Lasanhaaaa... Lasaaaaaaanhaaaaa“, toda vez que ouço. Carregar uma bandeira nos ombros depois de uma medalha olímpica, ou de uma vitória na Copa, está se tornando “brega”.

Meu país é este aqui. Sete de Setembro de 1822, portanto há 201 anos, nos tornamos um país soberano, e há muito que comemorar. Se um país de 210 milhões de habitantes, com quase 9 milhões de Km de território soberano, um idioma, que alimenta mais de 1,1 bilhão de bocas diariamente, que produz quase tudo que precisa, que possui o território mais intocado pelo homem até o momento, um país que jamais iniciou qualquer ato bélico (nem unzinho sequer, como umas Malvinas, etc). Um país que criou uma doutrina de não intervenção na soberania dos outros, que é lindo por natureza, ou seja, se NÓS, a 7a. maior economia do mundo não temos o que comemorar, QUEM tem? Será os EUA, que “já chegaram lá” e são a maior nação do mundo? Será a China com sua voracidade de gafanhoto? Será a Rússia e seu czar e política briguenta? Será o Japão, que perde milhões de habitantes por ano, por estar “murchando”?

Meu país é minha copropriedade. Me sinto responsável por ele. Por isso eu quero bem a ele. Quero pagar impostos com justiça, mas pagá-los; quero as ruas limpas, e por isso guardo papel de bala no bolso; quero autoridades honestas, por isso nem penso em subornar guarda de trânsito pra evitar multa; quero preservar o meio ambiente, por isso não apoio iniciativas de desmatamento; quero um país rico, por isso não apoio que simplesmente se deixe a Amazônia sem exploração racional; quero um país educado, por isso dou minha quota de participação, escrevendo com um português minimamente aceitável; quero um país fraterno, por isso apoio os imigrantes que aqui chegam sem ter o mínimo para subsistir; e, por fim, quero um país Cristão, e por isso falo do amor de Jesus Cristo por cada pessoa. Mas mais do que tudo isso, entendo que sou voluntário nesse processo civilizatório. Não preciso nem quero sem empurrado para o bem. Quero fazê-lo porque no fundo me fará mais feliz.

Amo meu Brasil, a despeito do assalto às instituições que está sendo perpetrado debaixo do nosso nariz por gente que no fundo o odeia com todas as forças. Amo meu Brasil e por isso sou favorável a instituições fortes, democráticas e honestas. E é justamente por amar meu país que eu me sinto impelido a expor o que eu penso, e aceitar tudo o que venha de visões diferentes, com liberdade, sem censura, sem arbítrio.

Deus abençoe esse país imenso, lindo, pacífico e cristão!

Brasil do Sul – Fábula

E aconteceu, finalmente… o que tinha começado como uma proposição de defesa dos interesses dos estados do Sul do Brasil acabou se tornando, da noite pro dia, com adesão dos Comandos Militares do Sul e Sudeste, numa secessão que até o momento (escrevo em 2025) definitiva. O Natal se avizinha neste que será o primeiro, da nova nação. A ONU, após o reconhecimento de alguns países, como EUA, Japão e outros, acabou por render-se e, sem muita luta, o Brasil do Sul, ou simplesmente “Brasil” para muitos (pois dizem que aquilo lá em cima não é Brasil, é África subsaariana…)

Zema está no fim de um segundo e bem sucedido mandato… Tarcisio no fim do primeiro e a passos largos para reeleição. Ratinho não pode mais se candidatar, mas elege sucessor. Em SC, bom… SC sempre foi e será um lugar de “fascistas”, bem como o RS, como uma articulista de grande jornal disse há alguns anos (a tal fábula da família Heil, aqueles nazistas… hehe). O RJ finalmente cansou de eleger idiotas, e parte pra um mandato razoável, na percepção dos analistas políticos. O Centro Oeste é todo “fascista” como todo sabem, e o Agro reina absoluto. A população toda é contra o povo do “bem”, e não se conforma como as coisas andaram nos últimos anos. Ano que vem as eleições pareciam bem encaminhadas para um mandato de direita…

Parecia… pois que o STF cassou todos os candidatos viáveis e tornou uma guinada à direita improvável. Foi quando o impensável aconteceu. Movidos de uma sensação de serem desprezados, MG, PR, SC, ES, RJ, RS, MT, MS, GO e SP se rebelam, e com ajuda dos Comandos Regionais do Sul e Sudeste, interpelam os Supremos e declaram secessão… e assim como já falei. O Real do Sul é implantado, com a mesma cotação da véspera, ou seja, R$ 45,20 para cada dólar, e a inflação que já andava pelos 100% anualizada ainda permanece, mas agora, com recursos retidos e uma Receita Federal recomposta a duras penas, o Brasil do Sul tem superávit primário e total de mais de 15% do PIB. A inflação, segundo o novo presidente do novo Bacen, com sede na Av. Chile, no Rio de Janeiro, Campos Neto, parece que vai desabar, como informam 10 entre 10 “Faria Limers”.

Aliás, Campos Neto, cheio de olheiras e já com cabelos brancos abundantes, vem a público dizer que o novo país está disposto até a ajudar o Brazilistão a se reerguer, caso aceitem ajuda em condições adequadas.

O novo país está sendo governado por uma inédita junta de governadores de estado, que vão eleger um primeiro ministro provisório. O sistema de governo do Brasil do Sul será unicameral, com Deputados eleitos em uma assembleia que, de momento, conterá os mesmos representantes até então eleitos por esses estados, para evitar rupturas, e que quiserem vir para a nova assembleia que foi localizada temporariamente no complexo administrativo de Belo Horizonte, por oferecimento de Zema.

Zema, aliás, é um dos fortes candidatos a primeiro ministro dessa nova república parlamentar que se inicia, parece, auspiciosamente. É fato que há um engajamento da grande imprensa, lotada de grana do antigo regime, contra a secessão, apoiada por 90% dos habitantes desses estados, digamos, “cindidos”, e por incríveis 40% dos habitantes do Brasil do Norte. Esses, parecem apoiar o Brasil do Sul porque estão sofrendo arbítrios, abusos e absurdos por parte do antigo regime, e parecem crer que somente o Brasil do Sul os pode salvar, uma vez reconstituído. Acho difícil ser verdade, mas vá lá…

Em suma, Capital no Rio, como sempre foi, legislativo em BH, mais central, judiciário em SP, onde ocorrem as litigâncias… O mais interessante é que pelo menos não se começou errando na constituição da Suprema Corte. Velhos juristas, gente de peso, e grandes juízes, foram convidados para compor os 11 cidadãos supremos que nos garantirão a constituição. Aliás, a constituição adotada foi provisoriamente a mesma. A SCBS – Suprema Corte do Brasil do Sul, jurou apenas e tão somente garantir o que está ali, até que seja decidido se uma nova constituição será necessária, exceto nas alterações que modificam o tipo de governo (parlamentar unicameral, com voto distrital).

As reações dos caciques do Antigo Regime foram terríveis, e solenemente ignoradas. Não contando com o grosso das Forças Armadas para apoia-los, pois que uma guerra fraticida não seria de interesse de ninguém, ficou só o discurso. Aliás, sem os cérebros de comando das FFAA, tendo as principais escolas de formação de lideranças no Brasil do Sul, o Brasil do Norte acabou ficando meio acéfalo em termos militares. A inteligência também foi reagrupada de dentro das FFAA, que vai recriar uma forte força. A Polícia Federal também sofreu um processo parecido, com um rompimento relativo e centralização das atividades em MG. O povo do antigo regime já chama de “Polícia Mineira”, como pejorativo, claro…

As notícias de Brasília, capital (ainda) do antigo regime, são conflitantes, desde que as transmissões de TV e a internet foram temporariamente seccionadas. O fato em si é noticiado de forma bastante diferente no Norte e no Sul. Como o Sul tem mais laços com Europa e EUA, a informação de “baixo” acaba sendo mais ouvida do que a de “cima”. Algumas agências, como EFE e El País, da Espanha, dão cobertura desmesuradamente maior ao Norte e são amplamente contra o ocorrido.

Aliás, mesmo no Sul, ninguém diz que gostou do que aconteceu. Todos amavam ver a Seleção jogar, assistir o verde-amarelo em Olimpíadas, o Galo da Madrugada, as Micaretas e o Boi-Bumbá. Como fomos em relação a Portugal, porém, agora somos como uma nação, separada por seu idioma. Não o português, mas o idioma dos interesses – conhecidos e escondidos.

Para além do que ocorreu, o que parece que vai ocorrer é algo sério e que precisa ser pensado: ninguém no Sul quer a morte dos ex-patrícios do Norte. Os políticos do antigo regime começam a ver que esticaram a corda demais, e que seu “Pudê” desproporcional em relação à sua representatividade acabou se tornando um estorvo desnecessário e inadequado ao resto do país – e até para sua própria população.

Deu no que deu. Corda rompida, pelo menos podemos nos regozijar que, a exemplo do Ipiranga, o pau não quebrou e não rolou (muito) sangue. Aliás, o sangue parou de pingar um pouco nas favelas do Sul, desde que acabaram-se os diálogos cabulosos com o governo daqui. Nada de perfeição, vejam bem, mas voltou à tona uma noção de total intolerância com o crime.

Estranhamente, nenhum LGBTQIA+, nenhuma feminista, nenhum esquerdista, foi morto em praça pública. Dizem que a parada gay de 2025 está garantida, bem como a marcha pra Jesus. Em síntese, nadica de nada mudou no Sul. Aliás, o influxo de refugiados colombianos e venezuelanos continua, desta vez direto via Paraguai até MS, e para o Sudeste e Sul. Pro Norte, parece que parou um pouco.

A Amazônia este patrimônio fantástico, foi solenemente ignorada no cisma. Afinal, quem é que se beneficiava dela, do jeito que a coisa estava? Só madeireiro e garimpeiro ilegal. Demonstrando seu compromisso com a preservação da mata, contudo, o novo governo já anunciou um fundo para apoiar a preservação de lá. Em princípio R$ 1 bilhão serão devotados a esta tarefa, se o governo do Norte aceitar. Especialistas acham difícil, num primeiro momento, mas parece que a coisa pode ir pra frente, quando a realidade econômica se impuser.

Aguardamos novidades no front diplomático, após o reconhecimento dos EUA e Europa. China parece ainda inamovível. Taiwan, of course, reconheceu o Sul como país. Os tais especialistas dizem que a realidade se imporá rapidamente. Até porque os contratos de aquisição de soja, milho, etc, continuam a ocorrer, via Dubai, enquanto durar o rompimento diplomático de Pequim com o Rio

Cenas dos próximos capítulos devem ser menos excitantes.

P.S. – Isso é uma brincadeira, ficção. Que os desavisados não se enganem. Eu NÃO acho que o Brasil deva se dividir. Nunquinha! Mas acho que pode acabar acontecendo um cisma estadual, sem sair debaixo do mesmo guarda-chuva, caso políticos desproporcionalmente influentes, como Renan Calheiros, Sarney, Lira e um bando de peçonhentos continue a mandar e desmandar em Brasília, sem pensar um momentinho no país.

Poda

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Tenho duas pequenas figueiras no jardim da frente de casa. Uma é de figos amarelos, é mais velha, e dá entre 200 e 300 figos todos os anos. Após cada estação, eu podo a figueira de um jeito que um vizinho já achou que eu ia matá-la. Nada disso. Quanto mais podo, mais (e melhor) era flore e dá frutos, no ano seguinte. A outra figueira é ainda muito jovem e só este ano começou a dar uns figos roxos bonitinhos.

Quem, como eu, tem jardim grande, sabe que só tem boas flores, boas folhas e bons frutos se você cuidar, aguar e podar com regularidade e sem muito medo de matar a plantinha. O caso do Bonsai é ainda mais complexo e emblemático: nesse caso, ideal é não deixar a planta crescer, podar raiz, e mantê-la quase à míngua. Daí fica linda e faz jus ao nome “árvore de pote”.

Acho que os caras de Davos devem ter chegado à conclusão de que são “jardineiros” desse mundo, e que precisarão fazer algo radical, como um “Great Reset”, ou uma poda rasa, para que o mundo continue a florescer. Parecem ter tomado nas mãos a tarefa da “poda mundial”. Para isso, precisam passar essa ideia sob um tom menos ameaçador do que faria um Hitler, um Stalin, um Mao ou Pol Pot. Precisam revestir suas ações de uma verborragia benevolente.

Bill Gates já foi acusado de querer atingir esse objetivo por meio de uma “vacinação forçada” (dizem os fact-checkers que é mentira). Independentemente do que seja ou não verdade, ou esteja ou não no coração dos “esclarecidos”, ou como Thomas Sowell chamou, os “Ungidos”, o fato é que muita gente acha que 8 bilhões é gente demais e uma poda expressiva precisa ser feita.

Quem fará? Eu? Você? Algum governo esclarecido, “do bem”? Malthus achava que a população se autorregularia na marra, por meio de epidemias e guerras. O pós-segunda-guerra provou que isso pode não ser tão verdade assim. Ou pelo menos que um “ajuste malthusiano” pode acontecer de forma mais espaçada, e, por isso mesmo, muito mais radical. Malthus pode até estar certo, mas não disse que alguém faria isso de forma premeditada e racional: apenas que situações específicas forçariam as tais pestes e guerras.

Podar milhões, ou mesmo bilhões de seres humanos, gente como nós, não deverá ser algo a ser feito sem uma reação grave, de quem está sendo “podado” ou que não crê nessa poda.

Eu, se for “podado”, não pretendo ir sem uma boa briga. Podar, não vou. O tal “ama teu próximo como a ti mesmo” não deixaria. Mas vá lá: no reino vegetal, pelo menos, uma poda é essencial. No reino animal, a poda é individual, e mais doída, por levar a totalidade do ser pro brejo. Mas suponhamos que necessária. Como escolher quem vai? Quem executa a poda, e com que instrumentos? Quem decide quem fica? Quem é mais importante que fique? Os bonitos? Os inteligentes? Os ricos?

Sob qualquer aspecto, o nível de julgamento a ser exercido, só Deus (“O” Deus) poderia saber. Mas ele já disse que uma poda virá, e já nos deu até as bases para o corte. Eu não preciso me preocupar nem escolher um lado para estar. Claro que, pudesse escolher, escolheria ser podado, antes que podar.

Países cujas populações passaram a decrescer, estão morrendo. O Japão é um exemplo. Portugal teve seu pescoço demográfico salvo por uma infusão de estrangeiros maciça. Outros, europeus, e mesmo a China, estão em declínio populacional (a China, somente este ano começou a encolher). O Brasil perdeu seu bônus populacional e agora envelhece a olhos vistos. É vítima de ter perdido a juventude antes de ganhar a riqueza.

Então a poda é necessária? Nunca foi, nunca será, e, pior, nunca seria algo moral. Seria sempre algo demoníaco, como aliás, tudo o que está acontecendo diante de nossos olhos é: o mundo jaz no maligno, diz a Bíblia, e em nenhum momento da história isso foi tão real como agora. Nunca o “diabo” foi tão presente na história – diabo significa “dois lados”, “duas facções”. O mundo nunca esteve mais polarizado, e as partes nunca se ouviram e tentaram se entender tão pouco quando hoje em dia.

O pior é que estou seguro de que ambos os lados do espectro ideológico parecem querer fazer o bem. Mas enxergam o outro lado sempre como sendo “do mal”. Somos incapazes de ventilar ideias e fluir palavras com a única intenção de melhorar o entendimento sobre um assunto, e sobre o outro.

Parece que um grupo de “demônios” fica direcionando um conflito sem fim, entre essas partes radicalizadas e isoladas uma da outra, colhendo os frutos que podem nos levar a tentar “podar” a outra parte. Malthus do Capeta parece que pode levar à poda.

É poda, ou não é?

ESG é o Capeta?

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Quero aqui dar uma visão razoavelmente balanceada sobre o advento do ESG. Difícil mas tentarei.

Pra quem não conhece, ESG significa, em inglês, uma sigla criada pelos barões do Forum de Davos: “Environment, Social, Governance” (Governança Ambiental e Social). São três palavras antes aplicadas separadamente e que foram agrupadas nessa única sigla, e que ganhou “vida própria” em seu significado, como outras no vernáculo pátrio, como “coitado”, “fascismo” ou “negacionismo”, além da onomatopéia “mimimi”, de ampla aplicação.

Em separado, não há como ser contra qualquer uma dessas posições. A questão é que ninguém de sã consciência consegue ser contra o Meio Ambiente, a Sociedade e uma boa governança de suas empresas. A questão complica quando juntamos tudo num mesmo conceito interligado, quando nem sempre o deveria ser.

O link abaixo, da Gazeta do Povo, dá uma excelente ideia, a despeito de um tanto carregada nas cores, sobre o que acontece e até onde o conceito mais radical de ESG permeia a sociedade.

https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/como-o-mercado-investidor-usa-o-esg-para-impor-ideologia-as-empresas/?ref=link-interno-materia

Gazeta do Povo, 01 de Setembro de 2022

Como “dirigir” a opinião da Elite

Por definição, “elite” deveria significar algo que varia de “abastados” a “formadores de opinião”, passando por uma série de conceitos como bom gosto (sic!), finesse e bom senso. Desta forma, mudar opinião de Elites nao deveria ser algo simples, nem tarefa típica de tanger rebanho. Mas ESG prova que não é suficiente e necessário para pensar independentemente ser da Elite – financeira, cultural ou qualquer outra.

Livre pensar é só pensar

Millôr Fernandes

O próprio Millôr, fina flor da Elite, do Beautiful People carioca dos anos 70 em diante, não se demonstrou elite, quando, por exemplo, execrou, esculachou e excluiu Wilson Simonal da vida artistica, provocando inclusive (direta ou indiretamente) sua morte prematura. Millôr, na prática, não livre-pensou em muitos momentos, a despeito de seu talento imenso.

O mesmo se pode dizer de expoentes culturais como Chico Buarque ou Caetano (cuja música eu adoro). Fazem reiteradamente escolhas que, por ideologia ou qualquer outra razão, nubla o entendimento da realidade, e auxilia sua ideologia a se impor a nós, ainda que “tomando o poder, o que é diferente de ganhar eleições”.

Mas é verdade. Livre pensar, é só pensar mesmo… Pense, arrazoe, sem dar chances à ideologia, e a verdade vem à tona, e você não volta a ser do jeito que era, não por ter um “lado”, mas pelo que faz ou não sentido.

E

Environment. Dificilmente algo tem sido utilizado de forma mais ideologizada do que esse termo. Meio Ambiente se tornou campo de batalha, não por uma floresta de pé, não por sustentabilidade, mas por razões inconfessáveis. No artigo, Elon Musk faz uma alusão verdadeira e risível, se pensarmos bem:

ESG é uma farsa. Tem sido usado como arma por falsos guerreiros da justiça social… (A petrolífera) Exxon está colocada entre as dez melhores do mundo em meio ambiente, social e governança (ESG) pela S&P 500, enquanto a Tesla não faz parte da lista!… Estou cada vez mais convencido de que o ESG corporativo é o diabo encarnado

https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/como-o-mercado-investidor-usa-o-esg-para-impor-ideologia-as-empresas/?ref=link-interno-materia

De fato, colocar no maior índice de bolsa do mundo a Exxon e não a Tesla parece no mínimo estranho. O fato é que tanto aqui, como nos EUA como em qualquer lugar do mundo, vemos uma pressão sobre visões menos à esquerda do espectro ideológico como sendo passíveis de “vendetta”. É o que Musk está demonstrando de forma clara. Ninguém reclama, ninguém se opõe.

O Brasil tem sido, de certa forma, vítima do “E” de ESG, na figura de seu presidente, um boca-dura turrão que é associado a tudo o que não presta, em termos Ambientais, o que não necessariamente (e raramente) é verdade.

S

Social… Desde que Zé Sarney declarava “tudo pelo Social”, e fazia um governo que está certamente entre os piores em 522 anos de história, eu fico com um pé atrás em cada “Social” que leio. Justiça Social, então, nem se fale. Eu tenho bastante dificuldade em admitir que alguém receba um benefício qualquer em virtude de sua raça (sic!) cor, religião, orientação sexual, ou qualquer outro aspecto da vida que não o mérito, e só o mérito.

Inclusão Social deve, por óbvio, ser um objetivo da sociedade. Apenas que a inclusão se dá pelo levantar da condição humana, e não pelo rebaixamento de padrões. Sobre isso muitos já escreveram, e melhor.

G

Governança. Esse é o Elo. Falamos, então de “Governança Ambiental e Social”. É disso que se trata o termo ESG, bem entendido. Estabeleça-se, dizem os caciques, padrões de governança tais que cheguem ao ponto da preocupação social e ambiental.

Parece bacana, e pode ser. Não sou contra ESG como conceito, per se. Sou contra o uso que está-se dando a isso. Pelo artigo citado, a Bolsa brasileira, local em que perdedores e vencedores são julgados diária e impiedosamente por milhares de cabeças, sem qualquer consideração por preferências pessoais ou de quaisquer outras naturezas, decidiu aliar-se ao conceito. Em síntese, ESG vai afetar o pregão? Vou comprar ou vender algo por conta de aplicação de conceitos ESG? Vou aceitar que meus dividendos sejam reduzidos – se é que haverá este efeito – em virtude de aplicação de conceitos daí saídos? Não sei, mas francamente, me aproximando da aposentadoria, não me vejo sendo bonzinho com quem não necessariamente concordo ou com pautas que não necessariamente patrocino.

Governança Social tem sido objeto, inclusive, de seminários de auditores e contadores, como é meu caso, e será tema do próximo Simpósio Paranaense de Auditoria, de cuja comissão sou parte. Me orgulho de poder trazer o tema, mas sei que em muitas situações estarei num campo não 100% alinhado com a palestrante.

Resultados

Torço e oro por uma sociedade que trate pra lá de bem o Meio Ambiente. No entanto, reconheço que enquanto não tenhamos dominado a técnica de fazer bife com ar (será possível, creio, num futuro não tão distante), teremos que conviver com pum de milhares de vacas.

Torço e oro por uma sociedade que seja socialmente justa, e que não discrimine por nenhuma característica – física ou de qualquer outra natureza. No entanto reconheço que as pessoas são, intrinsecamente diferentes, e preferiria não ser atendido num pronto socorro por um médico intensivista “quotista”, não porque ele seja branco, preto, gay, hétero, muçulmano, cristão, azul de bolinhas brancas ou sei lá mais o que. Quero um médico que tenha capacidade de exercer medicina. Só isso. Objetivamente.

Finalmente, torço e oro por uma sociedade que consiga dar governança aos dois aspectos anteriores. Uma sociedade que consiga deixar transparentes as ações sociais e ambientas das empresas. No entanto, não estou disposto nem a discriminar nem a alijar do mercado empresas que porventura não queiram se meter nesta seara. Ora, que o mercado julgue até que ponto a empresa, por não deter e aplicar conceitos ESG, entrega um produto ou serviço de qualidade, digno do meu e do seu dinheiro.

Concluindo – ESG não é o capeta encarnado, como crê Elon Musk – necessariamente. No entanto, do jeito que a coisa vai, e como está sendo conduzido pelos ativistas de sempre, aqueles com agenda preta oculta no bolso do paletó, pode se tornar. Pode. Ao ponto de se tornar o embrião de uma Gestapo ESG, para nossa tristeza.

Livre pensar, continua sendo só pensar.


Commodities e Crescimento Mundial Pós-Pandemia

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Me caiu às mãos um artigo da Bloomberg, EUA, que traça linhas muito interessantes sobre o que afetará, de fato, a economia mundial pós-pandemia (se Deus quiser!). Começa dizendo que se a gente pensar somente nos efeitos do estímulo financeiro do FED (Banco Central Norte-Americano), ou na indústria da construção civil chinesa (em palpos de aranha) ou na montanha russa política, dos preços de petróleo da OPEP, precisamos incluir nesta lista o Bolsa Brasil. Sim… o programa de auxílio do governo federal brasileiro, de R$ 400 mensais.

Confesso que tive que ler e reler para entender a ligação entre o Bolsa Brasil e o comportamento das commodities, a Bloomberg começa se perguntando sobre os efeitos que a ruptura da “camisa-de-força” do teto de gastos terá sobre a economia brasileira; faz alusão ao liberal (Chicago Boy) ministro Paulo Guedes e como o compromisso com a austeridade fiscal ficou estilhaçado, após passar mais da metade de seu mandato debaixo da Espada de Damocles da Covid-19 e seus efeitos devastadores. O Real desvalorizado é atribuído à política desleixada, digamos, com o orçamento nacional.

Com trocadilhos engraçadinhos (“Bean There”), a revista realça então a importância capital do Brasil no mercado internacional de Commodities, a começar pela mais óbvia, a Soja:

USDA via Bloomberg

Um trocadilho mais tarde (“Turning Chicken”) e estamos diante de outras duas commodities fundamentais, essas secundárias (soja e milho entram antes nessa folia), carne e frango, e como a queda de poder aquisitivo da população brasileira, aliada à alta dos preços da arroba do boi, acabaram causando uma virada em direção ao frango:

USDA via Bloomberg

O artigo continua a discorrer sobre commodities menos sensacionais no momento, como minério de ferro (o artigo chama a Vale de “estatal”, numa defasagem de informação de alguns anos já) e o café.

O artigo termina fazendo uma observação bem interessante:

Essa é uma aposta ousada. A turbulência fiscal no Brasil e a queda [no valor] da moeda já estão agitando e elevando os mercados de soja, carne bovina e frango. Não se surpreenda se isso repetir o truque do café.

Bloomberg – in https://www.bloomberg.com/opinion/articles/2021-11-28/brazil-s-anti-poverty-program-will-rock-commodity-markets

Bom, a partir daqui, minhas considerações:

Relevância do Brasil no mercado de Commodities

Em 2010 estive num evento da ACG – Association for Corporate Growth, em Chicago nos EUA. Eu era um dos panelistas dentro de um evento que contou com a presença ilustre do então embaixador do Brasil nos EUA, João Almiro, que discorreu sobre o “Advento das Commodities”, e por que o mundo deveria deixar de considerar o Brasil um país de “produtos primários”. O tamanho da população mundial, e sua necessidade cada vez maior de produtos de várias naturezas, aliado à tecnologia embarcada, enorme, no Agro brasileiro, fazia do Brasil um player importante no mercado mundial, pela via que o mundo havia quase abandonado entre os anos 50 e 60.

Ali, em meio à “onda verde amarela” que Lula tão bem surfou, de bons ventos nos preços das commodities e no então recém descoberto petróleo do pré-sal, o Brasil era a vedete do momento.

Mas não se iluda o respeitável público. O tal governo tratou de criar tantas situações absurdas, inclusive a eleição de Dilma Rousseff, logo depois, que rapidamente o castelo e a empáfia do governo brasileiro de então desmoronaram. Eu ali, chamei Dilma de ex-guerrilheira e, sem saber, predisse que o Brasil não consolidaria sua posição de crescimento constante, por conta justamente da postura política do país. Quase apanhei dos brasileiros ali, que até me chamaram de “fascista” num avant-première do uso do epíteto hoje tão conhecido. Nem liguei, como não ligo até hoje em nadar contra a corrente, se estou seguro do que estou falando (não é sempre que isso ocorre, mas apostar contra a inteligência e o bom senso da esquerda é sempre seguro).

O fato é que após isso, vimos o país desmoronar diante da corrupção e da queda dos preços internacionais de soja, milho, etc. Mas NÃO, e nunca, na representatividade do Agro brasileiro para o mundo. Aprendi ali a respeitar o que tinha sido doutrinado a desprezar – o campo e sua potência. Hoje sabemos que o Brasil não é só Agro-Tech-Pop-Tudo. Agro é força política, que o Brasil sempre teve uma espécie de vergonhazinha de de usar.

Aposta na Alta de Commodities

Ensina Warren Buffet que se você entende e confia nos fundamentos de uma empresa, invista nela e esqueça que a grana existe. Os resultados vão aparecer. A longo prazo, mas vão.

Pois essa é a aposta mais certeira do mundo, exceto se grupos de interesse conseguirem reverter a tendência de crescimento da população nos próximos 30, 40 anos, quando deverá atingir seu máximo, e se manter lá por mais uns, digamos, 100 anos. Exceto se o mundo se tornar predominantemente assexuado, abusar de contraceptivos e aborto, ou se tornar um lugar no qual a população conclua que não vale a pena colocar filho no mundo, commodities tenderão a crescer em termos de preço. Incluo aqui o famigerado petróleo – nem mencionado pela revista.

É de se crer que se cada cidadão do mundo tiver um bocado decente de comida na boca, pelo menos 3 vezes por dia, a população pode parar de crescer agora que o consumo de commodities agrícolas continuará a crescer muito (não fiz conta, não posso afirmar quanto) nos próximos 40 a 50 anos.

Então por que a Demonização?

Se o campo é necessário, se a população cresce, se tem ainda um montão de gente passando fome no mundo, sem casa, sem água, luz, etc, por que países como a França, Alemanha, entre outros, teimam em demonizar nosso Agronegócio? Por que falam como sendo a pior coisa do mundo, quando sabemos que usamos relativamente pouca terra para produzir, e que somos, no final das contas, muito mais eficientes, tanto por questões locais, climáticas, quando de avanço técnico, para colocar um prato de comida na mesa de mais de 1,2 bilhão de pessoas no mundo todos os dias?

A resposta como sempre é econômica, mas no nosso caso, como parece que sabemos, travestida de preocupação ecológica. Acho que o público brasileiro está cansado de saber que tanto a visão do Brasil como “devastador de florestas” como de “carbono positivo” são grandemente manipuladas e exageradas, em detrimento dos próprios mal-feitos de países, principalmente a França, neste pormenor (pormaior?).

E os Preços?

Com o Real desvalorizado, e com os preços das commodities nas alturas, o Agro brasileiro vai ganhando em relevância em relação a outras atividades, na composição do PIB. O Centro Oeste vai se tornando um “Center West” (Illinois, Ohio, Iowa, etc) em termos de riqueza e produtividade. Populações inteiras antes atraídas pelas luzes das cidades e pelo ar do mar, agora não querem mais saber de sair de suas cidades cada vez mais confortáveis e seguras.

Agricultores antes quase que obrigados a vender suas safras ao primeiro que aparecesse, ou correr o risco de perde-la por não ter onde guardar, agora possuem silos e mais silos de armazenamento, e podem escolher quando, e se vender, e a que preço. Isso por si só demonstra a força do agricultor brasileiro e sua influência no preço global das commodities. Não se trata de matar o mercado com preços altos – isso, na minha opinião, fazem muito bem os EUA e a UE. Se trata, isto sim, de produzir cada vez mais barato, melhor, e com margens mais adequadas. Por isso o Brasil, na minha opinião, nunca terá uma moeda supervalorizada (aliás, a última vez que isso aconteceu foi justamente no início do fim da prosperidade que o populismo nos brindou). Sempre precisaremos ter, no limite, uma moeda “competitiva”. Torço por um mercado de câmbio realista, o que hoje não acontece (acho nosso Real muito desvalorizado).

Concluo por dizer que com liberdade no campo, liberdade cambial, e com ajuda de Deus (São Pedro, se você é católico), o Brasil só terá a ganhar com commodities, agora, como foi no passado, e será sempre.

O dilema que interessa

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Hoje, numa roda de grandes amigos no WhatsApp, falei uma frase que quero repetir, abaixo:

O ser humano, quanto mais bem sucedido, mais próximo está do caos.

Eu mesmo

Por que e em que contexto eu disse isso? Estávamos discutindo sobre uma recente matéria da revista Nature (https://www.nature.com/articles/s41467-021-22446-z) sobre o caráter inócuo da Hidroxicloroquina no tratamento de Covid-19 (o tema que não quer calar).

Eu, como bom negacionista que sou, argumentei com dois links de entidades igualmente respeitáveis, o Lancet (https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(20)31180-6/fulltext) e o New England Journal of Medicine (https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMc2031780) as quais, respectivamente, se retratam (Dez de 2020) de um artigo com o mesmo teor da Nature de ontem, ou dão certa razão à mal/bendita HcQ.

Do lado de lá deste debate virtual algumas das melhores cabeças pensantes que conheço e partilho amizade. Gente difícil de convencer e de argumentar. Intelligence is a bitch!…

A frase, que adoraria ver celebrizada, veio de um pensamento que tive na hora que mencionei a frase recente de um prêmio Nobel de medicina, Richard J. Roberts:

Medicamentos que curam não são rentáveis e, portanto, não são desenvolvidos por empresas farmacêuticas que, em troca, desenvolvem medicamentos “cronificadores” que sejam consumidos de forma serializada.

Richard J. Roberts, Nobel de Medicina

Somei as duas frases, e coloquei então de lado, na minha cabeça, toda a discussão sobre HcQ e Covid e pensei no paradoxo que me levou à frase inicial: Quanto mais bem sucedidos como espécie nos somos, mais perto estamos do caos, e da extinção.

Eu fico pensando no meu jardim aqui em casa, e do fato de que preciso podar sem piedade algumas plantas para que elas continuem viçosas e produtivas. A vida das plantas depende, de certa forma, delas não crescerem indefinidamente. Deixado à própria sorte, o jardim cresce até se matar.

Essa constatação vem de encontro ao que o Mr. Smith, o vilão de Matrix, disse ao Neo (personagem de Keanu Reeves): “os seres humanos são como um virus sobre a terra… se reproduzem até destruir tudo ao seu redor“.

Então estamos fadados, desde o Jardim do Éden (ou desde o paleolítico, como queiram) a nos auto destruir na exata medida em que a civilização progride? Será que teremos que receber “podas” rasas frequentes, como a Peste Negra, a Gripe Espanhola, ou as Grandes Guerras, a fim de nos mantermos viçosos num mundo finito?

Essa já foi a indagação de vários filmes e livros sobre Distopias. Ora é um mundo em que deve-se morrer aos 30 anos (Admirável Mundo Novo de Huxley), ora é um mundo em que somos confinados em “mônadas urbanas” (Mundos Fechados de Robert Silverberg).

O ser humano é (até onde podemos confirmar) o único ser “imagem e semelhança de Deus” (eu creio), no sentido em que somos sencientes, ou seja, pensamos de forma autônoma, e detemos livre arbítrio. Portanto, somos os primeiros seres vivos sobre o planeta a termos a oportunidade de não experimental o caos como resultado de um vigoroso crescimento, reduzindo ou eliminando guerras. Como?

O Japão nos dá uma lição e uma pista importante sobre este tipo de futuro. São uma nação que envelheceu em pouco tempo (de 1945 para cá) e hoje tem a primeira população francamente em declínio no planeta.

O declínio gerou uma população velha e incapaz de arcar com custos como seguridade social (que no modelo atual equivale a um esquema Ponzi – pirâmide – que só funciona se tiver mais gente na base do que no topo). Esse declínio gerou também gastos médicos muito mais altos do que o resto do mundo, e menos dinamismo na economia. O fato é que há 20 anos os Dekasseguis brasileiros eram odiados por lá, e hoje tolerados, por serem da mesma “raça” (com pedido antecipado de perdão aos mais sensíveis) do que eles e falaram algo do idioma.

O Japão nos mostra que controlar a natalidade não resolve a equação da sobrevivência com sucesso, ou resolve até determinado ponto. Os economistas e biólogos estimam em 2,1 filhos por mulher (Opa… seres humanos que menstruam) como ponto de estabilidade para a raça humana continuar indefinidamente no planeta, desde que aprenda a lidar com ele.

Antibióticos, nutrição, segurança e educação fizeram com que a população do mundo explodisse, consumindo recursos e colocando o planeta em risco, nós dentro dele. Como não temos outro planeta, a grita por medidas que não agridam ou meio ambiente aumentam também exponencialmente. Por outro lado, algumas das propostas para isso implicarão em fome (ainda existente, e muito), desemprego e instabilidade política e social. O “fique em casa” de hoje é apenas um ensaio de uma situação que pode vir a ocorrer, por outras razões, muitas vezes, num futuro próximo.

O problema é que as soluções aventadas nunca, ou quase nunca, passam por um processo democrático ou humano. São quase sempre impostas, e não infrequentemente, letais. Esquecem-se, também frequentemente os formuladores de soluções “de força” que o fator tecnologia e inteligência, além do fator bondade, amor e empatia devem ser levados em consideração. Tecnologia e inteligência salvaram o mundo pós guerra da miséria e da fome. Fatores como bondade e misericórdia, quando aliadas à tecnologia, costumam produzir milagres.

Estamos diante do impasse que propus na frase que abre o artigo. Que o impasse seja resolvido com bondade, misericórdia e tecnologia, e não com guerras, pestes e fome.

Mar de Terra

people wearing costumes
Renny Gamarra by www.unsplash.com

https://g1.globo.com/natureza/desafio-natureza/noticia/2019/10/10/na-terra-indigena-mais-ameacada-do-brasil-base-da-funai-e-destruida-e-ninguem-sabe-quem-cometeu-o-crime.ghtml

Lendo uma matéria que poderia perfeitamente mostrar a precariedade da FUNAI ou outro organismo ligado ao cuidado com os índios ou meio ambiente (ou qualquer outro órgão público destes que temos olvidados, abandonados ou sem função…), notei algo bem perturbador.

Poderia ser o fato de que a matéria, de maneira até infantil (o que mostra como nossa população é manobrável), tentava transformar abandono de um posto avançado dentro de uma reserva indígena como “ataques”… O titulo da matéria tentava logo de cara dar contornos de crime e mistério para algo idiota:


Na terra indígena mais ameaçada do Brasil, base da Funai é destruída, e ninguém sabe quem cometeu o crime.

G1

Da leitura, era claro que o posto nunca teve condições de funcionamento, foi abandonado pela FUNAI e foi sendo depredado lentamente, ao largo de anos.
Também fazia links forçados com o tema de desmatamento e queimadas, como se o posto da FUNAI fosse fazer o trabalho do IBAMA e outros órgãos ambientais.

O problema do desmatamento e queimadas não é o foco destas minhas linhas – é um assunto grave e este texto aqui é só uma brincadeira, uma reflexão minha que mandarei para uns amigos e que morre aqui.

Bom, mas o que realmente era perturbador eram os números que apareciam dentro da matéria, de forma complementar e quase passaram sem ser notados, especialmente para mim que sou avesso à matemática (confesso!).

A reserva em questão era a Karipuna, que tem um território de 153 mil hectares (homologado em 1998). Mais uma vez confessando minha ignorância no assunto e esquecimento das aulas da tia Nanci de matemática, fui ao Pai Google ver quanto isso correspondia em metros.

Você sabe a quanto equivale um hectare em metros? Segundo o pai dos burros modernos (Google), “Um hectare, representado pelo símbolo ha (conhecido também como hectômetro/hectómetro quadrado [hm²]), é uma unidade de medida de área equivalente a 100 (cem) ares ou a 10.000 (dez mil) metros quadrados. 10.000 (dez mil) metros quadrados. Eu gosto de futebol. Assim, ficou gravado na minha memória quando fui a primeira vez ao Maracanã e me disseram que o campo (só o gramado, ok?) do Templo do Futebol possuía 9.000 metros quadrados. Seguindo minha ladainha de hoje, confesso – de novo – que fiquei impressionado como o nosso Brasil é grande: o território Karipuna corresponde a mais de 153 mil gramados do Maracanã…

Imaginei, então, que a nação Kari (deixa eu voltar o mouse aqui que já esqueci o nome da tribo) Karipuna seria um mar de gente, NÉ? É aqui que termino minha viagem de hoje: de acordo com a matéria, os Karipuna são 58 pessoas vivas, das quais 22 frequentam a tribo. O Brasil é grande AND generoso…