Brasil do Sul – Fábula

E aconteceu, finalmente… o que tinha começado como uma proposição de defesa dos interesses dos estados do Sul do Brasil acabou se tornando, da noite pro dia, com adesão dos Comandos Militares do Sul e Sudeste, numa secessão que até o momento (escrevo em 2025) definitiva. O Natal se avizinha neste que será o primeiro, da nova nação. A ONU, após o reconhecimento de alguns países, como EUA, Japão e outros, acabou por render-se e, sem muita luta, o Brasil do Sul, ou simplesmente “Brasil” para muitos (pois dizem que aquilo lá em cima não é Brasil, é África subsaariana…)

Zema está no fim de um segundo e bem sucedido mandato… Tarcisio no fim do primeiro e a passos largos para reeleição. Ratinho não pode mais se candidatar, mas elege sucessor. Em SC, bom… SC sempre foi e será um lugar de “fascistas”, bem como o RS, como uma articulista de grande jornal disse há alguns anos (a tal fábula da família Heil, aqueles nazistas… hehe). O RJ finalmente cansou de eleger idiotas, e parte pra um mandato razoável, na percepção dos analistas políticos. O Centro Oeste é todo “fascista” como todo sabem, e o Agro reina absoluto. A população toda é contra o povo do “bem”, e não se conforma como as coisas andaram nos últimos anos. Ano que vem as eleições pareciam bem encaminhadas para um mandato de direita…

Parecia… pois que o STF cassou todos os candidatos viáveis e tornou uma guinada à direita improvável. Foi quando o impensável aconteceu. Movidos de uma sensação de serem desprezados, MG, PR, SC, ES, RJ, RS, MT, MS, GO e SP se rebelam, e com ajuda dos Comandos Regionais do Sul e Sudeste, interpelam os Supremos e declaram secessão… e assim como já falei. O Real do Sul é implantado, com a mesma cotação da véspera, ou seja, R$ 45,20 para cada dólar, e a inflação que já andava pelos 100% anualizada ainda permanece, mas agora, com recursos retidos e uma Receita Federal recomposta a duras penas, o Brasil do Sul tem superávit primário e total de mais de 15% do PIB. A inflação, segundo o novo presidente do novo Bacen, com sede na Av. Chile, no Rio de Janeiro, Campos Neto, parece que vai desabar, como informam 10 entre 10 “Faria Limers”.

Aliás, Campos Neto, cheio de olheiras e já com cabelos brancos abundantes, vem a público dizer que o novo país está disposto até a ajudar o Brazilistão a se reerguer, caso aceitem ajuda em condições adequadas.

O novo país está sendo governado por uma inédita junta de governadores de estado, que vão eleger um primeiro ministro provisório. O sistema de governo do Brasil do Sul será unicameral, com Deputados eleitos em uma assembleia que, de momento, conterá os mesmos representantes até então eleitos por esses estados, para evitar rupturas, e que quiserem vir para a nova assembleia que foi localizada temporariamente no complexo administrativo de Belo Horizonte, por oferecimento de Zema.

Zema, aliás, é um dos fortes candidatos a primeiro ministro dessa nova república parlamentar que se inicia, parece, auspiciosamente. É fato que há um engajamento da grande imprensa, lotada de grana do antigo regime, contra a secessão, apoiada por 90% dos habitantes desses estados, digamos, “cindidos”, e por incríveis 40% dos habitantes do Brasil do Norte. Esses, parecem apoiar o Brasil do Sul porque estão sofrendo arbítrios, abusos e absurdos por parte do antigo regime, e parecem crer que somente o Brasil do Sul os pode salvar, uma vez reconstituído. Acho difícil ser verdade, mas vá lá…

Em suma, Capital no Rio, como sempre foi, legislativo em BH, mais central, judiciário em SP, onde ocorrem as litigâncias… O mais interessante é que pelo menos não se começou errando na constituição da Suprema Corte. Velhos juristas, gente de peso, e grandes juízes, foram convidados para compor os 11 cidadãos supremos que nos garantirão a constituição. Aliás, a constituição adotada foi provisoriamente a mesma. A SCBS – Suprema Corte do Brasil do Sul, jurou apenas e tão somente garantir o que está ali, até que seja decidido se uma nova constituição será necessária, exceto nas alterações que modificam o tipo de governo (parlamentar unicameral, com voto distrital).

As reações dos caciques do Antigo Regime foram terríveis, e solenemente ignoradas. Não contando com o grosso das Forças Armadas para apoia-los, pois que uma guerra fraticida não seria de interesse de ninguém, ficou só o discurso. Aliás, sem os cérebros de comando das FFAA, tendo as principais escolas de formação de lideranças no Brasil do Sul, o Brasil do Norte acabou ficando meio acéfalo em termos militares. A inteligência também foi reagrupada de dentro das FFAA, que vai recriar uma forte força. A Polícia Federal também sofreu um processo parecido, com um rompimento relativo e centralização das atividades em MG. O povo do antigo regime já chama de “Polícia Mineira”, como pejorativo, claro…

As notícias de Brasília, capital (ainda) do antigo regime, são conflitantes, desde que as transmissões de TV e a internet foram temporariamente seccionadas. O fato em si é noticiado de forma bastante diferente no Norte e no Sul. Como o Sul tem mais laços com Europa e EUA, a informação de “baixo” acaba sendo mais ouvida do que a de “cima”. Algumas agências, como EFE e El País, da Espanha, dão cobertura desmesuradamente maior ao Norte e são amplamente contra o ocorrido.

Aliás, mesmo no Sul, ninguém diz que gostou do que aconteceu. Todos amavam ver a Seleção jogar, assistir o verde-amarelo em Olimpíadas, o Galo da Madrugada, as Micaretas e o Boi-Bumbá. Como fomos em relação a Portugal, porém, agora somos como uma nação, separada por seu idioma. Não o português, mas o idioma dos interesses – conhecidos e escondidos.

Para além do que ocorreu, o que parece que vai ocorrer é algo sério e que precisa ser pensado: ninguém no Sul quer a morte dos ex-patrícios do Norte. Os políticos do antigo regime começam a ver que esticaram a corda demais, e que seu “Pudê” desproporcional em relação à sua representatividade acabou se tornando um estorvo desnecessário e inadequado ao resto do país – e até para sua própria população.

Deu no que deu. Corda rompida, pelo menos podemos nos regozijar que, a exemplo do Ipiranga, o pau não quebrou e não rolou (muito) sangue. Aliás, o sangue parou de pingar um pouco nas favelas do Sul, desde que acabaram-se os diálogos cabulosos com o governo daqui. Nada de perfeição, vejam bem, mas voltou à tona uma noção de total intolerância com o crime.

Estranhamente, nenhum LGBTQIA+, nenhuma feminista, nenhum esquerdista, foi morto em praça pública. Dizem que a parada gay de 2025 está garantida, bem como a marcha pra Jesus. Em síntese, nadica de nada mudou no Sul. Aliás, o influxo de refugiados colombianos e venezuelanos continua, desta vez direto via Paraguai até MS, e para o Sudeste e Sul. Pro Norte, parece que parou um pouco.

A Amazônia este patrimônio fantástico, foi solenemente ignorada no cisma. Afinal, quem é que se beneficiava dela, do jeito que a coisa estava? Só madeireiro e garimpeiro ilegal. Demonstrando seu compromisso com a preservação da mata, contudo, o novo governo já anunciou um fundo para apoiar a preservação de lá. Em princípio R$ 1 bilhão serão devotados a esta tarefa, se o governo do Norte aceitar. Especialistas acham difícil, num primeiro momento, mas parece que a coisa pode ir pra frente, quando a realidade econômica se impuser.

Aguardamos novidades no front diplomático, após o reconhecimento dos EUA e Europa. China parece ainda inamovível. Taiwan, of course, reconheceu o Sul como país. Os tais especialistas dizem que a realidade se imporá rapidamente. Até porque os contratos de aquisição de soja, milho, etc, continuam a ocorrer, via Dubai, enquanto durar o rompimento diplomático de Pequim com o Rio

Cenas dos próximos capítulos devem ser menos excitantes.

P.S. – Isso é uma brincadeira, ficção. Que os desavisados não se enganem. Eu NÃO acho que o Brasil deva se dividir. Nunquinha! Mas acho que pode acabar acontecendo um cisma estadual, sem sair debaixo do mesmo guarda-chuva, caso políticos desproporcionalmente influentes, como Renan Calheiros, Sarney, Lira e um bando de peçonhentos continue a mandar e desmandar em Brasília, sem pensar um momentinho no país.

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