Academia a serviço da Patrulha

Fonte: www.quillette.com

Li hoje no belo site Quillette (www.quillette.com) a triste história de uma PhD em Estudos Clássicos, durante a reunião anual, supostamente científica, da Academia Americana de Filologia, uma entidade de 150 anos de idade. A autora, Mary Frances Williams, na qual foi escorraçada da reunião e proibida de emitir sua opinião. Seu pecado? Ir ao microfone, no momento aberto para perguntas e respostas, e questionar um ponto de vista expresso por três dos “painelistas”, todos igualmente PhD na área. E por que?

Esses três acadêmicos expunham as virtudes da “inclusão social” e da “diversidade” no meio da pesquisa científica: um deles propunha que trabalhos de pesquisa de “Homens Brancos” não fossem publicadas nas revistas especializadas, para dar lugar a trabalhos de “homens não-brancos” e mulheres. Um deles tecia ainda considerações sobre a “retirada do aprendizado de grego e latim” dos cursos de Estudos Clássicos, a fim de “tornar o curso mais atraente” a universitários.

A ideia reforçada pelos três expositores não tinha nada, absolutamente, a ver com o objeto desta Academia de Estudos Clássicos, tampouco tentava reparar algum erro cometido e que precisasse ser trazido à tona. Tratava-se tão somente de promover a “diversidade na academia”.

A fala da Dra. Williams ia em 4 pontos precisos:

  • Que o estudo de línguas clássicas são a base de toda a produção científica na área (pra quem não sabe, se trata de estudar os escritos clássicos gregos e latinos, base de nosso conhecimento atual, e de conceitos importantes, como justiça, liberdade e democracia. Autores como Cícero, Píndaro, Ovídio entre outros são estudados em seu idioma original) a fim de trazer a nosso conhecimento o “zeitgeist” daquela época e o que isso significa em termos atuais. Sem grego e latim não tem estudo clássico, dizia esta pesquisadora;
  • Que é importante ensinar os autores clássicos a estudantes de graduação iniciantes;
  • Em última análise, que o jeito de atrair público ao curso não é de ensinar menos autores clássicos, mas mais;
  • Que seminários (provavelmente de menor duração) são uma boa forma de ensinar e atrair público.

O pau quebrou quando a Dra. Williams argumentou com um professor hispano, um dos painelistas, que seria melhor ele ter recebido sua cátedra por conta dos seus méritos do que por ser negro (ou hispano). A Dra. Williams diz não querer ter sido ofensiva, mas apenas demonstrar o ponto crucial – que seria melhor (e efetivamente é melhor) que alguém tenha conquistado uma posição por conta de seus méritos acadêmicos, e não por conta de qualquer outro fator, seja pele, religião, orientação sexual ou etnia. Que a academia não pode estar vinculada, de nenhuma forma, a qualquer consideração que não seja a ciência e a busca do conhecimento.

Pois é. Minha consideração é exatamente sobre isso – a ciência tem ficado em segundo lugar, em relação a considerações que nada tem de científico. Neil DeGrasse, o famoso físico que apresentou o show de TV “Cosmos” (nova versão) é negro. Acho o show excelente, a despeito do irremediável ateísmo bobo, falastrão de DeGrasse, pelo que ele É de fato – um bom show sobre ciência. Não deveria entrar na consideração de quem quer que seja se a cor da pele do Neil, do Zé ou da Maria influencia ou não na qualidade do que fazem.

Recentemente quase apanhei de um grupo de pessoas porque disse (elogiosamente) que a voz do negro é diferente. Até me explicar que a voz do negro é MELHOR, mais clara, mais forte do que a de qualquer outra raça, fiquei com a pecha de racista.

O que se fala hoje em dia, independentemente do que, passa por um crivo de patrulha ideológica que põe de lado qualquer consideração da ciência ou do bom senso. A proposta atual, de que sexo é uma “escolha”, e não biologia, é um desses exemplos. Tanto se me dá se a pessoa, após ter crescido o suficiente para tal, decida ser homo ou hetero, ou se será planta ou cachorro. É decisão da pessoa e que (na minha visão) terá sua repercussão espiritual, com Deus. Não é algo que eu possa fazer nada a respeito.

No entanto, eu não vou entrar no Boeing 777 e me perguntar se o engenheiro aeronáutico que ajudou a projetar o bicho “acredita ou não” na lei da gravidade ou aerodinâmica. Eu não estou nem aí se o cara é homo, hétero, zebra ou pudim. Quero que o avião voe, bem, e seguro. Da mesma forma, os moradores de São Paulo não estão nem aí para o sexo ou cor da pele do engenheiro que dizia fazer manutenção dos viadutos da cidade. Ele não quer é morrer debaixo de um deles, nem ficar 5 horas parado em engarrafamento por conta de um deles.

A verdade vos libertará, disse Jesus Cristo, porque a verdade nos confronta com o que é, independentemente do que pensamos. Assim como não se discute com uma equação, não se deveria discutir, em plenário “técnico”, entre o rigor científico e a ação afirmativa…

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