O link acima, do Estadão, levará para um editorial que classifica as manifestações marcadas para domingo de “inimigas das liberdades”. O texto nos “ensina” sobre um ente sobrenatural/cibernético denominado “redes bolsonarianas”, e que seriam o motor por trás dessas convocações. Vamos analisar parte a parte? Repito o que sempre digo – não sou fá de Bolsonaro e sou afiliado do Novo…
- É no mínimo uma homogeneização bárbara criar um “ente” como rede bolsonariana para dar uma face entendível ao que está acontecendo. É como se todo o movimento por trás tivesse: a)coesão; b)comando centralizado; c)foco único em defender o presidente da república;
- Os motivos dados como certos (e de novo, remetendo a um contexto de “comando central” da manifestação, que cá entre nós, nem sabemos se será uma bomba ou um traque mixuruca…) são afirmados categoricamente como sendo: a)contra o STF; b)contra o congresso – suposta aplicação do art. 142 da Constituição;
Eu creio firmemente que o caos e multiplicidade dos “temas” levados no dia 26 de Maio é tão grande que atesta justamente para o foco central deste artigo – a de que não tem nenhum, zero, nada de orquestrado ou combinado aqui. É caminhoneiro falando que vai botar carreta na Paulista, é zé ruela dizendo que é pra fechar o STF, é gente desinformada juridicamente dizendo que é pra aplicar a Constituição justamente pra acabar com a democracia… o típico macramê de ideias difusas e incongruentes típico de uma, como é mesmo? Ah… digamos… manifestação popular.
O fato é que o povo está indo pras ruas (se é que vai – duvido um pouco) por conta de um sentimento que pode ser difuso, mas que está muito em sintonia com o que de fato tem acontecido – tanto o STF como o Congresso, e até porções cretinas da família presidencial e de sábios astrólogos fora do país – estão sim, em dessintonia com o que deseja ardentemente a população. A população, mesmo com essa pauta difusa, quer algumas coisas muito claras, e que aparentemente o governo conseguiu sintetizar e propor, para “espanto” de Suas Excelências:
- Força contra a criminalidade – pelo desgaste do tecido social e fraqueza de governos anteriores contra o crime, o cidadão comum passou a querer se defender ostensivamente. Pode até ser que a forma (armando-se) não seja a que a “intelligentsia” entende como melhor, mas é a forma de suprir a quase total ausência do estado em grandes áreas do país;
- Equilíbrio Fiscal – quase 16 anos de contratações massivas de funcionários públicos, somados a um aumento real médio de 207% acima da inflação para estes organizados e corporativistas profissionais fez com que chegássemos ao descalabro atual; some-se a isso a bagunça (que parece até proposital) que o governo Dilma fez, as lambanças absurdas no setor elétrico e as benesses a “cumpádis” do poder, e chegamos ao ponto onde chegamos. O povo parece perceber que tem governo de mais e cidadania de menos;
- Combate à corrupção – é fácil identificar um ente específico com a corrupção, quando esse ente, ou entes, repetidamente, e ao longo de anos, consegue contrariar o senso comum, a constituição, e o desejo do homem comum. O congresso, mesmo renovado, foi tomado de assalto por um grupo de um tamanho ideal para fazer pender para um lado ou outro a balança das decisões. Esse grupo é historicamente ligado à fisiologia e hoje trava uma queda de braço com um governo que jurou que não apelaria ao toma-lá-dá-cá para resolver os grandes problemas nacionais. Lançou projetos, deu-os às Excelências, e (ingenuamente, talvez) esperou que a lição das urnas tivesse sido suficiente para dar-lhes juízo. O STF vem demonstrando vez após vez algumas coisas: a)falta de coesão – lavam roupa suja em TV nacional, dando ao país uma sensação de insegurança nunca visto antes; b)falta de qualidade técnico-jurídica de alguns, e apreço ao colegiado – isso fica claro, principalmente de parte de alguns “notórios”, cujo entendimento das leis, mas principalmente a compreensão clara do efeito de suas decisões, deixam toda a nação de boca aberta, exceto os grupos diretamente beneficiados; c)militância – é indisfarçável o alinhamento ideológico de alguns com áreas de pensamento à esquerda, e vassalagem explícita a figuras quase-mortas da política nacional.
Como nos EUA, onde uma minoria de Novaiorquinos e Californianos, além de grande parte da mídia fazem barulho desproporcional ao tamanho (sim… lá como cá, a mídia tem uma agenda “progressista” clara) vão tentando impor a uma maioria de Hillbillies e Rednecks suas convicções, aqui também nós, povo, conservador, pequeno-burguês, desejoso de paz e sossego, sem o glamour do beautiful people vamos nos manifestando, a contragosto de quase todos, até que sejamos ouvidos. Assim, sem comando centralizado, sem sequer uma pauta definida, como em 2013, vamos chacoalhando mais uma vez as estruturas de pensamento do país, até que as maçãs Podres (suspiros…) caiam de vez…