Maioria cercada pela Minoria

Sabe aquela sensação de impotência diante de uma quantidade avassaladora de informações de má procedência, lançadas na cara do povo por uma mídia com uma agenda clara? Sabe aquela Revista Veja que você já teve o prazer de ler durante décadas, naquele domingão de sol, depois da Igreja e de um belo almoço e que agora, comprada por aproveitadores, se tornou um ridículo veículo à disposição do obscurantismo disfarçado de progressismo? Sabe aquela tristeza profunda de saber que injustiças tremendas estão sendo cometidas na cara da nação, cuja maioria não acredita, mas que, olhando nos jornais e revistas, TVs abertas e fechadas, parecem se tornar verdades reveladas?

Pois é, estamos vivendo isso, e não somente no Brasil. EUA, Europa estão vivendo uma situação parecida com a Rússia de 1917. Um grupo de menos de 10% dos parlamentares da Duma (congresso russo) criou uma confusão de tal ordem no país que conseguiram organizar uma revolução que pôs abaixo um governo e um sistema de vida (cuja qualidade era discutível, obviamente) para colocar no lugar um regime genocida nunca antes visto.

Os nossos Verdevaldos, as nossas Vejas e Folhas de São Paulo estão criando as condições para que uma coisa terrível aconteça: que a maioria do povo tenha suas goelas estupradas e nelas sejam enfiadas a soltura de criminosos, a criação de leis para livrar da cadeia corruptos com mandato, entre outras delicatessen.

Nos costumes, assistimos, nós a Maioria, de camarot, a um grupo micro nos empurrando agendas com as quais não concordamos, e que, como Maioria, deveríamos ser capazes de rejeitar. O presidente fala de trabalho juvenil como forma de moldar caráter e é rapidamente transformado em defensor do trabalho infantil, com conotação de “análogo à escravidão”. A Maioria, nem tão silenciosa, escreve na timeline dos órgãos de imprensa que concorda, majoritariamente, com o presidente, mas isso não tem nenhum efeito prático.

A Maioria não acha que certos comportamentos, sejam eles sexuais ou de conduta pública, sejam normais. A Maioria acha que casamento é um homem e uma mulher, com capacidades biológicas de procriação (se vão procriar ou não, é problema de cada casal). A Maioria não quer “matar” ninguém por ter comportamento diferente, mas os rejeita firmemente. Mesmo assim, vemos dia a dia a Maioria ser esmagada pela “Microria” (desculpem a licença não poética) que acusa quem não concorda de “fascismo”, “obscurantismo” entre outras coisinhas mais feias. Ter amigos com comportamentos diferentes e não ser agressivo ou contundente sobre eles, já não basta. Calar também já não basta. Agora, quem não aplaude ostensivamente comportamentos dos quais discorda, está fadado a ser taxado de todos os nomes habituais aos grupos de pressão, a despeito de amar o diferente, sem concordar com ele.

A Maioria apoia a Lava Jato e acha que Lula é corrupto e deveria continuar na cadeia. A Maioria acha que Sérgio Moro e Deltan Dallagnol são heróis nacionais e que deveriam ser aplaudidos, e não execrados. A Maioria acha vergonhoso ladrões com mandato xingarem um ministro de estado. A Maioria acha que não houve nenhum conluio para botar Lula em cana, e acha que os bilhões que “miraculosamente” surgiram como resultado da Lava Jato são prova cabal, somada às outras toneladas de evidências, de que nenhuma dessas condenações foi leviana, casual ou fruto de desejo político.

Enfim, a Maioria crê num Deus, tem sua religião ou religiosidade, e teima em não aceitar interferência em suas crenças. A Maioria, como eu, vai à Igreja ou ao seu Templo, no seu dia sagrado. A Maioria não quer ser dominada por uma minoria apenas porque tem grande poder de vociferar.

A Maioria quer paz, mas está disposta até a pegar em armas para se defender e garanti-la, no longo prazo, como as manifestações recentes fazem-me crer. Por fim, a Maioria quer trabalhar, produzir, para pagar os impostos que de resto, estão sustentando boa parte da minoria há duas ou três gerações. Quer impostos mais simples, quer regras menos complexas, mais liberdade, mais certeza jurídica em seus contratos, quer decisões coerentes com a Lei, e que não mudem a depender de quem pleiteia.

Que a minoria entenda isso enquanto é tempo, e evitemos todos um caos que hoje, aos olhos da Maioria, parece inevitável… e que a Maioria acabe se tornando, por eliminação física, uma Minoria.

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