O rebu agora é sobre a fala despropositada e fora de lugar do presidente da Republica, que na minha opinião ofendeu um sujeito que o tinha ofendido (e à nação). É uma questão particular entre um cara que vê no presidente a encarnação do mal que levou seu pai, a ditadura, e a postura de um presidente que de certa forma vê esquerdismo em tudo (e cá entre nós, com boa dose de razão, devido à quantidade de “minas terrestres” espalhadas pelo PT na gestão pública em mais de uma década).
A Lei de Anistia foi um remédio duro imposto à sociedade brasileira para os casos de violência de parte a parte. Com uma quantidade de vítimas relativamente pequena, em relação a outras ditaduras do continente – no meu tempo de moleque falavam em milhares de desaparecidos e mortos, hoje temos menos de 500, confirmadamente, e só de opositores, sem contar os mortos pela guerrilha – fazer um “borrão e conta nova” fazia, e ainda faz na minha opinião, todo o sentido. Excessos típicos de uma era de extremos, uma briga entre dois impérios, um mundo dividido por cortinas de ferro, bambu, etc, tinham que ser esquecidos, se fôssemos realmente seguir adiante sem tanto rancor.
Foi o que fizemos, como sociedade. O que era para ficar enterrado, no entanto, foi exumado e colocado em praça pública, exalando seu odor putrefato. A razão aparente foi “a verdade”. Como e o que se fez? Um governo de viés tão ideológico como o atual, mas com sinal trocado, reabre o processo de investigação dos “arquivos da ditadura”. Está sendo chamada hoje de “comissão de estado”.
Não entendo o termo. Não sei por que seria de estado. Ser “de estado”, até onde entendo, refere-se a ser composta de forma independente, representativa da sociedade, com objetivos que não findam, mas são uma necessidade permanente da sociedade. A única analogia que vejo são as “carreiras de estado”, como a diplomacia, forças armadas, entre outras poucas que são de natureza permanente e que servem ao estado, independentemente do sujeito(a) que ocupe as principais cadeiras dos poderes da república. Não vejo nada disso aí nesta Comissão.
A visão que tive, lá atrás, quando foi estabelecida, foi a de que era uma forma de revanche e desmoralização pública do regime militar. Depois, quando vi sua composição, de certa forma confirmei essa visão. Depois mudei de opinião – hoje creio que houve sim um viés de “verdade” na história, de encontrar responsáveis, à lá “Madres de la Plaza de Mayo” na Argentina. Mas o que mais essa comissão gerou foi gente pra receber grana do governo, de forma perpétua, por afrontas, reais ou imaginárias.
Hoje o presidente mudou a composição da tal comissão que, de novo, creio que existe ao arrepio de uma Lei de Anistia que valeu para os dois lados. Mas mudou, e como disse o ogro de plantão, “porque sou de direita, e fim de papo”. O fato é que o presidente nunca pensou diferente nem nunca externou nada diferente disso. Sempre foi contra, sempre enfatizou as guerrilhas como parte de uma guerra declarada contra o Estado brasileiro. Não dá pra chamar o cara de incongruente. Ele mantém sua posição, a despeito das repercussões. E isso é demonstração de coragem. Sem dúvida… pouca sabedoria, mas coragem.