Bolsonaro, incrivelmente, e contra tudo o que falou, tenta se livrar de Sérgio Moro, aparentemente como quem se livra de uma mosca que lhe perturba. Entendo que ele não se dá conta do que está prestes a fazer. Votei em Bolsonaro e a ele empresto credibilidade por conta: a)do que já fez em termos econômicos e de reformas importantes; b)do seu manifesto desejo de manter o combate à corrupção e; c)principalmente, pela alternativa – ou a falta dela (Haddad era Lulla, afinal de contas). Não votei nele no primeiro turno, pois como afiliado do Partido Novo, Amoedo foi minha primeira escolha.
Bolsonaro acaba de dizer que Moro “não esteve comigo na campanha”. Não sei como poderia. Moro era juiz federal e como tal, não se meteria na mesma, mesmo que pudesse. Moro estava lá, quieto na sua função. Bolsonaro vai até ele e o convida, não o contrário. Entendo que por patriotismo e por crer que Bolsonaro realmente queria o melhor para a nação e para a Lava Jato, aceita. Agora sofre, sem razão alguma, um desgaste que precederá uma queda que não será de Moro. Mas do próprio Bolsonaro.
Não quero nem pensar no resultado disso, mas antevejo em mim, a mesma coisa que antevejo em todos os meus amigos que veem na Lava Jato a redenção de uma nação oprimida pelos crimes de colarinho branco – uma debandada geral do apoio ao “mito”. Eu me prometo não ser “crítico pela crítica” de Bolsonaro, caso ele cometa o ato vexatório de ouvir aos filhos e livrar um deles de uma situação embaraçosa às custas de um ministro capaz e honesto. Creia-me, Bolsonaro, você perderá não um, mas milhões de votos, ao levar tão levianamente o desejo de toda uma nação. Você terá conseguido o que Dilma, Lula e Temer não conseguiram – livrar-se de Moro.
Mas tenha certeza, que dará um certeiro tiro de sniper na própria testa, bem entre os olhos. Não se iluda. Você está conseguindo transformar boa vontade de uma parcela importante da população em inimigos, se perseverar em adular os pimpolhos em detrimento da nação.
Tenha juízo, não seja burro. Se teu filho tiver que ir pra cadeia, que vá – falo isso como pai, e sei que se um filho meu cometer um ato desses, eu mesmo o levo na delegacia. Tenha bom senso, ouça a Deus, a sua companheira, que parece sensata.
Isso está se somando a um monte de coisas ruins, plenamente evitáveis, e que começam a corroer até apoios mais ferozes na mídia. Pegar Merval Pereira pra Judas, ora, tenha bom senso! Merval ainda é uma das poucas vozes equilibradas na TV! Bater em todos os coligados e afetos? Por que? Eu realmente creio que se o padrão se mantém, veremos em breve que a facada pode ter tido efeitos mais duradouros do que imaginamos.
Deus acima de todos – inclusive do presidente!
A cabeça de capitão (com todo respeito aos capitães desse país) precisa evoluir à visão de um general (comandante do país).