A desconexão da classe política com seus representados

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Hoje li com espanto uma tentativa do notório presidente da Câmara em incluir um item na PEC (Projeto de Ementa à Constituição) de Redução do Foro Privilegiado, que na prática dá uma condição de cidadãos de primeira classe aos políticos deste país: não poderão mais ser julgados por juízes de primeira instância, mesmo que tenham por exemplo, matado um sujeito, e escapado do flagrante, até onde entendi.

Pior – isto foi incluído justamente na PEC que foi editada em 2017 justamente para limitar foro privilegiado de todo mundo, incluindo judiciário, e deixando dentro desta condição apenas 5 funções no país (Presidente, Vice Presidente, Presidentes da Câmara, Senado e STF) – clamor da população nas ruas. Todo o espectro político parece favorecer essa aberração, com exceção do Partido Novo e Podemos. A autoproteção não tem ideologia. Nem a tem o fisiologismo e corrupção.

Não sabemos até quando a população vai aturar isso, e, principalmente, o “poder moderador” das Forças Armadas. Esperamos que se controlem, mas o fato é que estamos chegando a um grau de desfaçatez que faria Severino Cavalcanti, no auge de seus múltiplos prêmios lotéricos, corar de vergonha… A desconexão da classe política é mascarada por pesquisas altamente suspeitas de Ibope e Datafolha, que douram a pílula desavergonhadamente, como se fôssemos todos idiotas. Chamam de ciência a arte de escolher perguntas, obter respostas “adequadas” aos seus propósitos, empacotar e enfiar goela abaixo da população. E vamos por aqui, vendo esses senhores fazendo leis específicas para se auto proteger, sendo protegidos por uma imprensa sedenta de verbas do governo, que lhes estão sendo negadas (as razões, se válidas ou não, podem até serem discutidas, mas não a objetividade jornalística).

O presidente da república, a quem (ainda) atribuo boa vontade e integridade, está refém dos maus-feitos dos filhos, com ou sem seu conhecimento. Não dá para julgar e certamente a questão “E o Queiróz?” tem sempre por trás um oposicionista fazendo o que sabe de melhor – mostrar o cisco no olho do próximo, esquecendo a trave no seu próprio. Mas o fato, triste, é que Bolsonaro recuou no discurso do doa-a-quem-doer, depois que (parece óbvio) ver o filho envolvido com coisas não republicanas, ou pelo menos difíceis de explicar. A tentativa de varrer a coisa para debaixo do tapete já passa pela aceitação de um notório inepto e de viés ideológico oposto, como o presidente do STF, até a convivência em termos razoáveis com figuras como os presidentes da Câmara e do Senado, cujo poder de pautar ou não determinadas coisas faz inveja a ditadores – na prática o país vê apreciados tão somente o que essas duas figuras balofas de corpo e alma querem. Um poder indevido, ilimitado, que precisa urgentemente ser revogado.

Estamos com uma mídia parcialmente em guerra com o governo, uma situação de caixa aflitiva, uma classe política disposta a tudo para se proteger, e uma população que vê, talvez a melhor chance de quebrar os grilhões do atraso desde 1500 ir pelo ralo porque gente mesquinha, menor, burra, nos roubar o futuro em troca do atraso para si e seus descendentes.

Político não deve ter filho, neto, parente, amigo, nada. Se tivesse, e se tivesse um pingo que seja de amor por este chão querido, votariam uma que outra vez, pelo menos, de olho na grandeza da nação.

Que Deus nos abençoe, e mude o coração, ou mande o Inimigo carregar consigo todas essas figuras que nos assombram.

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