Eu não uso os meus Óculos – a Epistemologia alheia

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Estamos, como sociedade, sob um ataque constante e maciço pela conquista da nossa forma de ver o mundo. Onde antes eu me via no direito de olhar o que se me era apresentado de forma relativamente imparcial e julgar por mim mesmo, está-me sendo retirado pouco a pouco, ou seja – eu não uso mais os meus próprios óculos. Estou vendo o mundo com óculos de terceiros – e isso nunca é bom, diria minha oftalmo.

As sociedades se desenvolveram debaixo de lideranças impostas pela força, por Deus ou qualquer outro “poder concessório”. No Israel antigo e na Grécia Clássica, no entanto, formas de ver o mundo de forma, respectivamente, mais humana e mais lógica começaram a emergir. O mundo romano viu emergir o primeiro arremedo de um sistema legal em que ninguém estava (ou deveria estar) acima da Lei. A baixa idade média viu surgirem as primeiras casas do conhecimento, mosteiros e universidades, repositórios de conhecimento.

A busca pela verdade, doa a quem doer, vai dando forma à ciência, e com ela os métodos que comprovariam, sem sombra de dúvida (em teoria) a “verdade”. Algo comprovado em certo momento era tornado incerto, no momento seguinte, por alguma mente inquieta. A mente inquieta contava, de forma crescente, com outras mentes inquietas e intelectualmente honestas, para julgarem a nova ideia que tentava quebrar o ídolo imbatível da teoria anterior. E assim, aos trancos e barrancos, a verdade científica foi sendo estabelecida e dominando decisões, gerando a tecnologia (aplicação da ciência na vida prática) e tornando melhor a vida das pessoas.

A inevitável espiral de desenvolvimento ultrapassou o “horizonte de eventos” com a 1a. revolução industrial, e de lá pra cá nos deixa embasbacados a cada nova descoberta.

Não parece ser assim ultimamente. Quando deveríamos estar chegando no auge da honestidade científica, no auge da busca por mais e mais conhecimento “raiz”, surge um movimento que, na prática, em muito se assemelha aos autos de fé do passado. Alguns Giordanos Brunos estão sendo queimados, figurativamente, em fogueiras imensas acesas pela “ciência mainstream”, pela academia e levadas à público pela mídia. Voltamos a acreditar em verdades reveladas. Não se contesta mais os principais institutos de pesquisa, não se contesta mais o “avatar” científico da moda. Neil deGrasse Tyson reina soberano na mídia, embora nem tanto no laboratório.

Todo esse papo para dizer que hoje estamos tão reféns da agenda alheia como sempre estivemos nos tempos de Torquemada e tão sujeitos ao pensamento imposto, que não admite divergência, como sofreu injustamente Galileo Galilei. A ideia de mundo “fechada” e exarada de algum local teoricamente dedicado ao Livre Pensar, como o Smithsonian Institute, ou Fundações, criadas por patronos com suas próprias e inevitáveis visões de mundo, como a Heritage Foundation, Ford, entre outras, são disseminadas pela mídia como sendo inatacáveis. Teorias não podem mais ser objeto de sincera investigação e evolução. Alguns exemplos são bem claros, como o mais popular deles, o aquecimento global causado pela ação humana.

Já o poder que “jurou” ser investigativo e imparcial em suas ponderações, tem servido de libelo a favor desse pensamento “mainstream” e contra a simples possibilidade de interpretação diferente de certas coisas. Eu, e muito mais gente, tem tido cada vez mais dificuldade em acreditar na imparcialidade da imprensa. No Brasil, muito mais, pois o interesse econômico de um setor inteiro em crise. Este setor etá colocado contra a parede por veículos mais democráticos (como este Blog) que levam opiniões diversas a ouvidos que antes não conseguiriam ter acesso a elas. Antes, apenas o jornal de grande circulação, no domingo, em uma banca na esquina, era fonte da verdade. Pelo menos era a expressão de certo jornalismo imparcial. Não mais.

Os óculos com que vemos a realidade estão sendo postos no nosso nariz por gente que precisa que determinado comportamento, ou pensamento, seja difundido como verdade:

  • Não posso mais achar que sexo biológico é uma verdade científica. Os óculos alheios me obrigam a acreditar que XX e XY são construções sociais;
  • Não posso mais achar ou estudar a possibilidade de que o mundo esteja aquecendo por conta de outros fatores, que não a influência do ser humano. E isso não significa ser contra a ideia de que há aquecimento global – mas mascara o que realmente deveria e poderia estar sendo feito para não acelerar o problema, desde que com honestidade intelectual;
  • Não posso mais achar que existam alternativas igualmente passíveis de investigação séria à Teoria da Evolução. Sou obrigado a crer e, pior, ensinar conceitos dos quais posso duvidar, sem o direito de questionar o fato de que não existe qualquer prova científica para a maior parte das afirmações de C. Darwin, e buscar, sinceramente, respostas sem ter nenhuma crença prévia me empurrando num ou noutro sentido;
  • Não posso mais investigar se disforia de gênero é escolha ou genética, se é normalidade ou doença. Em síntese, sou obrigado a aceitar sem questionar tudo o que se põe à minha frente em termos de LGBTXPTO$!^&… etc sem ter o direito de me perguntar, e estudar, “o que mais” deve ser perguntado e entendido.

Os exemplos vão longe. De outro lado, sou obrigado a aceitar que há “salvação” fora da liberdade individual, e direitos fundamentais do cidadão. Sou obrigado manter na cara óculos que, de outra forma, me levariam a crer que patriotismo é anátema, direito à vida desde o útero é violação de direitos de mulheres, que família é inútil e precisa ser eliminada da face da terra.

Estou tentando rejeitar esses óculos, venham de onde vierem, e continuar a pensar por mim mesmo. Está cada vez mais difícil…

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