A pequena sueca faz sucesso, impulsionada por uma quantidade enorme de apoio estilo “agenda oculta”, de gente graúda que lhe coloca as palavras certas na boca. Ela estufa as veias do pescoço e fala como se soubesse de tudo. Tudo isso já foi escrito e está bastante bem. É uma dessas coisas que passará, varrida pelo bom senso que costuma acometer a população que não tem interesse ideológico direto no assunto e que acabará por refletir mais a fundo.
Não há, creio, um cidadão ou cidadã de bem que não se preocupe com a ecologia, com a fome no mundo, com as guerras, com tudo isso. O problema não é a preservação do planeta, não é a guerra em si, nem a fome. O problema é como chegar lá e como resolver esses problemas sem criar mil mais (no caso de Greta, o que ela propõe mataria de fome boa parte do continente africano, América Latina e sudeste asiático). O problema está na agenda ideológica que está por trás disso tudo. Mas sobre isso também já se falou bastante.
O que eu quero enfocar é um ponto que se torna cada vez mais recorrente hoje em dia. A Geração Mimimi (chamem-se Milênios, Y, Z ou o que se queira). Está ficando cada vez mais chato ter que explicar a boa parte das pessoas abaixo de 30 anos que a grama é verde, o céu é azul e por que as coisas caem para baixo toda vez que largadas…
Essa geração tem duas posturas bastante distintas – um parte (vamos chamar de 50% para não ofender ninguém) é guerreira, determinada, focada em se desenvolver e aprender como puder, o máximo que puder, e realizar seus sonhos. A outra “metade”, digamos assim, senta na calçada e chora, não aprende – absorve sem criticar. A postura que leva alguém de 16 anos a dizer que “roubaram seus sonhos” é a mesma que vemos todos os dias entre os currículos que recebemos nos nossos RHs, entre os profissionais que recrutamos (ou somos obrigados a recrutar), e mesmo entre nossos próprios filhos (quem os têm, sabe bem do que falo).
Recentemente um colega e sócio israelense, da área de alta tecnologia da informação, ao nos pedir que recrutasse um jovem para trabalhar na área, fez um pedido/declaração no mínimo polêmicos, mas dessas que é difícil discordar: “Contratem alguém mas vejam bem: que não seja um desses típicos Gen-Y ou Millenials“. Com seu jeito típico de quem foi para o exército aos 17, 18 anos, e lá ficou por 4 anos, sujeito a mísseis palestinos e ameaças de terroristas de todo tipo, saiu de lá, casou-se, teve filhos e criou sua empresa, esse jovem (não… não se trata de um um coroa como eu, mais de 50 anos…) o cara quer contratar “aqueles” jovens da Geração Y, ou Millenials, que estão do “lado de cá” da cerca da modernidade – espinha dorsal ereta e determinação. Ele quer alguém que não ache que “roubaram seus sonhos”, e que emitem opiniões sopradas por mentores. Quer gente que de fato pense e queira vencer, a méritos próprios.
Quanto ainda teremos que ser condescendentes e mimar uma geração que está sempre achando que alguém deve algo a eles, que acham que viver às custas dos pais até os 40 é uma coisa normal? Até quando, nós (os culpados, diga-se) teremos que achar que dar ouvidos irrestritos a “gênios” de 16 anos, sem filtrar os “how dare you!” e pitis mil? Até quando aceitar que ideologias emburrecedoras nos guiem ao abismo da fome e da desigualdade crescentes, e à prisão ao terceiro-mundismo imposto de dentro do próprio país?
O israelense sabe que lá, a realidade se impõe muito mais dura do que em outros lados, e que não tem tempo pra “bullshit“. É pegar os problemas com as mãos e fazer as coisas acontecerem, ou deitar no chão e esperar a morte. Por isso, mesmo entrando na faculdade mais tarde, ficando anos no exército e ouvir mísseis passarem sobre a cabeça de quando em vez, escolhem viver uma vida determinada. Dificuldade e determinação. Dificuldade gera determinação. O Brasil tem realmente muito o que aprender com esse singelo pedido, um exemplo simples e poderoso.