Um novo AI-5???

O filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, não é nenhuma criança. Deveria ter cérebro suficiente para não falar de corda em casa de enforcado. Afinal, não tem nem 2 gerações ainda que estávamos às voltas com a ditadura militar. Eis que, do nada, Eduardo diz candidamente a Leda Nagle que caso haja radicalização da esquerda, um novo AI-5, ou instrumento equivalente, “como um plebiscito como foi na Itália”, ou seja, “alguma resposta terá que ser dada”.

Isto tudo é reação a um processo de desgaste a que o presidente está sendo submetido, e que é brutal. A impressão que se tem, olhando de fora, é que o Brasil está sem governo. Minha impressão, “no duro”, não é esta. Ao contrário, a despeito da má vontade geral, e das rebatidas impensadas do presidente às provocações (claras) da mídia, entendo que o governo, em termos práticos, está indo super bem. O Ibovespa é o melhor termômetro para mostrar isso.

Mas tudo isso posto, e repudiando veementemente qualquer tentativa não democrática de solução de conflitos, entendo que sim, estamos vivendo, não só no Brasil, como no restante da América Latina, um processo sistemático de enfraquecimento das instituições e tomada do poder de forma subrepticia e intensa. A Venezuela é o final (ou quase) do processo; Bolívia demonstra o uso, como no Brasil, de instrumentos de controle financeiro adequado, razoáveis, como forma de justificar a tomada do poder por qualquer meio, inclusive pela fraude em eleições. A Argentina… bem, lá, como já se disse bem, colocaram para solucionar o problema os mesmos que o criaram. Aliás, é sempre assim – um gasta, gasta, outro é obrigado a arrumar a casa e tomar medidas impopulares mas necessárias, e aí volta o gastador fazendo bobagem e politicalha, de novo. Ciclo típico de país subdesenvolvido e que não conta com gente patriótica o suficiente para pensar no coletivo.

Estamos vivendo um momento em que a esquerda do continente partiu para o vale-tudo. No Brasil isso se expressa muito bem na atuação do STF. Não entendo como é que alguém que não presta contas a ninguém, e não é demissível, precisa se submeter a interesses menores do que os da estrita Lei. Só tem uma explicação, rabo preso e a chance de ter o nome enxovalhado por escândalos de corrupção. Parece ser o caso de alguns lá, que topam ignorar a realidade de um país inteiro, o clamor de uma nação cansada de corrupção, com o único objetivo de blindar político e tirar vagabundo, ladrão, da cadeia.

Não creio, e já escrevi isso, que a ditadura brasileira tenha começado em 1964. Ali ocorreu o que em boa parte se mostra igualzinho agora: uma maioria subjugada por uma minoria que faz de tudo para alcançar e manter o poder a qualquer custo, gritando a plenos pulmões e exigindo medidas de força. A verdadeira ditadura começa em 1967, com a eliminação de Castello Branco e a tomada do poder pela ala radical dos militares, dentro da doutrina de segurança de tempos escuros da Guerra Fria. Não temos mais a TFP nem as ligas das senhoras, para ir às ruas por nós. Hoje temos as redes sociais e alguns movimentos interessantes, com visão de modernidade e longo prazo. Mas o resultado vai ser, pavorosamente, o mesmo: alguém VAI fazer algo, NÃO vai ser bonito de se ver, e aí o bichinho do poder se instala e lá vamos nós de novo para mais 21 anos de poder quase absoluto.

Vamos para mais um embate? Ou será que é a hora dos políticos pararem de brincar com fogo, sentarem-se com calma e descobrirem uma forma de não radicalizar em suas posturas corporativistas a ponto de chegar à ruptura? Vamos jogar todas as fichas do país na soltura de um miserável, rato, que a todos nos envergonha, ou vamos deixar claro que há limites e que eles estão descritos em uma prisão válida, correta, em segunda instância? Até que ponto o povo vai aturar gentalha (sim, gentalha, pequena, intelectualmente nanica) como alguns ministros do STF, esfregando seu poder na nossa cara?

Não reclamem se um ato radical vier a acontecer, para desespero das “Greisis”, dos “Dirceus” e “Lullas” da vida. Mas que o Eduardo deveria ter ficado calado, ahhh, deveria…

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