Continuando a divagar por escrito na internet… nada disso é para ninguém. É para mim mesmo…
Hedonismo é definido no dicionário como sendo “viver tendo o prazer como bem supremo e estilo de vida“. É difícil não achar que o brasileiro, em geral, e o carioca, em particular, não viva assim.
Tenho amigos que viveram nos EUA algum tempo, como ilegais. Tinham 2, 3 empregos e trabalhavam entre 12 e 18 horas por dia, inclusive sábados e muitos domingos, sem descanso. Trabalham em quase qualquer coisa. Lavavam pratos, manobravam carros, assentavam tijolos na construção civil, e até varriam ruas. Nada era pequeno demais para eles, nem abaixo de suas potencialidades. O que importava era o dólar e mandar de volta o que juntaram, para a família ou para comprar algum bem. Viviam em “repúblicas” que eram verdadeiras “cabeças de porco”, quase miseráveis. Mas viviam nos “States”.
Um desses mesmos amigos, de volta ao Brasil, voltava a ostentar seu diploma de curso superior; já não aceitava trabalhar mais que 8 horas por dia, e no fim da tarde de sexta feira já estava prontinho para ir tomar chope e comer sardinha frita no Largo de Santa Rita com os amigos, e espairecer. Imaginar-se aqui varrendo meio metro de calçada, até mesmo em casa, voltou a ser impensável. Em suma, vida de classe média típica.
Outro saiu daqui e acabou no exército dos EUA, para poder ter acesso à cidadania. Já não tinha nem um resquício de esquerda, mas virou patriota temente e defensor da doutrina de defesa americana. Um verdadeiro ianque.
O que faz do brasileiro alguém tão diferente fora do seu país em relação ao que é aqui? Por que no exterior aceita viver uma vida de privações, desde que com expectativa de futuro, em relação ao que vive aqui, embora, francamente, eu ache que se trabalhasse aqui o que trabalhava lá fora, economizaria quase o mesmo, considerando os custos de viver aqui e lá. O que faz de nós patriotas em relação ao país que nos adota, e no Brasil acharmos ridículo o Sete de Setembro?
Não tenho uma explicação, e este post só serve para ventilar minha frustração em entender a alma do brasileiro, sob muitos aspectos. É, me parece, um Hedonismo à Brasileira… a capacidade de evitar fazer qualquer coisa, e clamar por direitos, sem ter trabalhado ou defendido nada, muito menos a nação. É algo como o cara que deixa uma esposa que o apoiava, mas que ele desprezava, e passa a idolatrar uma que o despreza. Algo meio masoquista vai na nossa alma e eu me recuso a aceitar isso sem tentar entender. Por que, meu Deus do céu, tratamos nosso país, nossas ruas, praças, avenidas, nossos prédios, nossas calçadas, nossas escolas, como lixo, e quando no país alheio somos capazes de sentimentos até patrióticos pelo que nem é nosso?
Se eu falar de patriotismo serei imediatamente associado a Bolsonaro. Independentemente de eu simplesmente amar meu país. Se eu disser que pago meus tributos com rigor e pontualmente, serei taxado de bobo. Se eu defender a beleza, o potencial e a capacidade do Brasil em ser grande, serei mais um Policarpo Quaresma.
Meu desejo sincero é poder ter a possibilidade de um dia ver um país bacana, em que as pessoas tenham vergonha de furar uma fila, de jogar papel no chão, de reivindicar o que não é seu direito, enfim de aceitar que precisa oferecer mais e reclamar menos.
Major Quaresma, a seu dispor…