Tudo o que é contra o (verdadeiro) cristianismo dá mídia. Tudo o que nos enxovalha, como cristãos, “cola”. As ofensas contra nós são permissíveis e até dignas de encorajamento. Os sofrimentos terríveis de nossos irmãos ao redor do globo são motivo de chacota ou mesmo alegria por alguns que nos acham “elite branca” ou coisa que o valha. Tomam contra nós as barbáries (de fato) cometidas pela Inquisição Espanhola, cujos terríveis feitos já tem mil anos. Jogam contra nós as Cruzadas, como se não tivessem elas sido fruto de “defesa” contra as invasões do expansionismo muçulmano na mesma época, na Espanha, Hungria, Romênia e Áustria. Em síntese, tudo o que prejudica o cristianismo vale.
Recentemente a história da heresia do Porta dos Fundos nos doeu a todos. Obviamente que pedir para tirar do ar, entrar com medidas judiciais não resolvem e, de fato, é antidemocrático. Eles que falem o que quiserem, e arquem com as consequências – comerciais e espirituais; as primeiras de curto prazo e as últimas de prazo eterno. Liberdade de expressão serve para isso mesmo – para sermos agredidos sem chance de retorno. É liberdade e ponto. Nós podemos argumentar que eles não fariam isso com Maomé porque amanheceriam com a boca cheia de formiga. A reação (antidemocrática) eventual de grupos muçulmanos não nos dá o direito de justificarmos ações da mesma natureza. Não vivemos por esse código. Claro que se fisicamente assediados, temos o direito de defesa; mas não podemos fazer disso motivo de ataque.
Hoje vemos na mídia post do Ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, mostrando fotos que ele mesmo tirou para “provar que a terra é redonda”. Ora bolas, ressuscitar um assunto que a ciência já comprovou há séculos é imbecil demais. Olavo de Carvalho vem a público dizer de argumentos de terraplanistas e que “não viu nada que os refute” até o momento. Olavo é uma pessoa que, a despeito de boas visões sobre conservadorismo, é um líder de seita, fanático, e com antolhos. Não serve de base para nada. Xinga e grita com quem discorda dele. Tive a oportunidade de estar no lado errado do revólver que ele empunhou contra os protestantes, quando dos 500 anos da Reforma. Amigos católicos de certa forma “agradecem” à Reforma, por ter propiciado uma renovação dentro do catolicismo, acabando com a era dos papas tiranos, que tudo podiam, que viviam contra o celibato que eles mesmos impunham ao clero, que eram glutões, beberrões e fornicadores ao extremo. Em síntese, a Reforma acabou por “reformar” também a igreja católica, em uma certa medida que, cremos, melhorou muito desde então.
De qualquer forma, a Bíblia mesma tem uma passagem muito boa, escrita por Isaías, 400 anos antes da vinda de Jesus Cristo, e que diz: Ele é o que está assentado sobre o globo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; ele é o que estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar” (Isa_40:22, Versão J. F. de Almeida Revista e Corrigida). Difícil hein?
Então como justificar que a igreja católica tenha perseguido Galileo, Giordano Bruno e outros justamente por crerem que a terra era redonda? Bom, de fundamentos bíblicos é que não é; pois se existem lugares onde a Palavra menciona “cantos da terra”, também existe o texto acima, entre outros, bastante claro. O fato é que não importava aos escritores bíblicos; importava sim a mensagem de Deus aos homens, através de toda a Palavra, até a vinda de Cristo.
Se a bíblia não fosse clara sobre as perseguições, guerras e rumores de guerras, aflições e demais atrocidades que desde sempre nos perseguem, eu ficaria assustado. Não fico pois isso é “sinal dos tempos” como narrado no Apocalipse. Não crê nisso? Ok, não vamos brigar por isso. Não me chateie porque eu creio. É liberdade de expressão para os dois lados.
Como disse Evelyn Beatrice Hall na sua obra “The Friends of Voltaire” em 1906 (sob o pseudônimo de S. G. Tallentyre), e cuja autoria é atribuída a Voltaire, de forma equivocada, “Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o último instante o teu direito de dizê-la.”
Excelente! A minha atitude contra essas investidas é orar. E, além disso, encerrar minha conta na netflix com a justificativa: “o escárnio contra a imagem do meu Salvador foi a gota que faltava” e, assim, cancelei uma assinatura de quase 5 anos.