E aí?

white markee light
Photo by Jon Tyson on Unsplash

Às vezes, é um susto. Sim, perceber que a vida não aconteceu da maneira que prevíamos, que as fórmulas não funcionaram e que isso aconteceu sem que notássemos. De repente, você acorda e o tempo passou; pode ver isso no espelho, as marcas estão lá; pode perceber que o corpo não acompanha mais os pensamentos, as dores são sentidas com mais frequência e a história está um pouco maior que antes.

Junto ao susto desta constatação, começamos a pensar que não dá mais tempo, que perdemos o trem da história e o que sobrou foram apenas restos. E lá vem um sentimento confuso, acompanhado de perguntas que não fazíamos e inseguranças que não tem nome. Olhamos ao redor e vemos a energia e projetos alheios cheios de exclamação e caminhos de sucesso. Porém em nossa trilha difícil, a dúvida cresce, os passos pesam um pouco mais, o número de remédios aumenta na caixinha, agora estes tem nomes mais complexos, e olhamos os vitoriosos um pouco mais distantes à frente, ou assim imaginamos.

É, esses momentos acontecem, pensamentos confusos, sentimentos negativos e ações disfuncionais. Encontrei-os e sei bem a fisionomia amedrontadora que usam. Mas foi nesta trilha inóspita que parei para considerar algumas coisas.

Comecei a perceber que sucesso é algo que deve ser customizado. Sim, sucesso antes de tudo precisa ser realização de algo que faça sentido pra mim. Parar de tentar o sucesso dos outros, entender que não existe uma vida que se assemelhe a outra e que importante é aquilo a que damos importância.

Percebi que tempo é continuidade. Hoje, ontem, amanhã é didática pra explicar o que não tem explicação. Viver é mais do que existir e entender que o que importa é o hoje. É o hoje que traz sempre novas oportunidades pra começar. Hoje é o novo, hoje é o que existe, hoje é nossa casa, hoje é o tempo oportuno.

Entendi que sim, que a vida continua, que ainda é possível ser feliz e é possível mudar. Compreender que não precisamos fazer acordos com o fracasso, com o descaso, com o desrespeito, com a velha trilha que nos conduz às mesmas culpas e antigas tristezas. É libertador enxergar um novo caminho e saber que, se ali está, pode ser trilhado. Podemos mudar, podemos recomeçar, podemos escolher o final, mesmo que não tenhamos tido a oportunidade de escolher o início. Como bem disse Sartre: “ Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *