Brazilianization

Acabando de chegar pra trabalhar, dou de cara com esse artigo que chama de “abrasileiramento” o fenômeno de empobrecimento (físico, moral, judicial) em países do primeiro mundo, que acabam por se tornar bem mais parecido conosco.

https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/brazilianization-como-o-brasil-deu-origem-a-um-termo-pejorativo-no-exterior/?utm_source=salesforce&utm_medium=emkt&utm_campaign=newsletter-bom-dia&utm_content=bom-dia

Empobrecimento

O primeiro aspecto do termo diz respeito ao empobrecimento gerado em locais como Canadá, Reino Unido e a Califórnia, para ficar em poucos exemplos, nos quais a população de classe média começa a minguar, dando lugar a uma quantidade grande de muito ricos e uma legião de pobres.

Não dá pra dizer que a existência pura e simples de ricos seja ruim em si, exceto que a inexistência de uma substancial classe média, típica dos países ricos, é, sim, um marcador importante de pobreza sistêmica, cuja tendência, se não revertida, faz um país realmente empobrecer.

Mas isso, na minha opinião, é resultado, não causa.

Favelização

“O abrasileiramento do Canadá já começou. Favelas e censura para todos”

Cosmin Dzsurdzsa

Acho que o autor da frase acima não se limita à menção de favelas mesmo, físicas. Obviamente que sabemos que mais de 10% da população brasileira vive em favelas ou bairros análogos. O Rio de Janeiro é o símbolo maior dessa situação. No meu tempo de jovem, locais como Vila Cruzeiro, eram bairros de classe média-baixa, mas não eram favelas. Tinham ruas razoavelmente retas e abertas, coleta de lixo e “fumacê” (mata-mosquitos). Hoje, locais onde ficava a fábrica de lingeries Poesi, por exemplo, estão dentro do complexo do Alemão.

Não para na favela física, creio, mas vai até a favela educacional:

“O presente dos Estados Unidos do Brasil se parece com o Brasil do passado, e o futuro dos Estados Unidos se parece com o presente do Brasil”, Green afirma, depois de mencionar que a Califórnia tem fronteiras porosas, ruas esburacadas, escolas comandadas por “analfabetos fanáticos”, prisões superlotadas, uma taxa de homicídios em alta e um governo corrupto.

“O presente dos Estados Unidos do Brasil se parece com o Brasil do passado, e o futuro dos Estados Unidos se parece com o presente do Brasil”, Green afirma, depois de mencionar que a Califórnia tem fronteiras porosas, ruas esburacadas, escolas comandadas por “analfabetos fanáticos”, prisões superlotadas, uma taxa de homicídios em alta e um governo corrupto.

Dominic Green, citado na reportagem da GP, acima mencionada.

Atenção à frase “analfabetos fanáticos”. É aí que está o grosso da destruição. Entregamos nosso sistema educacional a analfabetos na prática, mas com muito potencial destrutivo. Isso ocorre há décadas, e hoje colhemos os resultados. O que o artigo reforça é que o Brasil parece ter “exportado” essa tecnologia de destruição social a países do primeiro mundo. O estarrecedor é que esses países desenvolvidos tenham “comprado” as ideias e as colocado em prática.

Judiciário

Um judiciário como o brasileiro, caro, ineficiente e em boa parte, corrompido, não pode gerar efeitos educacionais (positivos) numa sociedade, qualquer que seja. O autor compara a situação vivida por países desenvolvidos com o que temos aqui: leniência com o crime organizado, e com relação às “elites” políticas da nação. Falta quase total de justiça para a população em geral. Um traficante mata um guri de 18 anos que pisou no seu pé (provavelmente sem querer). Não há qualquer pudor em matar, já que as consequências inexistem.

Além de caro, lento. O avô da minha esposa bem que tentou esperar para ver reparada a desapropriação de suas terras, num ilha no Rio Paraná, perto de Guaíra, para formação do lago de Itaipu, que acabou nem inundado nada. A ilha está lá, intacta, o avô da esposa morreu aos 94 anos de idade, sem que o judiciário se pronunciasse, em mais de 30 anos de processo indenizatório aberto. Lentidão na justiça e injustiça pura e simples, são a mesma coisa, creio.

Mais do que isso, a deterioração da qualidade acompanha um aumento violento de custos com o judiciário. Férias de 60 dias ou mais, por ano, auxílio isso, auxílio aquilo, verba disso, verba daquilo, fazem os togados verdadeiros rajás brasileiros. É de longe o judiciário mais caro do mundo.

Quanto à qualidade da legislação criminal, a falta de punição a quem mais precisa dela dá ao cidadão comum o senso de que não tem jeito, e não vale a pena lutar por justiça. Ao marginal, dá a plena segurança de que “tá tudo dominado” e que existe uma nova ordem em cidades como o Rio e São Paulo, uma ordem na qual o poder público não detém mais o monopólio da violência, e que, mesmo quando tem, prefere não exercer, trocando o encarceramento por medidas tão brandas que estimulam o crime.

Educação

Já toquei no aspecto educacional, mas aqui há mais a ser dito: não se trata de entender diferente a educação. Trata-se, pura e simplesmente, na negação dela à população, travestida de preocupação com a mesma. Matemática, Português, Biologia, Física, Química, História e Geografia são substituídas por “matérias” que ensinam a questionar a ciência, a torná-la tão relativa quanto possível, independentemente do fato de que não que qualquer pessoa com 2 neurônios não devesse discutir com uma equação.

Aqui, é importante frisar que a base da prosperidade de qualquer país é a qualidade de seu povo, do ponto de vista de saber fazer coisas, de criar outras coisas melhores, e de usar coisas com habilidade. Perdemos, dia a dia, e continuaremos a perder essas qualidades, na medida em que nossa educação serve mais para desestabilizar a geração de riqueza da nação do que criá-la.

De anão diplomático a exemplo de anti-desenvolvimento, vamos bem, nessa jornada rumo ao quarto mundo.

Green Brakes

My foreign colleagues in our practice (accounting, audit) frequently hit me with questions arisen from what they read in their media on the fact that Brazil does not follow a good Environmental Governance. Allegation as to how much we devastate on the Amazon, how we have such a poor administration of our environment frequently get under my skin, due to the lack of proper information and the ultimate bad faith of a league of media outlets that are either totally mistaken or willfully wishing to spread misinformation, at someone else`s expenses, and for someone else’s profit.

Environmental Code

Being born in a rural area in Rio de Janeiro State and directly linked to a family of original agricultures and dairy producers, I know for a fact that fulfilling the Brazilian Environmental Code (BEC for short) is a challenge. In the South/Southeast areas of Brazil, a minimum of 20% of the total area of a farm must be kept untouched; riversides are to be kept untouched for a minimum of 10 meters up to 100 meters in each side, depending on the width of the river. Knowing Brazil, and knowing the amount of rivers and creeks we have, you may imagine how much of native forest must be kept.

In the “Legal Amazon Area”, that corresponds to 59% of the total area of Brazil`s more than 8 million Km². It means that legally, at least 55.4% will never, ever be touched. In fact, as of today, Brazil keeps 64.7% of its original vegetation, as it was in April 22, 1500. This does not include the reforesting, an increasing and thriving activity, vital for the pulp and paper chain.

Energy

Here, a conundrum: despite of the fact Brazil has over 90% of its energy sourced from renewables.

In fact, renewables represents about 92% of Brazil’s energy generation in 2024. Hydropower remains the dominant source, contributing around 50% of the electricity supply, while wind and solar energy have also seen significant growth ()1

The primary renewable energy sources in Brazil’s matrix include:

  • Hydropower: Approximately 50% of electricity generation.
  • Wind Energy: Around 15% of electricity generation.
  • Solar Energy: About 10% of electricity generation.
  • Biomass: Contributing to the remaining share.

BTW, nuclear is not included in the quote from ChatGPT. It represents 2.2%. ChatGPT is right in not classifying nuclear as “renewable”. That does not mean it isn`t “clean”, in my opinion.

The Environmental Control Bureaus

Brazil has a myriad of environmental bureaus and bureaucracies. Each, with few exceptions, occupied by radical environmentalists with close to zero cares on the development of the country and the wellbeing of our population. We have 5 agencies of direct/indirect environmental control, at federal level, 27 such organisms at state level and, assuming we have over 5.5 thousand counties, at least half of them with environmental secretariats.

All in all, a constellation of environmentalists, each willing to outdo and clickbait the other and show more “concern” on the environment.

Nothing against environmental control, of course. This is important and Brazil is doing its fair share on it. Just that it has shown relevant side effects that must be understood.

Side Effects

Once again, asking my patient reader to keep in mind that I am all for a good environmental stewardship, I just want to point out some absurd effects of it over the Brazilian society as a whole and how, even with all the burden carried by us, it seems that some countries are not satisfied with the results.

For we know that the whole creation groaneth and travaileth in pain together until now. 

Romans 8:22 (KJV)

My Bible tells me, more than once, that the human sin has put a tremendous strain on the environment, as above quoted from the Apostle Paul. Unnecessary to elaborate the fact that all mankind should be extremely environmentally concerned, without being idiots, of course.

That said, one side effect of the radical environmentalism, probably the most critical, is on infrastructure and mobility. From Curitiba, where I live, to the nearest beach, it is about 100Km, or 60 Mi. It takes from 1h 40min to reach there, but it often takes 3, 4 hours. The reason is that environmental agencies stop virtually all efforts to give better access to the beautiful shore. Good stewardship of infrastructure should be conducive to a larger appreciation of the environment; a stronger attachment to the beauties of the Atlantic Forest close to us.

One other example: the highway from São Paulo to the south of Brazil, the Regis Bittencourt highway, had a 30 Km portion in single lane, despite the quality of the rest of the road. The reason, environmental permits to duplicate that portion due to the existence of some families of “Mico Leão da Cara Preta” (Leontopithecus caissara) monkeys. A battle ensued and it took over 20 years to complete the duplication of the highway. Now the travel from Curitiba to São Paulo takes at least 1 hour less than 5 years ago. Nobody thought about the long line of trucks and cars expelling CO2 in the atmosphere for some many years. Something totally evitable.

Rivers and bays denied bridges and highways, due to “environmental impacts” (despite the reports telling the opposite, sometimes). Everybody in Brazil have experienced trips partially interrupted by long lines of cars/trucks waiting to be ferried over a bay or a river in ferryboats.

Whole communities in the northern Brazil have electricity for no more than 8 hours per day, diesel-based. The reason? A transmission line that links the north to the rest of the energy grid is deemed “harmful” to the environment. Let the diesel be used, let peoples’ quality of life be miserable, provided some unknown bureaucrat have its way (or the way some ONG directs them to apply).

Agendas

As usual in Brazil, a hidden agenda permeates the environmental decisions. Rationality, not a national sport among politicians by any means, becomes enraged platitudeness speeches of raging and red faced politicians, with prominent blue veins in the neck, from the tribune of the chambers of the legislative, uncapable of seeing the bad light that they unnecessarily bring to Brazil in the world.

This beautiful country will some day wake up and start doing the rational and right thing: to adequately plan and develop an infrastructure that will enable progress, boost eco-tourism and facilitate mobility, all at once, making our lives not only better, but more enjoyable.

I wish all my friends and relatives, those who follow me in the social media and here, a blessed Christmas and a very happy New Year, 2025!

  1. Source Brazilian Government, through ChatGPT ↩︎

Sociedades Crescentemente Heterogêneas

As tribos se formaram por proximidade, parentesco e necessidade. Nas tribos, esses fatores acabaram por tornar o grupo mais homogêneo. Um grupo homogêneo é mais fácil de se conviver; menos propenso a ter estresses por questões do dia a dia. Os comportamentos são mais ou menos parecidos, e aceitos por todos, e há “princípios geralmente aceitos” de conduta, vestimenta, alimentação, entre outros.

Várias tribos, ao longo dos séculos, acabaram se tornando nações, por proximidade geográfica ou racial: já não com um nível tão alto de homogeneidade, mas com uma razoável similaridade de condutas, gostos, etc. A pluralidade de idiomas é mais marcante na Europa e Ásia do que em quase qualquer lugar, justamente por conta do relativo isolamento geográfico. Dialetos e Patuás fazem a interface, digamos assim, entre regiões maiores.

No final do Séc XIX e durante todo o Séc XX, um movimento sem precedentes de migrações massivas, pela primeira vez não necessariamente originada em guerras de ocupação ou fatores de força maior, começaram a deixar o mundo um lugar mais “plural”. A criação de “padrões idiomáticos” mais amplos, como o inglês de Shakespeare, o italiano de Dante Alighieri, o espanhol de Cervantes e o português de Camões são exemplos de ampliação de uma área de influência, ainda que cada vez menos homogênea, culturalmente.

Mesmo os EUA e o Brasil, talvez os dois maiores exemplos mundiais de populações que se formaram, desde sua colonização, já heterogêneas, havia até algum tempo atrás, um traço de união que acabava por tornar as pessoas mais “parecidas” ao longo dos anos. Era uma forma de absorção ao contexto total, em que o imigrante acabava por compreender e moldar sua conduta a um determinado modelo geralmente aceito. Minha própria família, tanto dos italianos do lado da mãe quanto dos suíços e portugueses do lado o pai são exemplos de absorção tão rápida que em duas gerações, somente, poucos falavam o dialeto ou idioma dos avós.

Foram tempos de grandes trocas de experiência e acumulação de novas e desejáveis características. No Brasil, para ficar em apenas alguns exemplos, absorvemos os hábitos alimentares de outras culturas, desde uma boa feijoada até um sushizinho bacana. Criamos e adaptamos costumes, absorvemos e modificamos palavras estrangeiras, aprendemos esportes alheios e ficamos, por isso, mais ricos.

Mantivemos, porém, características fundamentais, como por exemplo, o uso do idioma que agora lanço mão para me fazer entendido, e tento, pelo menos, fazê-lo de forma a não deixar meu saudoso pai, Prof. Ivanir, envergonhado (ele, professor de português, sempre exigiu qualidade escrita e falada).

Algumas coisas se absorvia, outras se modificava, outras se rechaçava (por serem diferentes demais). Mas sempre de forma paulatina e sem enfiar nada goela abaixo de uma população inteira.

Hoje, entendo que dois movimentos estão contribuindo para que a sociedade se torne cada vez mais complexa de governar: o primeiro é o volume de migrantes. O grande volume de um determinado povo, dentro do país alheio, acaba gerando tensões e muitas vezes rupturas. É como se fosse uma “Aquisição Hostil” de um território, sem dar um tiro (ou poucos tiros).

A segunda razão é um outro tipo de “migração”. É a quase obsessão com a cultura do outro, o “lugar de fala”, e a necessidade de aceitar/engolir a conduta alheia, ainda que nos fira ou incomode. Não se trata mais de um gradualismo, que leva a sociedade a mudar sem mais ferimentos. Trata-se de engolir um boi inteiro, em uma única refeição, sem tempo de absorver e digerir. É como um veneno por dosagem, não por conteúdo.

A sociedade brasileira está sendo forçada a ir numa direção que majoritariamente não quer ir, em uma velocidade que não permite tempo para “normalização” do novo.

É aí que a sociedade começa a perder seu sentido.

Mãe Nossa / Alvo mais que a Neve

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Qualquer pessoa com alguns neurônios funcionando sabe perfeitamente bem que a Bíblia não “determina” que Deus é homem ou mulher. Em pelo menos uma ocasião, respondendo a saduceus (que nem criam na vida eterna), Jesus falou que uma mulher que tinha tido sete maridos não seria “de nenhum deles no céu”, pois no céu seremos como anjos, e não casaremos nem seremos dados em casamento. Uma óbvia resposta ao óbvio conceito de que anjos não são homens nem mulheres, e que Deus, obviamente, não se encaixa num conceito de masculinidade ou feminilidade.

Sexo dos Anjos

E cá estão teólogos e pastores famosos discutindo sobre o sexo dos anjos (como a sabedoria popular já diz: uma bobagem em si mesma. O referido teólogo, em um video recente (reproduzido parcialmente em https://www.youtube.com/watch?v=VLgHdaefoWU ou https://www.gospelprime.com.br/heresia-ed-rene-kivitz-apresenta-deus-como-mamae-do-ceu/) chama atenção para si, mais uma vez, pelas razões mais desatrosas possíveis.

O sexo dos anjos, ao que parece, “precisa” ser debatido, nem que seja para agradar um público específico.

Alvo mais que a Neve

Outra “celebridade” do meio evangélico, recentemente em entrevista com Caetano Veloso, faz uma crítica ao uso do Hino “Alvo mais que a Neve” (No. 39 da Harpa Cristã ou No. 123 do Cantor Cristão). A tal celebridade fala, a um Caetano “inebriado” algo mais ou menos como “a gente cantava aquilo com a maior naturalidade, como se não tivesse problema algum”… Em síntese, na cabeça da celebridade, cantar “alvo mais que a neve” é ato de racismo… e os negros cantavam isso com a “maior naturalidade” nas igrejas.

Talvez esteja na hora de “reinterpretar” o Salmo 51:7, no qual o Rei Davi fala:

“Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve.”

Qual é a Finalidade?

É muito difícil sair censurando as pessoas pelo que elas dizem, no “valor de face”, digamos assim, sem aprofundarmos no assunto, ou nas intenções. Não posso, sinceramente, condenar pessoas, com as quais concorde eu ou não, pelas suas palavras. Isso é função (Sic!, de novo) do STF e de patrulhas ideológicas. Aqui, dou apenas minha humilde opinião e experiências vividas.

Independentemente da puerilidade da discussão, Deus não foi chamado na Bíblia de MÃE em nenhum momento. Algo errado, se tivesse? Não creio. Minha fé mudaria se Deus fosse mais “feminino” que “masculino”? Não. Eu seria menos cristão se assim o cresse? Não.

A questão aqui é outra: Não vejo nenhuma oração da “Mãe Nossa”; não vejo em nenhum lugar o Espírito de Seu Filho clamando por por nós com a expressão “Ama, Mãe” (Ama é o equivalente a Aba, em hebraico).

Não vejo a Senhora dos Exércitos em nenhum lado, não vejo Paulo nos dizendo Graça e Paz da parte de Deus, nossa mãe”.

A questão da neve é menos “grave” por assim dizer, porque não foi levantada por um teólogo, cara eloquente, inteligentíssimo, autor de diversos livros e pregador de tradição. É mais uma questão de aparecer mesmo (talvez em ambos os casos) e jogar pra platéia. É um caso de Wokeísmo, mais barato, menos refinado, e, francamente, menos refletido e talvez mais idiota: ora, neve é branca; ora, fuligem é preta. Ora, não existem “pretos” nem “brancos”. No máximo existem “rosados” e “marrons”, nos dois lados do espectro conhecido da pela humana.

Quando Davi fala de “alvo mais do que a neve”, obviamente não está fazendo nenhuma menção a pele, a nada, que não seja diretamente ligado à noção de pecado, de um lado, e santidade, de outro. É risível, portanto, ver um Caetano, que nem é cristão, ficar transfixado pelas palavras da celebridade. “É verdade? Puxa, que gente racista, que gente burra”…

Talvez seja mais fácil discernir o interesse do talentoso cantor baiano do que a das ditas “celebridades cristãs”.

Arranca Rabo

Mas no caso do teólogo, não sou exatamente inparcial. Há alguns anos, durante a campanha do ocidente para expulsão de Sadam Hussein do poder, e reconquista do Kwait, escrevi um texto (do qual não me arrependo – desculpe, celebridade… burrice minha talvez) em que eu dizia algo como “creio que exista um excesso de grana na mão de alguns tiranos locais, e que seria muito bom que os caras tivessem menos recursos pra bancar suas tiranias”. A resposta ao meu texto (bom, eu que não sou nem celebridade, nem teólogo, e francamente, ninguém na fila do pão) foi “tristes palavras“. Logo depois diz “somos o povo que apanha, não o povo que bate“. Lindo! O coro de aplausos deve ter sido super bacana… só que erra o alvo no básico: um caminho pode parecer uma escolha “de paz” e não “pacificadora”. Todo mundo sabe o resultado: por um lado temos um Iraque e um Kwait mais pacificados; temos um Irã (que não foi confrontado) atacando a única democracia do Oriente Médio; temos, enfim, alguns anos de tentativa de pacificar por meio da covardia, países claramente ofensivos e beligerantes. É o ideal? Não, mas é melhor do que a covardia pura e simples.

Aquilas palavras me doeram, não porque eu seja a favor de guerra alguma. Como cristão desejo a paz, mas não aquela paz imediatista, equivalente à mulher que apanha do marido e se cala para não causar escândalo. Essa é a paz que se submeter a uma tirania significa. Me doeu, mais ainda, porque tenho certeza de que o tal teólogo tem massa encefálica suficiente para entender que pacificar é diferente de ser covarde e ter paz no curto prazo.

O Apóstolo Paulo mesmo, ao falar sobre o tema da “Paz” disse:

Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.

Romanos 12:18 

Ora se nem a Palavra nos “obiga” a ter paz com todos, como é que julgarei eu, euzinho, que sou obrigado a “apanhar” independentemente do resultdo obtido/

Outro dia, assistindo a Guerra do Pacífico em Cores (na TV a Cabo), fiquei apavorado ao ver o que a conquista de Okinawa representou em termos de vidas, para ambos os lados – Japão e Aliados. Truman, e seus generais, tendo em vista isso, optaram por uma solução terrível, quase impensável, mas que no final das contas, poupou milhões de vida: bombardear Hiroshima e Nagasaki. Alguém é favorável a bombas atômicas? Claro que não. Alguém acha que os fins sempre justificam os meios? Não e não. Apenas que a nós, são dadas às vezes, escolhas extremamente difíceis.

Alvo mais que a Mãe

Assim, e brincando de juntar as duas heresias, que sejamos tanto Alvos mais que a Neve, para glória de Deus, e que Deu continue “Pai”, independentemente de seu gênero (que não existe).

Apenas não façamos de não-questões um cavalo de batalha para destruir conceitos lindos e primordiais na vida do nosso já confuso povo.

Êxodo 20:7

Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão. 

Êxodo 20:7 – 10 Mandamentos

Esse é um mandamento que é normalmente mal interpretado. A palavra hebraica para “tomar” é “Nasah” (נָשָׂא), que significa literalmente “levantar”, “erguer” ou mais precisamente, “carregar”.

Não “levantarás”, não “carregarás” o nome do Senhor teu Deus em vão. Já escrevi em algum lado que isso não significa falar “Ai meu Deus do céu” e ser jogado nas trevas do inferno. Não me parece que Deus seria pueril a ponto de pronunciar um mandamento assim.

Carregar, levantar aqui me parece – e pareceu ao estudioso Denis Prager, da Prager University, em seu livro “The Rational Bible Exodus” levanta o tema de forma bem mais adequada: Eu “carrego” o nome de Deus em vão quando eu digo que sou “ligado a Deus” e faço coisas que contrariam o que Ele diz, manda, ensina.

Caso (Hipotético) 1 – Negócios Escusos

Estudo de caso é uma técnica para aprendizado e fixação de conhecimento que se tornou a norma nas melhores universidades do mundo. Parece, realmente, que um “estudo de caso” cairia bem para entender como é que um dito cristão toma o nome de Deus em vão.

Fulano de Tal é um empresário. Fulano se diz “cristão”, fulano vai na igreja, leva os filhos, era casado com uma mulher “terrivelmente cristã”. Fulano faz negócios de forma atabalhoada e convence os amigos a investirem com ele. Um desses amigos, entendendo que é algo interessante, convence outros amigos a investirem com ele, suponhamos (para o “case”) num hotel.

Eles compram juntos o hotel. O amigo confia nele porque, afinal de contas, ele “Carrega o nome de Deus” consigo, e obviamente, quem assim o faz, só pode falar a verdade e agir com o melhor de sua capacidade, em prol do outro, antes de si mesmo.

Acontece que, por uma razão ou por outra, o tal Fulano só tem olhos para seus próprios interesses, e, no final de anos, desviando recursos para seus outros empreendimentos, e sempre deixando as águas turvas, para que ninguém veja com clareza, consegue levar todos a perder muito.

Fulano, ainda por cima, se sente “o injustiçado”. Não entrou com um centavo no negócio. Trabalhou, é verdade, mas sempre deixou seus interesses acima dos demais, e no final das contas, joga seus processos trabalhistas em cima de “todos”.

Fulano certamente esqueceu de ler o restante do mandamento: “Deus não terá por inocente quem carregar Seu nome em vão”. Fulano, certamente, terá que se entender com o seu deus, ou com Deus.

Caso (Hipotético) 2 – Pirâmide Financeira

Fulana era amiga de décadas de várias pessoas em sua igreja. Era uma verdadeora artista, trabalhadora e mãe de filhos. Fulana, assim como Fulano, “carregava” o nome de Deus sobre si. Todo mundo a conhecia como tal.

Fulana começa um processo de envolver um monte de gente muito “amiga” em um esquema de pirâmide financeira, bastante dissimulado. Isso vai num crescendo até que “explode” com um caminhão de dinheiro de vários “irmãos” e “amigos” indo parar em mãos incertas e não sabidas.

Ações judiciais pra cá e pra lá fazem a festa para detratores do Nome de Deus. É um festival de apontamento de dedos.

Fulana carrega, agora, o nome de Deus absolutamente em vão, e deixa um monte de gente mais pobre, em detrimento de uma pseudo abundância financeira.

Moral da História?

Os dois casos acima tratam na mesma coisa. A (falta) de moral nessa história já estava descrita como um Mandamento – 10% deles, portanto, falando sobre “carregar” sobre si o nome do Deus vivo em vão, ou seja, indignamente. São casos hipotéticos de pessoas que expressam ao público serem “portadoras do nome de Deus”, e o fazem em vão.

Eu, pessoalmente, já carreguei o Santo nome do meu Deus em vão. Sim. Já tive meus momentos de fraqueza, mentiras, desapontamentos e coisas que certamente Deus não me terá por inocente. Obviamente que o Sangue de Jesus já me purificou deste e de muitos outros pecados, mas os efeitos estão cá comigo. Para sempre.

Estudando para aulas de Escola Dominical no Livro de Hebreus, me deparei com um diagrama que de certa forma toca no assunto, e que gostaria de compartilhar:

É uma forma razoavelmente simples de entender o que o sujeito faz e onde ele anda. Você tem uma conduta condizente com o Nome de Deus? Sim, ou não. Se sim, você pode até não ser “crente”, mas age de forma a não ser um problema para Deus, mesmo não crendo nEle. É o tal “joio”.

Se você age de acordo com o Nome de Deus, e é “crente”, é “trigo”. Já tem gente que não age de acordo com o Nome de Deus. Pode ser “crente” (e aí precisa ser disciplinado ou não (é apóstata, no duro).

Vivemos num mundo de gente que tem “carregado” o Nome de Deus sobre si e feito as maiores barbaridades: desde defender assassinato de criança na barriga da mãe até receber propina e ainda “agradecer a Deus” pelo fruto do roubo. Tem gente que mente para se eleger; tem gente que rouba o próximo prometendo “prosperidade”. Tem de tudo. Ao “carregar o nome de Deus” de uma forma tão horrorosa, dão ao Inimigo a munição que ele precisa para dizer que “é tudo igual”.

Tem gente, por outro lado, que dedica a vida, os bens e a inteligência para abençoar o próximo. Tem gente que sequer crê em Deus, mas de certa forma “carrega Seu Nome” de forma mais digna do que muita gente que se diz cristã. Esses, a despeito da incredulidade, acabam se beneficiando dos Mandamentos e sendo mais felizes, mais realizados, mais prósperos.

Eu quero “carregar” o nome do Senhor. Eu faço questão, e faço questão de fazê-lo de forma a que até mesmo meus detratores e inimigos tenham paz comigo.

Sheol

Não posso dizer que acordei, porque não sabia bem se estava dormindo ou não. Só sei que na minha frente tinha um cara de estatura mediana, e que nem consegui ver o rosto de tanto que o lugar brilhava. Acho de que devia ter estado em algum lugar escuro, porque meus olhos não davam conta de se adaptar à claridade absurda em volta de mim.

Ouvi, mais do que vi, a voz do tal sujeito, o único que eu conseguia mais ou menos ver. Tinha a impressão de que não estava sozinho. Não que parecesse que havia do meu lado um montão de gente, nem porque ouvia barulho típico de multidão. Na verdade, não me lembro nem de ouvir um zumbido sequer. Mas que parecia estar acompanhado, parecia.

A voz me falava de coisas que me evocaram pensamentos ainda da mocidade – coisa que, aos quase 90 anos, é difícil de esquecer. Ao envelhecer, fui esquecendo coisas recentes, e me lembrando de coisas pequenas da infância e juventude; coisas que moldaram meu caráter e minha forma de ser: o cheiro da casa dos meus pais, de fogão de lenha e flor de laranjeira, a textura da pele da primeira namorada, branquela e rechonchuda, a cor do céu e das nuvens, que a gente ficava olhando depois do almoço deitado no capim gordura de trás de casa, e dizia “é um elefante“, “é um camelo“… Épocas mais simples, e que com o tempo pude ter certeza de que ajudei a complicar, a tornar mais pesadas e menos brilhantes.

A voz se aproximou de mim e me dizia que eu tinha, sim, responsabilidade pelos meus atos e que tinha me esquecido de coisas que tinha aprendido, e voluntariamente deixado de acreditar, seguir e obedecer. É fácil ver isso, em retrospectiva. Tive uma vida intelectualmente boa, uma educação – dentro e fora de casa – adequadas, numa escola pública que era melhor do que vi em tempos mais modernos, mesmo paga. Éramos mais simples, menos enxovalhados por complicações que, no fundo, minha geração ajudou a criar.

Fé? Não sei. Acho que não tive nunca algo que possa chamar de fé com F maiúsculo. A mãe? Sim; o pai? Sem dúvida. Eu? francamente acho que não. Ao que a voz me chama e diz “no ouvido” (não dá pra saber se foi ou não) – Carlinhos, esquece o que passou e dê-se uma chance de voltar a crer.

Eu, com minha independência intelectual e língua afiada, respondo na hora: mas crer em quê? Onde é que eu estou, em primeiro lugar, e quem é o senhor (“s “minúsculo, já que não sei com quem falo)? E, por falar nisso, dá pra diminuir a intensidade dessa iluminação? Já estou aqui há uns 10 minutos e não consigo enxergar nada, com essa luz toda na minha cara!

A voz não sobe o tom, não briga, mas demonstra que não ficou satisfeita com a resposta. “Vou te dizer, mas diga: você sabe que dia é hoje?” Eu? Como vou saber? Eu estive tanto tempo deitado naquela cama, em casa, sob cuidado de tanto enfermeiro e médico, e agora, nesses últimos 15 dias, nessa praga de UTI que apita o tempo todo e não te deixam em paz, com um ar condicionado frio demais pro meu gosto e essa dor nas costas que não me deixam! Como vou saber que dia é hoje? Já não sei que dia é hoje há 2 anos.

A voz então fala – “você vai entender que dia é hoje, mas deixa eu te contar algo que você aprendeu e esqueceu: você comete erros e pecados; você viveu uma boa vida, teve boa família, bons filhos, não roubou nem matou, e socialmente é considerado um ‘baluarte’. Esqueça tudo isso. A pergunta permanece: você reconhece que erra?

Sim, em uma boa medida eu sei que erro. Mas não mais do que o vizinho do lado ou o cara da padaria. A voz insiste: “você entende que ao errar você se afasta de quem te criou?” Como assim, “quem criou”? Quem disse que fui “criado”? Eu entendo que somos, eu e todo mundo, produto de um processo não pensado ou planejado de melhorias que acabaram por produzir o Carlinhos, ou Dr. Carlos, como me chamam no escritório, que todo mundo conhece, e alguns até admiram. Não – não admito um “criador” a quem deva prestar contas.

A voz segue: “e quem você acha que colocou as duas primeiras bases nitrogenadas no lugar? Quem, me diga, criou o balanço perfeito entre o ponto de congelamento da água e a gravidade? Por que ela puxa tudo nessa terra pro seu centro a 9,8 m/s²? Quem você acha que coordena tudo? Um “Deus das Lacunas“? Fala sério Carlos.

Falo sério, e digo à voz: ninguém poderá ter certeza disso, agora ou nunca. A voz retruca: “o que é ‘agora’ e ‘nunca’ pra você? Quem te persuadiu a pensar que você continua respirando?“. Eu, “suando frio” (nem posso dizer se é isso ou não) pergunto – morri? A voz: “isso ainda não se sabe. Poder ter morrido, pode não ter morrido; tudo depende de sua decisão“. Uai? Que decisão, eu pergunto já meio indignado. A voz: “a decisão de viver internamente, ou morrer eternamente. A decisão de aceitar que é um cara falho e que, não importa o que você pense ou faça, foi criado com um objetivo, que só cumpriu parcialmente, e mesmo assim só do ponto de vista humano; que esqueceu o Criador, com “C” maiúsculo, e que, como tal, pode não ter mais chance de viver eternamente.

Já meio irritado, respondo – pode me mandar pra onde quiser. Acaba quando acabar, viro pó e boa noite pro gaiteiro… A voz, meio tristonha, diz: “Vou falar contigo uma última vez: lembra daquilo que você aprendeu com os pais, avós, gente que te amava, sobre um Deus bom, um Filho bom que teve que pagar um preço alto por sua causa? É e era verdade. Você pode viver eternamente, ou morrer internamente, ou vice-versa. Nada, mas nada mesmo, vai mudar essa realidade. Ao longo da sua longa vida você foi abordado por centenas de pessoas que te relataram essa realidade que falo contigo pela última vez. Você deixou sua sapiência e racionalidade se imporem à Sapiência e Racionalidade que falavam contigo. Não te deram provas? Claro que não! Que tipo de fé exige provas? Que tipo de mérito ou decisão informada existe em “ver” o manto de Deus passando diante de você flagrantemente teria pra você? Nenhum mérito, e é por isso que a fé é assim: não pode ser comprovada, agora nem nunca. Tem um porém nessa história toda, e é por isso que estou aqui: você não vai morrer eternamente sem ouvir e tomar uma decisão informada sobre sua situação. Você tem que concluir, por sua própria vontade, se crê no que está colocado diante de você ou não.

Não conseguia refletir. Não é racional o que está diante de mim. Não faz parte do meu modo de ser o “crer” sem fundamentar o que penso em fatos e dados. Ah, mas você tá “ouvindo” essa voz e vendo o “cara” aí na frente. Ou não tá? Sim, estou. Só não sei se 15 dias de UTI não fazem isso com a pessoa. Sabe-se lá se levanto daqui e começo a falar e agir como minha avó e sua mania de dizer que “Deus isso, Deus aquilo, Deus é bom, Deus me salvou” e por aí adiante? Não sei, não sei. ‘Não tenho decisão a tomar’ afirmei à voz.

Bem, não decidir é decidir. Pode partir, Carlos. Mas antes, me diga se tem alguma ideia que dia é hoje.

Eu? Nem ideia…

É Sábado de Aleluia“.

Qual Sábado de Aleluia?

O único que jamais existiu“…

Exemplo de Bolha

https://www.infomoney.com.br/business/global/por-que-o-tesla-cybertruck-de-elon-musk-virou-uma-guerra-cultural-sobre-rodas

Me deparo com este artigo e fiquei encantado com a clareza com que foi tratado o tema, mas, principalmente, a falta de interpretação adequada (minha opinião, claro) das causas da reação da “Bolha” específica.

Síntese do Teretetê

Anos atrás (5 anos) a Tesla lança um SUV grandão, feio pra burro, elétrico, chamado Cybertruck (ver foto acima, do unsplash.com). É grande, quadrado, rápido, blindado (de fábrica) e, segundo os designers, feito pra parecer aqueles carrões de filmes distópicos dos anos 80 e 90, como RoboCop, e outros, em que a corporação malvadona escraviza todo mundo, até o governo, e domina a sociedade com seus produtos ruins mas tornados indispensáveis pelo monopólio.

Ao longo dos anos, somando-se a isso a popularidade (numa Bolha) e impopularidade (noutra Bolha) do dono do boteco chamado Tesla, Elon Musk, há um crescimento em reações exacerbadas de lado a lado:

Segundo Richard Zhang, morador de Pittsburgh e proprietário de um Cybertruck, a grande maioria das interações que ele tem tido a respeito de seu carro tem sido positiva. Mas as negativas são muito, muito negativas. “Elas estão tão tomadas pela raiva que perderam todo o senso de decência e respeito”, disse Zhang, 30, sobre as críticas que recebeu.

Do artigo da Infomoney

Síntese, foco no dono da Tesla, não no produto. Foco no que o produto parece “significar” e não no carro em si.

Reações

Os problemas começam com alguns tipos de reação, que, da “minha Bolha” sequer posso julgar adequadamente, mas confesso que tento:

Para os membros de uma elite tecnológica preocupada com os problemas da vida urbana na Área da Baía de São Francisco e em outros lugares, é difícil não ver o Cybertruck como um carro dos sonhos, ou como um veículo adequado para enfrentar seus pesadelos.

Do Artigo do Infomoney

Bom, o carro é elétrico; o carro é silencioso; o carro é confiável; o carro é blindado. Problemas até o momento? Exceto aqueles que “minha bolha” consideram como difíceis de explicar (por exemplo, o fato de que ter carro elétrico com matriz energética “suja” é bobagem, e que as baterias ocasionarão mais poluição do que os “verdes” querem admitir), os atributos do carro parecem bons.

Mas a “bolha de lá” faz um link perigoso entre Musk e o carro em si.

Há uma conclusão?

Infelizmente, há. O nível de segregação entre as tais bolhas, e o nível de rechaço imediato, não pensado, não refletido, não discutido, faz com que uma e outra bolha julgue que a água do banho “sujou o bebê” e jogue ambos fora…

Estamos diante de uma situação em que o que eu “sinto” sobre algo está se tornando mais importante do que o que este algo é, em si mesmo. É algo que beira à rejeição que um muçulmano sente por um cristão (e muitas vezes, vice-versa), que é visceral e não diz respeito ao cara (cristão, muçulmano) que está diante de mim. É como o torcedor que nem viu o jogo, ouviu falar que teve um pênalti sem VAR, mas sabe, na “alma” que, se foi a favor do Flamengo, é roubado (para informação, sou tricolor de coração e acho que TODO pênalti a favor do Frá é necessariamente roubado – minha bolha, ninguém tasca!)…

A conclusão é a de que a soma de educação limitada e parcimoniosa em suas conclusões com o espírito de Fla-Flu do mundo atual, faz com que ninguém pense muito sobre fatos, mas sentimentos têm sempre razão – refletidos ou nào.

Bolhas

O tema é recorrente. Um lado acusa o outro de viver numa “Bolha” de informação dócil à sua visão do mundo. “Eu” nunca estou numa bolha. O “outro”, sempre. “Eu” nunca sofro a mínima possibilidade de estar errado. O “outro” sempre.

Vou tentar tratar o fenômeno aqui sem me importar com quem seja o “Eu” e o “Outro”. Entendo que se eu quero fazer uma abordagem minimamente rigorosa do assunto, preciso fazê-lo sem me posicionar. É quase impossível e provavelmente vou fracassar, mas vamos lá.

A Minha Bolha

A tentativa de assassinato de Donald Trump, ocorrida dia 14/07/24 foi o estopim desse toró de palpite. Na famosa “mais antiga exposição rural do Brasil”, na minha cidade natal, Cordeiro, em visita à santa mãezinha, me deparo com primos, irmãos, e outros parentes, ainda sob o calor dos acontecimentos.

“Fake News”, diz um. “Atentado sim!” esbraveja outro. Eu, de minha parte, e fazendo coro com minha linha de pensamento, me expresso com um “Igualzinho à facada do Adélio” – com o que todos concordam – ou por acharem fake ou não.

O fato é que percebi que não adianta argumento. Nada vai demover um sujeito a achar “fake” e o outro a enxergar como uma tentativa de desestabilização da democracia. Mas a primeira coisa que me deixa apalermado é a incapacidade das “Bolhas” em esperar apurações para concluir.

A Globonews já do dia mostrava dois jornalistas – um brasileiro (defendendo que era fake news, orquestrada pelo próprio Trump) e um americano que, falando em português, disse que era no mínimo insensato discutir o assunto ali, mas que a alegação do brasileiro era risível e tendenciosa (não lembro dos termos exatos).

Há vídeos, vários, que vão apurar o fato sem sombra de dúvida. Já quanto à acreditar nas apurações, é mais difícil, seja qualquer que seja o resultado. A comissão Warren, que investigou o caso do assassinato de JFK em Dallas, não conseguiu apagar as teorias da conspiração ainda em vigor.

A Sua Bolha

Eu não leio o que você lê. Eu não me coloco no seu lugar. De nenhuma forma eu acredito que [Lula]/[Bolsonaro] (escolha sua alternativa) seja honesto. Deus me livre de achar que [Lula]/[Bolsonaro] fez algo que preste em seu(s) mandato(s). Certamente [Lula]/[Bolsonaro] é um calhorda da pior espécie e odeia os pobres, na verdade.

A sua bolha é a do ódio. O amor [venceu]/[perdeu]. A minha bolha não existe. A SUA sim. EU não vivo em uma bolha. Eu olho tudo, examino tudo e retenho o que creio ser certo. Você? Tá sempre “serto”.

Minha Bolha, Sua Bolha e a Verdade

Talvez a forma mais correta de abordar este problema – e na verdade, qualquer outro, é o Método Científico. Mas esse se presta mais ao que é exato do que ao que é opinativo. No entanto, a verdade existe. Claro, sempre há os caras que falam da “minha verdade” e “sua verdade”. De dentro da Bolha existe “minha verdade” e sua opinião, somente.

Embora este tipo de visão de mundo sempre tenha existido, estamos diante de um processo radicalização “diabólico”. Coloco o foco no “diabólico” porque o Diabo não é apenas um “nome”. É um conceito – significa DUAL, dois lados, duas mentes, duas opiniões. O diabo é que o Diabo mora nos detalhes, como diz o aforismo. Mas hoje em dia ninguém quer ler detalhes. Ninguém quer esmiuçar nada. O simplismo é a regra. Os Reels de 30, 40 segundos, os memes, e tanta coisa instantânea.

Um cara do meu lado no aeroporto me viu com um livro de papel, de umas 800 páginas, na mão (Signature in the Cell, de Stephen C. Meyer) e não resistiu: “você tem saco pra ler isso tudo? Eu nunca li um livro deste tamanho”… Ele nem era tão jovem assim, para que eu (caindo na tentação da hiperssimplificação) diga que são essas “novas gerações”. Mas certamente, foi honesto. Eu, com cara de paisagem, não sabia como responder. Minha esposa quase me crucifica por ficar com o focinho em livros dia e noite. E com razão, pois pra mim se tornou um vício mais, como alcoolismo ou drogadicção.

A verdade, ah, a verdade é um treco complicado. Jesus recebeu de Pilatos a famosa resposta “e o que é a verdade?” (João 18:38) quando disse que veio ao mundo para “dar testemunho da verdade” (João 18:37). Jesus não respondeu. Não que não soubesse, como diria um detrator da minha ou da sua Bolha. Eu acho que ele não respondeu porque não valia a pena. Melhor morrer (e ressuscitar) logo e deixar a posteridade decidir quem ia ser chamado Salvador, e quem seria um nome de avião, ou de método de exercício, ou ainda um cachorro brabo…

Quando eu tento julgar o que é verdade, tenho séculos de pensadores que, de uma forma ou outra, fizeram contribuições importantes ao processo. Um, famoso, que gosto muito, se chamava Wilhem of Ockham, e sua famosa “Navalha” diz algo assim:

“Nada se deve aceitar sem justificativa própria, a não ser que seja evidente ou conhecido com base na experiência ou assegurado pela autoridade das Sagradas Escrituras

https://pt.wikipedia.org/wiki/Navalha_de_Ockham

Em outros escritos, Ockham foca na “simplidade”: de todas as hipóteses para um problema, sempre devemos procurar apenas UMA explicação suficiente, e o mais simples possível (mas, parafraseando Einsten, não mais simples que isso).

Filosofada pra cá, filosofada pra lá, quem se propõe a analisar um fato, deve, antes de qualquer coisa, supor: a)que não sabe a verdade ainda; b)que está disposto a reconhecer a verdade, se e quando topar com ela; c)que poderá ficar chateado com a verdade.

O caso da Ciência e da Fé

Um dos casos mais emblemáticos de “Bolhas” em conflito se dá há quase 200 anos, entre religião e ciência. Houve um tempo em que o conflito não existia. Era um tempo em que a Igreja organizada fomentou a ciência. Na verdade, as universidades eram todas confessionais, em um tempo dado. Até por volta de 1780, ou por aí, a fé e a ciência caminhavam, aos trancos e barrancos, juntas.

De lá pra cá, grandes pensadores já declararam Deus como tendo falecido, já declararam os homens de fé (qualquer fé) como loucos ou burros, e já declararam que a Ciência estava a caminho de expurgar da humanidade a necessidade de crença (qualquer crença). Só restariam as evidências.

Fomos todos ensinados a deixar a fé numa caixinha à parte, que os verdadeiros cientistas condescendentemente nos deixavam ter, ainda, mas que em breve a luz da verdade se acenderia em nós, e nos livraríamos do obscurantismo que a fé representava.

A Bíblia e outros textos “sagrados” se tornaram contos da carochinha e só isso.

Pois bem, na medida em que a própria ciência foi progredindo, a dúvida voltou a pairar sobre a cabeça dos mesmos que julgavam que haviam resolvido tudo o que havia para ser compreendido. O impacto de descobertas como a Dupla Hélice do DNA, por Crick e Watson, nos anos 50, e, mais recentemente, a radiação de fundo e o Big-Bang, fizeram reacender discussões que haviam “morrido”. Essas descobertas colocam, dia após dia, “consensos” como a Teoria da Evolução em xeque. Hoje, cientistas antes céticos, começam a pensar de forma crítica sobre suas próprias conclusões. O livro que já citei (Signature in the Cell) é um relato fascinante, de um cientista ateu (ma non troppo…) que, se quisesse continuar a ser intelectualmente honesto, tinha que se render a evidências de “Design Inteligente”.

O lado “de cá” (uma das Bolhas) teve chiliques e pitis. Óbvio: é extremamente complexo sair da sua “bolhinha” e ver o mundo de uma forma diferente. O progresso da raça humana, no entanto, depende disso. De sairmos da zona de conforto e nos colocarmos “no sereno” da verdade, e no incômodo que ele produz.

A conclusão é a de que, embora um relato simplificado, há coisas no Gênesis que merecem atenção, e que, se expresso por um “Deus amoroso” precisaria mesmo ser simples: como explicar algo tão imenso em palavras que o pastor de cabras do sul do Sinai entendesse, bem como um ganhador de Nobel? Há que simplificar – sem perder a verdade implícita, mas de forma a contar a história.

Desprezo pela Verdade

A única coisa que vemos no nosso momento “diabólico” de hoje é um tremendo desprezo pela verdade. Ambas as bolhas se entreolham, e têm a certeza de que, se cederem à verdade contidas em determinados argumentos da parte contrária, serão expulsos pelos fanáticos de sua bolha.

Reconhecer que existem apenas dois tipos de cromossomos, e portanto, dois gêneros, passa a ser anátema, em uma bolha.

Reconhecer que pode perfeitamente haver uma rede de proteção social bancada pela sociedade, sem que isso implique em quebra do sistema capitalista, também é anátema, na outra bolha.

Os exemplos se multiplicam e este (já longo) artigo, se tornaria um livreto se contássemos todos os causos.

A razão das Bolhas

Olhando o assunto da melhor forma que consigo, tendo a concluir que a razão da existência das bolhas é, de fato, satânico/diabólico: se eu não separo, se não segrego, não conquisto (Dividir e Conquistar). Se deixo alguém pensar, se não o sufoco com “provas” que me interessam, se não induzo a um determinado objetivo (meu), não chego no meu objetivo. Qual é? Há mais de um – dois, pelo menos.

A razão, de novo, na minha opinião, é a polarização em torno de uma figura central, uma “ideia” difusa ou não, mas sempre há alguém fazendo com que eu seja levado a pensar de um jeito que interesse a alguém. O fato de que alguém seja inteligente de estudado não faz dele imune à influência de uma das bolhas. Pelo contrário, alguns “fanáticos de carteirinha” são justamente pessoas de excelente intelecto e realizações, científicas, artísticas e sociais. Pessoas que nunca poderíamos esperar que se comportassem como trogloditas de mídia.

Já vimos esta situação em momentos de radicalização, diversos. A Revolução Francesa foi uma; o Outubro Vermelho foi outra; o Nazismo foi uma outra. Eu suponho que veremos momentos de maior radicalização ainda. Temo que o resultado seja o mesmo de antes: sangue nas ruas.

De novo, que Deus nos livre!

O Continuar do Mal

A Primeira República Francesa foi proclamada no dia 21 de setembro de 1792, através da Convenção Nacional, como processo da Revolução Francesa. Ela se organiza entre grandes grupos burgueses, tendo como uma das figuras de destaque, Robespierre. Ela marcou o fim da monarquia constitucional e o início do republicanismo como modelo político, que no próximo século passaria a vigorar em grande parte das nações. Durante sua existência, a Primeira República sofreu com intensas disputas pelo poder, que afetou em muito a vida dos franceses. 

Além da queda da hegemonia monárquica e da Convenção Nacional, o período pode ser compreendido também através do Terror, da criação do Diretório e do Consulado. Em 1799, Napoleão Bonaparte lidera o golpe conhecido como 18 de Brumário, que posteriormente acaba transformando a República no Primeiro Império Francês, no ano de 1804.”

Copiado de Verbete da Wikipédia

O Continuar do Mal *

Imagino, apenas imagino, ao citar como sendo o começo do mal, devido ao fato de ter a revolução ocorrido para sanar uma situação muito própria do período feudal, apesar de terem sido os impérios uma forma necessária temporal para unir desunidos espalhados pelos países europeus até então e, em especial, na França.

Quando ouvimos nos bancos escolares ainda crianças sobre a histórica Revolução Francesa, passamos rapidamente a admirar tais feitos e realizações, sendo que no Colégio Pedro II onde cursei o Ginasial, aprender a letra e a melodia do hino revolucionário francês nos levava ao êxtase.

Contudo, confesso que mesmo àquela época eu ficava intrigado com o fenômeno Robespierre, as guilhotinas que ceifavam cabeças de contrários à rodo e não só, como hoje se sabe, de reis, rainhas e suas gerações, e até mesmo, crianças.

As leis do Comitê e as políticas levaram a revolução para níveis sem precedentes, que introduziu o calendário revolucionário civil em 1793, fechou igrejas em torno de Paris como parte de um movimento de descristianização, julgou e executou Maria Antonieta, e instituiu a Lei dos suspeitos, entre outras. Sob a liderança de Robespierre, os membros das várias facções e grupos revolucionários foram executados, incluindo os Hébertistas e os Dantonistas, muitos dos quais eram amigos de Robespierre.”

Copiado de Verbete da Wikipédia

O que se viu a partir de Napoleão foi um Estado/Nação extremamente aguerrida, um exército diferenciado e valoroso que, rapidamente, passou a agredir seus vizinhos e dominá-los pela força bruta dos terríveis canhões franceses. Napoleão surgiu para o mundo como o General/Imperador capaz de estender o braço francês até bem próximo a Moscou, só não completando tal feito em razão do desprezo ao rigor do inverno russo e da resiliência dos seus opositores.

Pode-se enganar a alguns por muito tempo, contudo, nem a todos para sempre.

A História contada e requentada sempre foi e será perigosa para os pouco atentos. Existe aqueles que estão a solto e intocados, a margem da crítica paga, por interesses nem sempre verdadeiramente democráticos.

Enfim, “há perigo na esquina” como já foi dito por um bom compositor.

Kristallnachts da Vida

Meus 2 gramas de contribuição **

Diante de um mundo embasbacado pelo conhecimento “enciclopédico” preconizado por Voltaire, e cujo conceito tomamos partido nas citações acima, diante de um mundo que poucos anos depois estava sob o impacto do ultra terror, os expurgos e milhares de mortes, que anos depois viria a dar base “moral” (Sic!) para expurgos de Stalin, Mao, Pol Pot entre tantos outros, nos perguntamos quando é que começaremos a achar absurda a morte pela morte, as prisões sem julgamento, as suspensões “temporárias” do estado de direito, nas palavras de ministros do STF, ou seja, uma Noite dos Cristais à brasileira, tida em 8 de Janeiro de 2023. Essa Kristallnacht que até hoje justifica tanta barbaridade contra velhos, mulheres e jovens de vida pacata, cujo único defeito foi acreditar que viriam em socorro do país, num momento de agudização de uma ditadura tentada e não conseguida, há uns poucos anos, pela “falta de aparelhamento adequado das cortes”, como disse candidamente determinada eminência parda da esquerda.

Ou seja, existe justificativa para determinadas atrocidades (“uma boa bala, uma boa cova”, como disse um notório professor universitário, ao se referir ao “burguês”)? Não, não existe. Defender-se é uma coisa que legitima a violência. Defender-se não é assassinato. O mandamento, em Êxodo 20, em seu hebraico original não é “Não matarás”, mas, mais especificamente, “Não assassinarás”. Assassinar é a tal “boa bala”, “boa cova”.

Tanto aqui como em qualquer lugar do mundo, o devido processo legal e a igualdade perante a Lei são pressupostos de civilização. Ano passado, e ao longo deste ano, temos assistido a morte do processo civilizatório no Brasil. Que isso não prospere! Deus nos livre!

P.S. – entre a confecção deste texto e o dia de sua publicação vimos o atentado à bala contra Donald Trump num comício nos EUA. Embasbacado, fiquei (**) a meditar sobre qual seria a reação da mídia sobre o assunto. Um próximo artigo dará minha contribuição ao debate.

Parceria Arriscada:

*   Roberto Montechiari ** Wesley Montechiari

Amós o Profeta Social

Há alguns dias tive a honra de ter sido professor de Escola Bíblica Dominical, na Igreja Batista Essência, em Curitiba, sobre o livro de Amós, chamado de profeta, que não era “profeta” no sentido dado a Elias e Eliseu, por exemplo, mas que eu chamo por este epíteto. É profeta porque profetizou e ponto.

Minhas aulas contaram com a base luxuosa de um estudo do Pr. Paschoal Piragine, sempre muito bem fundamentado. O que eu quero chamar atenção aqui é para o paralelo infelizmente verdadeiro, entre o Israel de Jeroboão II, de 760 aC e o Brasil de hoje.

Pano de Fundo

Aquele era um Israel próspero, devido ao domínio, poucas vezes conquistado e mantido, da rota inteira de comércio desde a Síria até o Egito. Israel e Judá tinham, então toda a receita da tributação do comércio que por ali passava, suas caravanas e produtos. Isso enriqueceu os reinos da época e acabou por ser o estopim da derrota, pela invasão promovida pela Babilônia, ao norte, que queria esse comércio para si.

Em vez de promover o desenvolvimento e bem estar de seus súditos, esses reis, e a elite do país, fizeram o oposto, o que acabou por enfraquecer o cidadão comum e por consequência as defesas nacionais.

Violência

A primeira crítica de Deus, por Amós, à Israel e Judá da época diz respeito à violência. A condenação feita aos reis e líderes pelo pouco cuidado com aspectos violentos da sociedade, e mesmo a imposição de violência ao povo, dá o tom para a profecia e os “Ais” de Deus para o povo – prepare-se, porque uma liderança que permite a violência vai acabar por cair.

Vivemos momentos iguais aqui, com extrema leniência com quem é violento, e a inversão de valores típica dos moderninhos que são contra qualquer coisa que tente conter o agente da violência, e chama de violentos os agentes da ordem. Desde a moda do “Defund the Police” nos EUA aos ecos macaqueados aqui repetidos, vivemos uma época e um Brasil no qual a verdadeira violência é bem vista, e a suposta violência de quem quer cadeia pra bandido é colocada com horror frente a câmeras de TV.

Somos “violentos” quando nos colocamos contra o aborto? Somos violentos quando nos insurgimos contra injustiças cometidas por poderosos sem freio? Somos ruins, maus mesmo, quando somos contra o poder do narcotráfico e sua violência tanto física quando pelo efeito devastador que seus “produtos” geram?

Exploração

Amós fala da parte de Deus sobre a exploração que é imposto ao povo. É bem específico sobre um tipo de exploração se trata: extorsão via tributos, concentração de riqueza nas mãos de meia dúzia que nada produziam (não, isso não é capitalismo – é exatamente o oposto), extorsão via criminalização da atividade comercial.

Amós é específico nessa condenação (na verdade, Deus através de Amós).


“Ouçam esta palavra, vocês, vacas de Basã que estão no monte de
Samaria, vocês, que oprimem os pobres e esmagam os necessitados e dizem aos senhores deles: ‘Tragam bebidas e vamos beber'”…

Amós 4:1

O grande pecado da exploração é geralmente cometido pelo principal explorador do mundo – o governo. Quase qualquer governo age assim. Quanto maior o governo, maior o explorador, ou a tentação de explorar via o pode que este confere. Quem é o seu maior sócio? Quem é o seu maior dependente? Quem menos te dá em troca? Eu arrisco a dizer que é quem leva mais de 1/3 da riqueza de uma nação sem dar nada remotamente compatível em troca. Exploração, que já ultrapassou o “quinto dos infernos” (os 20% de tributos sobre o ouro, instituído por Portugal sobre o Brasil) em mais da metade.

A Corrupção

O terceiro ponto reprovado e descrito Deus, via Amós, é a maldição de ontem e de hoje, a corrupção.


“Eles não sabem agir com retidão”, declara o Senhor, “eles, que
acumulam em seus palácios o que roubaram e saquearam”

Amós 3:10

A corrupção aqui é “palaciana” e não velada. É, de certa forma, institucionalizada. Quem, como nós, vive sob tremenda corrupção, deveria ter aprendido a identificá-la e a se defender dela da forma mais simples possível: não participando dela nem sendo corrupto.

Nosso povo, como os judeus deste milênio antes de Cristo, parece padecer da mesma dificuldade.

A religiosidade vazia

O último item de reprovação de Deus, por Amós, foi uma religiosidade vazia. Não é que os judeus não cressem em Deus ou prestassem culto a Ele. É, talvez um excesso de religiosidade. Aquela coisa de crer em Deus mas acreditar que temos que pular sei-lá-quantas ondinhas no fim do ano para sermos bem sucedidos; de ir à missa ou ao culto, mas também fazer uma fezinha na mega sena, pois afinal, vai que dá certo…

Uma religiosidade vazia é uma postura de confiança “desconfiada” do Todo-Poderoso. É achar que o volante da Sena corre o risco de ocupar o lugar provedor de Deus. É acreditar no que não pode nos ajudar, no final das contas.

Em suma…

Tanto o livro de Amós como o de Miquéias, que estamos estudando agora, nos dão conta de advertências de Deus a Israel na época chamada “Pré-Exílio Babilônico”, quando os judeus foram desarraigados de suas terras, o Templo destruído, seus reis mortos ou aprisionados.

É um tempo muito parecido, moralmente com o que vivemos agora. Corrupção, Exploração, Violência, Religiosidade Vazia, compõem nossa sociedade. Não creio que Deus tenha mudado; não creio que o Brasil e o mundo de hoje sejam muito diferentes. Resta a nós esperar um exílio qualquer, numa Babilônia qualquer, até que, “purgados”, possamos voltar à Terra Prometida e, quem sabe, de uma vez aprendermos a viver.