Assisti outro dia, do início ao fim (quando a barulhada do jogo de Banco Imobiliário entre esposa, filhos, nora e sobrinho permitiam) a entrevista do notório Eduardo Cunha, exclusiva à CNN, sobre a qual fiz alguns comentários pelo FaceBook enquanto assistia… É difícil resistir em comentar tamanha desfaçatez. O sujeito é mesmo o malvado favorito – aquele que a gente sabe que é um ladrão, corrupto, vagabundo, mas nos deu de presente como país, o mais justo ato político dos últimos anos, que foi o impeachment da presidanta Dilma Rousseff.
Para dar algum pano de fundo, o sujeito foi meu colega (não contemporâneo) na extinta Arthur Andersen auditores independentes, no RJ, nos idos de 1980. Meu BFF, Elias Cerqueira, o conheceu melhor, e poderia dar uma pequena aula sobre o caráter do cidadão (ou falta dele). Deixo isso a quem teve o prazer de conviver com o sujeito naquela época.
Inteligentíssimo, habilidoso com as palavras, extremamente metódico e sabendo exatamente o que quer e onde quer chegar, Cunha foi muito bem na tentativa tanto de sepultar a Lava Jato, o que é do seu maior interesse, como em não antagonizar com quem quer que seja que lhe poderia ser de interesse. Bater, mesmo, só bateu no Rodrigo Maia, que virou pano de chão político, nos últimos tempos, e Sérgio Moro, o que é compreensível.
Se disse também “anti-PT”, o que o levaria fatalmente a votar em Bolsonaro, caso este fosse para o 2o. turno da eleição de 2022, que anda em avançado estágio de campanha, informal, com todo mundo focado em derrubar a outra parte. Entendo que seja mesmo anti-PT, até porque é uma posição fácil. Só não dá pra ser anti-PT e anti-Lava Jato ao mesmo tempo, por via de nexo entre as coisas.
Livrou a cara de Lula, quando do processo na Lava Jato, dizendo que o mesmo teria sido condenado injustamente – a exemplo, claro, dele mesmo… Como defender-se significa defender Lula, não vê qualquer razão em não fazê-lo, a despeito da flagrante imbecilidade de tal posição.
A bem da verdade, meu malvado favorito, mesmo, é Roberto Jefferson. Este sim um cara que fez o que o Brasil precisava que fizesse, e nos livrou de mais uns 20 anos de PT no poder, denunciando o mensalão. Foi levado de roldão, pois recebeu um qualqué, também, para o PTB (diz ele). Santo, não é, mas foi útil acima da média dos políticos. Agora ressurge, ou tenta, como campeão de Bolsonaro, como se nada tivesse feito.
Malvados ou não, são gente muito articulada, inteligente e que sabe exatamente onde quer chegar. E não é para o bem de todos e felicidade geral da nação.