Um Deus justo

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Seguindo a “saga” começada com as provocação que geraram meu último post – “Indo pro Inferno”, fui cutucado pelo grupo de amigos, que denomino carinhosamente de “chatos-pensadores” para simplificar, com a nova proposição abaixo, e que, embora já menos ateia/agnóstica, ainda goza de um caráter de dúvida quanto ao Deus que sirvo. Como provocação é provocação, e entre amigos provocação deve virar resposta de bom humor e paz, lá vai:

Se Deus é justo, ama seus filhos e acreditamos que fazer o bem nos aproxima de Deus, porque tem tanta gente boa que é azarada ou que passa a vida sofrendo?

Amigo cristão chato

A citação acima se chama “O Problema do Sofrimento” e foi endereçada por filósofos e teólogos ao longo dos séculos. Na verdade, o primeiro livro da Bíblia, Jó (cronologicamente) endereça o assunto. Jó começa a sofrer feito um condenado, mesmo sendo considerado um “homem bom”, temente a Deus, ou seja, um modelo. Daí em diante a coisa degringola. O sujeito perde os filhos, os bens e a saúde. Só não perde a mulher, que no finalzinho das contas ainda lança na cara dele a seguinte pérola:

Então, sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus e morre.

A Mulher de Jó (a megera nem nome tinha) – Jó 2:9

Ora, crer nesse Deus aí é bobagem! Você é sincero com Ele e Ele faz isso contigo? Melhor amaldiçoá-lo. Daí ele te mata e a coisa se resolve.

Mais recentemente, no seu livro “Decepcionado com Deus”, Phillip Yancey aborda a mesma questão, sob a ótica do mesmo Jó, e que é, no fim das contas, uma questão universal: por que raios, um Deus “amoroso”, permite que suas criaturas passem por sofrimento e dor? Phillip Yancey é surpreendentemente franco e honesto ao abordar a questão, e diz, com sinceridade, que é uma dúvida ao mesmo tempo válida e digna de se expressar. Expressar A Deus, e não SOBRE Deus. Em síntese, se vai se queixar, queixe-se a Deus.

Trocando em miúdos, Phillip Yancey afirma que a fé e a confiança em Deus não são incompatíveis com dúvida e decepção. É importante, na visão dele, se aproximar de Deus de forma honesta e sincera. É em Deus que se encontra consolo, não longe dele.

Chatonildo e a Pergunta que não quer calar

Mas isso não aborda a questão central que me foi proposta pelo Chatonildo. Ele quer saber do problema do sofrimento em si. Católico que é, ele sabe que o homem sofre e que Deus não é “o causador” nem “o responsável” por esse sofrimento (espero estar certo!).

O problema é ver gente má, gente “do mal” que nem pega uma gripezinha, e gente que faz o bem a vida inteira, trata os outros com inteireza e honestidade, que é incapaz de matar uma mosca, e que vive de mal a pior.

Isso é tratado em Jó, claramente. Os amigos dele trazem à baila um suposto “ato ruim” que ele teria feito para estar sofrendo. Era uma visão de mundo da época, bem judaica: se você está sofrendo, algo você fez. O que o livro de Jó trata é justamente do fato de que NÃO é assim que a banda toca. Ao fim do seu sofrimento, Jó exclama:

Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem os meus olhos. 

O próprio Jó, depois de sofrer, queixar-se a Deus, e finalmente ouvi-lo – Jó  42:5 

Há que se passar por certas experiências para poder apreciar o versículo acima. “Eu sabia que você existia, eu até te ouvi, mas agora, depois dessa Farra do Boi no meu couro, meus olhos finalmente te VEEM”. E Jó diz, daí que “se arrepende no pó e na cinza. Os judeus se cobriam de pó e cinza, rasgavam as roupas e choravam, para demonstrar arrependimento. Jó se arrependeu, mesmo não tendo feito nada que desagradasse a Deus. Se arrependeu somente por duvidar da majestade e bondade infinitas de Deus.

Eu passei, junto com minha família, por uma determinada situação que, se não foi nem 2% do que Jó passou, foi tão dolorido que até hoje deixou marcas em mim, na minha esposa e filhos. A perda de um filho é uma coisa tremenda, e confesso que não consegui dar uma de Jó, em todos os momentos.

No final dos 11 anos e meio de tormento, Deus deu descanso a meu filho. Nossa vida seguiu, e restou saudade, onde antes havia mágoa com Ele.

Ora bolas, no fundo da pergunta – “por que o cara ruim não sofre”, há uma situação que começou errada: a própria pergunta. Por que me importo com o outro? Por que me comparo com o outro? Por que a vida boa do cara mau me chateia? Serei eu o julgador do alheio? Jesus Cristo disse:

Não julgueis, para que não sejais julgados…

Mateus 7:1 

A pergunta é “judgmental” desde seu início, e eu não deveria sequer fazê-la. Como cristãos, católicos, protestantes ou de qualquer matiz, somos chamados a não julgar, e amar “os vossos inimigos; os que os perseguem” (Lucas 6:35). Portanto, a pergunta não cabe, e não deveria ser feita por cristãos.

Mas vamos endereçá-la de qualquer forma: Quem julga o ímpio e o homem “do mal”? Deus o julga diretamente. Eu até posso confrontar as atitudes de alguém com a Palavra, e ver que o que o cara faz tá fora da regra (“Pode isso, Arnaldo?”). Não pode, mas faz. Quem vai julgar? Eu? Ou o juiz, em campo? Nosso juiz nem precisa de VAR. Tem o tempo em Suas mãos e conta até os cabelos de nossa cabeça.

Tenhamos todos a certeza de que no momento certo, da forma certa, ímpios e “bonzinhos” serão trazidos a juízo por suas obras. Mas também não nos esqueçamos de que, a Seu tempo, Deus mandou Jesus Cristo, Seu filho para morrer pelos meus e pelos seus erros. Nada é mais aliviador, para uma existência miserável, ou boa, do que essa certeza.

P.S. – Amigo chato, desculpe tê-lo chamado de chato! É amor…

Indo pro Inferno

Todos, ou quase todos nós, temos amigos queridos. Os amigos queridos têm o condão de encher nosso saco sem o menor problema. E sair ileso disso, e ainda receber abraços, e uma dose extra de amor fraternal.

Esse post aí me foi “proposto” como uma pimenta na minha conhecida declaração de fé em um Deus Único, Criador dos céus e da terra, justo e amoroso.

Eu disse ao dito cujo que o responderia, se ele quisesse, em privado, explicando a situação que está proposta aí. Não dá pra fazer digressão ou exegese nos confins do Zap… Ele não veio a mim, sábio que é, pra não ter seu augusto saco cheio, de volta, por mim. Então me digno a escrever, em muito mais linhas do que ele estaria com vontade de ler (aguenta, cabeção!), mas com o que considero ser uma visão que NÃO vai mitigar suas inquietudes, porque quem crê não precisa de explicação, quem não crê não aceita nenhuma delas. Mas vale a tentativa.

Em tempo, o amigo querido em pauta, há uns tempos, disse que estava lendo a Bíblia. Fico feliz com isso, porque parte dos conceitos que vou tentar ordenar não serão inéditos pra ele.

O problema do Conhecimento de Deus

O tal esquimó aí em cima, vivia lá num canto isolado de Labrador, ou um outro Finisterre qualquer gelado lá de cima. Ele obviamente não conhecia o Deus Único em que cremos, nem em Seu filho, Jesus Cristo, em que creio. Nunca ouviu falar do Credo Apostólico nem da Igreja Única, de Cristo, chamada “a Noiva do Cordeiro”.

O tal esquimó então (paradoxalmente, pra piada ter graça) pergunta se ele conhecesse o “Tal de Deus” e o Pecado, ele iria pro inferno. O “Tal Deus” responde, para surpresa do amigo Inuit, e manda um “sim, se você soubesse e não cresse, iria direitinho pras profundas dos infernos”. O inuit então retruca – “então por que você me contou???”… A piada é muito boa, claro, tanto pelo caráter sem-pé-nem-cabeça da proposição inicial, como seu desfecho inesperado, à lá Abbott e Costello – quem é mais velho lembra –

Abbott – “Não me diga que o Tia Edna morreu”…

Costello – “É… a tia Edna morreu”…

Abbott – “Eu te DISSE pra não me contar!”.

Paráfrase de uma das muitas “Não me diga” dessa dupla de comediantes hilários

O que isso representa

A teologia trata do assunto, sem piada, e de forma bastante coerente e racional, baseada em alguns textos do Velho e Novo Testamento que apontam para um racional derivado da observação:

  • Deus nos criou dotados de certos atributos intrínsecos – imagem e semelhança à Ele
  • Esses atributos nos fazem capazes de observar a natureza, externa e interna (a Natureza e a nossa natureza) de forma a tecer certas conclusões inescapáveis:
    • Ou tudo existe ou nada deveria existir
    • Tudo é tão lindo e perfeito, em todos os detalhes, que a vida sem uma sincronia e perfeição difícil de ser obtida sem muita inteligência é tão “aleatória” como chegando a ser impossível
    • Existe uma “Lei Moral” dentro de nós – alguns podem chamar de Compasso Moral, que nos faz rejeitar imediatamente algumas coisas, em detrimento de outras. Por exemplo, matar é algo desprezível, e isso está entranhado dentro do Ser Humano. Portanto, a vida é sagrada. É um “imperativo moral” que aponta para “Algo”.

Com o Dennis Prager falou certa vez – Deus não nos deu qualquer PROVA de Sua existência, mas deixou o mundo lotado de EVIDÊNCIAS dela. E a razão é simples – tanto a existência quanto a não-existência de Deus, comprovadamente, esmagaria o ser humano: a existência pela impossibilidade clara de se chegar a Ele, e a não-existência pela futilidade que a vida teria, o que poderia fazer com que qualquer adulto preferisse o suicídio a viver debaixo de tal maldição – a de ser “nada”.

Portanto, ressoa no meu coração a imensa sabedoria de um Deus que conhece nossas limitações e nos leva a uma única atitude possível, ante a existência ou inexistência de Deus: FÉ. Seja a existência como a inexistência de Deus, só se acredita mediante a fé. Seja ela no Deus da Bíblia ou no tratado científico que mais nos agrade, é somente pela FÉ que somos “salvos” (o que quer que isso signifique pra você).

A resposta ao Inuit

Em primeiro lugar, em um tempo de politicamente correto, chamar o cara de Esquimó é o máximo da falta de correção: Inuit (primeiros povos) são os “Esquimós”. Esquimó é um termo usado pelos Inuits pra NOS denominar “estranhos”.

O tal inuit, então, chega a, sabe-se lá de onde, perguntar a um Deus – não é difícil entender isso, dados os conceitos que já falamos, de Revelação Natural e Compasso Moral – se ele vai pro “Inferno” se rejeitar Deus e não acreditar no pecado. Deus diz que sim, claro.

Se Deus é justo, e se, como a Bíblia diz, Ele não poder deixar “impune” qualquer pessoa que tenha se separado dEle pelo pecado. Como lá está escrito que “Todos pecaram e destituídos estão da Glória de Deus” (Romanos 3:23), então todo mundo carece de perdão de Deus.

Em outro lado, o Apóstolo Paulo (o mesmo de Romanos, acima) diz que “onde não há Lei, não há transgressão da Lei” (Romanos 4:15). Daí deriva a piada acima. Ora, se eu não sei se algo é errado, como é que eu vou evitar cometer um erro? Eu não posso ser considerado culpado por algo que eu sequer sei que é errado.

Nas minhas aulas de domingo, na Escola Dominical, da Igreja Batista Essência, me saí com uma alegoria que exemplifica bem esse conceito:

Cinto de segurança

Houve um tempo em que não era “pecado” (lei) o uso do cinto de segurança. Isso era assim por várias razões. Houve tempo em que nem cinto havia. Portanto, como antecipar o uso de algo que ainda não tinha sido inventado?

Depois da invenção do cinto abdominal, sua limitação de uso e a incerteza sobre se ajudava ou não em caso de acidentes, fez com que seu uso demorasse a ser tornado obrigatório. Isso ocorreu até que a Volvo criou o Cinto de 3 Pontas, e cedeu, gratuitamente, a novidade para todo o mercado, diante do impacto positivo e do aumento fantástico de segurança para os motoristas.

Passou a ser Lei, e hoje eu sou multado se ando de carro sem o apetrecho. Minha aplicação diz respeito justamente a isso – a Lei era considerada boa, por Paulo, e por Jesus (que diz que a veio cumprir, e não revogar). Portanto, a existência de uma Lei que me obrigue a usar cinto é algo fundamentalmente bom.

Mas o melhor de tudo não é a Lei – é o Cinto de Segurança em si. Eu esqueço do incômodo de usá-lo principalmente no calor, quando ele me protege de dar de cara no parabrisa do meu carro, ou de sair voando através da janela, em caso de colisão. ÉSSA é a beleza da Lei. A Lei foi dada porque fundamentalmente é algo que faz bem ao ser humano.

Trata-se de uma coisa que ajuda, e, se entendida, não traz chateação. O Rei Davi diz mais de uma vez nos Salmos que “A Lei do Senhor é perfeita”, “Ó quanto eu amo a Tua Lei”, e por aí vai. Davi entendeu a utilidade da Lei, mais do que o “fardo” que alguns querem fazer parecer.

O Inuit fez a pergunta errada, pra começar a conversa. Não se trata do “pecado”, mas do erro de se afastar de uma “regra” que preserva e melhora a vida. O Inuit deveria ter refletido sobre o quanto a Lei Natural, a Revelação Natural, é útil. Ainda que admitisse a existência ou um conceito diferente de Deus, a revelação natural existe e subsiste como conceito por si só.

Se Tia Edna morreu ou não, o fato independe de terem ou não me contado.

O Deus do Inuit

Não tenho a menor ideia – no momento que escrevo – de que tipo de deidade acreditam os Inuits*. Vou procurar ver depois. Mas independentemente disso, a piada mira no cristianismo, de forma bastante direta. De qualquer forma, a Palavra diz que “ninguém pode se dar por escusado”

A charada, pelo menos do ponto de vista Cristão, “morre” com a afirmação d de Efésios 4:9-10 (citação abaixo), de que Jesus Cristo, desceu para ao “Hades” (morada das almas dos mortos) para “pregar às almas”. O Hades é um conceito grego que não equivale a inferno. Segundo a Bendita Wikipedia, “Hades é a transliteração comum para o português da palavra grega haídes, usada em várias traduções da Bíblia. Talvez signifique “o lugar não visto” ou “o lugar invisível”.

Jesus teria ido a este “lugar invisível” para “pregar às almas”. Quando foi isso? Não importa. Se cremos que Jesus é Deus, e eu creio, estou plenamente confortável em crer que o local não é físico nem cronológico. É todo e qualquer momento em que o ser humano será visitado, “sim ou sim”, pelo Filho de Deus, que lhe falará diretamente ao coração e indicará o caminho ao Pai. Assim, ninguém, biblicamente, pode se dar por escusado.

Em tempo, as citações que chegam a esta conclusão estão contidas abaixo:

Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito.

(1 Pedro 4:6)

 Ora, isto – Ele subiu – que é, senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas da terra?  Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. 

Efésios 4:9-10

Quer-se dizer que Jesus não desceu a canto algum que não já estivesse ido, seja no Sábado de Aleluia seja em qualquer outro dia, antes, durante ou depois da Sua Vinda. Isso importa menos do que o tema aqui proposto – ninguém poderá ser dado com escusado diante de Deus no dia do famoso “Julgamento”. Todos, grandes e pequenos, de todas as épocas, tribos, povos e raças, irão se encontrar face a face com Deus. Nisso eu creio, por isso anseio e espero.

Ao meu amado amigo (que não menciono porque não me procurou pra estudar – diz ele que tá em Harvard, of all places, fazendo uma pós graduação. Tendo a crer… hehe) digo que espero que ele aceite a resposta dada, de coração, às suas inquietudes. Lembro, porém, o que ouvi de Joelmir Betting, de saudosa memória e católico praticante:

“A quem não crê, nenhuma explicação é suficiente; a quem crê, qualquer explicação é desnecessária”

Atribuído a Joelmir Betting – já que ouvi dele.

* Li depois na Wikipedia que os Inuits não acreditam em um Deus, mas em um monte de espíritos e deidades, bons e ruins. Ou seja, são “animistas” como boa parte das culturas nômades. Na minha opinião, esta é uma razão pela qual a maioria aderiu ao cristianismo de bom grado. É uma explicação mais razoável para o mundo. O mesmo aconteceu com os povos indígenas mais ao sul, mas esses já tinham em si o conceito de um Deus criador. Mas isso é outro capítulo.

Meditação e Ansiedade

Uma manchete do jornal conservador, cristão, Gazeta do Povo (https://www.gazetadopovo.com.br/pino/monja-coen-curitiba-ansiedade/) chama atenção sobre a “cura da ansiedade pela meditação”.

Eu sou curioso e já tentei esse tipo de meditação. O que aprendi, e que rejeitei, foi o fato de que ao meditar buscamos “esvaziar nossa mente”, e que o ato de esvaziar a mente nos faz “reordenar o pensamento”, relaxar, etc. Concordo que ao decidir voluntariamente não pensar, eu estou desligando conexões e emoções que podem me conduzir a um processo de ansiedade.

Ansiedade é “excesso de futuro”, como alguém já definiu. Assim, ao me desligar voluntariamente da cognição, eu tendo a me desligar do que me dá “excesso de futuro”.

Funciona?

Funciona. Eu mesmo sou testemunha de que funciona. Mas não se trata do fato de que eventualmente a meditação não me sirva, para este fim. Não se trata de “funcionar”, mas de como funciona.

O mecanismo que eu consegui enxergar na meditação funcionou (para mim) mais ou menos assim: pegue um “mantra” – uma frase que não tenha significado particular algum. Pode ser “ohmmmmm” ou “ahhhhh”, ou até “gooooool” repetidamente. A frase vai aos poucos perdendo o significado (que já nem tinha) e se torna um foco em si, fazendo com que você automaticamente “não pense” (o conceito aqui é extremamente difícil de confirmar, pois que creio que o cérebro não pararia nunca, em termos cognitivos, mas apenas que bloqueemos a compreensão dos programas que rodam “por trás” na nossa CPU). Alguns dizem que olhar pra ponta do nariz faz com que a gente já deixe de pensar automaticamente. Isso, junto com o tal mantra, nos faz esvaziar a mente. Deve ser, conforme aprendi, uma coisa feita intencionamente.

Aqui, outra pergunta – intencionalmente “não pensar” é um conceito que me escapa à compreensão. Mas vamos adiante.

O que significa Funcionar, para a Ansiedade?

Se eu medito, esvazio a mente, com o objetivo de controlar ou eliminar a ansiedade, preciso entender o que pretendo com isso. Sim, ansiedade é ruim, e a própria Bíblia deixa isso muito claro:

Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças. 

Filipenses 4:6

Eu não preciso ter “excesso de futuro” na minha cabeça, ou seja, não devo andar ansioso. Como eu resolvo isso, é outra parada. Ora, existem causas para ansiedade? Sim, quase sempre. Afinal, a vida é um jogo complexo que envolve peças móveis e de difícil compreensão. O ser humano tenta, e em parte consegue, controlar parte das peças móveis, de forma que ao longo da história cada vez menos variáveis “doidas” ficam presentes na vida cotidiana: a luz funciona de noite – quase sempre, a água está na torneira – idem… não estamos sujeitos a morrer pela espada (exceto em algumas áreas e mesmo assim algo relativamente raro, em relação à toda história humana), e assim por diante.

A ansiedade pela comida e bebida, expressa por Jesus no Sermão do Monte (não andeis ansiosos pelo que haveis de comer ou o que haveis de beber… vestir, etc) já não parece tão presente numa sociedade em que o problema passou a ser o excesso, e não a falta de comida e bebida. Assim, vamos controlando variáveis aqui e ali, e passamos a nos tornar mais senhores do nosso destino – segundo nossa compreensão.

A ansiedade tenderia a acabar, mas isso não é o que vemos recorrentemente. Vemos, ao contrário, que as razões da ansiedade passam a ser vistas em coisas muito menos importantes, em termos existenciais, e muito mais relevantes para quem está ansioso. Ir numa festa com a roupa correta parece ocupar um lugar de ansiedade muito maior do que, por exemplo, ter o que comer amanhã, como era há poucos 250 anos atrás.

Então, meditar para afastar a ansiedade pela interrupção do fluxo de ideias na cabeça, parece não ter lugar para acontecer, visto que os motivos para a ansiedade parecem, hoje, muito mais fúteis ou difusos do que em qualquer outro momento da história. Ora, se é assim, o que fazer com uma ansiedade insistente, paralizante e francamente não existencial?

Ansiedade é razão para Ansiedade

Parece paradoxal, mas fica-se ansioso hoje até pela própria sensação de ansiedade. O que quero dizer com isso é baseado em algo que acontece comigo, todas as vezes que saio de férias ou tiro uns dias de “boreste” em casa. Fico ansioso pela necessidade de ter ansiedade. Afinal, o escritório, os afazeres, não podem ser conduzidos por outros, que não eu mesmo. EU preciso estar lá. EU preciso tomar decisões. EU preciso estar no controle. EU EU e EU.

Essa ansiedade não irá embora de jeito nenhum, exceto por uns instantes durante e depois da meditação, pois que não tem suas questões fundamentais resolvidas.

Monja ou não monja, bacana, trendy ou lacradora, meditação por esvaziamento não funciona para o que realmente importa – o futuro.

O futuro está lá, ansiosamente visto ou não

O futuro existirá independentemente de nós. Ele existe e ponto final, e chega até nós um segundo por segundo. Nem mais nem menos. Eu sou um carro indo em direção a um muro, chamado morte física, e no caminho até lá eu tenho que me livrar de buracos, manter-me na pista, fazer as curvas corretas, não desrespeitar os “sinais” e tentar chegar incólume – a que? À morte? Sim, inevitavelmente.

Como não ficar ansioso com um futuro tão pouco promissor? É assim pra todo mundo, exceto uns poucos (quem crê, crê). Então eu, por esvaziar minha mente, me livro da ansiedade? Não creio. Mas essa é só minha opinião.

Então, como eu decido enfrentar a ansiedade, sendo ansioso como sempre fui? Afoito, como sou chamado por colegas e amigos? Imediatista, como já fui tachado centenas de vezes pelo meu saudoso e amado pai?

A resposta veio a mim pela Bíblia, me instando a fazer exatamente o oposto. Em vez de me esvaziar, me encher. De quê? Do Espírito de Deus:

E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito,  falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus. 

Efésios 5:18 a 21

Isso resolveu meu problema? Sim. Deixei de ser ansioso? Não. Como assim? Que burrice! Algo resolve seu problema de ansiedade e não te torna menos ansioso? Não se trata disso. Deixe-me explicar.

Sintomas de ansiedade podem ser controlados com química, remédios, e até (por períodos mais ou menos longos) com meditação, estilo “esvaziar a mente”.

Ansiedade em si, não pode. Ela é um estado de alma. É uma condição do ser humano que não o deixa e faz parte. Não existe condição física que liberte o homem da ansiedade. Vejo ricaços ansiosos, e paupérrimos “zen”. Vejo saudáveis ansiosos e doentes “de boa”. Vejo gente bem sucedida tranquila e gente com zero sucesso doente de ansiedade. Ou seja, é uma condição (creio eu) pessoal, de alma e corpo, e que não fica sob controle, senão por pouco tempo e à base de Sertralina e Meditatina, ou qualquer técnica que se aplique.

Ansioso, sem Ansiedade

Deixei de sentir os efeitos da ansiedade sem deixar de ser ansioso – e sem me preocupar em controlar tais efeitos. Faço tudo o que posso por mim, para não viver sob a égide da ansiedade. Faço exercícios físicos, me alimento bem, etc e tal. Mas o que realmente foi o “game changer” está no texto acima, de Efésios, e antes, de Filipenses – tento me encher do Espírito e levar a Deus minha ansiedade – ou melhor, o que, no momento, naquela janela de tempo, está causando a ansiedade “do momento”.

Como ansiosos profissionais, alguns de nós sabe perfeitamente bem que só precisa de meia razão para puxar o gatilho da ansiedade. Qualquer coisa é razão. Pode ser um suspiro mal dado, que nos leva a sentir uma dorzinha do lado. Pode ser um cliente que te olhou meio torto. Pode ser qualquer coisica, de nada, que já está lá o monstro nos olhando e nos dizendo “vou te devorar”.

O muro da morte continua lá, e eu nem me dou mais conta. Parece que a ansiedade se torna uma forma de encher a cabeça com bobagem, retirando de nós a única coisa que deveria ser fonte dela – o nosso fim, que virá com certeza. Parece então que a ansiedade é um mecanismo de defesa contra a certeza da morte. Será que é isso? É algo meio diabólico, que me tira do foco que eu deveria ter – a morte como a única coisa segura da vida. Algo que o ser humano comum tenta esquecer que está lá, e não deveria. Deveria, isto sim, encará-la como um fato e entender o que crê (se é que crê) que está do outro lado.

Se eu creio que há algo depois do muro da morte, eu sim, deveria estar preocupado em entender o que é e como fazer para me virar, depois do muro. Se eu não creio, deveria estar ansioso pelo caminho mesmo, até lá – ou seja, a ansiedade se torna algo muito mais imediato, um problema diário a ser resolvido.

Eu decidi o seguinte: o muro da morte não é o fim. Eu creio que depois do muro da morte, existe vida eterna. Entendo que a vida eterna que existe lá pode ser de duas naturezas: com ou sem o Criador. Obviamente, já disse que creio no Criado. Decidi ainda que o caminho daqui até o muro pode ser mais ou menos acidentado, mas que eu deixarei isso pra Ele mesmo, o Criador, decidir como será. Não se trata de cruzar os braços e deixar que Ele decida, mas viver na certeza de que Ele anda cá comigo, dentro de mim, na verdade, e que a ansiedade não vai embora mas que ela não importa. Já que estou “em Cristo” e sou “nova criatura”, as coisas velhas passaram, tudo é novo. Não vou deixar de ser ansioso, mas não vou deixar que a ansiedade me defina.

À monja e seus seguidores, meu profundo respeito. Não minha admiração, pois não posso admirar o vazio. Posso sim, admirar Deus agindo em mim, ao meu redor, no universo todo. Posso permanecer com minha ansiedade intrínseca sem achar que o mundo vai acabar por conta dela… o meu mundo.

Pretendo sim, extirpar a ansiedade do meu modo de vida. Em certa medida tenho conseguido ser menos ansioso. Isso está acontecendo por eu me encher de Deus, não por me esvaziar de mim.

Apátridas

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Seu João, o Apátrida

O avô da minha esposa, Sr. Jon Friesen, era de origem alemã, menonita. Nasceu na Sibéria Central, Rússia, no início do século XX. Com o advento (tragédia) da Revolução Bolchevique, os menonitas, cristãos, tiveram que se mudar de lá, fugidos, atravessando o Rio Amur, da Sibéria para o norte da China. Toda a família foi – pai, mãe, filhos, tios, tias, primos, e tudo o que tinham de possessões terrenas, em cima de carroças com esquis, feitas trenós. Passaram quatro anos (acho) para atravessar toda a China, então um “protetorado do Reino Unido”, até chegar a Shangai, e de lá num barco para Marselha, na França, onde uma sociedade de apoio aos migrantes menonitas os indicou dois destinos possíveis – Brasil ou Canadá. Parte da família escolheu Brasil, parte Canadá. Até hoje existem menonitas de nome Friesen (que é bem comum) em ambos os locais, aparentados.

O Sr. João (o Jon ou Ivan) entrou no Brasil como “Apátrida”, com um documento emitido pela Liga das Nações (creio, também), antecessora da ONU. Tive esse documento nas mãos, e creio que meu sogro, Heinrich Friesen, ainda deve ter em algum lado, ou a Tia Gertrude Friesen Dyck. Foi meu primeiro contato direto com o termo Apátrida – “sem pátria”. Ora, Seu João, a quem conheci bem, nos anos 90, tinha cara de “russo”. Falava um tantinho de russo, além do Alemão (Hoch Deutsch – o “Alto” Alemão, de Goethe e Schiller) e o Plötisch (ou Platt Deutsch, “alemão amassado” (Sic!) ou dialeto dos “alemão russo” como falam ainda hoje aqui perto, na colônia menonita de Witmarsum). Era russo, mas não era russo. O pai nasceu, até onde sei, na Península da Criméia, que já foi Rússia, já foi Ucrânia, já foi Rússia, já foi Ucrânia… e hoje é Rússia, de novo, meio que na marra). Não era Ucraniano. Não era Alemão (Friesen significa originário de Friesland, que tem Ost-Friesland e West-Friesenland, região do norte da Alemanha e Holanda, de onde vem a mistureba que chamam de Plöttisch…).

Seu João nunca se naturalizou brasileiro. Morreu Apátrida, portanto. Bom, eram os tempos dos documentos de papel, dos passaportes falsificáveis (hoje ainda são…) e das encrencas de fronteiras, que ainda existem naquela parte do mundo. Ao que me consta nunca teve problemas aqui. Aqui casou, criou os filhos, possuiu terras, e até se aposentou, e morreu. Está enterrado na Colônia Nova, em Nova Aceguá (antigo distrito de Bagé-RS) e em paz descansa, com o Senhor.

Da Sibéria para a Nicarágua

Ser apátrida por contingências é algo triste, até certo ponto. Depende de uma nação acolhedora, como eram o Brasil e o Canadá de então (e ainda são) para receber e dar uma vida digna a esses imigrantes pobres e sem bandeira.

Ser apátrida por decisão de um Estado Nacional é coisa que dificilmente se vê. Eu vejo histórias de “banimento” feitas por monarcas absolutistas de até o Século XVIII. Depois disso nem sei se o fato voltou a existir. Os absolutismos foram sendo reduzidos e os banimentos se tornaram muito raros. Depois da 2a. guerra mundial, nem sei como anda isso. Não sou expert em política migratória internacional, mas tendo a pensar que quase nada assim acontece. Nações desenvolvidas acabaram com isso.

De repente, surge um sujeito do 3o. mundo, com cara de caudilho analfabeto, e começa a retirar cidadania de seus paisanos. Um bispo aqui, um escritor ali, uma ativista de direitos humanos acolá… e isso parece que não incomodou ninguém, nem no mundo dito civilizado, por um bom tempo. Parece que começa a incomodar agora. Até mesmo no nosso Brasil varonil, de triste governo e tendências autoritárias. Parece que a dose foi demasiada, até mesmo para gente pouco dada à democracia, como os que temos no poder, antes e agora.

Ora, o que significaria ter sua cidadania, seu direito a um país, a uma bandeira, caçados por decisão do chefete de estado de ocasião? O que dizer ao mundo, se você agora se vê sem direito algum, em sua própria terra, da qual detinha um passaporte, cantava o hino e, no fim das contas, amava e ama?

O cidadão perdeu seus direitos, e não sabe para onde vai. Países latinos um tantinho menos ditatoriais, como Chile, Colômbia, México, outros nem tanto, como Argentina e Brasil, e até nações europeias, como Espanha (que, afinal de contas, criou essa confusão toda aqui) ofereceram asilo aos cidadãos (nenhum deles culpado de nada, exceto discordar do ditador). Como esses apátridas se sentirão aqui? Aliviados, como Seu Bernardo, pai do já descrito Seu João Friesen, por ter alguma terra para cultivar e paz para crer em Cristo? Ou frustrados por ter que receber um passaporte que não é o seu, de uma terra que não é a sua, cantar um hino que não é seu e tentar amar uma terra com a qual tem pouca afinidade?

Quem parará o ditador? Qual é o limite que precisa ser rompido, que lei internacional quebrada, que artigo da Convenção de Genebra burlado, para que o mundo se aborreça a ponto de intervir? Será Daniel Ortega melhor que Manuel Noriega, cujo Panamá se viu envolvido no quebra-pau com os EUA? Será que é preciso um Canal do Panamá para que alguém se digne a intervir?

O mundo está deixando de tomar atitudes por razões éticas, cada vez mais. Ah… isso sempre aconteceu, dirão os puristas. Sim, claro. Trata-se, porém, da frequência e natureza das infrações, e da qualidade e força das intervenções. Eu vejo um gráfico apontando uma queda cada vez mais forte tanto na frequência quanto na intensidade das intervenções.

Hutus mataram um milhão de Tutsis, em Ruanda, depuseram seu monarca, e o mundo olhou. As manchetes não tinham um milésimo da indignação que o holocausto até agora gera. Uganda foi inundada de refugiados Tutsis, que devem estar por lá até agora. Apátridas, todos, na prática, senão na documentação.

Eu e você, cristão, conservador ou pelo menos amante da família nuclear, de pai e mãe, corremos o risco de sermos os novos apátridas, em algumas décadas, ou anos? Eu tenho a distinta impressão que sim. E tenho também o distinto medo de que ninguém virá em nosso socorro.

Poda

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Tenho duas pequenas figueiras no jardim da frente de casa. Uma é de figos amarelos, é mais velha, e dá entre 200 e 300 figos todos os anos. Após cada estação, eu podo a figueira de um jeito que um vizinho já achou que eu ia matá-la. Nada disso. Quanto mais podo, mais (e melhor) era flore e dá frutos, no ano seguinte. A outra figueira é ainda muito jovem e só este ano começou a dar uns figos roxos bonitinhos.

Quem, como eu, tem jardim grande, sabe que só tem boas flores, boas folhas e bons frutos se você cuidar, aguar e podar com regularidade e sem muito medo de matar a plantinha. O caso do Bonsai é ainda mais complexo e emblemático: nesse caso, ideal é não deixar a planta crescer, podar raiz, e mantê-la quase à míngua. Daí fica linda e faz jus ao nome “árvore de pote”.

Acho que os caras de Davos devem ter chegado à conclusão de que são “jardineiros” desse mundo, e que precisarão fazer algo radical, como um “Great Reset”, ou uma poda rasa, para que o mundo continue a florescer. Parecem ter tomado nas mãos a tarefa da “poda mundial”. Para isso, precisam passar essa ideia sob um tom menos ameaçador do que faria um Hitler, um Stalin, um Mao ou Pol Pot. Precisam revestir suas ações de uma verborragia benevolente.

Bill Gates já foi acusado de querer atingir esse objetivo por meio de uma “vacinação forçada” (dizem os fact-checkers que é mentira). Independentemente do que seja ou não verdade, ou esteja ou não no coração dos “esclarecidos”, ou como Thomas Sowell chamou, os “Ungidos”, o fato é que muita gente acha que 8 bilhões é gente demais e uma poda expressiva precisa ser feita.

Quem fará? Eu? Você? Algum governo esclarecido, “do bem”? Malthus achava que a população se autorregularia na marra, por meio de epidemias e guerras. O pós-segunda-guerra provou que isso pode não ser tão verdade assim. Ou pelo menos que um “ajuste malthusiano” pode acontecer de forma mais espaçada, e, por isso mesmo, muito mais radical. Malthus pode até estar certo, mas não disse que alguém faria isso de forma premeditada e racional: apenas que situações específicas forçariam as tais pestes e guerras.

Podar milhões, ou mesmo bilhões de seres humanos, gente como nós, não deverá ser algo a ser feito sem uma reação grave, de quem está sendo “podado” ou que não crê nessa poda.

Eu, se for “podado”, não pretendo ir sem uma boa briga. Podar, não vou. O tal “ama teu próximo como a ti mesmo” não deixaria. Mas vá lá: no reino vegetal, pelo menos, uma poda é essencial. No reino animal, a poda é individual, e mais doída, por levar a totalidade do ser pro brejo. Mas suponhamos que necessária. Como escolher quem vai? Quem executa a poda, e com que instrumentos? Quem decide quem fica? Quem é mais importante que fique? Os bonitos? Os inteligentes? Os ricos?

Sob qualquer aspecto, o nível de julgamento a ser exercido, só Deus (“O” Deus) poderia saber. Mas ele já disse que uma poda virá, e já nos deu até as bases para o corte. Eu não preciso me preocupar nem escolher um lado para estar. Claro que, pudesse escolher, escolheria ser podado, antes que podar.

Países cujas populações passaram a decrescer, estão morrendo. O Japão é um exemplo. Portugal teve seu pescoço demográfico salvo por uma infusão de estrangeiros maciça. Outros, europeus, e mesmo a China, estão em declínio populacional (a China, somente este ano começou a encolher). O Brasil perdeu seu bônus populacional e agora envelhece a olhos vistos. É vítima de ter perdido a juventude antes de ganhar a riqueza.

Então a poda é necessária? Nunca foi, nunca será, e, pior, nunca seria algo moral. Seria sempre algo demoníaco, como aliás, tudo o que está acontecendo diante de nossos olhos é: o mundo jaz no maligno, diz a Bíblia, e em nenhum momento da história isso foi tão real como agora. Nunca o “diabo” foi tão presente na história – diabo significa “dois lados”, “duas facções”. O mundo nunca esteve mais polarizado, e as partes nunca se ouviram e tentaram se entender tão pouco quando hoje em dia.

O pior é que estou seguro de que ambos os lados do espectro ideológico parecem querer fazer o bem. Mas enxergam o outro lado sempre como sendo “do mal”. Somos incapazes de ventilar ideias e fluir palavras com a única intenção de melhorar o entendimento sobre um assunto, e sobre o outro.

Parece que um grupo de “demônios” fica direcionando um conflito sem fim, entre essas partes radicalizadas e isoladas uma da outra, colhendo os frutos que podem nos levar a tentar “podar” a outra parte. Malthus do Capeta parece que pode levar à poda.

É poda, ou não é?

Túmulos do Egito, Cebolas do Egito

  Disseram a Moisés: Será, por não haver sepulcros no Egito, que nos tiraste de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos trataste assim, fazendo-nos sair do Egito? 

Êxodo 14:11

Um povo que foi escravo por 430 anos num país estrangeiro tinha sido libertado. Quando estava na beira do Mar Vermelho, vem o perseguidor, o Faraó e seu exército, e encurrala o povo entre o mar e os guerreiros. O povo, então sai com essa pérola aí – será que não tem túmulo suficiente no Egito? Vamos morrer aqui?

Passamos agora pelo mesmo processo. Exceto que nosso líder não era tão bom como Moisés, e o povo decidiu voltar para o cativeiro do Egito. A comparação é ridícula, dirão muitos. Bom, é caricata, mas o fato é que estamos diante de uma escolha que tem a mesma natureza fundamental. E escolhemos mal, na minha opinião.

Lá na frente, o mesmo povinho continua a opor-se ao seu líder (esqueçam o caráter “messiânico” que emprestam ao líder atual – não é boa comparação):

  Lembramo-nos dos peixes que, no Egito, comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos.

Números 11:5

Diante de mais uma dificuldade, lembram-se das cebolas, dos alhos, dos pepinos, melões… era tão bom! Comíamos picanha à vontade. Tomávamos cerveja aos baldes e nada era tão tranquilo como a vida no Egito. Memória afetiva? Seletiva? Como é que um povo escravizado tinha uma percepção tão boa do cárcere em que viviam? Síndrome de Estocolmo (aquela em que o sequestrado acaba por defender o sequestrador)?

Já que escolhemos o Egito, pro Egito vamos voltar, e, pior, sem direito a mais 10 pragas pra nos ajudar a sair de lá. Sem nenhum Moisés pra nos ajudar (o atual vai acabar na cadeia, se Faraó conseguir fazer o que pretende). A língua pesada do Moisés da antiguidade é parecida com a língua pesada do atual. Não sei se a intenção é tão pura e boa (acho que não), mas o fato é que nos jogamos de uma língua presa “solta” pra uma língua presa “presa” (ou quase).

Não teremos cebolas. Mas quase certamente, teremos túmulos nesse novo Egito.

A Lei por Pretexto

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“Pode, acaso, associar-se contigo o trono da iniquidade, o qual forja o mal, tendo uma lei por pretexto? Ajuntam-se contra a vida do justo e condenam o sangue inocente. “

Salmo 94:20-21

Culminando uma série de malversações e sequestros da Lei, assistimos impotentes, como nação, no dia de ontem, a “cancelamentos oficiais” de executivos e donos de empresas que representam, sabe-se lá, alguns milhares de empregos diretos no país, sob pretexto de defesa da democracia. Na noite do mesmo dia, Luciano Hang, da Havan, vai às TVs para explicar a bobagem e a atrofia mental que leva um julgador a, açodada e bovinamente, aceitar uma “denúncia” de corporações sob a alegação de “apologia ao golpe”.

Num grupo de WhatsApp alguns do grupo vociferaram sua indignação com o status quo jurídico (do qual foram vítimas logo em seguida, como que confirmando a assertividade da opinião) dizendo que “preferiam um golpe a ver Lula de volta no poder”. Se a razão para cancelamento é essa, podem me prender e sequestrar minhas contas correntes também. Obviamente que não estou fazendo apologia a golpe coisa nenhuma. Apenas estou arrazoando quanto ao fato de que, se é para sofrer um golpe, antes seja esse baseado em intervenção militar do que numa “tomada de poder, o que é diferente de vencer eleições”, como postulou o terrorista-mor.

Ora, eu, de fato, temo mais os efeitos de longo prazo de um golpe “bolivariano” aqui no Brasil do que um suposto “golpe” militar, cujos efeitos já sofremos, e que acabou voluntariamente, por decisão dos golpistas em devolver o poder aos civis. Pela experiência mundial, não existe devolução do poder voluntária a “civis” no contexto de um golpe palaciano de esquerda.

O salmista, há 3 mil anos, ensinava que a Lei pode ser usada como pretexto para a opressão. Jesus Cristo comprou tremenda briga contra o status-quo farisaico, ao dizer que esses agiam mais ou menos assim:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!”

Mateus 23:23

A síntese do que estamos vivendo nem chega a poder ser denominada de farisaismo. Pode-se arguir que, na pior das hipóteses, os fariseus tentavam impor a outros aquilo que de fato criam ser algo nobre, a Lei. O caso aqui no Brasil é mais farisaico do que qualquer fariseu poderia ter elaborado: trata-se de usar a Lei como pretexto para implantar aqui uma ditadura “do proletariado”, uma entidade que sequer existe mais, na cultura do serviço, da tecnologia e do pleno acesso à informação. Esse é o martelo, que já não existe (se é que um dia existiu). Já a foice, essa está mais quebrada ainda, pois que o percentual de brasileiros vivendo no campo diminui, e a produtividade agrícola só aumenta, em virtude da ciência e da tecnologia.

Assim, sem bandeiras que deem suporte nem à foice nem ao martelo, a ânsia por escravizar parte para dividir o povo de outra forma, como já sobejamente sabido: ricos contra pobres, heteros contra homos, mulheres contra homens, pais contra filhos, ateus contra religiosos, e por aí vai. A tática da divisão para a conquista segue firme no imaginário de quem se vê como “libertador” do que sequer há de que se libertar.

A Lei virou pretexto para nos cancelar, nos prender, e para deturpar a própria lei, e, ao fim, acabar com sua própria aplicação.

Que ao fim e ao cabo se cumpra a parte seguinte do Salmo:

Mas o SENHOR é o meu baluarte e o meu Deus, o rochedo em que me abrigo. Sobre eles faz recair a sua iniquidade e pela malícia deles próprios os destruirá; o SENHOR, nosso Deus, os exterminará. 

Salmo 94:22 e 23

Amém pra isso!

No princípio era o Código-Fonte

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Com certeza, mudar o Evangelho de João de “Verbo” para “Código Fonte” vai aterrorizar alguns e outros me chamarão de herege. Afinal, creio que o próprio Apóstolo, ao trocar o nome de Jesus Cristo por “Verbo”, já deve ter apanhado em alguma medida… então o problema não deve ser novo.

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo ERA Deus. O que João chama de “Verbo” é a palavra Logos, de onde derivam todas as palavras ligadas à Lógica, como Antropologia, Teologia, e por aí vai. Logos é o nome dado filosoficamente à RAZÃO. Ou seja, João está dizendo que o que criou o mundo foi a Razão. Uma das definiçoes de Razão, rapidamente arrancada da internet é:

Razão, no sentido geral, é a faculdade de conhecimento intelectual próprio do ser humano, é um entendimento, em oposição à emoção. É a capacidade do pensamento dedutivo, realizado por meio de argumentos e de abstrações. É a faculdade de raciocinar, de ascender às ideias.”

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Ou seja, no princípio existia somente o conhecimento intelectual, o raciocínio. Sem o raciocínio, nada do que existe teria sido criado. E então o Raciocínio veio até nós, fez-se carne, e morou conosco, e vimos sua Glória, como a glória de um filho único de Deus – demonstrando que o Filho de Deus é A Razão, o Raciocínio, e que Jesus Cristo trouxe a nós uma nova razão.

Por que tudo isso? Porque no fundo, É como se Deus, ao criar, tenha criado um código-fonte da vida, que se espalhou de forma proposital e dirigida, coisa que está sendo difícil à ciência desprovar, a cada dia. Quando nos demos conta, estávamos olhando dentro de nossas células, e demos de cara com um código de quatro letras, A, C, T e G. Com essas quatro letrinhas, O Verbo criou toda a vida que existe, desde o Princípio até agora.

A conclusão então é a de que somos “informação”? Somos feitos de informação, com um propósito? Sim, creio. Só que, como um vírus entra num programa de computador, um “código malware” entrou em nossa programação e fez com que ficássemos impedidos de fazer qualquer coisa, sem essa sequência errada de programação. O “hacker” foi denominado de Diabo, Serpente ou Satanás (aliás, um belo apelido pra um hacker “do mal” como esse). Precisou de um antivirus de alta potência, que para retirar o vírus de nossa programação, teve que “se deixar apagar”, voluntariamente. Isto é, se deixou morrer. Com isso, levou cativo o cativeiro, ou seja, levou preso o malware. Limpou o programa, e é a chave para fazê-lo.

Apenas que esse antivirus não se instala em local algum, em programa algum, sem autorização individual, dada por um “Enter” bem teclado. E muitos de nós não reconhecem o malware dentro de nós mesmos, se recusando a deixar o antivírus nos limpar.

No princípio era a Razão. Deus é a razão, e pede de nós uma vida racional, capaz de olhar em volta, ver a complexidade do programa baseado nas quatro letrinhas, dentro de nosso corpo, e reconhecer que é impossível alguém dar de cara com um manual de programação sem entender que aquilo está ali com um objetivo, e não por acaso.

Indo Além

Deus como inteligência, porém, é uma visão muito estreita. Nós trataremos de “desumanizar” Deus, se o tratarmos apenas como inteligência. A Bíblia, o Manual de Instruções e Programação, diz que “Deus é amor”. Como podemos fazer essa transição lógica de inteligência para amor? Vivendo num mundo de “programas infectados”, conhecemos bem a inteligência sem amor, fria, autocentrada, e via de regra, usuário do alheio sem meias medidas e sem pudor. O inteligente costuma usar tudo ao redor, quando lhe falta justamente o Amor.

E Deus é “amor” em essência. O que se pode concluir disso? Que quando se é realmente inteligente, como Deus é, tende-se a colocar o amor na jogada (esqueça por um momento se você crê em Deus ou num deus – apenas trabalhe com as variáveis sobre a mesa). Só quem é sumamente inteligente pode ser sumamente amoroso. Quando você sabe que é a pessoa mais inteligente da sala, e não se beneficia do outro, você não perde o respeito pelo outro, mas cresce em Amor. Amor aqui definido como o desejo de que o outro seja melhor, se sinta melhor, ame, e propague o mesmo amor.

Jesus, o Verbo, então veio dar testemunho desse imenso Amor. A inteligência se fez mortal, viveu entre nós num tempo analógico, e de grandes limitações materiais, para contar a nós que é possível usar um potente antivírus e ter nossos programas consertados; olharmos a Criação e vermos o amor de Deus por nós, em cada “linha de código” contida numa árvore, num, bebê, num pé de alface, qualquer coisa; olhar o outro e querer para ele mais do que queremos para nós mesmos.

Vimos Sua Glória como a glória do Único Filho da Inteligência. Se é difícil entender por que um Deus manda “seu filho” para estar entre nós, talvez a analogia com um antivirus, que é capaz de andar no meio dos programas e linhas de código comuns, e não ser, ele mesmo, contaminado, nos dê uma visão clara do Amor da Inteligência, do Programador, por nós.

O nome “filho” talvez transmitisse melhor o conceito do Cristo no ano 1, e talvez hoje uma analogia melhor fosse justamente a de um “código comprimido”, um “arquivo .rar” de um programa maior, da mesmíssima essência, mas de função diversa, de ser provado e depois estar habilitado a retirar o “virus do mundo”, um Cordeiro.exe, que, se dermos o “Enter”, teremos a certeza de estarmos livres do malware. Estando no mundo, porém, sempre estaremos em contato com o “virus” e sempre precisaremos recorrer ao antivirus, sabendo que não há necessidade de dar outro “Enter”, mas somente pedir para que “rode” e limpe o que marginalmente foi escangalhado nas funções do dia-a-dia.

Que o Supremo Código-Fonte continue nos limpando dos malwares do dia a dia, até chegarmos à estatura de linguagens perfeitas diante dEle!

Salmos da Modernidade – Salmo 15

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A Casa de Deus não é moradia pra qualquer um…

Quem, Deus do Céu, vai morar na tenda que o Senhor mandou a gente erguer no deserto? Quem é que vai ser corajoso de viver tão perto de Você?
A resposta parece simples, mas no fundo é bem complexa e a gente nem se dá conta disso: quem tem integridade. Quem é justo no que faz, de coração. Quem fala a verdade.
Quem não fala mal do alheio. Quem não faz mal aos outros. Quem não calunia os outros. 
Quem despreza gente que é ruim, mas faz de Deus seu modelo de vida, e tem pavor de desrespeitá-Lo e as Suas Leis. Quem dá a palavra e cumpre a palavra, mesmo que isso cause prejuízo pra si. 
Quem não cobra juros absurdos dos outros. Quem não faz conchavo ou recebe propina.

Difícil, não?  Mas saiba que quem faz isso tudo, JAMAIS vai ter medo de nada. Vai viver de cabeça erguida para sempre. 

Salmos da Modernidade – Salmo 14

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Já dizia o Salmo original – “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus.” O tempo passa, o tempo voa… ninguém consegue explicar onde fica a linha divisória entre a matéria inanimada e a vida… mas todo mundo continua, como o insensato, dizendo que “não há Deus”. com Letra Maiúscula.

Acho até que por isso mesmo essa gente faz tudo o que é errado. Ora, se não tem Deus, não tem razão pra ter medo de qualquer coisa. E se não existe razão pra ser bom, sejamos maus…

Esse Deus que os insensatos dizem que não existe fica só de olho, fixamente voltado para nós, pra ver se tem alguém que, com coração bom, O busque.

Mas todo mundo, ou quase todos, continuam andando insensatamente, lotados de corrupção, interna e externa, e não tem ninguém que queira fazer o que Deus aprova – ora, se Ele não existe? Então por que? 

Será que a gente não entenderá nunca que quem nos lidera na verdade se serve de nós, como uma refeição gulosa e saborosa, sem ligar pro que Deus diz ao governante?
Vai chegar o dia que esses aí morrerão de medo, porque Deus toma conta e se preocupa com quem é justo!
Vocês, gente má, acham ridícula a opinião e as necessidades dos pobres, mas o Senhor é que toma conta dos humildes. 
Quem nos dera que Deus já tivesse mandado a gente má pro inferno! Mas tenhamos certeza – quando Deus decidir agir, ele vai fazer com que nosso futuro mude pra muito melhor, e todos daremos boas e felizes risadas!