Um pastor metodista, Emanuel Cleaver, foi convidado para orar na abertura do 117a. legislatura de congresso norte-americano. O tal reverendo terminou a oração dizendo “Amen and Awomen” (em Inglês soaria como “Ahomem e Amulher“). Gargalhadas à parte, o fato reflete o “Ésprit des Temps“, uma desgraceira idiotizante que se instalou na sociedade mundial, EUA na frente. É, como diria Fernando Lyra, a “vanguarda do atraso“… Amém, todo mundo sabe ou deveria, significa “Assim seja”. Nada mais do que isso, em hebraico.
Vou deixar em ingles mesmo porque é engraçado… “Back in the 60s this joke made the rounds: “Why do we say ‘amen’ and not ‘awomen‘?” The reply: “Because it comes at the end of a hymn, not a her“. A piada é quase intraduzível e não tem graça alguma em Português, mas é muito legal assim mesmo… mas ERA uma piada…
Em tempos passados expressões como “meus povos e minhas povas“, “everybodies e everycabras“, e mais recentemente “presidenta“, “Amigues“, entre outras pérolas, ou eram, de cara, piadas e motivo de muita risada, ou foram objeto de ridículo até por quem nem estudou tanto assim. “Povo de Sucupira…” como diria Odorico Paraguassú… um desses dias vamos acabar achando que saudar a mandioca faz sentido…
Gente sem ter o que fazer já até teorizou que “Amen” derivaria de “Amen-Rá” (ou Amun-Rá, divindade egípcia – não confundir com o terrível personagem de quadrinhos Moon-Rá, dos Thundercats…). Mas ninguém ainda tinha duvidado da masculinidade do “pobre” Amém.
O reverendo não ficou satisfeito em orar ao Deus Único – que de uma ou outra forma, é o Deus dos “povos do livro” (Judeus, Cristãos e Muçulmanos) que representa a fé de uns 95% do congresso. Inventou na hora, provavelmente, uma inclusividade que chegou até a deuses pagãos. Só faltou incluir o Deus dos sem-deus, os ateus.
De novo, gargalhadas à parte, é uma tragédia intelectual que um cara que se formou em teologia, numa importante denominação cristã cujos princípios foram deixados por John Wesley (do qual meu nome – que odeio – deriva) tenha falado tamanha asneira. O fato é que os “progressistas” vão quebrando com as tradições e a cultura de um povo – pra não falar da fé, mesma – aos pouquinhos. Colocar um monge budista pra orar no congresso americano não ia pegar bem agora, de cara. Mas começar com um tresloucado qualquer, disposto a aparecer à custa da fé que deveria representar, vai quebrando algo muito caro aos americanos de forma paulatina. Fica “lindo”, “inclusivo”, uma beleza aos ouvidos de alguns, e não tão cacofônico aos ouvidos de quem se espantaria com a temperatura da proverbial água no balde do sapo.
Barbaridade, diriam os gaúchos. Barbaridade mesmo – coisa de bárbaro roendo o Império pelas beiradas, impulsionados pela sede de destruir o que está lá. Podem ter certeza de que vai dar certo, se Jesus Cristo não retornar primeiro – no que creio firmemente. Ocorre que, assim como em 473 DC, o resultado costuma ser uma “Idade das Trevas” de mil anos.
Estamos pagando pra ver. Estão reescrevendo o significado das palavras na nossa cara, à força, e sem o auxílio luxuoso do povão, que é quem sanciona as mudanças, em última instância. Se pagamos pra ver, vamos acabar vendo, ou não, por estarmos mortos, nós que ainda achamos que a língua importa.