Cristão tem medo de Ciência?

Li um interessante artigo no excelente site Quillette (www.quillette.com), um artigo longo, textão mesmo, como são quase todos os artigos desse site, mas detalhado e muito bem escrito. Coisa fina. Vale ler.

O artigo está acima e mesmo quem não conhece inglês pode traduzir lá mesmo.

Lá o autor trata de uma “briga” de palentólogos em torno das chamadas “Primeiras Nações” ou “Primeiros Povos”. Arqueólogos escavaram numa região que vai do estado do Maine até Newfoundland (Terra Nova), no Canadá, fósseis datados de uns 10 mil anos atrás, que apresentam um povo mais desenvolvido do que povos nativos mais recentes, da região. O “suco do assunto é que os povos nativos americanos passaram a exigir que os paleontólogos e arqueólogos NÃO estudem esses povos, mas que enterrem de volta os achados arqueológicos, no que chamam de “restituição”.

Será que eles não querem saber sua origem? Não é assim. É que os achados apontam para o fato de que os povos que hoje se consideram vítimas dos Europeus foram, eles mesmos, algozes de povos que já estavam na região há mais tempo, desfazendo o mito da sua primazia, e a narrativa de seu bom-mocismo.

Ciência bota medo…

Em outra ocasião, mais recente, cientistas brigam com outros cientistas sobre a validade de destruírem certas posições anteriores com teorias mais modernas, e mais corretas.

Tem gente querendo substituir o Big Bang a todo custo, simplesmente porque não cabe na sua narrativa sobre a origem do universo e da vida. O mesmo Stephen Hawking lutou com unhas e dentes até o fim da vida para tentar achar uma equação, uma explicação para “desdizer” a teoria que ele mesmo trabalhou para explicar e popularizar. Tudo porque seu ateísmo, ou agnosticismo, não podia suportar a afronta de que o universo teria tido um início, e portanto, um “causador”.

Diante disso tudo, nos vemos, cristãos, diante de uma situação em que, frequentemente chamados de negacionistas, terraplanistas e anti-científicos, temos que optar por uma postura mais bíblica, entendendo que a Bíblia pode contradizer a ciência em algum momento.

Os que chamam o cristianismo, principalmente o Catolicismo original e os Reformados de obscurantistas talvez se esqueçam que a quase totalidade das instituições de ensino que hoje lideram a pesquisa científica no mundo são de origem, inspiração ou manutenção cristã ou de cristãos (desde a Universidade de Padova, passando por Oxford, Harvard, Cambridge, todas as PUCs do planeta, e por aí vamos).

Muito, ou mal usado pelo Presidente, o texto de João 8:32, sempre foi um dos meus preferidos. Costumo brincar que é o Texto Áureo dos Auditores:

“E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará”

Jo 8:32

Se a bíblia é a inspirada palavra de Deus (e eu creio nisso) e o texto acima partiu da própria boca do Filho de Deus (eu creio nisso também), então cristão algum tem o DIREITO de ser acrítico, anti-científico ou jogar na retranca, quando o assunto é ciência.

A razão é muito simples – cremos (eu creio) que Deus é o autor da ciência. Se Ele criou as regras e leis deste universo, que são explicadas e desfiadas na física, química, biologia, etc, NÃO TEMOS o direito de achar que uma equação vai desdizer, ou desfazer o que cremos.

A Bíblia nunca se propôs a ser um livro científico. Escrita para pessoas tão diferentes quanto (adoro falar isso) Albert Einsten e Forest Gump, a Bíblia teve por obrigação ser atemporal, e acessível a ser explicada a todos.

Quando a Bíblia fala de um assunto que está francamente acima da capacidade, mesmo dos mais iluminados humanos, ela deixa claro que há coisas que são “mistérios”, ou que ainda não foram reveladas. Mas isso nada tem a ver com obscurantismo ou qualquer tipo de limitação à investigação. Nos escritos do Velho Testamento, Deus já falava a Adão e Eva que entendessem o mundo, dessem nomes às espécies (numa ordem de taxonomia bem clara).

Posso concluir que se a ciência em algum momento contraria a Bíblia, só pode ser por dois motivos:

  • Erro de Interpretação – Quem diz falar “pela Bíblia” na verdade entendeu errado ou criou um “dogma” que não deveria haver. Um exemplo claro éa insistência da igreja católica em condenar as teorias da terra redonda e que não seria o centro do universo. Na verdade o livro de Isaías já nos advertia de que “Ele é o que está assentado sobre o globo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; ele é o que estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar” – Isaías 40:22)
  • A Ciência ainda não chegou lá – Aqui, o maior exemplo vem da antiga teoria cosmológica, válida durante décadas, de que o universo nunca teria tido começo e não teria fim. Desbancada pela descoberta da radiação de fundo, e comprovada nos laboratórios Westinghouse, em Nova Jersey, por Arno Penzias e Robert W. Wilson. Os “fósseis” de luz comprovariam a teoria de que alguém riscou o fósforo que gerou a explosão.

Que tranquilidade é saber que a ciência não desbancará, nunca, o Deus Onipotente. Que alegria é saber que a Bíblia é mais inteligente do que alguns se arvoram o direito de se achar. O caso mais recente, emblemático e francamente ridículo foi o do artigo de Mário Sérgio Conti, comparando nossa crença em Jesus Cristo à do coelhinho da Páscoa.

Este douto senhor, do alto de sua inaudita inteligência e certeza de todas as coisas declara-nos a todos nós como crianças burras e obscurantistas… Como se homens (de verdade) muito maiores e mais inteligentes do que ele não tivessem declarado seu pasmo e reverência a esse Deus Criador.

Termino com as palavras de Louis Pasteur, sempre citado pelos cristãos, cujos feitos excedem, talvez, um pouquinho, à montanha de maravilhas criadas por Conti:

Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima.

Louis Pasteur

2 comentários em “Cristão tem medo de Ciência?”

  1. Parabéns, Wesley,pelo excelente texto!Que O Deus ,a quem vc serve ,receba tudo como oferta de um coração humilde e sincero e a Ele toda honra e toda Glória!

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