Bovespa
No auge da crise do subprime, nos EUA, a bolsa brasileira oscilava entre índices Bovespa de 42 mil a 50 mil pontos. No início do primeiro governo Dilma, a Bovespa chegou a 70 e poucos mil pontos; já auge da crise “da Dilma”, em 2013 a 2015, o mesmo Bovespa mostrava uns 40 mil pontos, tendo chegado a meros 38 mil pontos, se a memória não falha. Na transição par ao governo Temer, o golpista, o ilegítimo, o Bovespa chegou a 97 mil pontos. Hoje, no auge da “crise da Covid”, da “crise Bolsonaro”, o mesmíssimo Bovespa demonstra 124 mil pontos.
O que é este Índice? Para quem não tem familiaridade, a Bovespa/B3, é a maior Bolsa da América Latina, e como tal, contém ativos financeiros (ações) das maiores empresas do país, algumas entre as maiores do mundo, como Vale, Petrobrás, WEG, Cemig, Telefónica, entre tantas outras.
É, portanto, a média ponderada da valorização (ou desvalorização) desses ativos, negociados livremente entre milhares de pessoas físicas e jurídicas, diariamente, de forma clara, transparente e sem interferências externas (há controvérsias, em alguns casos, mas as tentativas de manipular o mercado são normalmente coibidas pelo xerife do mercado, a Comissão de Valores Mobiliários, ou CVM).
Trata-se então, de uma representação numérica da vida econômica do país, em grande medida. Claro que não é um índice que mede confiança, nem performance econômica, mas certamente, num prazo mais longo, representa o grau de certeza ou incerteza dos agentes econômicos sobre nosso país.
O gráfico é publicado diariamente, e portanto ninguém pode dizer que não tem acesso, ou que as informações foram manipuladas:
Então vamos partir dos seguintes pressupostos:
- Milhares de pessoas transacionam em Bolsas de Valores todo santo dia
- Todas essas pessoas o fazem de boa fé, e de forma livre
- As empresas nas quais investimos diariamente são empresas que estão inseridas no contexto nacional – para bem ou para o mal – dentro das regras tributárias, trabalhistas, de juros, de crescimento do PIB, etc
- As empresas estão inseridas também num contexto internacional, sujeitas a chuvas e trovoadas como todo mundo.
Se tudo acima é verdade, então como é que em plena CPI da Covid, com todos os holofotes virados contra o executivo, com o STF agindo como executivo, o legislativo também tentando, por que a Bolsa sobe? O que essa miríade de gente pensa da vida, pra apostar as fichas em produção, lucro e perspectivas de valorização desses papéis?
A realidade
Existe um fator que precisa ser dito, a bem da verdade, e que ajudou em muito a decolagem da Bolsa – a queda dos juros. Com juros reais negativos, o brasileiro parece que “descobriu” o mercado de renda variável. Mas por que exatamente? O medo não seria razão suficiente para um refúgio seguro na poupança?
Que razão leva milhões de pessoas físicas, brasileiros de carne e osso, assalariados, a “aventurar-se” em Bolsas, sabendo que um dia se ganha, outro se perde?
A resposta parece estar no distanciamento cada vez maior entre o Brasil real e o Brasil Brasília, o Brasil Imprensa, o Brasil mídias sociais. O fato é que é difícil atribuir (eu não atribuo) essa subida das Bolsas ao governo Bolsonaro. Aliás, creio que se o chefe do executivo tivesse ficado calado 70% do tempo em que passou falando em microfones, talvez o Bovespa já estivesse em 150 mil pontos.
O fato, porém, é que o governo real, do país real, montado pelo dito ogro, está fazendo um bom trabalho, que começou com a difícil e necessária reforma da previdência, e agora parece continuar, aos trancos e barrancos, com a mais necessária ainda reforma administrativa.
Esta última, se feita adequadamente, pode ser a chave para a redução do tamanho “elefantal” (como diria o ex-ministro Magri) do estado, abrindo caminho para uma reforma tributária digna do nome – o que não é possível hoje, com o orçamento engessado e os déficits públicos crescentes.
E daí?
E daí que ações importantes, aqui e ali, como a facilitação da entrada de novos “players” no segmento bancário, com a ampliação do crédito e criação de toda uma nova classe de bancos, financeiras e FIDCs, somadas ao PIX, só citando um exemplo de medida disruptiva e que nos coloca na vanguarda mundial das transações bancárias (em transparência e velocidade), além do Agro, que já representa 40% do PIB e é um fator de equilíbrio e pujança, podemos dizer que, “tirante” as borbulhas da mídia, o Brasil que presta, o que paga as contas e coloca comida na mesa, está bem melhor do que se diz.
Listando pra facilitar as conclusões:
- O Brasil vai melhor do que pintado pela mídia
- O ogro é ruim, pessoalmente, mas fez um excelente trabalho em montar uma equipe dar liberdade suficiente para que esta fizesse um trabalho bom – levando em conta a crise atual, muito bom mesmo
- A política pode até nos envolver, em campos opostos ou não, mas no final das contas, a soma de milhões de pequenas percepções sobre esta ou aquela empresa e sobre a economia em geral é que falam a verdade
- A agricultura tem menos voz do que deveria, num país cada vez mais dependente dela
- O Congresso e o STF deveriam se ater às suas funções, e só isso.
- O mundo vai acabar sim, quando Jesus voltar (eu creio) mas até lá, o Brasil continuará, a despeito de ogros, cachaceiros e corruptos de todos os matizes.
Excelente artigo. Nossa realidade hoje. Parabéns. Marcos Silva
Marcão, vindo de ti, é uma honra!!!