Inflação e Déficit Público

Agorinha mesmo publiquei isso aí, no meu timeline do LinkedIn:

Uma das belezas do capitalismo está justamente na miríade de opinião que “puxam-pra-lá-e-pra-cá”, até que um consenso, digamos, estatístico, se impõe como médias das forças do mercado, e sua “mão invisível”. Esses dias, por exemplo, Luis Nassif, com a argumentação desenvolvimentista típica, diz que Bacen deveria diminuir os juros, não aumentá-lo, o que geraria crescimento, tributos, e, portanto, mais infraestrutura, etc. De outro lado, o sócio da Kapitalo, Bruno Cordeiro (https://lnkd.in/dRf967H4) diz que o Bacen deveria ir na direção oposta.

O fato é que há um único fator desconsiderado por quem é naturalmente desenvolvimentista: que a inflação está intimamente ligada ao déficit público, e que, no longo prazo, “aleija” a nação. É muito difícil que essas duas “bolhas” conversem, mas o fato é que o governo não consegue obter apoio do mercado para sua política do “gaste agora, pague se e quando puder”… É Sarney, é Dilma II de volta. Oremos!

Argentina

É fácil compreender este fato. É só ir aqui do lado, na Argentina, e ver como a corrosão social gerada pela inflação fez, ao longo dos anos, enormes estragos no país. Uma sucessão de governos grandes e perdulários, aliado a políticas fiscais de República de Bananas (o que aliás, a Argentina tradicionalmente não foi) fez com que a inflação se tornasse venezuelana, o crescimento português e a qualidade de vida do povo, sudanesa. Independentemente do alto grau de desenvolvimento humano e educação desse lindo país, o fato é que políticas estatais de tratamento do povo como um bando de crianças, que não podem fazer suas próprias escolhas, mas ser alimentados pela mão amiga do estado, deu no que deu.

Milei, exageradamente libertário na economia, deu um choque que Macri se recusou a fazer, anos atrás. Está causando recessão e perda de renda da população, mas está reduzindo a inflação e o peso do governo sobre a economia enormemente. Já se fala em abolir “jaboticabas portenhas” como controle de câmbio e tributação sobre exportações (!). No final das contas, vai ser a redenção da população, que, neste momento, não consegue ver os benefícios de longo prazo de se trocar um prato de comida pela capacidade futura de plantar, colher e comer por conta própria.

Brasil

Aqui, ao contrário, é “Dilma e Sarney” redivivos. É o governão com o balde de lavagem na mão e o povo atrás, e ainda agradecendo. Chico Buarque, no seu antológico livro Fazenda Modelo, mirou no que viu e acertou no que não viu. Com 40 e tantos anos de atraso, nos vemos, finalmente, na real Fazenda do Chico.

Ainda nem começamos a ver os resultados da intervenção indevida – muitas vezes, maldosa – na economia. Campos Neto ainda está lá. Haddad ainda tenta fechar as contas no zero, mesmo que aumentando impostos. Recessão à vista. O setor pecuário entre aos “campeões nacionais” de Lula, que ditam preço no mercado. Setor agrícola à míngua, com uma China fraca e uma dependência dela cada vez mais acentuada.

Sentimos mais a inflação (teoricamente baixa) do Brasil do que los hermanos sentem a Argentina, como um economista argentino recentemente disse.

Vamos de vento em popa – sabemos para onde.

Exemplo de Bolha

https://www.infomoney.com.br/business/global/por-que-o-tesla-cybertruck-de-elon-musk-virou-uma-guerra-cultural-sobre-rodas

Me deparo com este artigo e fiquei encantado com a clareza com que foi tratado o tema, mas, principalmente, a falta de interpretação adequada (minha opinião, claro) das causas da reação da “Bolha” específica.

Síntese do Teretetê

Anos atrás (5 anos) a Tesla lança um SUV grandão, feio pra burro, elétrico, chamado Cybertruck (ver foto acima, do unsplash.com). É grande, quadrado, rápido, blindado (de fábrica) e, segundo os designers, feito pra parecer aqueles carrões de filmes distópicos dos anos 80 e 90, como RoboCop, e outros, em que a corporação malvadona escraviza todo mundo, até o governo, e domina a sociedade com seus produtos ruins mas tornados indispensáveis pelo monopólio.

Ao longo dos anos, somando-se a isso a popularidade (numa Bolha) e impopularidade (noutra Bolha) do dono do boteco chamado Tesla, Elon Musk, há um crescimento em reações exacerbadas de lado a lado:

Segundo Richard Zhang, morador de Pittsburgh e proprietário de um Cybertruck, a grande maioria das interações que ele tem tido a respeito de seu carro tem sido positiva. Mas as negativas são muito, muito negativas. “Elas estão tão tomadas pela raiva que perderam todo o senso de decência e respeito”, disse Zhang, 30, sobre as críticas que recebeu.

Do artigo da Infomoney

Síntese, foco no dono da Tesla, não no produto. Foco no que o produto parece “significar” e não no carro em si.

Reações

Os problemas começam com alguns tipos de reação, que, da “minha Bolha” sequer posso julgar adequadamente, mas confesso que tento:

Para os membros de uma elite tecnológica preocupada com os problemas da vida urbana na Área da Baía de São Francisco e em outros lugares, é difícil não ver o Cybertruck como um carro dos sonhos, ou como um veículo adequado para enfrentar seus pesadelos.

Do Artigo do Infomoney

Bom, o carro é elétrico; o carro é silencioso; o carro é confiável; o carro é blindado. Problemas até o momento? Exceto aqueles que “minha bolha” consideram como difíceis de explicar (por exemplo, o fato de que ter carro elétrico com matriz energética “suja” é bobagem, e que as baterias ocasionarão mais poluição do que os “verdes” querem admitir), os atributos do carro parecem bons.

Mas a “bolha de lá” faz um link perigoso entre Musk e o carro em si.

Há uma conclusão?

Infelizmente, há. O nível de segregação entre as tais bolhas, e o nível de rechaço imediato, não pensado, não refletido, não discutido, faz com que uma e outra bolha julgue que a água do banho “sujou o bebê” e jogue ambos fora…

Estamos diante de uma situação em que o que eu “sinto” sobre algo está se tornando mais importante do que o que este algo é, em si mesmo. É algo que beira à rejeição que um muçulmano sente por um cristão (e muitas vezes, vice-versa), que é visceral e não diz respeito ao cara (cristão, muçulmano) que está diante de mim. É como o torcedor que nem viu o jogo, ouviu falar que teve um pênalti sem VAR, mas sabe, na “alma” que, se foi a favor do Flamengo, é roubado (para informação, sou tricolor de coração e acho que TODO pênalti a favor do Frá é necessariamente roubado – minha bolha, ninguém tasca!)…

A conclusão é a de que a soma de educação limitada e parcimoniosa em suas conclusões com o espírito de Fla-Flu do mundo atual, faz com que ninguém pense muito sobre fatos, mas sentimentos têm sempre razão – refletidos ou nào.

Bolhas

O tema é recorrente. Um lado acusa o outro de viver numa “Bolha” de informação dócil à sua visão do mundo. “Eu” nunca estou numa bolha. O “outro”, sempre. “Eu” nunca sofro a mínima possibilidade de estar errado. O “outro” sempre.

Vou tentar tratar o fenômeno aqui sem me importar com quem seja o “Eu” e o “Outro”. Entendo que se eu quero fazer uma abordagem minimamente rigorosa do assunto, preciso fazê-lo sem me posicionar. É quase impossível e provavelmente vou fracassar, mas vamos lá.

A Minha Bolha

A tentativa de assassinato de Donald Trump, ocorrida dia 14/07/24 foi o estopim desse toró de palpite. Na famosa “mais antiga exposição rural do Brasil”, na minha cidade natal, Cordeiro, em visita à santa mãezinha, me deparo com primos, irmãos, e outros parentes, ainda sob o calor dos acontecimentos.

“Fake News”, diz um. “Atentado sim!” esbraveja outro. Eu, de minha parte, e fazendo coro com minha linha de pensamento, me expresso com um “Igualzinho à facada do Adélio” – com o que todos concordam – ou por acharem fake ou não.

O fato é que percebi que não adianta argumento. Nada vai demover um sujeito a achar “fake” e o outro a enxergar como uma tentativa de desestabilização da democracia. Mas a primeira coisa que me deixa apalermado é a incapacidade das “Bolhas” em esperar apurações para concluir.

A Globonews já do dia mostrava dois jornalistas – um brasileiro (defendendo que era fake news, orquestrada pelo próprio Trump) e um americano que, falando em português, disse que era no mínimo insensato discutir o assunto ali, mas que a alegação do brasileiro era risível e tendenciosa (não lembro dos termos exatos).

Há vídeos, vários, que vão apurar o fato sem sombra de dúvida. Já quanto à acreditar nas apurações, é mais difícil, seja qualquer que seja o resultado. A comissão Warren, que investigou o caso do assassinato de JFK em Dallas, não conseguiu apagar as teorias da conspiração ainda em vigor.

A Sua Bolha

Eu não leio o que você lê. Eu não me coloco no seu lugar. De nenhuma forma eu acredito que [Lula]/[Bolsonaro] (escolha sua alternativa) seja honesto. Deus me livre de achar que [Lula]/[Bolsonaro] fez algo que preste em seu(s) mandato(s). Certamente [Lula]/[Bolsonaro] é um calhorda da pior espécie e odeia os pobres, na verdade.

A sua bolha é a do ódio. O amor [venceu]/[perdeu]. A minha bolha não existe. A SUA sim. EU não vivo em uma bolha. Eu olho tudo, examino tudo e retenho o que creio ser certo. Você? Tá sempre “serto”.

Minha Bolha, Sua Bolha e a Verdade

Talvez a forma mais correta de abordar este problema – e na verdade, qualquer outro, é o Método Científico. Mas esse se presta mais ao que é exato do que ao que é opinativo. No entanto, a verdade existe. Claro, sempre há os caras que falam da “minha verdade” e “sua verdade”. De dentro da Bolha existe “minha verdade” e sua opinião, somente.

Embora este tipo de visão de mundo sempre tenha existido, estamos diante de um processo radicalização “diabólico”. Coloco o foco no “diabólico” porque o Diabo não é apenas um “nome”. É um conceito – significa DUAL, dois lados, duas mentes, duas opiniões. O diabo é que o Diabo mora nos detalhes, como diz o aforismo. Mas hoje em dia ninguém quer ler detalhes. Ninguém quer esmiuçar nada. O simplismo é a regra. Os Reels de 30, 40 segundos, os memes, e tanta coisa instantânea.

Um cara do meu lado no aeroporto me viu com um livro de papel, de umas 800 páginas, na mão (Signature in the Cell, de Stephen C. Meyer) e não resistiu: “você tem saco pra ler isso tudo? Eu nunca li um livro deste tamanho”… Ele nem era tão jovem assim, para que eu (caindo na tentação da hiperssimplificação) diga que são essas “novas gerações”. Mas certamente, foi honesto. Eu, com cara de paisagem, não sabia como responder. Minha esposa quase me crucifica por ficar com o focinho em livros dia e noite. E com razão, pois pra mim se tornou um vício mais, como alcoolismo ou drogadicção.

A verdade, ah, a verdade é um treco complicado. Jesus recebeu de Pilatos a famosa resposta “e o que é a verdade?” (João 18:38) quando disse que veio ao mundo para “dar testemunho da verdade” (João 18:37). Jesus não respondeu. Não que não soubesse, como diria um detrator da minha ou da sua Bolha. Eu acho que ele não respondeu porque não valia a pena. Melhor morrer (e ressuscitar) logo e deixar a posteridade decidir quem ia ser chamado Salvador, e quem seria um nome de avião, ou de método de exercício, ou ainda um cachorro brabo…

Quando eu tento julgar o que é verdade, tenho séculos de pensadores que, de uma forma ou outra, fizeram contribuições importantes ao processo. Um, famoso, que gosto muito, se chamava Wilhem of Ockham, e sua famosa “Navalha” diz algo assim:

“Nada se deve aceitar sem justificativa própria, a não ser que seja evidente ou conhecido com base na experiência ou assegurado pela autoridade das Sagradas Escrituras

https://pt.wikipedia.org/wiki/Navalha_de_Ockham

Em outros escritos, Ockham foca na “simplidade”: de todas as hipóteses para um problema, sempre devemos procurar apenas UMA explicação suficiente, e o mais simples possível (mas, parafraseando Einsten, não mais simples que isso).

Filosofada pra cá, filosofada pra lá, quem se propõe a analisar um fato, deve, antes de qualquer coisa, supor: a)que não sabe a verdade ainda; b)que está disposto a reconhecer a verdade, se e quando topar com ela; c)que poderá ficar chateado com a verdade.

O caso da Ciência e da Fé

Um dos casos mais emblemáticos de “Bolhas” em conflito se dá há quase 200 anos, entre religião e ciência. Houve um tempo em que o conflito não existia. Era um tempo em que a Igreja organizada fomentou a ciência. Na verdade, as universidades eram todas confessionais, em um tempo dado. Até por volta de 1780, ou por aí, a fé e a ciência caminhavam, aos trancos e barrancos, juntas.

De lá pra cá, grandes pensadores já declararam Deus como tendo falecido, já declararam os homens de fé (qualquer fé) como loucos ou burros, e já declararam que a Ciência estava a caminho de expurgar da humanidade a necessidade de crença (qualquer crença). Só restariam as evidências.

Fomos todos ensinados a deixar a fé numa caixinha à parte, que os verdadeiros cientistas condescendentemente nos deixavam ter, ainda, mas que em breve a luz da verdade se acenderia em nós, e nos livraríamos do obscurantismo que a fé representava.

A Bíblia e outros textos “sagrados” se tornaram contos da carochinha e só isso.

Pois bem, na medida em que a própria ciência foi progredindo, a dúvida voltou a pairar sobre a cabeça dos mesmos que julgavam que haviam resolvido tudo o que havia para ser compreendido. O impacto de descobertas como a Dupla Hélice do DNA, por Crick e Watson, nos anos 50, e, mais recentemente, a radiação de fundo e o Big-Bang, fizeram reacender discussões que haviam “morrido”. Essas descobertas colocam, dia após dia, “consensos” como a Teoria da Evolução em xeque. Hoje, cientistas antes céticos, começam a pensar de forma crítica sobre suas próprias conclusões. O livro que já citei (Signature in the Cell) é um relato fascinante, de um cientista ateu (ma non troppo…) que, se quisesse continuar a ser intelectualmente honesto, tinha que se render a evidências de “Design Inteligente”.

O lado “de cá” (uma das Bolhas) teve chiliques e pitis. Óbvio: é extremamente complexo sair da sua “bolhinha” e ver o mundo de uma forma diferente. O progresso da raça humana, no entanto, depende disso. De sairmos da zona de conforto e nos colocarmos “no sereno” da verdade, e no incômodo que ele produz.

A conclusão é a de que, embora um relato simplificado, há coisas no Gênesis que merecem atenção, e que, se expresso por um “Deus amoroso” precisaria mesmo ser simples: como explicar algo tão imenso em palavras que o pastor de cabras do sul do Sinai entendesse, bem como um ganhador de Nobel? Há que simplificar – sem perder a verdade implícita, mas de forma a contar a história.

Desprezo pela Verdade

A única coisa que vemos no nosso momento “diabólico” de hoje é um tremendo desprezo pela verdade. Ambas as bolhas se entreolham, e têm a certeza de que, se cederem à verdade contidas em determinados argumentos da parte contrária, serão expulsos pelos fanáticos de sua bolha.

Reconhecer que existem apenas dois tipos de cromossomos, e portanto, dois gêneros, passa a ser anátema, em uma bolha.

Reconhecer que pode perfeitamente haver uma rede de proteção social bancada pela sociedade, sem que isso implique em quebra do sistema capitalista, também é anátema, na outra bolha.

Os exemplos se multiplicam e este (já longo) artigo, se tornaria um livreto se contássemos todos os causos.

A razão das Bolhas

Olhando o assunto da melhor forma que consigo, tendo a concluir que a razão da existência das bolhas é, de fato, satânico/diabólico: se eu não separo, se não segrego, não conquisto (Dividir e Conquistar). Se deixo alguém pensar, se não o sufoco com “provas” que me interessam, se não induzo a um determinado objetivo (meu), não chego no meu objetivo. Qual é? Há mais de um – dois, pelo menos.

A razão, de novo, na minha opinião, é a polarização em torno de uma figura central, uma “ideia” difusa ou não, mas sempre há alguém fazendo com que eu seja levado a pensar de um jeito que interesse a alguém. O fato de que alguém seja inteligente de estudado não faz dele imune à influência de uma das bolhas. Pelo contrário, alguns “fanáticos de carteirinha” são justamente pessoas de excelente intelecto e realizações, científicas, artísticas e sociais. Pessoas que nunca poderíamos esperar que se comportassem como trogloditas de mídia.

Já vimos esta situação em momentos de radicalização, diversos. A Revolução Francesa foi uma; o Outubro Vermelho foi outra; o Nazismo foi uma outra. Eu suponho que veremos momentos de maior radicalização ainda. Temo que o resultado seja o mesmo de antes: sangue nas ruas.

De novo, que Deus nos livre!

Às favas o Mercado

Reportagem de hoje do Infomoney:(https://www.infomoney.com.br/colunistas/lucas-collazo/lula-voce-nao-liga-para-os-banqueiros-vamos-ver-ate-onde-voce-aguenta-diz-sr-mercado/) dá conta de que a paciência do Mercado com Lula está se deteriorando rapidamente. Lula afirma (creio no que ele falou) que “não tenho que prestar contas a nenhum ricaço deste país”. Mas, segundo a reportagem, em seguida se reune com a equipe econômica e sai de lá dizendo que “equilíbrio das contas públicas é fundamental” ou coisa que o valha.

No mau e velho estilo Lula, ele erra trementamente o foco ao dizer que não presta conta a “ricaço”. Isso é música pros ouvidos de sua claque, mas não é a verdade. O fato é que por “ricaço”, leia-se, em sua maioria, uma miríade de pequenos e médios investidores, que escolheram o mercado de capital e financeiro para tentar manter suas economias de vidas inteiras à salvo de inflação e com poder de compra para uma velhice razoável (já que viver de INSS não é exatamente uma alternativa boa hoje, e no futuro, nem sabemos se será uma alternativa).

Às Favas?

O fato é que há, em minha opinião, uma grande chance de que o executivo atual, com suas manchas mal lavadas, não tenha a força de resistir às correntes que querem mandar, sim, o “mercado” às favas, e gerir o país fora da normalidade econômica – pouca ou muita – que temos hoje.

Há o caminho de Nicarágua e Venezuela, países com baixa ou nenhuma diversificação econômica e mercados financeiros que mesmo antes dos eventos ditatoriais já não eram relevantes. Esse caminho valeu-se, em ambos os casos, do rompimento da normalidade institucional. Mandou às favas, de forma direta, o mercado, assumindo o papel que aos mais radicais da esquerda, competiria ao estado (nem a poderosa China pensa assim, mas eles sim).

Há o caminho da Argentina, que, com economia mais diversificada e padrão de vida médio mais alto (renda per capital superior à nossa), uma dificuldade maior de impor uma ditadura “bolivariana”. A Argentina deu mostras, por duas vezes, na transição de Kirchner para Macri, e agora, de Fernandes para Milei, de que a despeito das diferenças de approach econômico, não houve total ruptura institucional, principalmente no judiciário, relativamente independente, e uma imprensa menos dócil.

O Brasil tem aspectos que beiram à dupla nada dinâmica – Venezuela / Nicarágua, principalmente quanto ao aparelhamento do judiciário e controle da mídia; possui, porém características argentinas, de uma economia ainda mais diversa, e com intercâmbios mundiais mais importantes (principalmente no Agribusiness, que Lula teima em demonizar, com apoio e aplausos de França, e até partes dos EUA e Canadá).

Quanto à qualidade do executivo, a despeito de seus muitos, e não reconhecidos, defeitos, montou uma equipe de ministros “meno male”. Até o momento isenta de grandes ortodoxias, e com o Banco Central, por enquanto, nas mãos competentes de Campos Neto, não deu tempo, nem teve condições políticas, de zoar a coisa toda. Está tentando, na minha opinião, mas a linha entre dar ouvidos ao “mercado” e aos radicais domésticos é tênue e, uma vez rompida, de difícil retorno à sanidade.

Os Limites: Temporal e Econômico

Até o momento, Lula ainda consegue reconhecer o limite, e, de certa forma, manter-se aquém da tragédia. A possível ascenção de Garópolo ao Bacen pode sinalizar outro “meno male” importante, mas até aqui ainda temos uma incógnita. Em evento recente no BTG, um palestrante diz que conhece Garópolo e que ele é um adepto do equilíbrio financeiro e realismo de juros e câmbio. Se terá valor ou espaço para manter sanidade no Bacen é outra conversa, mas é melhor do que Mercadante ou Mantega. Ideal seria manter o Campos Neto lá, mas isso, Lula interesse suficiente em fazer. Não conseguirá reconhecer a necessidade.

As palavras de Lula fazem cada vez menos sentido, tomadas no geral. Estão, na minha opinião, sendo cada vez mais ditas a públicos cativos, e nem podemos cravar que sabemos o que realmente informam ou não. Não esperaríamos Lula dizer que sim, respeita e valoriza a palavra de “ricaços”, ainda que saiba que eles dão parte dos empregos e do capital de investimento do país. Não seria tolo suficiente de excluir uma fatia importante do seu eleitorado, ao se declarar franco favorável ao Agro. Não seria corajoso o suficiente para deixar de fora da Petrobrás figuras que detém o “caminho das pedras” daquela mina de ouro.

A encruzilhada se aproxima, sob o apelido de Janeiro de 2025. Vejamos se manteremos um mínimo de racionalidade econômica.

O Futuro de BAM – Business as Mission

As viagens missionárias do fazedor de tendas mais famoso da história…

Este pequeno artigo será, se Deus quiser, expandido para algo mais substancial sobre o modelo de futuro que creio que seja adequado para o movimento Business as Mission, BAM, ou na melhor tradução possível, “Missão Empresarial”, ou “Negócios como Missão”. Autores consagrados, como Mike Baer, Mats Tunehag e João Mordomo, entre vários outros teóricos de BAM, juntos conosco no 1º. Encontro do BAM Brasil, entre os dias 18 e 19 de Maio de 2024, nos brindaram com palestras fantásticas que versaram sobre a forma como nós, empresários, podemos e temos obrigação de olhar para nossas empresas e firmas com um olhar “sagrado”.

A principal mensagem, o principal “produto” que levei para casa deste congresso foi:

“Não há hierarquia entre o homem de Deus pastor, pregador ou missionário, e o homem de Deus empresário ou profissional liberal”.

Congresso BAM Brasil

A tendência que temos de olhar para os “clérigos” como gente mais próxima a Deus é absolutamente equivocada, e fruto de um mundo que começou a tratar coisas sagradas e profanas separadamente, relegando os negócios ao plano inferior. As razões são várias, e não vamos entrar nelas de cabeça, mas apenas resumindo, somos considerados mais profanos porque:

  • A cosmovisão católica que permeia boa parte do mundo hierarquizou e segregou o clero dos fiéis, sendo os empresários relegados à segunda categoria.
  • A visão de que lucro é pecado faz com que entendamos que o que fazemos é “arrancar algo de outra pessoa”. É uma visão deturpada da economia e das pessoas de forma geral. Estamos sempre ocupados em sublinhar o que de pior vemos nos outros.
  • A visão especificamente brasileira, em que um certo empresariado está sempre mancomunado com os governos, para obter vantagens indevidas, e mais, a visão de sonegação como um “mal necessário” à sobrevivência das empresas nos faz achar que empresário é alguém que vive num ambiente menos santo.

A despeito de tudo isso, o movimento BAM tem avançado no Brasil e no mundo, fomentando uma nova geração de empreendedores focados em gerar riqueza, para si e para os stakeholders de seu negócio, de forma saudável, socialmente e ambientalmente responsável, mas, sobretudo, espiritualmente comprometidos em viver (mais do que falar) o Evangelho dentro de nossas organizações.

Nós mesmos dentro da VBR Brasil temos tido a oportunidade de ter um turnover bastante baixo nos nossos funcionários. Parte disso, eu creio, advém de um ambiente social e espiritualmente saudável, onde a competição não é estimulada, se leva outro a ser deixado de lado. A competição é estimulada no sentido do melhor esporte do mundo – o golfe – no qual a pessoa, no fundo, joga contra ela mesma, suas limitações e momentos. Um ambiente espiritualmente saudável parece ser conducente a um relacionamento saudável entre as pessoas. As gerações mais modernas parecem gostar disso mais do que de um salário um pouco maior.

BAM joga, então, com a formação de empresas que tenha o poder de impactar o mundo, a começar por seu ambiente de negócios mais próximo, para Cristo e o Seu Reino.

A questão aqui não é mudar nem criticar esta filosofia do trabalho BAM. Ela está perfeitamente em linha com o Novo Testamento e com a Grande Comissão. Ela deve continuar a ser estimulada. Empresas cuja propriedade seja de servos de Deus devem ser estimuladas a se tornarem empresas BAM, sérias com Deus e Seu propósito. Ele continua a querer receber Glória (Doxa, como adora dizer João Mordomo) entre as nações.

O que quero tratar aqui é do futuro de BAM, como forma de penetração nessas nações. O objetivo aqui é tratar do Fluxo de Capital intergeracional, e como isso pode afetar BAM e a atividade e missionária mundial. Temos algumas certezas sobre o mundo atual – social e econômico:

  • Ele jaz no maligno (1 João 5:19).
  • Ele exerce crescente perseguição sobre o povo de Deus (Ap. 2:10)
  • Ele tornará o livre acesso das pessoas ao Evangelho cada vez mais difícil (Rom 8:36).

Diante disso, chegará, em breve, o tempo em que a existência de missionários será restrita de tal forma que somente não-clérigos poderão estar no meio de determinadas populações. Quem serão esses? Nós hoje os chamamos de bi vocacionados, de fazedores de tendas e muitas outras formas. O fato é que o mais bem sucedido “não-clérigo” me parece ser aquele que tem interesses vestidos em empresas e países em regiões complexas, ou que, pela natureza de suas empresas, possuam alcance grande o suficiente para serem relevantes em um local remoto, a despeito de estar ou não lá (a internet pode ser bênção, com certeza).

Do OPEX ao CAPEX

Como me pronunciei durante o painel-entrevista entre mim, e a Lara, brilhante guria de 22 anos, já CEO de sua empresa BAM, e antenada na vida espiritual e empresarial (uma alegria de ver!) e o querido Danilo Brizola, BAMer e agitador profissional, acredito em uma mudança na forma de alocação de recursos para missões.

Estratégias Atuais – a primeira onda – o OPEX[1]

A principal estratégia missionária mundial atual data dos primórdios da BMS – British Missionary Society, criada pelo querido e famoso William Carey no Séc. XVIII ainda, e cujo sucesso é inegável. De lá para cá tem sido mais do mesmo: reunião de fundos via denominações e pessoas empenhadas em contribuir para o Reino. Esses fundos são então lançados sob forma de cobertura de subsistência de missionários profissionais (a palavra é inadequada, mas é uma que reflete o que de fato existe), e os resultados são de maior ou menor intensidade, a depender do local, do estilo de trabalho e outros fatores, muitas vezes incontroláveis.

Essa foi a estratégia vencedora, por exemplo, no Brasil. Mesmo em sendo um país nominalmente cristão, o estilo de cristianismo havido aqui sempre foi mais não-praticante, ou não “nascido de novo” (embora não possamos negar o caráter eminentemente cristão de muitas e muitas lideranças religiosas do país ao longo dos séculos). As denominações evangélicas do velho mundo e dos EUA, primariamente, identificaram o Brasil como uma potencial fonte de cristãos nascidos de novo, e despejaram recursos humanos e materiais aqui.

Eu mesmo sou fruto disso, pois minha família, originalmente italiana e católica, passou por um processo de profunda transformação, a ponto de sermos hoje identificados diretamente com o cristianismo evangélico já por 4 gerações.

Essa foi a onda do OPEX, que ainda é a mais usada por organizações missionárias e denominações.

Estratégias Atuais – a segunda onda – o CAPEX[2]

Em um ambiente de repressão e dificuldades, apenas a lógica econômica mais direta e atraente para o país receptor vai permitir que o jogo continue a ser jogado. É muito mais difícil recusar um visto a um CEO de uma empresa investidora estrangeira do que a um missionário, ou, como tem acontecido frequentemente, missionários travestidos de estudantes de idiomas ou outras funções.

A motivação econômica direta é ao mesmo tempo legítima e legitimadora dos cristãos que, independentemente de qualquer coisa, vão ganhar a vida em outro país, pelo meio do empreendedorismo e do trabalho árduo e honesto.

Para isso, antevejo a necessidade de uma mudança em direção ao modelo seguinte. Aqui, uma pausa para segregar um conceito já apelidado de Business FOR Mission (Negócios PARA Missão) e o que proponho agora. O “disclaimer” de BAM diferencia o conceito de BFM de forma inequívoca[3]

“Business as mission é diferente de… BUSINESS FOR MISSIONS

                Lucros de negócios podem ser doados para dar suporte a missões e ministérios. Isso é diferente de BAM. Alguém pode chamar isso de negócios PARA missões, ao usar negócios para prover fundos para outros tipos de ministérios. Reconhecemos que lucros de negócios podem dar suporte a “missões”, e que isso é bom e válido. De forma semelhante, empregados podem doar parte de seus salários para causas caritativas. Enquanto tal possa ser encorajado, nenhum de nós gostaria de ser operado por um cirurgião cuja única ambição seja a de fazer dinheiro para ofertar à igreja. Ao invés disso, esperamos que ele tenha as habilidades corretas e que possa operar com excelência, fazendo seu trabalho com total integridade profissional. De forma parecida, um negócio BAM deverá produzir mais do que produtos ou serviços a fim de gerar riqueza. Ele deve buscar cumprir os propósitos e valores do Reino de Deus através de cada aspecto de suas operações. O conceito de negócio BFM pode limitar os empresários a um papel de doadores aos “ministérios reais”. A despeito da doação ser uma função importante, BAM se trata de negócios com fins de lucro, mas focados no Reino.[4]

Entendi, então, que o que temos em mão se trata de algo diferente, cujo nome provisório (e conceito por trás dele) poderia ser “BUSINESS ON MISSION”, ou “BUSINESS ON MISSION BASE” (Bomb).

Trata-se aqui de uma forma de empreendimento imaginada, planejada, gestada e capitalizada para uma função legítima (gerar lucro, como BAM) e ao mesmo tempo, servir de veículo também legítimo para que cristãos possam espalhar a Boa Nova a povos não necessariamente alcançados, ou totalmente não alcançados.

Não falo aqui de enfiar evangelho goela abaixo de nenhum povo ou “colonizar” o outro, mas tão simplesmente viver a sua fé simples e forte, permitindo que outros “vejam a Cristo” em nós, ainda que sem qualquer proselitismo. É proibido fazer proselitismo? Não façamos, mas NÃO deixemos de viver a Palavra e exalar “o bom perfume de Cristo”.

Como?

A forma mais objetiva de BOM, ou BOMB (!!!) se baseia em transformar esse atual OPEX (ofertas para missões) em CAPEX (investimentos em missões). Dentro desse conceito, a que eu acho mais atraente e que pode dar os melhores resultados é a acumulação de capital no sentido de gerar  Fundos ou Entidades de Investimento legítimos, cujo objetivo é o lucro, mas cuja estrutura operacional crie oportunidade para que cristãos “raiz” se disponham a trabalhar como executivos em locais normalmente complexos, de forma legítima, mas com olho e tempo para a propagação do Reino, nesses locais.

Não advogo de nenhuma forma que levemos equipes inteiras para essas empresas e atividades. Ao contrário, a contratação de pessoal de base local é fundamental. Ajuda a criação de emprego no país destino, reforça a economia local, recolhe tributos de forma legal e correta, e, no fim das contas, permite que interajamos com os cidadãos locais, levando-os, sem colonialismo, mas com amor profundo, ao conhecimento de Cristo.

Esses fundos funcionariam mais ou menos assim[5]:

Transformar as “doações” em capitalizações para Fundos de Investimento (Private Equities, entre outras plataformas) com todas as salvaguardas, garantias e governanças das leis dos melhores países e jurisdições para tal.

  • Estabelecer para o Fundo: a)As regras de investimento As regras de assunção de riscos e retornos; b)As regras de reembolso e reinvestimento; c) As regras de segregação de retorno ao Fundo e à transformação de CAPEX (retorno) em OPEX (novos bi vocacionados e líderes de campo); d)Um Board com visão alinhada com BAM e com o Reino.

Desta forma, bons investimentos vão gerar bons retornos, que terão três virtudes:

  • Tornar o movimento autossustentável
  • Tornar o movimento menos vulnerável a governos e políticas religiosas de países.
  • Dar ao movimento condições de crescimento mais acelerado do que a mera arrecadação de doações, ofertas e compromissos.
  • Tornar a vida dos bi vocacionados, na ponta extrema do movimento, mais estável.

Política de Emprego e Liderança

Empresas BOMB, ao serem comandadas e coordenadas por uma liderança BAM, teriam necessariamente, como já disse, que empregar localmente o máximo de pessoas, mas manter a liderança ligada e alinhada diretamente ao Fundo, a BAM e aos princípios BOMB.

Isso implica e que, em algum momento, empregados locais convertidos e comprovadamente capazes, passarão a ocupar cargos de liderança, alinhados com os princípios do movimento. Obviamente que lideranças cristãs locais e capazes podem ser recrutadas de imediato, o que normalmente não parece ser tão fácil.

Em qualquer circunstância, é ser “sal e luz” que vai ganhar o jogo, e não fazer proselitismo ou impor um modo de pensar.

São apenas reflexões não teóricas, baseadas em conceitos mais “heróicos” do que acadêmicos, mas podem servir de reflexão aos pensadores do Movimento como um todo.

“Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor”


[1] Operational expenses, em inglês, ou “Despesas Operacionais”.

[2] “Capital Expenditures”, em inglês, ou Gastos de Capital.

[3] Aqui, o puxão de orelhas de João Mordomo me ajudou no avanço para o conceito que apresentarei a seguir.

[4] Extraído do manifesto de BAM, traduzido por mim.

[5] O Fundo IBEX, que eu mesmo invisto, trabalha quase exatamente neste modelo.

Proibir Criptos?

Duas opiniões divergentes, uma de um “banqueirão” mundial, outra do presidente do nosso Banco Central, vão em posições diametralmente opostas.

Em sabatina no Senado dos EUA, o CEO do J. P. Morgan, Jamie Dimon, disse que “se ele fosse o governo, acabaria com as criptomoedas (https://www.infomoney.com.br/onde-investir/se-eu-fosse-o-governo-acabaria-com-as-criptomoedas-diz-ceo-do-jpmorgan/).

Já Roberto Campos Neto vai na direção contrária, e diz que “Acho que melhor do que expelir e tentar proibir é tentar entender e trazer para perto do mundo financeiro” (https://www.infomoney.com.br/onde-investir/proibir-criptomoedas-no-mercado-financeiro-nao-e-a-melhor-solucao-diz-campos-neto/).

Quem tem razão? Ou melhor, que objetivos têm cada um desses caras? Algumas coisas vêm à mente. Tudo tem prós e contras, e vou listar os meus, porque francamente fico dividido por conta de diversas particularidades desses ativos, suas maravilhas e seu potencial incrível para oprimir o cidadão.

Reserva de Valor

Criptomoedas são uma espécie de “metal precioso” intangível. Ouro, platina, prata (em menor extensão) sempre foram considerados reserva de valor, ainda que não tenham, nem de longe, a aplicabilidade prática do ferro/aço, alumínio ou cobre. São reserva de valor por duas razões: raridade e durabilidade.

Neste sentido, as Criptos cumprem este papel. São relativamente raras (sua mineração é complexa, implica provar as chamadas “Provas de Trabalho” (PoW ou Proof of Work), e, como na mineração comum, se alguém “acha” o “metal”, se beneficia dele. É a recriação da corrida do ouro em escala digital. Além disso, a tecnologia blockchain faz delas algo relativamente “blindado”. Melhor do que o ouro, que pode ser roubado, o sistema descentralizado e quase à prova de bala do Blockchain faz com que esse “ouro digital” seja seu próprio Fort Knox.

Uso em Trocas

Os Maias, na América Central, possuíam um montão de ouro, mas nem por isso fizeram dele uma “moeda” ou meio de trocas. Assim, eram pouco mais do que uma coisa bonita pra adornar o pescoço, de valor menor do que muitos outros bens cambiáveis. Os espanhóis entraram e pegaram o ouro, o que não me consta ter sido agressivamente contestado pelos mesoamericanos. O pau quebrou lá por outras razões, como terras e poder. Não pelo ouro.

Os espanhóis tinham para o ouro uma função. Os criptoativos foram criados de olho justamente nesta função – de ter um ativo usado em trocas comerciais com segurança, durabilidade e valor.

Abuso em Trocas

Como tudo o que é raro e caro no mundo, não custou para que sofisticados esquemas fossem criados para fazer com que os incautos comprassem sonhos lastreados em Criptomoedas, apenas para ver sua grana evaporar na mão dos “Ponzi Schemers” do mundo.

Ora, os esquemas Ponzi, ou pirâmides, já existiam antes da existência mesma de computadores. Assim, a afirmação do CEO do J.P. Morgan, de que os tais esquemas são razão suficiente para atacar a existência mesma desses ativos me parece lúdica, pra dizer o mínimo.

Porto Seguro para Crimonosos

A deputada democrata, Elizabeth Warren, fala com certa propriedade que “Os terroristas de hoje têm uma nova maneira de contornar a Lei de Sigilo Bancário: criptomoedas”. Nós podemos ter uma noção relativamente realista de que traficantes de tóxico de armas e políticos corruptos do mundo inteiro devem fazer uso desse meio para ocultar seu patrimônio e deixá-lo inalcançável às autoridades.

Obviamente que bandido não precisa de incentivo para “contornar sigilo bancário”. Bandido faz até submarino pra traficar tóxico, corrompe com toneladas de dinheiro alguns governos, tornando-os passíveis de diálogos cabulosos e amistosos. Bandido é bandido, qualquer seja a posição que ocupe.

Assim, não podemos ter ilusão de que: a)a inexistência das criptos implique em resolver o problema da ocultação de bens; b)a proibição de criptoativos vá acabar com os mesmos, nem com sua utilidade ou uso. Tornar a platina ilegal, e só o ouro legal, mal comparando, não vai fazer com que o bandido jogue seu estoque de platina fora.

Medo Verdadeiro

Como conclusão, aí vai meu verdadeiro medo: o controle seletivo de cidadãos e suas atividades pelo uso de Criptomoedas E MOEDAS FIDUCIÁRIAS DIGITAIS, como é o caso do DREX, recém lançado pelo Banco Central. No fundo, tenho menos medo das Criptomoedas do que das Moedas Digitais como o DREX.

Corremos o risco de ver, num futuro próximo, alguns cidadãos, como dissidentes de alguns países não-democráticos, ou mesmo em pseudo-democracias, serem limitados em seus direitos por conta do fato de que cada “DREX” em sua carteira é de conhecimento dos donos do poder, e suas atividades sejam rigorosamente vigiadas e coibidas, sem autorização judicial. Ou melhor, sem autorização de um judiciário decente e democrático, ciente de seu papel numa democracia.

Meu medo, como Cristão, é ver nossa liberdade de emitir nossas opiniões ser cerceada de forma transversal e velada pelos donos do poder, sem que isso possa ser diretamente atribuído a eles. Com muita facilidade nós brasileiros passamos a usar dinheiro digital, em relação a países mais desenvolvidos. Recentemente na Alemanha e nos EUA, me dei conta do uso pesado que eles ainda fazem de dinheiro de papel. Pode ser conservadorismo, mas acho que há um resquício de medo “de fundo” em entregar a totalidade de suas transações econômicas ao controle ou interferência de governos.

A agenda de cada um

Campos Neto tem sua agenda, como executor de políticas monetárias de um país de tamanho razoável. Jamie Dimon tem sua agenda, como alguém que tem muito a perder com a possível desintermediação bancária que as criptos têm gerado, e que as moedas fiduciárias digitais certamente aumentarão.

Ficar de olho nas motivações é bastante importante, e não acho que eles devessem se comportar de forma diferente, pois têm mandatos claros de seus “patrões” e como bons profissionais, precisam levá-los a cabo da melhor forma possível (meu artigo de ontem sobre Kissinger pode colocar este diplomata sob ótica parecida).

No que crer? Num mundo ideal, sejam criptomoedas ou moedas fiduciárias digitais seriam um incrível facilitador da vida comum. Num mundo que vem sendo mais e mais liderado por bandidos, o medo pode ser real.

Kissinger

Henry Kissinger morreu, e logo surgiram os artigos contra e a favor do seu legado. No conservador Gazeta do Povo um Op-ed de Filipe Figueiredo tasca o pau no legado de Kissinger (https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/filipe-figueiredo/o-legado-maldito-de-henry-kissinger-e-de-sua-lupa-de-ver-o-mundo/) por conta dos aspectos “manipuladores” e quase demoníacos do diplomata.

Já Niall Ferguson, seu biógrafo, o enche de elogios, pelo conjunto de sua obra (https://www.bloomberg.com/opinion/articles/2023-11-30/henry-kissinger-was-a-complex-man-for-a-complex-century).

Nada mais convincente do que uma opinião simples, direta, e profundamente afetada por interesses (Niall) ou fundamentos ideológicos (Filipe). Nasci e vivi ouvindo desde muito jovem o Repórter Esso, e depois o Jornal Nacional, entre outros, falarem de “o Secretário de Estado americano, Henry Kissingeeer”… com aquela voz de Heron Domingues empostada e bacana. Era a Guerra Fria, o Vietnam e a revolução cultural pela qual passamos, e na qual perdemos a santidade e a sanidade.

Kisssinger, contudo, não foi um “gênio do mal” ou um santo bem intencionado. Não há tal simplicidade em sua conduta, e o que o guiou, como guia toda diplomacia mundial decente (com seus eventuais Anões Diplomáticos, como é o nosso caso) na minha opinião, foi um pragmatismo que, ao fim e ao cabo, nos rendeu entre outras coisas, a queda do Muro de Berlim (de novo, minha opinião de leitor ávido mas não tão espero assim).

Kissinger foi sobretudo o cara mais inteligente da sala em quase qualquer sala que tenha frequentado. Era difícil acompanhá-lo em sua montagem de castelos de carta intelectuais que o levariam ao resultado pretendido pelo presidente da vez, e, principalmente, o interesse dos EUA.

Lendo um livro agora que relembra a invasão de Copenhagen pelos ingleses, no início do Século XIX, para capturar navios de guerra muito necessários para o Bloqueio Continental, contra as tropas de Napoleão, vejo um paralelo interessante: a colocação do interesse nacional sobre aquele de uma nação que, se não era aliada, não era inimiga. Entraram, roubaram os navios e foram embora. Por medo da França fazê-lo? Provavelmente. Mas muito mais porque eram necessários e eles ao fim e ao cabo PODIAM fazê-lo sem medo de retaliações. É um pragmatismo conhecido, e que levou a outras atrocidades (segundo alguns) como a “colonização” da Índia e sua entrega à Companhia das Índias Orientais, que a explorava e mandava parte pra His Britannical Majesty. Outros dizem que no fundo nem Índia existia, e que os ingleses entraram, juntaram tudo e “legaram ao mundo” o país que hoje conhecemos. A verdade está um tanto dos dois lados.

Kissinger foi pragmático, e ponto final. Ele não tinha muita saída em muitas das políticas que ajudou a traçar e implementou. Eram tempos bem mais bicudos, em termos de balanço de poder mundial – bom, estamos voltando a tempos igualmente ruins, creio. Ele fez o que achava – não sozinho, obviamente, mas junto com o Think Tank existente dentro de qualquer corpo diplomático. Identificaram a China como sendo objeto de uma “ameaça lateral” de natureza parecida com a da então URSS e trataram de implementar um plano que acabou dando errado: abrir o comércio do Ocidente (carreada pelos EUA) à China, na presunção de que a riqueza, a afluência de seu povo, faria com que o comunismo acabasse por acabar, como ocorreu na Europa Ocidental no início da Revolução Industrial, pelo simples fato de que o trabalhador estava ficando mais rico, não menos, a despeito das acusações (muitas delas corretas) de trabalho análogo à escravidão, etc.

Eu ia cair naquele jargão de sociólogo e historiador: “Kissinger foi um produto do seu tempo”. Mas todo mundo que pensa um pouco sabe que qualquer ser humano, no fundo, o é. Kissinger for mais do que isso. Sua personalidade complexa e controversa, aliado a seu jeitão bonachão e sua afabilidade faziam dele um político como poucos. Um Lula, digamos assim, com a mentira mas sem as contradições.

A lição que aprendo com Kissinger e seu legado é: O interesse nacional egoísta acaba sendo menos prejudicial ao mundo do que um internacionalismo artificial supostamente benévolo, assim como o espírito interesseiro e egoísta do capitalismo acaba provendo melhores resultados do que um comunismo preguiçoso e simplista. No fundo, em ambos os casos, tanto o internacionalista quanto o comunista são o mesmo cara, e tem tudo, menos o interesse coletivo, no coração.

PS: Em tempo (e depois de comentários pela minha falta de amor cristão, ao patrocinar a visão que expressei acima) – Jesus Cristo nos disse para sermos “mansos como as pombas, e astutos como a serpente”. Ou seja, não mandou ninguém ser burro ou cego. Em outro lado, a Palavra diz “maldito o homem que confia no homem”. Em síntese, confiança é algo raro, difícil de manter e fácil de perder. Sei por experiência própria – pelos amigos que perdi, quase sempre por fazer algo que não sabia que achavam errado e ofensivo – quanto os que expeli, talvez por razões iguais. O fato é que quando TODOS cuidam se seus interesses e sua vida ao mesmo tempo, há um equilíbrio notável. O que não acontece, por exemplo, quando alguns portam armas e outros não. Meu amor pelo povo do meu país estará preservado quando eu defender o que é melhor para nós, sem ferir o outro propositalmente. No entanto, entre ferir e ser ferido, ferirei sempre.

Talentos, a Parábola

Ao andar pelos meus sites favoritos hoje na hora do almoço me deparei com este artigo. Como cristão, estranhei o teor totalmente cristão dentro de um site de economia liberar como o do Instituto Mises Brasil. Lá no meio do artigo o autor revela uma visão que vi pessoalmente nos EUA entre os meses de Outubro e Novembro do ano passado: milhares, literalmente, de ofertas de emprego em lanchonetes, restaurantes, transportadoras e outras, sem preenchimento.

Leia https://mises.org.br/artigos/1857/a-parabola-dos-talentos-a-biblia-os-empreendedores-e-a-moralidade-do-lucro

A razão é esta:

“Além de o governo proibir aqueles que aceitariam trabalhar por menos que o salário mínimo, ele também cria um incentivo perverso para se recorrer ao assistencialismo: ninguém aceitará um trabalho que pague pelo menos o mesmo que o seguro-desemprego.

Preocupado que estou com o rumo dessa prosa de emprego versus “vale isso”, “vale aquilo”, vejo que não estamos diante de um problema nacional, mas um que está tomando dimensões fantasticamente complexas para um mundo que, de um lado, vai vendo sua força de trabalho minguar, por envelhecimento da população, de um lado, e de outro, vendo as tecnologias tirar do ser humano a capacidade de reflexão mais profunda, sobre quase qualquer coisa.

Países tentam, cada um a seu jeito, ajudar o cidadão. Pelo menos é isso que vemos, com exceção dos suspeitos de hábito, cujo objetivo é tão somente torná-los mais dependentes de um estado-pai. Aceito perfeitamente a visão de um socialista honesto, intelectualmente, de que, na visão dele, o estado deve fazer um papel de proteção e extensão de uma rede social para que a sociedade não sofra. Entendo. Não concordo, mas entendo.

Também enxergo no capitalista intelectualmente honesto uma visão de que é o cidadão que deve se ajudar, primariamente, e que a sociedade, voluntariamente, deve se organizar em torno da criação da tal rede de proteção social. Vejo mais mérito nessa ideia, e no fato comprovado de que funciona melhor do que um estado-pai, inchado.

Mas ok, se o indivíduo for intelectualmente honesto, eu aceito discutir, argumentar, à exaustão. Isso não me cansa, mas me anima. O que cansa é ouvir ladainha, decoreba, de gente que não tem o valor (ou os neurônios) para argumentar, e, caso convencido, mudar de opinião. Ainda espero mudar de opinião caso convencido intelectualmente, e de forma livre, que um estado-pai é melhor para o cidadão do que um bom emprego ou liberdade de empreender.

Entendo o capitalismo como meu sistema nervoso periférico, que trabalha por mim 24 X 7, e produz resultados que eu não obteria se, conscientemente, tivesse que pensar em respirar, em tossir, em espirrar, em reagir ao quente ou ao frio, e todas as complexas operações que são feitas descentralizadamente por meus neurônios, deixando para meu sistema nervoso central, meu cérebro, as atividades mais nobres de refletir, tomar decisões e fazer acontecer. Um governo é eleito para pensar e fazer o melhor, deixando a sociedade agir dentro de um sem-fim de atividades descentralizadas que garantem o funcionamento do “corpo” (a nação) – água e esgoto, circulação, respiração, engolir e deglutir, são atividades que é melhor deixar pra periferia. Já estudar e decidir, pode ser feito centralizadamente, mas apenas para o “macro”.

Um governo não deveria ser maior do que uma cabeça, em relação ao corpo: uns 7 a 8% no máximo, e não os 34% que corresponde hoje ao naco que o governo leva da atividade total da nação. E olha que o cérebro usa 20% da energia, mesmo representando 7, 8% do volume total (aqui incluo a cabeça toda… o cérebro mesmo dá 2% do volume total).

Deus, o dono e criador do bom senso, não comete erros. Se fez um sistema nervoso que no total do corpo humano implica em 10% (vá lá) do total, é essa métrica que eu acho que seria correta para o bom funcionamento da “máquina”.

Mais do que isso: até 2 anos atrás em tinha mais de 130 Kg. Estava me matando de diabetes, pressão alta, etc. O corpo não aguentava levar tanto peso. Hoje tenho 87 Kg, e quero baixar ainda mais. Estou bem, feliz, animado e disposto. Peso demais, para a mesma estrutura, é causa de morte. É uma doença, uma inflamação. Com o estado, não é diferente. O estado está doente, e nós pagaremos o preço.

Oremos!

Argentina e a Revolta de Atlas

Semana passada, em uma viagem ao Chile, um amigo querido me lembrou do livro da filósofa russa/americana Ayn Rand chamado A revolta de Atlas. Gosto mais do título em ingles, Atlas Shrugged (algo como “Atlas deu de ombros” – sabe aquele gesto de “tô nem aí”)… significa que o Gigante que carrega o mundo nas costas, o tal Atlas, acabou se chateando com tudo e “deu de ombros”… como o mundo está nos ombros dele, imagino que o mundo deve ter caído “no chão” e se espatifado em milhões de pedaços.

Hoje, lendo a epopeia argentina de autodestruição econômica, me lembrei do tal livro, que comecei a reler (havia lido há muuuuitos anos atrás). Dando de cara com manchete da Gazeta do Povo –https://www.infomoney.com.br/economia/pacote-argentino-preve-400-bi-de-pesos-para-linha-de-credito-alem-de-bonus-a-trabalhadores/ – não tive como conter a sensação de que os Atlas argentinos acabaram dando de ombros para o seu país.

Mas antes preciso fazer uma breve resenha do livro Atlas Shrugged para deixar todo mundo na mesma página. Para facilitar, e para ilustrar a todos como o ChatGPT é esperto, recorri a ele. Em vez de gastar alguns minutos fazendo minha própria resenha, passo a descrever o que um simples questionamento como “qual é a mensagem central do livro Atlas Shrugged” retornou, na tal IA:

Em resumo, “A Revolta de Atlas” é uma obra que promove o individualismo, o capitalismo, a razão e a criatividade enquanto critica o coletivismo, o altruísmo extremo e a opressão do governo. É uma obra polêmica que gerou discussões intensas ao longo dos anos e continua a influenciar debates políticos e filosóficos.

Chat GPT para dummies… (eu)

“A Revolta de Atlas” (Atlas Shrugged) é um romance filosófico escrito por Ayn Rand e publicado em 1957. A mensagem central do livro pode ser resumida em várias ideias interconectadas:

  1. Individualismo e Capitalismo: O livro promove fortemente o individualismo e o capitalismo laissez-faire como sistemas morais e econômicos superiores. Ele defende a ideia de que os indivíduos têm o direito de buscar seus próprios interesses e que isso é fundamental para o progresso da sociedade.
  2. A importância da mente criativa: “A Revolta de Atlas” celebra os criadores, inovadores e empreendedores como motores da economia e da civilização. Ele argumenta que a produtividade e a criação de valor são lideradas por indivíduos talentosos e criativos.
  3. A crítica ao coletivismo e ao altruísmo excessivo: O livro critica severamente sistemas políticos e econômicos que sacrificam os indivíduos em nome do coletivo. Ele argumenta que a busca do bem comum não deve ser feita à custa da liberdade individual.
  4. A defesa da razão e da lógica: “A Revolta de Atlas” valoriza a razão como a principal ferramenta do ser humano para entender o mundo e tomar decisões racionais. Ele critica a irracionalidade e o coletivismo que muitas vezes surgem quando a razão é negligenciada.
  5. A resistência à opressão do governo: O livro narra a história de indivíduos talentosos e produtivos que decidem “desaparecer” em resposta à crescente opressão do governo e às políticas de redistribuição de riqueza. Eles se recusam a ser explorados e fogem para criar uma sociedade própria.
  6. Ética da autossuficiência: Ayn Rand enfatiza a importância da autossuficiência e da independência individual. Ela argumenta que as pessoas devem buscar seus próprios objetivos e não depender excessivamente do Estado ou de outras instituições.

No livro, um grupo de intelectuais resolve fazer uma “greve” e negar à humanidade sua produção. Os tais “Homens que pensam” resolvem que vá todo mundo se lascar. Não querem viver nas costas de quem produz? Então comecem a produzir… e o pau quebrou. O legal é a definição dada a essa situação, frente à postura dos grevistas: governo centralizador e “paizão” é tão, mas tão ruim, que ele quebra a economia e acaba caindo por seus próprios deméritos. Tudo o que se tem que fazer é deixar que façam o que fazem melhor – bobagem.

O que tem isso a ver com a Argentina? Tudo. A Argentina é o exemplo mais perfeito e acabado de como uma série de governos semi-ditatoriais, ou abertamente ditatoriais, que privilegiam “o social” em detrimento do indivíduo e suas escolhas individuais podem fazer para acabar com um país maravilhoso, fértil e de gente educada. Nada me parece mais próximo da fábula de Ayn Rand do que o Brasil de hoje, a Argentina de hoje (e de sempre), a Bolívia de hoje, o México de AMLO, e o Chile… opa… o Chile nem tanto.

Vindo de uma palestra sobre o Chile na semana passada, dada pelo meu ilustre colega de Praxity, Ignacio Gepp, percebi que ali a “guinada à esquerda” acabou não sendo o que pareceu ser. Parece que lá, Sebastián Piñera, que havia saído da presidência com 8% de aprovação (ou seja, um Temer da vida) volta à cena como a terceira opção em um novo pleito presidencial. Além disso, a tal nova constituição que parecia muito com uma colcha de retalhos de ideários de esquerda foi rejeitada menos de 1 ano depois da eleição do atual presidente, Boric, por nada menos que 62% da população – lá, diferentemente daqui, a população tem que aprovar a nova Carta Magna no voto.

Uma nova constituição está sendo elaborada, por um congresso menos à esquerda, e parece que incorporará alguns temas caros à sinistra, mas com manutenção do bom senso econômico que tem caracterizado o Chile há décadas, e que o coloca como o maior PIB per capita da América Latina já há algum tempo.

Síntese do babado todo: não adianta correr. Pode dar a economia à esquerda à vontade. É questão de tempo até quebrarem tudo, e devolverem em frangalhos ao povo. “Ah… mas e a China”… bom, a China é um exemplo de aprendizado confucionista: melhor ficamos com o poder político mas deixemos a quem entende a iniciativa privada. Não que eu creia que isso vai durar. Acho que não. Assim que a China se sentir “dona do mundo” ela retornará ao ideário de dominação também econômica, além de política, e o caos sobrevirá.

Deus nos ajude e dê vontade de não querer fazer greve de ideias… vontade dá.

Tax Reform in Brazil

Brazil has a tax reform in discussion in the Congress, as I write. Let us be objective about it and let me convey to you all the changes proposed. They will certainly simplify the system, which is quite complex, but at the same time will have some important side effects that must be considered. Let`s check the basis, and then I will comment on what I see as really important:

1 – Present VAT System (State and Federal)

Present VAT system comprises 3 Federal taxes, one which is a classical VAT taxe and two that may or may not be VAT (alternatively, a Tax on Sales):

FEDERAL:

  • IPI – Excise Tax or Tax on Industrialized Products
  • PIS and Cofins (basically the same legislation)

These will be substituted by the CBS – Contribution on Goods and Services (Contribuição sobre Bens e Serviços)

STATE/COUNTY:

  • ICMS – State VAT, a “full VAT” tax
  • ISS – Not a VAT, but a “Tax on Services” levied, in fact, at County Level

These will be substituted by the IBS – Tax on Goods and Services (Imposto sobre Bens e Serviços)

One important change is that the VAT will, from now on, be collected at the ORIGIN of the product, and not at the DESTINATION. This will certainly ensue a series of guerrillas among states. The largest ones, like São Paulo, always complained that produced the largest portion of goods and services, which were then collected at the non-producing states (usually the poorer states). With over 30% of the Brazilian population, São Paulo has always felt strongly against it.

EXCISE TAX – Selective CBS:

Goods and Services that are considered hazardous to the environment or to the health of population will suffer additional taxation, added to CBS rates (tobacco, alcohol, etc).


RATES and LEVELS:

All taxes, CBS plus IBS, will have one joint rate, and will be classified under 3 basic levels:

Standard Rate – Which is still not determined and will be established by the Senate.

Reduced Rate – Predefined as being 50% of the Standard Rate, and therefore depending on the Senate, also. Some products and services defined preliminarily as reduced are:

  • Education
  • Health services
  • Medicine and medical devices
  • Public transportation
  • Fishing, agriculture, forestry, and plant based products extraction
  • Food basket – the contents of it are still to be defined and may vary by region of the country
  • National artistic and cultural activities.

Exempted – Zero rate applied for some products and services such as:

  • Public Transportation
  • Some Medicines and Treatments
  • PRO UNI – The national program “University for Everyone”
  • Social Programs, such as food coupons, etc.
  • Individual Rural Producer whose annual gross revenues are up to R$ 3.6 million

2 – Other Federal Taxes

Tax on Property – IPTU

IPTU will have changes in the collection method and will be defined by federal decree.

Tax on Automotive Vehicles – IPVA

IPVA – will be reintroduced with a progressive character related to the pollution generated by each vehicle. IPVA will apply to jets and boats.

Tax on Wealth transmission, donations and inheritance – ITCMD

A new ITCMD with have progressive rates will be levied at the State where the donor is domiciled. Currently, it is based on where the Asset is located. This is an important change.

3 – Manaus Free Trade Zone

Brazil has only one Free Trade Zone – the “Zona Franca de Manaus” (ZFM). Manaus is in the middle of the Amazon Basin Area. The rationale for ZFM is that of creating ordere3d and sustained employment in a region that would otherwise be a void in northern Brazil. Therefore, despite the clamor for the extinction of ZFM, it will remain with its present role, which has been quite a success for the region, in the last decades.

4 – National Simplified Taxation System – SIMPLES

Micro and Small size companies will be able to maintain the reduced and simplified taxation method, as is today, including the exemption of formal bookkeeping records, which frankly is a disservice to these businesses.

Notwithstanding, Micro and Small sized companies will be able to opt to remain in the regime or leave it, to another taxation method (today, Presumed or Real Profit methods of taxation).

Other Aspects

We will not delve into specific aspects such as transition periods (8 to 50 years of transition period, depending on the taxation) nor in the specific methods of compensation for loss of collection among States and the Union. This is where things can go south in all the negotiations, with Governors of smaller states claiming for more compensation, and 5.570+ Mayors in different sides of the win-lose spectrum of this battle.

More to come!