Criação
Sou cristão, radical… Creio na divindade e na ressurreição de Jesus Cristo. Portanto, creio no “sobrenatural” de Deus. Não sou, porém, um desses cristãos que acha que a terra foi feita em 6 dias de 24 horas, e que no 7o. dia Deus descansou – literalmente.
Aliás, acho que a interpretação do termo hebraico “Yom” foi levada longe demais (que pode ser tanto “dia” como “período” como “era”) pelos tradutores da Bíblia da antiguidade, que nos legaram um termo que se não é inadequado, é incompleto. Quanto mais eu leio os primeiros capítulos de Gênesis, mais em me convenço de que estamos tentando fazer com que ele seja algo que o autor, Deus, via Moisés, nunca se propôs: que fosse um texto científico.
Como disse o radialista e filósofo judeu, Dennis Prager, “Se Deus tivesse se proposto a escrever um livro científico, traria talvez milhões de vezes mais informação do que toda a literatura técnica do mundo; precisaríamos de milhões de anos só para entender as equações que teriam que ser escritas para deslindar o mistério“.
Deus só seria justo se nos deixasse um livro que qualquer pessoa senciente pudesse minimamente examinar e encontrar eco na alma. De Albert Einstein a Forest Gump, todos temos que poder examinar a escritura e tê-la explicada de forma que a entendamos.
Imaginem explicar o mundo, e um universo de 14 bilhões de anos em meras meia dúzia de páginas de um livro. Dá pra entender que Deus pôs o mundo em marcha e o moldou com as próprias mãos, em “Yoms” (eras). Isso pra mim está correto, e ao mesmo tempo não importa muito. Deus criou o mundo etapas, que chamou de Yoms, seja lá que duração tenha o tal Yom. O fato inescapável é que Ele criou.
Com cristãos somos fustigados dia e noite pela aparente contradição entre criação e evolução. Por culpa nossa mesmo, judaico-cristãos, lançamos sobre nós a pecha de crermos no que nem mesmo as Escrituras dizem.
Eric Metaxas, em seu livro “Is Atheism Dead?” (“O Ateísmo morreu?” – ainda sem tradução em Português, creio) fala da quase total assertividade da sequência da evolução, e principalmente da chamada “Explosão do Cambriano” (período de poucos milhões de anos em que “surgiram” milhões de espécies no mundo).
Eu próprio dei de cara com essa análise – da impressionante assertividade do relato do Gênesis, quando um professor de Geologia entrou na sala e começou a escrever no quadro os dias da Criação segundo o Gênesis:
- No 1° dia, criou a luz e separou a luz das trevas.
- No 2° dia separou “águas das águas” e criou os céus.
- No 3° dia criou a terra, os mares, as ervas do campo e as árvores frutíferas.
- No 4° dia criou as estrelas do céu, e segregou o dia da noite.
- No 5° dia criou os grandes peixes do mar, os répteis “de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies” e toda as aves conforme cada espécie.
- No 6° dia Deus fez as feras da terra conforme a sua espécie, o gado, o homem à sua imagem – à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.).
- No 7o. dia Deus descansou…
As risadas enchiam a sala de aula. Era o auge, talvez, da descrença e do cientificismo acadêmico que desaguou na falta total de imaginação científica que vemos hoje. Na incapacidade de ver o que não é óbvio. O professor continua fazendo um paralelo com as eras geológicas:
- Aazóica – “Ausência de Vida” (Pré-Cambriana)
- Arqueozóica – “Vida Antiga” (Pré-Cambriana)
- Proterozóica -“Vida Anterior” (Pré-Cambriana)
- Paleozóica – “Vida da Pedra” (Explosão do Período Cambriano – Eras Cambriana, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero, Permiano)
- Mesozóica – “Vida Média” (Triássico, Jurássico, Cretáceo)
- Cenozóica – ” Vida Nova” (primeiros vestígios do Homem – Do Grego “Kainos”, novo e “Zoe” – vida)
- Neozóica – “Vida Nova” (era em que nos encontramos hoje – Do Latim, “Neo” e do grego “Zoe”).
Agora volte e compare os períodos… com poucas diferenças, nós temos uma descrição bastante acurada da Criação, por um pastor de ovelhas do deserto do Sinai, mais de 1.500 anos antes de Cristo… O que? Como é que o cara poderia ter uma ideia mínima dessa correlação tão marcante?
O professor termina (com silêncio sepulcral na sala) dizendo: “Não sabemos, mas aprendam a não fazer ciência com conclusões prévias no bolso do colete”, ou coisa que o valha).
Evolução
Na minha opinião “resolvemos” a questão básica das diferenças entre a Bíblia e a Ciência com essa constatação acima. Mas obviamente há a questão da evolução. Charles Darwin relutou muito em publicar seu livro A Origem das Espécies, pelo menos parcialmente por questões de fundo religioso, sua possível ou alegada relação com o cristianismo (tendo inclusive cogitado ser clérigo anglicano em certa altura da vida).
Independentemente disso, outros tomaram sua Teoria e lançaram-na contra a Bíblica com furor. Os líderes cristãos engoliram a isca com linha e chumbada, sem qualquer reflexão e passaram a tentar colocar a teoria numa espécie de ostracismo herético, o que somente fez com que parecessem ridículos aos olhos “iluminados” do mundo.
Estamos no meio de uma batalha entre biologia evolucionária e cristianismo? Não sei nem consigo enxergar assim. Tão somente vejo um nível alto de premissas sendo usadas como verdades reveladas por parte dos cientistas (biólogos, paleontólogos, etc) que não possuem mais validade intrínseca do que uma manifestação de fé qualquer.
Não vi ainda um único link entre uma e outra espécie ser comprovado. Apenas “uma” espécie aqui, e “outra” ali, com algumas características que podem ser consideradas complementares ou parecidas, mas sem uma continuidade que possamos comprovar. Perto desse nível de, digamos, evidência, a fé na historicidade de Jesus ou das Escrituras, como um todo, me parecem teorias bem mais sólidas, mantendo as devidas proporções e diferentes áreas do conhecimento.
O fato é que ninguém explica a tal “Explosão” do Cambriano, ou seja, o 4o. dia da Criação. Ninguém, na verdade, pode explicar a frase atribuída a Einstein que:
As coisas deveriam ser o mais simples possíveis, mas não mais simples do que isso
Albert Einstein
O que eu quero dizer com isso: ninguém, nem mesmo em condições absolutamente controladas em laboratório jamais conseguiu gerar algo vivo de componentes não vivos. Ninguém consegue desconstruir uma célula até seu nível molecular, atômico, e enxergar exatamente em que ponto algo não orgânico passa a se tornar “vivo.
Por isso, digo que não há nada que me proíba – nem creio que haverá jamais – de continuar glorificando a Deus por minha existência, por Sua Graça expressa através de Cristo, ou do fato de que Ele sustenta a vida na terra.
Fora disso, estamos apenas contrapondo Fé com fé. Só isso.
Só mesmo uma “cabeça” premiada por Ele poderia perceber as sutilezas envolvidas pelo eterno dilema – Crer ou Não Crer…
Hoje, após muito “querer” entender, simplifiquei e fico com o “não mais simples do que isso”…
A genialidade é coisa Dele em momentos de necessidades da espécie humana em momentos próprios e decisivos.
Eu acho que a coisa ainda se resume ao que Deus disse no Evangelho – “Quem não nascer de novo, não entrará no Reino dos Céus”, disse Ele a Nicodemos, que o foi procurar no meio da noite (pra não ser visto). Ou seja, o pedaço final da salvação é, e sempre será, FÉ pura e simples. Deus parece ter escolhido assim. Tem gente brilhante que é crente, e gente brilhante que é ateia. Não se trata de ser burro ou inteligente, para crer ou não crer, mas de uma disposição de alma. Deus escolheu que fosse assim, e por isso diz que é “O Espirito Santo que nos convence da verdade, da justiça e do juízo”…
Eu estou quase certo do significado do “Nascer de Novo”… Eu venho nascendo de novo a cada decepção e em cada nova alegria. Isso nos faz pensar, refletir, perdoar, seguir adiante cada vez com mais esperança em Deus.
Nasce de novo, como disse Jesus, “da água e do espírito”. Ou seja, do batismo, mas antes, da entrega da confiança a Jesus… Mas é nítida sua mudança de entendimento da vida, para algo muito maior, superior, e fantasticamente reconfortante!