Será que em Harvard acreditarão?

https://dash.harvard.edu/bitstream/handle/1/42638988/Social%20distancing%20strategies%20for%20curbing%20the%20COVID-19%20epidemic.pdf?sequence=1&isAllowed=y

Recebi o link acima de um amigo empresário que, como todo mundo com contas a pagar e sem um patrão-estado, está preocupado com o alongamento desta tranca imposta à população de forma indiscriminada, gostaria de transcrever abaixo, em tradução livro, um trecho do “paper” publicado pela Universidade de Harvard, cujo link pode ser facilmente acessado, acima, com acesso a todo o dito material. Depois, meus comentários:

“Para simulações com isolamento sazonal, o pico ressurgente pós-intervenção pode exceder o tamanho da epidemia irrestrita (Figura 2, Figura S5 [vide link acima]), tanto em termos do pico de prevalência quanto em termos de número total de infectados. O forte distanciamento social mantém uma alta proporção de indivíduos suscetíveis na população (grifo meu), levando a uma epidemia intensa quando R0 (N.T. “basic reproduction number”, ou número básico de reprodução) aumenta no final de outono e inverno. Nenhuma das intervenções pontuais foi eficaz na manutenção do prevalência de casos críticos abaixo da capacidade de cuidados intensivos.”


“O distanciamento social intermitente pode impedir que a capacidade de atendimento crítico seja excedida (Figura 3, Figura S6). Devido à história natural da infecção, há um atraso de aproximadamente 3 semanas entre o início do distanciamento social e o pico da demanda de cuidados críticos. Quando a transmissão é forçado sazonalmente, o distanciamento social no verão pode ser menos frequente do que quando R0 permanece constante em seu valor máximo de inverno durante o ano. O período de tempo entre medidas de distanciamento aumentam à medida que a epidemia continua, à medida que o acúmulo de imunidade a população retarda o ressurgimento da infecção. Sob as atuais capacidades de cuidados intensivos, no entanto, a duração geral da epidemia de SARS-CoV-2 pode ir até 2022, exigindo a adoção de medidas de distanciamento social entre 25% (no inverno R0 = 2 e sazonalidade, Figura S3A) e 70% (para o inverno R0 = 2,5 e sem sazonalidade, Figura S2C) desse período.”

E agora? O que pensar? O estudo continua:

“Um único período de distanciamento social não será suficiente para impedir que as capacidades de cuidados críticos sejam ultrapassadas pela epidemia de COVID-19, porque, sob qualquer cenário considerado ela deixa boa parte da população suscetível que um ressurgimento de transmissão após o final do período levará a um número de contágios que excederá essa capacidade. Esse ressurgimento pode ser especialmente intenso se coincidir com um aumento de inverno no R0. O distanciamento social intermitente pode manter a ocorrência de casos críticos de COVID-19 dentro das capacidades atuais do sistema. Essa estratégia, porém, pode prolongar duração total da epidemia até 2022. O aumento da capacidade de cuidados intensivos reduz substancialmente a duração geral da epidemia, garantindo cuidados adequados para quem estiver gravemente doente.”

Em síntese, a brilhante conclusão a que Harvard chegou, com método científico e uso de equações diferenciais, nos leva a concluir exatamente o que boa parte da população intuitivamente crê: que confinar indefinidamente, sem haver vacina, é contraproducente.

Além disso, o estudo coloca um peso enorme no clima, sobre as decisões. Como já disse em outro post, o hemisfério sul está em exata contraposição ao norte, onde esses estudos estão sendo feitos, e onde as “medidas que deram certo” (ou errado) foram tomadas primeiro. Em nossa sanha de não pensar por conta própria e não interpretar resultados antes de sair agindo igual doidos, esquecemos que rumamos para o INVERNO, e estávamos em pleno verão quando essa folia começou. Ou seja, fizemos o contrário do que Harvard preconiza, e que o demonizado presidente justamente dizia que éramos para fazer.

No mais, se alguém quiser brigar comigo, não o faça. Brigue com o estudo aí em cima.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *