Auditoria e Urnas

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Não sei muito sobre a maior parte dos assuntos. No entanto, tendo trabalhado com auditoria minha vida toda, até hoje, me sinto no direito de dizer algo sobre os conceitos básicos de auditoria, sua necessidade, e a enorme discussão – e confusão – sobre as urnas eletrônicas. Tentarei tratar do assunto sem qualquer viés, mas sempre que possível, tecnicamente.

As urnas estão sob questionamento há anos

Não é de hoje que nós vemos críticas e dúvidas sobre as urnas. Não é de hoje que se levantam questionamentos e sinceras dúvidas técnicas sobre um produto que já tem lá seus anos de tecnologia e que já provou ser, sim, unitariamente, devidamente violável. Um amigo de muitos anos, dono de uma empresa séria e de bom tamanho (vou dar o nome pra não ficar parecendo firula), Maurício “Moshe” Marques, faz uma séria e ferrenha campanha pelo aumento da segurança das urnas há anos. Há pelo menos uma década ele fala disso, e, penso eu, com razão. Temos um produto antigo e cuja violação já foi realizada, por profissionais e amadores, diversas vezes.

Quanto ao sistema de centralização de dados, boletins de urna, etc, são apenas totais gerais, por unidade, e não trazem, no meu entender, possibilidades de realmente examinar o resultado, localmente, unitariamente, e agir sobre o mesmo, impugnando ou restabelecendo votos no local, na seção, com presença dos partidos interessados, localmente.

Pode-se dizer que, na prática, temos um sistema que é sim, se não é violável, não temos elementos suficientes para concluir que é seguro – até onde posso concluir. Mas isso é apenas um dos aspectos da briga.

O Princípio da Auditoria

Ser auditável significa, fundamentalmente, ser passível de exame de resultados, olhando para partes constituintes, via documentação suporte e/ou regras de cálculo específicos. Os elementos colocados à disposição do auditordevem prover uma garantia “razoável” de que o ente auditado está materialmente adequado (100% de certeza não é auditoria, é refazimento). O auditor, por seu lado, precisa ser independente.

Portanto, o que entendo que queiram os defensores do “voto impresso” é prover, com as tais urnas laterais, evidências verificáveis, ou a possibilidade de que um ou outro resultado seja pontualmente auditado e confirmado, e, em caso de dúvidas materiais, seus resultados sejam impugnados, como era uma possibilidade antigamente, no tempo das eleições no papel, quando juízes eleitorais tinham o direito de declarar uma seção ou urna “impugnada” por razões fundadas – por exemplo, flagrantes de “curral eleitoral”, por parte dos coroné do passado, entre outros.

Para ser auditável, o sistema de votação precisa, unitariamente ser passível de ser “aberto” e confrontado com a natureza da dúvida que se levantou. Há casos em que pessoas questionam, com razão, que seu voto no candidato “A” não foi registrado na urna da seção – e muitas vezes com fundadas razões. As urnas atuais não são auditáveis, no sentido em que somente fornecem um boletim geral de contagem dos votos e não a possibilidade de exame efetivo das quantidades votadas com os boletins eletrônicos das urnas (minimamente).

Os aludidos procedimentos de “zeramento” das urnas apenas garantem que os “saldos” de votos no início da eleição eram zero, e portanto começou-se daí. Isso não significa, em minha opinião, que os resultados não possam ser manipulados por sub-rotinas ou programas externos, para gerar uma determinada votação.

Quando fui com meu amigo Martin Bargraser, em Caracas, votar (ele) contra Hugo Chavez lá pelo fim dos anos 1900, ele já me alertava para o fato de que havia um “tíquete” que saía de uma impressora e caía direto na urna, e que assegurava que quem votou viu seu próprio voto e concorda com ele. Isso torna a votação auditável.

Hugo Chavez acabou democraticamente eleito, e deu no que deu. Portanto, eleições auditáveis não garantem a sabedoria do resultado, mas isso é outra história.

O Fantasma e o “medo” das Urnas Auxiliares

Roberto Barroso, ministro do STF e presidente do TSE, levantou uma preciosidade retórica sobre as tais urnas auxiliares, auditáveis – elas iriam criar “insegurança” sobre o processo eleitoral, e não adicionar segurança. O raciocínio é típico de advogado que defende cliente culpado: usar qualquer argumento, já que não possui nenhum. Ora, como é que um processo de exame adicional vai aumentar insegurança?

Sobre o aspecto de tornar o processo auditável, um ex-sócio de auditoria da empresa em que eu trabalhava, dizia que “quem não tem medo de auditoria, não liga para ela; quem tem medo, precisa ser auditado”. Portanto, no processo eleitoral, vale a máxima acima.

É justamente por NÃO quererem o voto auditável que os políticos precisam dele, e a sociedade mais ainda. Barroso, ao advogar o que advoga, é quem lança mais medo na população, com relação à lisura dos nossos pleitos.

Bolsonaro “provando” fraudes

O presidente nunca cansa de propalar coisas que não consegue provar, e dessa vez não foi diferente. Espalhou aos quatro ventos que tinha provas bombásticas sobre fraudes na eleição de 2018 (que ele ganhou). Não tinha.

Não tinha justamente porque o argumento da necessidade de urnas auditáveis é válido: NÃO HÁ como provar fraudes. E por isso, tenham elas existido ou não, não se podem provar.

A chateação minha e de todos os que não são Bolsominions, mas torcem pra esse governo dar minimamente certo, por amor ao país, é a de que o presidente cai em ciladas ridículas. Não é a primeira vez que ele lança um balão de ensaio do tamanho de um bonde, e logo é ridicularizado. Ele até parece querer fazer as coisas corretamente, e francamente o governo me agrada mais do que desagrada, até o momento, por conta da condução do lado real da vida – aquele que acontece enquanto Brasília trama: agricultura, infraestrutura, economia, etc, vão bem obrigado, a despeito do que se fale. Mesmo o controle da pandemia me parece ruim, mas no nível da maioria dos países do mundo, ou seja, fomos pegos de calças curtas como todo mundo. A diferença é que aqui tem torcida pelo virus, o que não se vê frequentemente no mundo.

Quando Bolsonaro falou que ia para a TV “provar” a fraude, eu gelei e nem assisti a tal live. Achei que iria justamente contra o fato de que não é possível comprovar nem fraude nem lisura das urnas. Não há meios. A eleição dá um resultado “acabado”, visto por poucos, sem conhecimento de informática suficiente para julgar, comandada por um tribunal que quer tão somente se proteger de críticas, e que não parece estar aberto à possibilidade de criar meios e mecanismos de exame de resultados.

Assim, Bolsonaro, boquirroto que é, tentou provar o que é impossível provar – e o que é justamente a razão maior para o movimento por urnas auditáveis.

De amigos apaixonados contra o governo – faça esse o que faça – ouço as palavras de que eu “passo pano” para o governo. Sei pesar exatamente o que está sendo feito de bom ou de ruim, e por mais inteligente e capaz que um antagonista seja a esse governo, também sou capaz de formular minhas conclusões de forma independente, sem me deixar levar nem pelas idiotices do chefe do executivo, nem pelos muitos acertos que vi até o momento.

Sou auditor há mais de 30 anos. Conheço razoavelmente meu ofício. Se me chamassem para emitir um parecer sobre a capacidade do sistema atual brasileiro, de ser examinado e auditado, eu diria que “me abstenho de opinar”, pois que faltam elementos de controles internos e externos para me dar segurança para tal.

Do outro lado

Do outro lado dessa lambança toda temos o PT, o PSOL e outros partidos que são frontalmente contra urnas auditáveis ou “voto impresso”. Tirem suas conclusões sobre essa postura. Eu já tirei as minhas desde 1989.

Um boteco em Xambioá

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Lendo hoje um artigo do Paulo Polzonoff sobre um boteco de Curitiba que virou point de esquerda, e que serve, segundo o autor, um “Torresmo com gosto de Lula”, me lembrei de um episódio ocorrido comigo nos idos de 1986, 87, sei lá. Estava eu auditando uma subsidiária de uma empresa carioca, que tinha enormes terras de gado de corte, em Araguaína, antes Goiás, hoje Tocantins.

Num final de semana fui convidado pelos gentis donos do escritório de contabilidade que faziam de guarda-livros do meu cliente uma viagem de fim de semana com eles pra uma “chácara” que tinham na beira do Rio Araguaia, na divisa com o Pará (o “Parazão”, como falavam, como se Goiás/Tocantis fosse algo do tamanho de Israel… hehe).

De lá, como precisamos pegar um barco novo, descemos o Araguaia de Araguanã, local onde estávamos, até Xambioá, do outro lado do rio, uns 20, 30 Km mais abaixo (para o norte). Lá, descendo do barco, ganhei uma cicatriz na cabeça do meu dedão, por ter descido e pisado num caco de vidro no fundo do rio. Minhas boas vindas ao Pará foram parar numa farmácia local, e depois, com o dedão enfaixado, fui eu fazer o que o cara da cidade faz enquanto todos cuidam do barco. Junto com mais uns 2 ou 3, fomos pro boteco local.

Lugar interessante, grande, amplo, de madeira e bambu, com chão já de cimento, e telhas de barro, bem cuidadinho, muito bacana, mas aberto, quase todo ele, nos lados. Fui até no Google Maps pra tentar ver se me vinha algo de lembrança do local, e o possível bar, mas francamente, não lembrei de nada.

Entrei no Bar e dei de cara com uma bandeira da República (do Araguaia), retratos de Che Guevara, Fidel Castro, Mao, Lenin, tudo bem vermelhinho, show de bola. Como estávamos ainda na transição democrática, Sarney de presidente, perguntei se eles não tinham problema com a lei – “não, claro que não… esses caras foram embora lá pelo início dos anos 70, quando prenderam os líderes, inclusive Genoíno. Nunca mais deram as caras pra bater nem atirar. Só tem aqui médico, e os caras do IBDF “(Instituto Brasileiro de Defesa Florestal, o IBAMA da época, creio).

A pergunta veio, como é comum comigo, sem muita reflexão – “mas você é comunista”? O cara – “por que?” E eu… “ué, tem bandeira de Cuba, da República do Araguaia…”. E ele emendou direto – “não sou comunista não. isso aqui é o mote do estabelecimento… gosto mesmo é do dinheiro dos garotos da USP e UFRJ que aparecem aqui, sentam, enchem a cara, choram de saudade (!) e vão embora deixando um troco na minha mão…“.

Nas paredes tinha muita “memorabilia”, desde garruchas até “dinheiro” da república, fotos de revistas Manchete, etc, além das indispensáveis (na época) fotos de mulheres (quase) nuas, de posteres das revistas masculinas da época.

Sentamos pra bater papo. Boteco quase vazio, eu com o dedão do pé latejando. Os amigos pedem cerveja super gelada (a tal Cerma, prima-irmã da Cerpa – uma é “Cerveja do Maranhão”, a outra “Cerveja do Pará”). Pedem também o maravilhoso prato (tábua) de carne seca com mandioca cozida de lá. Coisa muito chique, difícil de descrever, de verdade. Um manjar.

Papo vai, papo vem, eu sou perguntado sobre minhas posições. Na época, bem jovem, tinha poucas, mas desde sempre odiei as tendências mais à esquerda. Desconversei um pouco mas disse que meu pai era político e que era da Arena 1 (na época a Arena, Aliança Renovadora Nacional, tinha a “1” e a “2” na minha cidade de Cordeiro, RJ).

O clima esquentou um pouco quando eu falei que apesar de ser contra ditaduras, achava que a que estava acabando tinha feito grandes avanços, mas que eu concordava que era melhor um poder civil. Ânimos mais exaltados, fiquei na minha pra não apanhar dos circundantes, quase todos gente que veio alugar uns “quiosques” com umas redes, na beira do Araguaia, e tomar cachaça com gelo dentro de uns abacaxis enormes, e comer ovos de tartaruga tracajá, e paquerar nas “praias” de água doce do local.

O dono do local se levanta, bate na mesa e declama – “a guerrilha já acabou, os comunas já voltaram pra Sumpaulo. Aqui qualquer um fala o que quiser“. Os diversos tipos ao lado não tiveram coragem de contestar o sujeito, mas jogavam algumas piadinhas pra eu ouvir. Foi muito legal. Foi uma demonstração de socialismo etílico capitalista, misturado com tábuas de carne seca e mandioca, difíceis de esquecer.

Sequer ousei dizer que tinha um tio que na época devia ser tenente ou capitão da FAB, e que tinha pilotado uns helicópteros na região e tinha umas histórias bem interessantes daquele tempo… Aí eu apanhava, na certa…

Seguimos conversando até sermos chamados pra retornar pra Araguanã, numa viagem de volta de umas 4 horas (descer o rio tinha levado não mais que 1 hora).

Devo ter uma foto do boteco em algum lado. Esse é um comunismo que valeu a pena viver…


Algumas discussões, só no Brasil…

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Todos já nos demos conta de que nossa classe política vive num mundo à parte, e que nos governar, fazer o que é preciso para que o país vá para frente, é o penúltimo de seus objetivos (o último sendo falar a verdade).

Algumas discussões são tão doidas que parecem só ter lugar de ser neste país. Aqui há um divórcio total entre quem nos governa e nós, e entre a razão e as “razões”. Listo algumas delas abaixo para que nós, juntos nos demos conta do grau de loucura que nos atinge:

Voto Auditável

Há uma discussão que se pretende séria, sobre se temos ou não o direito de ter votos que possam ser recontados. Recentemente o grupo Hipócritas fez um sketch com uma suposta eleição para síndico em que o o filho do atual síndico cria um programinha que conta os votos, mas não permite que ninguém verifique nada. Seria de dar risada se não fosse tão trágico. Estamos discutindo ISSO. Nossos políticos e (pior) nosso STF está levantando argumentos a FAVOR de não termos voto auditável. Afinal “sempre foi assim e dá certo”. Ora, COMO saber se deu certo mesmo? Não podemos saber. E por isso seria um aprimoramento básico, que existe até (vejam vocês) na Venezuela, como já mencionei em outro artigo.

Fim do Foro Privilegiado

Somos talvez o único país do mundo em que qualquer Zé Ruela eleito se acha no direito de ser julgado por um tribunal especial. Estamos à mercê de um Zé – Renan Calheiros, réu em diversos processos (dependendo de quem conta, entre 7 e 30), que está dando cartas numa CPI absurda, junto com outro réu em diversos processos, o Zé de Aziz.

Chamo de Zé não por demérito aos grandes Zés desse país – Zé Vasconcellos, Zé da Velha, Zé Maurício (o padre), entre outros… Mas aos Zés verdadeiros, as nulidades como Zé de Abreu, e sua enorme boca, ou os tantos Zés que habitam nosso parlamento, incólumes.

O Foro privilegiado é um TEMA de discussão aqui! Esse é o espanto!

Privilégios do Funcionalismo Público

Sou filho de funcionários públicos e irmão de dois deles também. Não estou aqui a culpar funcionários públicos por nossas mazelas todas e sei perfeitamente reconhecer que há excelentes profissionais no serviço público.

Trata-se, porém, de sabermos que temos pendurados nos nossos ombros MILHARES de funcionários, que, bons ou ruins, NÃO PODEM estar lá, porque o peso deles mata nosso orçamento, mata nossa capacidade de investimento, mata, enfim, nossa liberdade de crescimento.

Férias de 60 dias

Aqui, o engraçado não é o fato de que alguns tem 60 dias de férias, quando todo mundo tem 30 (mais do que na maior parte dos países civilizados). O que dá vontade de chutar o balde é que tem defensor dos tais privilégios acham que a PRODUTIVIDADE dos juízes e promotores VAI CAIR se os caras trabalharem igual a todo mundo. Ou seja, os caras ficam 17% do tempo em casa (fora sábados, domingos e feriados) e 8.33% de tempo a mais de trabalho vai… atrapalhar… a produtividade… é ou não é coisa de país louco?

Sistema Partidário e Representativo

Aqui estou falando dos tantos dispositivos criados ao longo dos anos e que torna nosso sistema de escolha burro e caótico, favorecendo meia dúzia de líderes de partidos e não à sociedade.

Não elegi alguns deputados – nem NINGUÉM elegeu, mas um Tiririca da vida “puxou” votos para dez nulidades que ninguém conhece nem confia, mas que estão próximos ao poder partidário.

Não votamos em alguém próximo de nós ou representativos da região em que estamos. Votamos num deputado lá do interior, e sem qualquer vínculo com meu local. Desde sempre o sistema inglês (e em parte americano) faz com que as disputas locais sejam acirradas, com gente conhecedora dos contendores. Esse tipo de voto distrital direto, na veia, faz com que deputados displicentes com seu eleitorado percam suas cadeiras, como foi vítima até o grande Winston Churchill, no pós guerra.

Deputado próximo tem que prestar contas, e precisa conviver e conhecer o eleitorado, e não sumir e aparecer a cada eleição. Aqui, isso ainda é motivo de discussão, para espanto do mundo todo.

Finalizando…

Até 1994 vivíamos achando que inflação de 3, 4 dígitos era algo com que teríamos que conviver o resto dos nossos dias. O Plano Real pôs fim relativo àquela loucura econômica e pôs freio nos orçamentos do governo, dando realismo econômico ao país.

Até 2019 vivíamos com juros tão absurdos que devemos mais a eles do que ao próprio desenfreado déficit, a razão de termos hoje quase 100% do PIB em dívida para as próximas gerações.

O Banco Central brasileiro, desde 2019, parece ter se tocado de que é possível conviver com juros quase (ou abaixo) na linha da inflação, ou seja, juros reais próximos de zero. O mundo inteiro faz isso, porque diferentemente de 25, 30 anos atrás, existe hoje um excesso de capital no mundo. Isso levou diversos bancos centrais a tomar proveito e colocar “pedágios” para guardar dinheiro da população, sob forma de juros negativos. Só nós permanecíamos em berço esplêndido.

Qual é a lição possível? Qualquer coisa que não presta, que não serve, e é mantida artificialmente, ou ainda que é ou se torna um mal à sociedade, tende a ser extirpada da vida pública, cedo ou tarde. Ocorreu isso diversas vezes no mundo todo, seja pela via da tecnologia ou do esgotamento da paciência pública com o “espinho na carne”. Somente sociedades ditatoriais conseguem manter por décadas atitudes que são frontalmente ruins ao povo ou que, no fim das contas, são coisas más ou, desnecessárias.

Nosso parlamento se tornou desnecessário, como está, pois que somente pensa em si e advoga contra o bom senso. Nosso STF, na atual composição, se tornou nocivo ao povo e afronta a Constituição diariamente. Nosso sistema de votação elege quem não elegemos, e não nos deixa saber se de fato elegemos alguém.

A síntese disso é que qualquer um, esquerda ou direita, funcionário público ou não, em sendo minimamente bem intencionado e honesto consigo mesmo, sabe há um monte de coisas que deveríamos nos livrar, sem prejuízo à democracia, ou mesmo em favor dela. Quebremos o pau sobre a forma como é melhor tornar a sociedade melhor e mais feliz, mas deixemos de lado os absurdos com os quais temos que conviver diariamente.

A “minha” Covid

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Recebi ontem o diagnóstico de Covid-19. Ontem de noite mesmo fui a um posto drive-thru, e menos de 2h depois tinha na mão o diagnóstico de “reagente”. Os preparativos pra me segregar do meu povo foram rápidos e estou confinado ao meu escritório de trabalho, em casa, e ao meu quarto. Tudo bem, tudo tranquilo, só coriza e uma tosse seca. Essa tosse, aliás, tenho diversas vezes por ano. Só uma chateação alérgica.

Mas que quantidade de reflexões essa peste nos leva a fazer. Minha reação inicial é a de sempre – fazer piada comigo mesmo, tipo “encomendem o caixão”, “Deus já tá me chamando” e tudo o mais que um piadista de mau gosto consegue fazer, para o entretenimento de ninguém além de si mesmo.

Algumas reflexões devem ser feitas a despeito de a quem possam eventualmente ofender (flocos de neve que me perdoem) e sem qualquer viés ideológico ou político.

1 – O Vírus me Pegou, e não tenho medo dele

Mesmo que eu venha a morrer disso, que fique claro a todos que eu não vou pautar minha vida pelo medo disso. Se eu tivesse decidido viver acovardado, não teria feito nada do que consegui, pouco ou muito, nesta vida.

Se morrer ou não morrer, podem escrever – não pretendo modificar minhas palavras aqui – uma porque não conseguiria (morto) e outra porque não teria razão (vivo). Viver no medo, comandado por terceiros que decidem até o que você deve temer, não é coisa de macho (sem sexismo aqui, no sentido “latu” da palavra, de antigamente).

2 – O Vírus não afetará minha visão de que podem haver tratamentos diversos

Seja precoce ou não, continuo a crer que nossos médicos devem ter toda liberdade de prescrever o que sua prática determina como útil. Cercear o direito à opinião divergente, e ainda chamar de “terraplanista” quem tenta algo diferente do que o outro prescreve e “afirma” ser ciência, NÃO é ciência. É imposição, é ditadura.

Acredito tanto na possibilidade de que alguns tratamentos precoces deem muito certo como estou certo de que as vacinas de uma forma geral funcionam muito bem. Minha dúvida está na “Vachina”, ou Coronavac (se eu morrer antes, alguém que chegar no céu depois de mim me avise como acabou a novela). Tenho uma baita desconfiança de uma vacina que já está dando errado (estatisticamente) no Chile e Uruguai, e que não dá NENHUM tipo de efeito colateral. Além disso, se é produzido na China, é de duvidar, por razões mais do que sobejas, a quem tem um mínimo de desconfiômetro.

3 – A China é Epicentro, Culpada e Algoz

Minha opinião. Sujeita a todos os reparos e xingamentos possíveis, mas ainda assim minha opinião.

Entendo que a China como epicentro tenha que ser chamada à responsabilidade. Omitiu o fato e só o reconheceu depois de muito sumir com médico e reporter, ou seja, quando já não tinha como negar.

A China é culpada por ter-se negado a informar o quanto sabia sobre os detalhes do virus e entregar à comunidade internacional TUDO o que sabia, inclusive para propiciar uma vacina mais rápida possível. A China é culpada ainda por ter cooptado a OMS para falar o que ela queria, levando a um caminhão de decisões erradas e mudanças absurdas de rumo de políticas de saúde, que deixaram os países tontos, Brasil no meio (e com uma crise política pra ajudar a gerar críticas a cada passo do caminho). A China, por fim, é culpada por não informar claramente por que tem TRÊS óbitos por milhão de habitante, contra, por exemplo, quase 3 mil no Brasil. Será que são TÃO bons assim? Quem viu as raves em Wuhan pode ficar se perguntando se eles já tinham uma cura “na manga” ou se simplesmente mentem sobre suas estatísticas.

Por fim, a China é algoz, no sentido em que não apenas de ter tentado silenciar – e conseguido em boa medida – a opinião pública mundial, aliada a gigantes da tecnologia como o FaceBook, por exemplo. O FB se fez de capacho do PCCh, liderando (por tamanho absoluto) um movimento de censura a qualquer um que ousasse dizer coisas como “tratamento precoce pode ajudar”, ou ainda “isso veio da China”, e, pior que tudo, “a China tem uma obrigação financeira com o mundo todo”. A China não é uma nação confiável, moral ou comercialmente. A China quer vender ao mundo uma narrativa de uma “democracia” que é muito parecida com qualquer ditadura vagabunda com a qual tenhamos tido que conviver no passado ou presente (me refiro ao seu governo, não a seu povo, tradições e história, obviamente). A China é sim, algoz e deverá ser tratada como tal no concerto das nações – se é que ainda restam nações com liberdade e independência suficientes para isso.

4 – Mais Importante – Quem define minha vida e Futuro é Deus

Irrite a quem irritar, minha vida se define pela minha relação pessoal e profunda com meu Criador. Sou dEle e Ele é meu Senhor. Nada vai me separar dEle, como disse o Apóstolo Paulo:

Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? 
Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. 
Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. 

Romanos 8:35 a 37

Mesmo que na hora da angústia eu às vezes tenha a tendência em achar que Deus “pisou na bola” comigo, posso afirmar que Ele continuará comigo, seja em cima da terra ou debaixo dela; ou melhor, além dela, no lugar que Ele disse que iria preparar para nós, Sua Igreja.

La nave và… e nós também…

Consenso, na Ciência Moderna

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Dois episódios e algumas tempestades atingiram o mundo acadêmico recentemente e me fazem refletir sobre o significado de pesquisa científica mais uma vez. Eu não sou cientista. Sou auditor. Talvez por conta da profissão, exista um certo medo do que a gente vê e examine pela primeira vez. Sempre me lembro das lições da Arthur Andersen, empresa-escola que primeiro me ensinou (ou tentou) algo sobre essa matéria. O termo usado era “Ceticismo Saudável”, para indicar como deveríamos abordar cada assunto sob análise. Não significa a “hiper dúvida” que costuma nos atacar, principalmente em meio a essa guerra de informações, tornada aguda pela Pandemia de Covid 19.

Esse ceticismo parece que só tem tido um lado, recentemente. Esse lado é sempre o de quem chega primeiro e “rotula” algo, levando à mídia sua definição e rótulo dado. Como sempre, quem rotula tem uma intenção, nem sempre confessável – a de atingir um objetivo cuidadosamente descrito no tal Caderninho Preto, a que costumo me referir, e que sempre está dentro do bolsinho do colete do “rotulador”.

Origem Chinesa do SARS-COV-19

Fomos massacrados durante todo o ano de 2020 com o Rótulo muito bem plantado na imprensa, de que a Covid não tinha tido origem na China, em Wuhan, mais precisamente nos arredores do Laboratório de Estudos de Coronavirus de Wuhan.

Quem ousasse discordar era terraplanista, fascista, bolsomínion, etc. Aqui, e no exterior, a grande mídia e as mega redes sociais nos escravizaram a uma visão de que duvidar disso era equivalente a duvidar que o céu é azul.

Um grupo chamado DRASTIC teve um trabalhão enorme para nos abrir os olhos para algo óbvio – há chances, claro, de que o tal virus tenha tido, sim, origem na China, em Wuhan, no tal laboratório. Se de propósito ou “fugido”, não se pode dizer, mas com os resultados vistos.

A quem interessava que a China tivesse seu nome eliminado da lista de suspeitos da tal Covid? A China, obviamente, e qualquer um que tivesse interesse em que a China não fosse objeto de questionamentos incômodos.

O resultado é que passamos 2020 inteiro buscando origem de um virus que, com fortes possibilidades, surgiu no tal laboratório.

Ciência foi usada para prevenir a capacidade de todo um planeta de pensar cientificamente sobre algo.

Tratamentos Precoces

O termo “Tratamento Precoce” foi rotulado e logo estigmatizado lá atrás, em Abril de 2020. Qualquer tentativa de informar ao público, ou minimamente gerar a especulação sobre a necessidade de pesquisa de tratamentos de produtos “off-label” (não dentro da especificação técnica de uma droga, mas seu uso alternativo, para outro fim, dentro de prescrição médica).

Desta forma, ficamos sem saber, por meio de consenso científico, se Hidroxicloroquina, Ivermectina, Budesonid, Azitromicina, etc, funcionavam ou não. Metade dos médicos diz que funciona, metade diz que não. Um amigo brande uma opinião de um clínico geral muito bom, que é contra, outro esfrega sua receita de Ivermectina prescrita por outro médico igualmente reconhecido, na minha cara.

Eu, perplexo, tentando dar o benefício da dúvida a quem acha bom, quase apanho de todos os lados. Sou negacionista, terraplanista, fascista, e obviamente, bolsomínion.

Os tratamentos precoces vão funcionar? Não sei, nem ninguém saberá a menos que levemos as pesquisas de todas as possibilidades de tratamento a cabo, façamos os “peer reviews” necessários e deixemos então que os resultados aflorem. Da mesma forma, creio que nem todas as vacinas funcionarão (pelo menos não por de igual forma), e algumas terão de ser descartadas, para o futuro. Mas isso será definido por observação, coleta de dados e experimentação, além de testes clínicos controlados, claro.

Liberdade de Cátedra

A Constituição do Brasil, que se mete onde não devia, é enorme e confusa, define a liberdade de cátedra como abaixo:

O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, …

CF Art. 206.

O Termo e a aplicação é muito mais antiga, e quer justamente evitar que opiniões e crenças impeçam o desenvolvimento científico, que é, em sua base, iconoclasta.

Nossas universidades, contudo, despejam ódio justamente ao que deveriam proteger com mais carinho, nos dias de hoje – a liberdade de investigação, mesmo (e preferencialmente) ideias, fórmulas, teses e escritos que são considerados “consagrados” pelo “consenso científico”. Ora, é da quebra desse consenso que surgem as ideias que mudam o mundo.

A perda de liberdade de cátedra nas nossas universidades, substituída por doutrinação ideológica (unilateral), faz escorrer do ensino superior aos níveis mais abaixo, até a pré-escola, pensamentos que não se coadunam com a liberdade de pensamento.

Ontem ainda vi uma matéria sobre questões que o tradicional Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, propôs a seus alunos de matemática. A coisa vai mais ou menos assim – “um dado governo, antidemocrático, fascista, de direita…” e daí passa a usar uma determinada situação para pedir ao aluno que faça determinada conta e chegue a uma conclusão que corrobore (na visão de quem propôs a questão) um resultado.

Em outro lugar, a descrição de capitalismo é a de “uma sistema econômico que traz miséria, desemprego e guerras”, sem dar qualquer informação nem dos porquês, nem a possibilidade de argumentação em contrário. Não mais se explicam as teorias econômicas e se dá a possibilidade de pensar.

O mesmo se passa na tal ideologia de gêneros, e temas ainda mais espinhosos, como aborto, adoção de crianças por casais homossexuais, entre outros.

Não se pode falar nada de Bíblia, nem como pano de fundo histórico, de época, mas pode-se tecer loas a Bagavadh Gita, Alcorão, Vedas, e quaisquer outros escritos sagrados de qualquer outra religião.

Para onde Vamos?

Onde irá desaguar toda esta onda de sufocamento da liberdade acadêmica, da liberdade científica, do ceticismo saudável? Onde pretende a sociedade atual chegar com o impedimento à busca da verdade, mesmo que incômoda?

Quem se atreverá, em 10, 20 anos, a propor a nova teoria da relatividade, a nova teoria das cordas, a nova teoria da evolução? Quem terá a pachorra de propor algo que quebre com um conhecimento arraigado e dado como “científico”, no futuro?

Quem fará ciência? Tecnologia sabemos que estamos (ainda) permitidos de avançar. Mesmo assim, por enquanto.

Quem se propõe a desafiar o “consenso científico” apresentando, ou aventado que seja, a possibilidade de que o aquecimento global seja fruto de algo que não a intervenção humana? Alguém se atreve a ir para a frente de um conclave acadêmico qualquer para dizer que “é possível que pessoas de pele da cor tal sejam diferentes porque produzem mais/menos a substância tal, e que afeta o fígado/rins/pulmão da forma tal?”.

Enfim, que colocará o seu currículo na reta, e terá a coragem de enfrentar o status quo científico. Afinal, como escreveu em um e-mail o Dr. Peter Daszak, parafraseando Winstons Churcill sobre as leis, “as salsichas e os consensos científicos, melhor não saber como são feitos“.

O Idiota em mim, e em você

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Se sentir um completo idiota é uma coisa que deve, na minha opinião, ocorrer com cada um de nós pelo menos uma vez por dia, senão mais. Não que eu queira, ou que algum de nós queira ser um idiota, ter cometido uma idiotice ou faça algo com consequências graves, ou não, de sua inépcia, insensatez ou idiotice mesmo. Tenho o dever de me sentir idiota, para que não seja sem saber.

Mas o fato é que reconhecer que fez algo idiota já é algo bom. Pelo menos a gente está ligada no que faz, acha que poderia ter feito melhor, ou reconhece quando algo não está à altura do que é preciso ser feito. É uma sensação horrível, de incompetência, mas ao mesmo tempo libertadora, pensando bem, por pelo menos eu saber que entendo o que fiz errado.

Adoro atribuir ao Apóstolo Paulo uma frase que ele nunca disse (pelo menos que eu saiba) mas que tem toda a cara dele:

Bem aventurado aquele que sabe aquilo que ignora

Apócrifo

Como é bom olhar algo e ter certeza absoluta de não saber nada, zero, a respeito. Eu estou em busca de expandir o limite da minha ignorância (ou melhor dito, daquilo que conheço), a fim de ignorar cada vez menos. Mas é muito difícil.

Nelson Rodrigues dizia com muita propriedade que

Os idiotas vão tomar conta do mundonão pela capacidademas pela quantidadeEles são muitos.

Nelson Rodrigues

Somos mesmo muitos…

Mas a razão de eu falar de tanta “idiotice” é menos filosófica e mais prática. Existem várias “bolhas”, como se diz por aí. Fala-se muito em “fazer algo repercutir fora da bolha”, e coisas parecidas. Eu costumava não me achar encerrado em em nenhuma delas. Mas francamente, já não sei não. E falo da bolha política, mas também da bolha dos costumes, do politicamente correto/incorreto e todas as outras, que os tempos de Mídias Sociais parece que reforçaram. Eu começo a achar que eu talvez esteja olhando o mundo com óculos errados. Afinal, amigos meus, grandes amigos, deram de ralhar comigo, à vera, por conta de certas posições minhas. Não são necessariamente posições políticas, mas são posições que tem um profundo impacto no que eu penso ser o meu modo de viver ideal.

Já escrevi várias vezes que me identifico como um conservador, cristão e que tento ser racional. Por isso, assuntos como a liberdade de cátedra, a inviolabilidade do direito de opinião, e o caráter absolutamente iconoclasta da ciência tendem a ter muito eco no que eu penso e faço. Assuntos que eu julgava que não mereceriam mais do que um olhar superficial, como por exemplo, a realização ou não de um campeonato de futebol de 30 dias, com sei lá, 16 seleções, sem público, todo mundo testado pra Covid, estão gerando tanto problema que eu chego a me encolher diante de opiniões de amigos que eu julgo inteligentes e sábios.

Outra feita, é uma tal CPI da Covid, que eu não entendo como é que alguém em sã consciência pode dar a mínima credibilidade, ganha tanto espaço e é considerada tão fundamental pra sociedade, neste momento de pânico e suspense: como uma comissão que é presidida e relatada por dois sujeitos desqualificados, moral e legalmente, pode ser levada adiante sob holofotes do Brasil e do mundo, sem qualquer questionamento.

Devo estar priorizando somente um lado da opinião, e isso não gosto de fazer. Deve haver, então, algo errado, e é COMIGO. Afinal, gente que considero muito melhor do que eu enxerga razoabilidade nisso tudo. Desde discutir por conta da tal Copa como assistir uma CPI como se fosse um seriado da NetFlix.

Desde o início desse processo de pandemia eu tenho pensado em muitas coisas que em outros tempos não teriam qualquer repercussão, como o uso ou não desse ou daquele comprimido disso ou daquilo, do tempo que o comércio deve ficar aberto ou fechado, do tanto de transporte coletivo que temos que ter, do atraso de dias, ou meses (dependendo da fonte) para obtenção de vacinas… Tudo o que tenho visto parece formar parte de uma curva de aprendizado sobre algo que nenhum de nós têm a menor experiência, e cujos erros certamente foram cometidos. São patentes, mas não são mais do que isso mesmo – erros, inadequações, idiotices. É o Galípoli, do mesmo Churchill que nos salvou da ameaça nazi-fascista, anos depois. É a tragédia de uma situação que ninguém poderia dizer-se preparado para enfrentar.

Meus amigos, que realmente (não é ironia) são melhores e mais sábios do que eu fazem coro com boa parte da população que bate sem parar no governo (vou fazer aqui a ressalva de sempre – votei e votaria de novo em Bolsonaro em 2018, mas não voto nele se houver alternativa conservadora minimamente capaz de vencer uma eleição).

Um dos meus esportes preferidos é dividir problemas em partes e tentar raciocinar sobre cada uma das partes. Coisa de gente limitada – como eu tenho dificuldade com variáveis múltiplas, busco isolar cada uma e resolvê-las separadamente, e tentar assim chegar a uma conclusão sobre o todo. É isso que tenho tentado fazer ao longo da vida, com algum nível de sucesso.

Mas estou apavorado comigo mesmo. Não sei se estou numa bolha tão, mas tão fechada, que não consigo enxergar algumas coisas que outros veem por óbvio. Eu realmente não consigo “fechar questão” sobre alguns assuntos que uns têm por certo. Eu não consigo achar defeito grave numa economia que conseguiu cair, com Covid e tudo, menos do que entre 2013 e 2014, sem nada, exceto o fato de termos tido um péssimo governo.

Além de tudo isso, tenho uma visão de que no final das contas, o mercado consegue, com seus milhares de interações diárias, de milhares de cabeças pensantes, indicar o que realmente está acontecendo, quando as câmeras e microfones são desligados e os políticos voltam pros seus sepulcros caiados.

Enfim, terminando, outra citação de Nelson Rodrigues, que pretendo manter na mente, justamente por tudo o que já escrevi acima:

Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.

Nelson Rodrigues

A percepção que interessa

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Bovespa

No auge da crise do subprime, nos EUA, a bolsa brasileira oscilava entre índices Bovespa de 42 mil a 50 mil pontos. No início do primeiro governo Dilma, a Bovespa chegou a 70 e poucos mil pontos; já auge da crise “da Dilma”, em 2013 a 2015, o mesmo Bovespa mostrava uns 40 mil pontos, tendo chegado a meros 38 mil pontos, se a memória não falha. Na transição par ao governo Temer, o golpista, o ilegítimo, o Bovespa chegou a 97 mil pontos. Hoje, no auge da “crise da Covid”, da “crise Bolsonaro”, o mesmíssimo Bovespa demonstra 124 mil pontos.

O que é este Índice? Para quem não tem familiaridade, a Bovespa/B3, é a maior Bolsa da América Latina, e como tal, contém ativos financeiros (ações) das maiores empresas do país, algumas entre as maiores do mundo, como Vale, Petrobrás, WEG, Cemig, Telefónica, entre tantas outras.

É, portanto, a média ponderada da valorização (ou desvalorização) desses ativos, negociados livremente entre milhares de pessoas físicas e jurídicas, diariamente, de forma clara, transparente e sem interferências externas (há controvérsias, em alguns casos, mas as tentativas de manipular o mercado são normalmente coibidas pelo xerife do mercado, a Comissão de Valores Mobiliários, ou CVM).

Trata-se então, de uma representação numérica da vida econômica do país, em grande medida. Claro que não é um índice que mede confiança, nem performance econômica, mas certamente, num prazo mais longo, representa o grau de certeza ou incerteza dos agentes econômicos sobre nosso país.

O gráfico é publicado diariamente, e portanto ninguém pode dizer que não tem acesso, ou que as informações foram manipuladas:

Então vamos partir dos seguintes pressupostos:

  • Milhares de pessoas transacionam em Bolsas de Valores todo santo dia
  • Todas essas pessoas o fazem de boa fé, e de forma livre
  • As empresas nas quais investimos diariamente são empresas que estão inseridas no contexto nacional – para bem ou para o mal – dentro das regras tributárias, trabalhistas, de juros, de crescimento do PIB, etc
  • As empresas estão inseridas também num contexto internacional, sujeitas a chuvas e trovoadas como todo mundo.

Se tudo acima é verdade, então como é que em plena CPI da Covid, com todos os holofotes virados contra o executivo, com o STF agindo como executivo, o legislativo também tentando, por que a Bolsa sobe? O que essa miríade de gente pensa da vida, pra apostar as fichas em produção, lucro e perspectivas de valorização desses papéis?

A realidade

Existe um fator que precisa ser dito, a bem da verdade, e que ajudou em muito a decolagem da Bolsa – a queda dos juros. Com juros reais negativos, o brasileiro parece que “descobriu” o mercado de renda variável. Mas por que exatamente? O medo não seria razão suficiente para um refúgio seguro na poupança?

Que razão leva milhões de pessoas físicas, brasileiros de carne e osso, assalariados, a “aventurar-se” em Bolsas, sabendo que um dia se ganha, outro se perde?

A resposta parece estar no distanciamento cada vez maior entre o Brasil real e o Brasil Brasília, o Brasil Imprensa, o Brasil mídias sociais. O fato é que é difícil atribuir (eu não atribuo) essa subida das Bolsas ao governo Bolsonaro. Aliás, creio que se o chefe do executivo tivesse ficado calado 70% do tempo em que passou falando em microfones, talvez o Bovespa já estivesse em 150 mil pontos.

O fato, porém, é que o governo real, do país real, montado pelo dito ogro, está fazendo um bom trabalho, que começou com a difícil e necessária reforma da previdência, e agora parece continuar, aos trancos e barrancos, com a mais necessária ainda reforma administrativa.

Esta última, se feita adequadamente, pode ser a chave para a redução do tamanho “elefantal” (como diria o ex-ministro Magri) do estado, abrindo caminho para uma reforma tributária digna do nome – o que não é possível hoje, com o orçamento engessado e os déficits públicos crescentes.

E daí?

E daí que ações importantes, aqui e ali, como a facilitação da entrada de novos “players” no segmento bancário, com a ampliação do crédito e criação de toda uma nova classe de bancos, financeiras e FIDCs, somadas ao PIX, só citando um exemplo de medida disruptiva e que nos coloca na vanguarda mundial das transações bancárias (em transparência e velocidade), além do Agro, que já representa 40% do PIB e é um fator de equilíbrio e pujança, podemos dizer que, “tirante” as borbulhas da mídia, o Brasil que presta, o que paga as contas e coloca comida na mesa, está bem melhor do que se diz.

Listando pra facilitar as conclusões:

  • O Brasil vai melhor do que pintado pela mídia
  • O ogro é ruim, pessoalmente, mas fez um excelente trabalho em montar uma equipe dar liberdade suficiente para que esta fizesse um trabalho bom – levando em conta a crise atual, muito bom mesmo
  • A política pode até nos envolver, em campos opostos ou não, mas no final das contas, a soma de milhões de pequenas percepções sobre esta ou aquela empresa e sobre a economia em geral é que falam a verdade
  • A agricultura tem menos voz do que deveria, num país cada vez mais dependente dela
  • O Congresso e o STF deveriam se ater às suas funções, e só isso.
  • O mundo vai acabar sim, quando Jesus voltar (eu creio) mas até lá, o Brasil continuará, a despeito de ogros, cachaceiros e corruptos de todos os matizes.

O Malvado Favorito

BLOG CLEUBER CARLOS: Eduardo Cunha: Meu Malvado Favorito
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Assisti outro dia, do início ao fim (quando a barulhada do jogo de Banco Imobiliário entre esposa, filhos, nora e sobrinho permitiam) a entrevista do notório Eduardo Cunha, exclusiva à CNN, sobre a qual fiz alguns comentários pelo FaceBook enquanto assistia… É difícil resistir em comentar tamanha desfaçatez. O sujeito é mesmo o malvado favorito – aquele que a gente sabe que é um ladrão, corrupto, vagabundo, mas nos deu de presente como país, o mais justo ato político dos últimos anos, que foi o impeachment da presidanta Dilma Rousseff.

Para dar algum pano de fundo, o sujeito foi meu colega (não contemporâneo) na extinta Arthur Andersen auditores independentes, no RJ, nos idos de 1980. Meu BFF, Elias Cerqueira, o conheceu melhor, e poderia dar uma pequena aula sobre o caráter do cidadão (ou falta dele). Deixo isso a quem teve o prazer de conviver com o sujeito naquela época.

Inteligentíssimo, habilidoso com as palavras, extremamente metódico e sabendo exatamente o que quer e onde quer chegar, Cunha foi muito bem na tentativa tanto de sepultar a Lava Jato, o que é do seu maior interesse, como em não antagonizar com quem quer que seja que lhe poderia ser de interesse. Bater, mesmo, só bateu no Rodrigo Maia, que virou pano de chão político, nos últimos tempos, e Sérgio Moro, o que é compreensível.

Se disse também “anti-PT”, o que o levaria fatalmente a votar em Bolsonaro, caso este fosse para o 2o. turno da eleição de 2022, que anda em avançado estágio de campanha, informal, com todo mundo focado em derrubar a outra parte. Entendo que seja mesmo anti-PT, até porque é uma posição fácil. Só não dá pra ser anti-PT e anti-Lava Jato ao mesmo tempo, por via de nexo entre as coisas.

Livrou a cara de Lula, quando do processo na Lava Jato, dizendo que o mesmo teria sido condenado injustamente – a exemplo, claro, dele mesmo… Como defender-se significa defender Lula, não vê qualquer razão em não fazê-lo, a despeito da flagrante imbecilidade de tal posição.

A bem da verdade, meu malvado favorito, mesmo, é Roberto Jefferson. Este sim um cara que fez o que o Brasil precisava que fizesse, e nos livrou de mais uns 20 anos de PT no poder, denunciando o mensalão. Foi levado de roldão, pois recebeu um qualqué, também, para o PTB (diz ele). Santo, não é, mas foi útil acima da média dos políticos. Agora ressurge, ou tenta, como campeão de Bolsonaro, como se nada tivesse feito.

Malvados ou não, são gente muito articulada, inteligente e que sabe exatamente onde quer chegar. E não é para o bem de todos e felicidade geral da nação.

Estados Disfuncionais

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A Wikipedia tem um verbete enorme sobre o assunto dos “Estados Disfuncionais”. Chamo de Disfuncionais porque a tradução exata do inglês é “Estados Falidos” ou “Estados Falhos”, que não faz jus ao que realmente se chama de “Failed States”. Se tiver curiosidade, veja emhttps://en.wikipedia.org/wiki/Failed_state#:~:text=Examples%3A%20Syria%2C%20Somalia%2C%20Myanmar,the%20expense%20of%20other%20groups).

A definição, que é o conceito que interessa aqui, é a seguinte, numa tradução livre, minha, da versão em inglês do verbete:

Um estado falido é um corpo político que se desintegrou a tal ponto que as condições e responsabilidades básicas de um governo soberano não funcionam mais adequadamente … Um Estado também pode fracassar, se seu governo perder sua legitimidade, mesmo que esteja desempenhando suas funções de maneira adequada. Para um Estado estável, é necessário que o governo goze de eficácia e legitimidade. Da mesma forma, quando uma nação se enfraquece, e seu padrão de vida diminui, ela traz sobre si a possibilidade de um colapso governamental total. O “Fundo para a Paz” (ONU) caracteriza um estado falido como tendo as seguintes características:

O texto segue caracterizando o que faz um Estado um corpo Disfuncional:

  • Perda de controle de seu território ou do monopólio do uso legítimo da força física
  • Erosão da autoridade legítima para tomar decisões coletivas
  • Incapacidade de fornecer serviços públicos
  • Incapacidade de interagir com outros estados como membro pleno da comunidade internacional

Alguns países são classificados como em grupos de risco, variável, em relação ao seu grau de aproximação do ponto de ruptura, ou declínio do Estado até se transformar em Disfuncional. Figuras, ó Brasil, florão da América, em posição desconfortável, em péssima companhia, como segue a classificação atual

  • Países com aumento de conflitos de grupos comunitários (étnicos ou religiosos) – Síria, Somália, Mianmar, Chade, Iraque, Iêmen, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Libéria, Iugoslávia, Líbano, Afeganistão, Sudão, Sudão do Sul.
  • Predação estatal (corrupção ou desvio de recursos às custas de outros grupos) – Nicarágua, Venezuela, Brasil, Filipinas, Croácia, Sudão, Sudão do Sul, Nigéria, Eritreia, Zimbábue, África do Sul, Coreia do Norte, Arábia Saudita, Rússia, Catar, Líbano.
  • Rebelião regional ou guerrilha – Líbia, Síria, Iraque, Afeganistão, Iêmen, Congo, Colômbia, Vietnã.
  • Colapso democrático (levando à guerra civil ou golpe de estado) -Libéria, Madagascar, Nepal.
  • Crise de sucessão ou reforma em estados autoritários – Indonésia (sob Suharto), Irã (sob o Xá Rheza Pahlevi), União Soviética (sob Gorbachev).

A lista deve ter já alguns anos, provavelmente se remetendo à época de governos de esquerda, no Brasil, ou antes da total derrocada do Estado nacional Venezuelano, sob Nicolás Maduro. Estar na incômoda posição de equivalente a uma Venezuela, Coreia do Norte ou Nicarágua certamente NÃO é legal. A lista é certamente pré-pandemia de Covid-19.

Importante é que percebamos o QUE nos leva a essa situação. Onde estamos hoje e que circunstâncias leva um país moderno, em termos de gestão (tecnologia aplicada), formação sócio-econômica (PIB per capita) e até mesmo educação (básica) a figurar como um Estado Falido ou Disfuncional?

Perda de controle de seu território ou do monopólio do uso legítimo da força física

O Brasil, não é de hoje, perdeu sua autoridade sobre parte dos seus territórios. O livro “O Império e os novos Bárbaros” (de Jean-Christofe Ruffin, de 1989) mostra com destaque como o Brasil perdeu parte de seus territórios para as milícias e grupos de crime organizado. O livro é excelente. Pena que a edição que tenho contenha um prefácio (bem plagiado, creio) de Collor de Mello…

Além da perda de controle de favelas e áreas semi-conflagradas no país, o Brasil possui outras áreas, significativas, de seu território que de fato não controla. As reservas indígenas, não por sua característica de proteção às etnias, mas pelo domínio exercido sobre elas por ONGs e nações estrangeiras, são território de novos bárbaros. As terras de garimpo no Norte são outro exemplo, facilmente verificado toda vez que vemos um carregamento de toneladas de ouro ser descoberto, contrabandeado, por algum cartelzinho ou facçãozinha, lá na França.

Já sobre o uso legítimo da força, o STF, com sua decisão de bloquear a atividade policial em favelas, criou pelo menos 2 anos de “trégua” aos “donos” dos morros, reforçando os Estados-dentro-do-Estado (ou a barbárie), sobre os quais não temos nenhum controle como sociedade.

Erosão da autoridade legítima para tomar decisões coletivas

A tomada de decisões coletivas é feita por consenso, numa sociedade funcional. Este consenso se chama Eleição, e suas ramificações chegam aos três poderes pela via do voto – a)do executivo, de forma direta e majoritária, dando ao eleito, em qualquer nível, direito de estabelecer sua política e diretrizes, vencedoras nas urnas; b)do legislativo, também de forma direta e proporcional, a fim de que os eleitos possam não somente fiscalizar o executivo como propor e votar o consenso das decisões, que, se cremos na qualidade do sistema de representação, implica necessariamente numa decisão coletiva; c)no judiciário, por vias indiretas, e não tão de consenso, porque alguns níveis do judiciário são escolhidos ao arbítrio do governante (STF, STJ). Mesmo assim, a maioria do judiciário pode-ser dizer ter sido escolhido por consenso, já que um concurso público foi a forma votada e aprovada por legisladores, para a formação do judiciário.

Onde esta faculdade está erodida no país? Quando o executivo perde sua capacidade de implantar as políticas vencedoras nas eleições, por interferência direta de outros poderes, por exemplo. Quando a câmara não pode tomar decisões saudáveis e independentes, por haver outro poder comprando ou dominando o processo, seja por pressão financeira seja por pressão derivada dos muitos rabos presos.

Incapacidade de fornecer serviços públicos

Seja nos ambientes controlados pela nova barbárie, seja em regiões tão remotas como os fundões da Amazônia legal, o fato é que o Estado brasileiro tem falhado em prover o mínimo, que faz de uma nação um país “de todos” e para todos.

Mas até aí vamos, sem tanta crítica, pois que houve inegável avanço, seja em alfabetização seja em moradia e renda mínima, principalmente entre os anos de 1960 e 1980. Os anos Lulla também mostraram, por vias controversas e com intenções inconfessas, que o boom das commodities do início dos anos 2000 foi suficiente para gerar tanto excedente que mesmo a pior pilotagem possível nos levou a um porto razoável. Os anos Dillma nos levaram ao caos gerado pela incapacidade de enxergar que o boom havia acabado, e os gastos públicos (e a dívida pública) tinha mais que duplicado, com os resultados inevitáveis que vimos.

Hoje, sabemos que só parcerias público-privadas ou a iniciativa privada, isoladamente, podem resolver problemas como saneamento e infraestrutura de transporte e energia, já que o Estado, sitiado e sobrecarregado por corporações, não faz grana nem pra pagar os cidadãos de primeira classe que lá residem.

Incapacidade de interagir com outros estados como membro pleno da comunidade internacional

Aqui também não temos muito do que nos orgulhar. O Anão Diplomático continua vivo e incólume, desde os tempos de Collor, passando por todos os governantes posteriores, sem exceção. Não vamos extrair da lista de “nanicos” os recentes governos Temer ou mesmo Bolsonaro. Aliás, este último protagonizou um nanismo que foi na contramão de tudo o que se tinha por pilar da diplomacia, desde Rio Branco – tomar partido, se aliar a governos de ocasião no exterior, em vez de se manter neutro e independente de rixas e eleições que não nos competem.

Resumão

Por pelo menos três das quatro razões acima, somos um Estado Disfuncional. Mas nada, absolutamente, se compara ao show de horrores protagonizado pela nossa Suprema corte.

Enquanto isso, os bárbaros (do PCC e Comando Vermelho aos partidos albergados sob togas do STF até os movimentos sem-isso e sem-aquilo, que criam áreas não alcançadas pelo Estado, passando pelas ONGs de interesses obscuros) tomam cada vez mais nacos importantes do nosso território, seja urbano seja rural.

Somos corretamente tachados de estado de “Predação Estatal”. Claro que há mais ilustres “cumpanhêru” que não estão listados ali, como a notória Argentina, que abriu mão de sua liberdade e reconvocou a esqueda de lá pra voltar ao poder e terminar de quebrar a nação irmã.

Somos predados pelo tal “mecanismo”, que, segundo li em algum lado, quer manter o estado sempre vivo, mas no limite da consciência, para que continue a ser sugado.

Deus tem mesmo que sarar nossa terra, como diz a Bíblia, pois que as chagas aumentam.

Riscos de Empreender num país louco

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Se não bastasse todo o apuro e dificuldades por que passa o empreendedor brasileiro, nesses ano e meio de Covid, a Justiça do Trabalho, a jabuticaba jurídica mundial, a maior destruidora de empregos do país, vem agora com uma linda pérola, para tornar a vida de quem dá emprego ainda mais complicada:

Um juiz do trabalho de Três Corações, MG (veja em https://portal.trt3.jus.br/internet/conheca-o-trt/comunicacao/noticias-juridicas/justica-do-trabalho-reconhece-morte-por-covid-19-como-acidente-de-trabalho-indenizacao-sera-de-r-200-mil) acaba de decretar que contaminação por Covid agora é responsabilidade do empregador.

Segundo Sua Excelência, “a adoção da teoria da responsabilização objetiva, no caso, é inteiramente pertinente, pois advém do dever de assumir o risco por eventuais infortúnios sofridos pelo empregado ao submetê-lo ao trabalho durante a pandemia do coronavírus.”…

Mais ainda – “Na visão do juiz, o motorista ficou suscetível à contaminação nas instalações sanitárias, muitas vezes precárias, existentes nos pontos de parada, nos pátios de carregamento dos colaboradores e clientes e, ainda, na sede ou filiais da empresa.

Na dúvida, puna-se a empresa pelos resultados da pandemia… o precedente pode acabar de quebrar desde a pastelaria da esquina até a Petrobrás, e dar ampla razão à turma do “Fique em Casa”, aqueles de colchão cheio de grana, geladeira abastecida e salário garantido no final do mês. Viu? Se tivesse fechado tudo e ficado em casa não teria sido contaminado… simples assim né?

Empresário neste país caminha a passos largos para ser uma raça em extinção, o que é, obviamente, o objetivo não confessado do socialismo a nós impingido pelos “de sempre” – tudo no estado, nada e ninguém fora dele (na verdade, fascismo é socialismo, pois a frase, ou parte dela, é de Mussolini).

O juiz entendeu que cabe à empresa “provar que deu todas as condições para que não houvesse contaminação”, e como não há – em caso algum – a possibilidade de alguém provar “negativamente” algo (desde a inexistência de Deus até a inexistência de culpa), manda o magistrado que a empresa se vire e pague R$ 200 mil para à viúva e à filha. Se a moda pega, todo mundo vai culpar empresas pelas mortes e mandar as empresas “provarem que não são culpadas”.

Inviabilizar um país, plantar discórdia e miséria, é o objetivo das facções importantes do país. Depois de inviabilizada a nação (os “Failed States” como dizem nos EUA), completa-se a revolução pela tomada do poder por uma minoria com armas e violência. Mas é fundamental plantar a miséria via confusão, caos. Para isso contribui uma multidão de inocentes úteis, gente que crê que está fazendo “o bem”, como militantes de todos os matizes, dentro e fora das cortes fazem dia a dia.

“Another brick in the Wall”, diria Roger Waters… e vamos que vamos nessa terra cada vez mais de ninguém.