“Pode, acaso, associar-se contigo o trono da iniquidade, o qual forja o mal, tendo uma lei por pretexto? Ajuntam-se contra a vida do justo e condenam o sangue inocente. “
Salmo 94:20-21
Culminando uma série de malversações e sequestros da Lei, assistimos impotentes, como nação, no dia de ontem, a “cancelamentos oficiais” de executivos e donos de empresas que representam, sabe-se lá, alguns milhares de empregos diretos no país, sob pretexto de defesa da democracia. Na noite do mesmo dia, Luciano Hang, da Havan, vai às TVs para explicar a bobagem e a atrofia mental que leva um julgador a, açodada e bovinamente, aceitar uma “denúncia” de corporações sob a alegação de “apologia ao golpe”.
Num grupo de WhatsApp alguns do grupo vociferaram sua indignação com o status quo jurídico (do qual foram vítimas logo em seguida, como que confirmando a assertividade da opinião) dizendo que “preferiam um golpe a ver Lula de volta no poder”. Se a razão para cancelamento é essa, podem me prender e sequestrar minhas contas correntes também. Obviamente que não estou fazendo apologia a golpe coisa nenhuma. Apenas estou arrazoando quanto ao fato de que, se é para sofrer um golpe, antes seja esse baseado em intervenção militar do que numa “tomada de poder, o que é diferente de vencer eleições”, como postulou o terrorista-mor.
Ora, eu, de fato, temo mais os efeitos de longo prazo de um golpe “bolivariano” aqui no Brasil do que um suposto “golpe” militar, cujos efeitos já sofremos, e que acabou voluntariamente, por decisão dos golpistas em devolver o poder aos civis. Pela experiência mundial, não existe devolução do poder voluntária a “civis” no contexto de um golpe palaciano de esquerda.
O salmista, há 3 mil anos, ensinava que a Lei pode ser usada como pretexto para a opressão. Jesus Cristo comprou tremenda briga contra o status-quo farisaico, ao dizer que esses agiam mais ou menos assim:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!”
Mateus 23:23
A síntese do que estamos vivendo nem chega a poder ser denominada de farisaismo. Pode-se arguir que, na pior das hipóteses, os fariseus tentavam impor a outros aquilo que de fato criam ser algo nobre, a Lei. O caso aqui no Brasil é mais farisaico do que qualquer fariseu poderia ter elaborado: trata-se de usar a Lei como pretexto para implantar aqui uma ditadura “do proletariado”, uma entidade que sequer existe mais, na cultura do serviço, da tecnologia e do pleno acesso à informação. Esse é o martelo, que já não existe (se é que um dia existiu). Já a foice, essa está mais quebrada ainda, pois que o percentual de brasileiros vivendo no campo diminui, e a produtividade agrícola só aumenta, em virtude da ciência e da tecnologia.
Assim, sem bandeiras que deem suporte nem à foice nem ao martelo, a ânsia por escravizar parte para dividir o povo de outra forma, como já sobejamente sabido: ricos contra pobres, heteros contra homos, mulheres contra homens, pais contra filhos, ateus contra religiosos, e por aí vai. A tática da divisão para a conquista segue firme no imaginário de quem se vê como “libertador” do que sequer há de que se libertar.
A Lei virou pretexto para nos cancelar, nos prender, e para deturpar a própria lei, e, ao fim, acabar com sua própria aplicação.
Que ao fim e ao cabo se cumpra a parte seguinte do Salmo:
Mas o SENHOR é o meu baluarte e o meu Deus, o rochedo em que me abrigo. Sobre eles faz recair a sua iniquidade e pela malícia deles próprios os destruirá; o SENHOR, nosso Deus, os exterminará.
Salmo 94:22 e 23
Amém pra isso!