Ver é diferente de falar Sobre

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Eu estava presente em alguns episódios mais emblemáticos da América Latina. Eu estava presente no “Caracazo” de 1989, quando centenas de pessoas perderam a vida por conta de medidas do governo de Jaime Lusinschi, que resultaram no aumento da gasolina (em tempo, a gasolina lá custava menos de 10% do que custava no Brasil na mesma época).

O episódio abriu espaço para Hugo Chavez, que anos depois legou tristeza, perda de liberdade e destruição da economia venezuelana. Legou ainda o companheiro Maduro, de ainda mais tristes feitos, e uma população que já está, em boa parte, no Brasil, Colombia e EUA, apenas para citar alguns destinos favoritos.

Trocou-se o preço da gasolina pela falta de tudo, inclusive de liberdade.

Eu estava também em Manágua, na Nicarágua, quando era presidente Daniel Ortega, em seu primeiro ensaio de poder, do qual foi apeado à força em 2002, para retornar em 2007, pelo voto, e nunca mais sair. A destruição do terremoto de 1973, e outros menores, nunca havia permitido a Manágua se reconstruir totalmente. No entanto, a FSNL – Frente Sandinista de Libertação Nacional, fez a proeza de acabar não só com as regiões afetadas pelo terremoto, mas com todo o país, que até hoje sofre com todo tipo de privação, inclusive da liberdade.

Lá hoje, padres e pastores são presos indiscriminadamente, igrejas são fechadas e imprensa é censurada, como na Venezuela.

Eu estive na Argentina durante a hiperinflação de 1988, do “corralito”, do Menem (na época chamavam-no de Mendez, porque diziam que até o nome Menem dava azar…). Trocaram gente ruim por gente pior e socialistas disfarçados de peronistas. O resultado custou mais a acontecer, pois que a Argentina tinha melhores instituições (ainda tem, mas sendo corroídas a olhos vistos). Eis que hoje estão com 100% de inflação anualizada, tremenda desordem social e econômica, e um povo acostumado a receber benesses do governo, e achando tudo isso o máximo.

O corolário de tudo isso é um avanço não só da esquerda (eu acho que alguns ideais de esquerda são bem bons, pelo menos em teoria), mas de um tipo pervasivo de ditadura, que suprime não só o direito de opinião mas o direito de comer e se vestir. Que o digam os milhares de graduados em universidades, de Cuba e Venezuela, trabalhando no Brasil como motoristas de Uber, chapeiros em hamburguerias, entre outros trabalhos de alto nível de exigência intelectual.

Nossas Instituições

Assim como a antiga propaganda, que dizia que ‘nossos japoneses são melhores que os japoneses dos outros’, nossa democracia é melhor e mais sólida do que a dos infelizes vizinhos, carcomidos pelo problema do socialismo.

Lula deu a letra, há muitos anos, de que a implementação do socialismo aqui levaria mais tempo, porque o brasileiro era diferente do restante do mundo. E é verdade. Somos mais indolentes e menos propensos a briga, menos dispostos ao confronto. Mas o tempo está passando, e o proverbial sapo no balde está sendo cozido aos poucos.

Estamos prestes a levar uma surra coletiva, nacional, nas urnas (Deus nos livre!). E se essa surra se materializar, estaremos indo de vento em popa para uma situação de perda de referenciais técnicos e morais, que nos levarão, creio, ao desastre economico-social.

Escrevo, como já mencionei em um post no FB, para que daqui há alguns anos o próprio Face me lembre do que escrevi e eu possa re-postar com toda a tristeza que creio que ocorrerá, dizendo “eu te disse, eu te disse”…

Não peço voto em Bolsonaro. Não sou fã dele, embora consiga enxergar claramente o bom governo que está fazendo – apesar dele mesmo. Fico triste pelos meus amigos e parentes que fazem campanha aberta por um sujeito que, se tivesse sido mantida a Lei, estaria em cana, e não tomando cana, num palanque. Nem posso dizer “eles não sabem o que fazem”. Sabem, e resolvem demonizar um sujeito que nem de longe é tão ruim.

Mas isso é só minha opinião. Consigo continuar amando meus amigos e parentes que pensam diferente de mim. Só temo que terei que dizer “eu te disse… eu te disse” em alguns meses ou anos.

Deus nos livre desse destino!

Um comentário em “Ver é diferente de falar Sobre”

  1. Maktub.
    Até parece que estava escrito nas estrelas que um dia chegaríamos a temer que o impensável castigo pudesse ser reeditado.
    Acreditávamos que a catástrofe policialesca tão recente jamais seria esquecida pelo nosso povo.
    Ledo engano ao que parece.
    Nosso povo, ao que nos querem fazer crer certos “poderosos” de plantão, faz jús ao que um líder europeu afirmou tempos atrás.
    Certo ele, não temos um povo necessariamente sério.
    Somos, na melhor das hipóteses, desmiolados.
    Que droga será sermos privados até da esperança de dias melhores e continuarmos vivendo leves, livres e soltos.
    Pior ainda será nem podermos dizer para nossos filhos e alguns diletos amigos a frase do autor do sábio texto tão bem elaborado, ou seja, “eu te disse… eu te disse seu….” como diria meu velho pai.
    Infelizmente, então, críticas nunca mais…
    Fim!!!

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