Como sempre, escrevo primariamente pra mim – escrevo pra no futuro eu mesmo e minha descendência sermos lembrados do que senti, como reagi e até (por que não?) como estava errado, ou certo. Aqui vai mais um pouco da percepção do dia infame de ontem, no qual o STF nos presenteou com um ex-culpado.
Engulhos no estômago à parte, a sessão de ontem da 2a. turma do STF, que definitivamente transformou Lulla em “ex-ladrão” (nos dizeres do Caio Copolla) foi mais do que um acinte. Foi algo que não tem cabimento em país algum com alguma pretensão à OCDE ou ao concerto das nações civilizadas. Foi um “xô” como diria o ex-culpado. Um Xô de milongas jurídicas e malabarismos verbais pra justificar o injustificável – considerar o juiz como algoz, e o ladrão como vítima. Amigos juristas disseram coisas como “o mecanismo venceu”, “vão precisar fazer a terceira temporada de O Mecanismo” e por aí afora.
Gente que sempre tive por equilibrada, ontem talvez tivesse jogado o bom senso pra trás e partido para as armas, para eliminar fisicamente um STF “totalmente acovardado”, nos dizeres do próprio meliante. Lá atrás, acovardado diante do maciço apoio da Opinião Pública. Hoje, acovardado pelo quê? Talvez pelo José Dirceu e algum “revólver” (virtual ou físico) contra os magistrados… Talvez pelos muitos BitCoins a serem recebidos em local (lógico) incerto e não sabido, derivado das diversas “tenebrosas transações” perpetradas por um partido que deveria ter sido caçado há tempos. Acovardado, talvez, pela pressão de uns ministros sobre outros, em sua sanha para tornar o Brasil uma Venezuela jurídica. Sabe-se lá.
Em todo o Teatro de Sombras de ontem, o que mais chamou atenção foi o choro de Gilmar Mendes. Cá entre nós: Choro? Que razão existiria para chorar, ao falar da atuação de Zanin et caterva? Será que chorou de remorso ou medo antecipado? Por ter sido jogado contra a parede para votar (e influenciar votos) como o fez – e talvez tenha feito principalmente contra Carmen Lúcia? “Carminha, os caras estão com uma arma na minha cabeça (virtual/física?)… me ajuda aí e mude seu voto… Carminha, balanga sua capa de Bento Carneiro e invoque os poderes do aquém do além adonde que véve os môrto e me help-me, please“…
Será que chorou de alegria por estar pingando na conta (sua, do seu instituto) uns BitCoins maneiros, comprados a uns R$ 20 mil pelo partidaço e entregues agora a Gilmar pela bagatela de R$ 200 mil cada (nem partidão mais é, pelo volume de recursos que ele mesmo, Gilmar, declarou que o PT teria – “para se eleger até 2038” ou coisa que o valha)? Que razão teria vossa excrescência para chorar? Alegria pelo “virtuose” de cabelinho ralinho penteadinho pra trás ter lhe dado uma aula de saber jurídico?
Qualquer que seja o motivo do choro, Gilmar dá à nação uma aula do que NÃO se fazer. Uma aula, como algum jornalista falou, de parcialidade à flor da toga. Uma aula de como faltar com a Dignitas do cargo e lançar-se à sarjeta da história jurídica nacional, como um ordinário desqualificado? Ou seja, o que quer que tenha motivado o choro, boa coisa não é.
E Carminha, nosso Vampiro Brasileiro? Balangou a toga e nos mandou todos às favas. Sequer deu, esta segunda turma, a chance de que os membros do MP e o ex-juiz de se manifestar! Ora, lá estavam Zanin e Cia. Onde estavam os pretensos acusados? Ou melhor, O pretenso acusado? Não será ouvido? Será jogado no lixo bilhões em custos e procedimentos da Operação Lava Jato sem que SEQUER sejam ouvidos os (agora) “criminosos”?
E os juízes do TFR-4? Os três caras que decidiram não apenas manter as condenações, mas aumenta-las? Num raciocínio básico, se alguma coisa deveria ser feita, deveria ser contra o STJ (em parte) mas principalmente o TRF-4, que é, em termos de mérito, a última instância de julgamento (e razão pela qual a condenação em segunda instância faz tanto sentido – no mundo todo).
Neste histórico dia de infâmia, 23 de março de 2021, no meio de uma pandemia que não permite que estejamos nas ruas, para combater (pacificamente) essa corja, vimos um Crocodilo derramar suas lágrimas enquanto estraçalhava o único herói não esportivo deste país dos últimos quase 200 anos (Dom Pedro II foi o último).
Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!
Isa 5:20