Diálogos de “Platinho”

Recebido por WhatsApp de um querido grupo de amigos…

Tem diálogos que são mantidos via WhatsApp o dia todo, e que, pela característica e respeito ao outro (não às ideias do outro, pois como já mencionei aqui neste blog, se eu respeito a ideia do outro, eu concordo com ela, e portanto não há contraditório; mas se eu respeito O PRÓXIMO, eu posso “pelear” à vontade com o outro, sem menosprezá-lo, e continuar amigo do outro.

Um desses Diálogos, que chamei de “Diálogos de Platinho”, em homenagem a um dos meus heróis intelectuais, Platão, me ajudaram a definir muita coisa na minha vida e modo de pensar, está abaixo e reproduzo com pouquíssimas alterações. Tudo começou quando eu postei a imagem acima, baseada nos conceitos de Karl Popper, denominado “O paradoxo da tolerância” (veja lá em cima com cuidado, se puder).

Wesley: “Veja aí o paradoxo de Karl Popper e por que a conclusão dele NÃO foi considerada adequada, pela posteridade dele… A questão não é que Karl Popper esteja falando bobagem. Não está. A questão é: QUEM FAZ A RISCA NO CHÃO? OU seja, quem decide o quanto é tolerância demais, e em que momento? Isso, por si só, leva a que ALGUÉM tome essa decisão. A decisão pode ser, inclusive, fonte de intolerância. O resultado, apontado por outros foi justamente que “não há quem possa rabiscar isso no chão”. Então é melhor que as situações sejam julgadas na medida em que aparecerem…

Roberto: “Interessante que essa é a crítica à democracia. Inclusive, os muçulmanos não são tolerantes em função da crença deles. Eu prefiro a tolerância, pois ela me diferencia dos intolerantes, mesmo que os intolerantes usem a tolerância e amor cristão contra nós. Se eu me torno como eles são, já me perdi de mim.

Wesley: “Essa foi a postura [da tolerância extrema] que tomou Neville Chamberlain, no pré-2a. guerra… ele levou o conceito às últimas consequências e deu na 2a. guerra mundial. Mas você tocou no ponto importante – o amor e a tolerância bíblicos – isso foi inclusive tema de briga entre Menonitas e Batistas – ir ou não à guerra? No fundo, isso é uma discussão sobre os limites da tolerância…

Roberto: “Cada um cultiva aquilo que traz em si…”

Wesley: “Mas sério – essa M!#@ NÃO tem solução fora do julgamento caso a caso…

Roberto: “Eu sei disso”

Wesley: “Se tivesse, Jesus não teria dito que não vinha trazer paz, mas espada.
Epistemologia, jovem…

Roberto: “Mas os princípios determinam a conclusão…” … “Levantando questões sem dar solução…”. Quando parto de valores claros fica difícil admitir determinadas conclusões. O amor a Deus sobre todas as coisas e o amor ao próximo como a si mesmo é a referência. Tendo em vista o sacrifício de Cristo como paradigma. Isso muda tudo. Isso me faz olhar uma alma humana como algo mais precioso que o mundo inteiro. Assim, analisar cada um com seu cada um me dará elementos para a análise, mas os princípios definem minha postura.”

Os diálogos mesmos pararam por conta de reuniões, etc. Mas agora, durante o almoço, pude revisitar alguns dos temas e entender onde estamos com relação a isso. Há alguns anos recebi uma saraivada de críticas de um pastor batista, amigo de meu padrinho de casamento, justamente porque eu desenvolvi o raciocínio de que “há limites para a tolerância”, no que tangia ao domínio de Saddan Hussein sobre o Iraque, e a oportunidade de retira-lo do poder, patrocinada por George W. Bush. Eu entendia, e de certa forma ainda entendo, que há recursos demais nas mãos de grupos que são extremamente perigosos, do ponto de vista de seu radicalismo e fundamentalismo.

O tal pastor disse, às minhas linhas – “tristes palavras”, pois, em sua visão, como cristãos somos “o povo que apanha, não o povo que bate”. Fiquei muito murcho e desenxavido por um tempão, pois o tal pastor tem uma audiência de milhares, e eu provavelmente alcanço umas poucas centenas, se tanto. Mas independentemente disso, não arredei pé na minha conclusão.

Se, como cristãos, somos o povo que tolera “tudo”, então como conciliar essa visão com aquela expressa pelo mesmo Jesus Cristo, em na qual Ele menciona “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada”? (Mateus 10:34) E quanto à visão do Apóstolo Paulo em Romanos 12:18, “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens“?

Nos primórdios do protestantismo, os atuais Batistas e os Menonitas tiveram uma briga séria, de conceitos, sobre se um cristão deveria ou não pegar em armas. Isso gerou uma cisma que perdura até os dias de hoje, apesar de não haver nenhuma divergência teológica entre os grupos, e ninguém nem se lembrar do porquê da divergência…

A conclusão do Betinho (O “Roberto” acima, para diferenciar do Tio Roberto Montechiari) é parecida com a minha – não há conciliação entre as posições de Karl Popper, nesse paradoxo, exceto pelo exercício do julgamento. Em que termos Jesus veio trazer a “espada” e não a paz, Ele que é chamado de “Príncipe da Paz”? A resposta parece residir no fato de que, pelas nossas características, e pela característica da nossa mensagem, seríamos odiados pelo mundo, e portanto, forçados a nos defender. Isso parece contradição com a postura de boa parte dos príncipes europeus, que fizeram guerras fraticidas, e está, mas não confundamos a essência do cristianismo com a imbecilidade privada.

E o que dizer da fala de Paulo o apóstolo? Se estiver em nós, tenhamos paz com todos, ou seja, não façamos NADA que retire a paz de um lugar, ambiente, nação ou mesmo planeta. Apenas entendamos que pode ser que a paz não seja possível, e que então teremos que agir como estando fora da possibilidade da paz. Continuaríamos sendo o povo da paz, se apenas nos deixássemos esmagar?

E quanto aos recentes eventos, em que grupos saem às ruas, sob olhares apreciativos da imprensa, para criar baderna? Devemos entender isso como “guerra antifascismo”, ou como “fascismo” mesmo?

A solução é difícil, e me parece que encontra eco tão somente no exame de cada caso.

Em tempo… abaixo o que me levou a publicar o artigo acima – de dar gargalhada…

Wesley: “CARA isso dá um “Diálogos de PLatão” maneiro!!! Vou passar isso a limpo e publicar! Posso?
Roberto: “Kkkkkkkkkk”
Wesley: “Sério!”
Roberto: “Claro. Mas sem puxar sardinha… Kkkkkk
Wesley: “Claro que não… vou dar minha conclusão… depois tu vai lá, mete a p0rr@d@!!!”
Roberto: “Kkkkkkkkk”

Que fique clara a importância vital do KKKK para a paz mundial!

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