Argentina e o Aborto

www.unsplash.com

Não era minha intenção escrever nada hoje. Não iria tampouco fazer uma retrospectiva de 2020, já que escrevo para mim mesmo e para os meus (amigos, parentes, etc) e não para nenhum grande público. Quem quiser ler, leia, quem quiser malhar, malhe (sem ofensas, mas no raciocínio – afinal é possível discordar de quase qualquer coisa) mas esses escritos são para mim mesmo.

Não posso deixar de comentar para mim mesmo e para minha posteridade sobre o insano ato da Argentina em legalizar o aborto, de forma praticamente irrestrita. Bom, isso é praxe em muitos lugares, e países ditos civilizados matam seus bebês não-nascidos de forma quase indiscriminada. Um massacre e uma hipocrisia sem fim. Em alguns desses países, como a Holanda, Bélgica e Canadá, se você abandonar um cachorro na rua ou maltratar um gato, você vai preso. Mas matar uma criança pode. O “meu corpo, minhas regras” impera – sem que seja dada à criança não-nascida o direito de dizer a mesma coisa.

argentina aborto
www.gazetadopovo.com.br

Mas o que me chamou a atenção não foi nada disso. A foto acima é o retrato que quero discutir (comigo mesmo, com quem ler). Veja quem quiser a atitude das mulheres da foto e quem é representado ali. O que me chama a atenção é a alegria incontida dessas militantes. Quase todas sem muita pinta de que gostariam algum dia de ter, nutrir e criar como gente de bem um ser humano que escapasse do cataclisma do aborto. Na era da pílula e dos contraceptivos, será que vale lutar pelo direito de matar inocentes?

Esses são movimentos de esquerda, saudados pelo El País (Espanha) como “Argentina legaliza o aborto e se põe na vanguarda dos direitos sociais na América Latina“. (https://brasil.elpais.com/internacional/2020-12-29/votacao-historica-no-senado-de-projeto-para-legalizar-aborto-na-argentina.html). Vanguarda dos direitos sociais. Pois é… é assim que a mídia trata o assassinato. Bem, para quem aprova o que a mídia atual aprova, isso não é nada estranho.

Como disse a reportagem da Gazeta do Povo, o movimento pró-aborto se traveste de “saúde pública”. Um rolo compressor passou por cima da vontade da maioria dos argentinos (conheço o país pelas trocentas viagens que fiz para lá a serviço) e a mesma narrativa será aplicada aqui no Brasil pelos mesmíssimos mobilizadores.

É com uma tristeza incontida que eu vejo isso. Eu tive 3 filhos, dois dos quais ainda estão comigo, e um está na posse do Senhor Deus. Lutei por 12 anos pela saúde do meu “Piá”, como se diz aqui em Curitiba. Fizemos, minha esposa e eu, o que pudemos, e oramos em família pela cura dele até o dia 04 de Agosto de 2015, quando Deus houve por bem leva-lo. NÃO me conformo que as pessoas tratem a vida de modo tão “light”. NÃO me conformo que as pessoas imaginem que alguém como a foto que encabeça esse artigo, essa vida iniciante, não tenha sentimentos, não sinta dor, não tenha direito a existir. Lutei por algo que alguns já jogaram fora algumas vezes na vida, desprezando numa privada qualquer, numa clínica qualquer. NÃO consigo achar normal. Meu corpo, minhas regras, claro. O corpo do ser dentro de mim, as regras dele.

O triste é ver fila de gente querendo adotar uma criança, e as pessoas desprezando isso. Talvez apelar para a ganância das pessoas desse resultado – quem sabe uma lei permitindo que a mulher que não abortar uma criança tenha o direito de “vende-la”. Parece horrível, e é. Mas do ponto de vista daquele serzinho em formação, será a maior bênção. Será a vida mesma. Ora, melhor que a “parideira” venda a criança e faça uns trocados do que jogar no lixo de uma clínica qualquer algo criado por Deus.

O paradoxal é que diante da possibilidade de escolher livremente – sem pressões ou campanhas de mídia – os argentinos certamente, na minha opinião, haveriam de escolher a vida, e não o aborto. Os brasileiros fariam o mesmo. Ocorre que se trata de agenda de “colonização moral”. Criar um fait accompli, e esperar que a sociedade bovinamente aceite isso. Tudo está indo nesse sentido, na agenda da esquerda – aborto, poligamia, proibição dos pais disciplinarem seus filhos, restrições ou mesmo criminalização de práticas religiosas ou objetos religiosos, escolas com partido, tudo vai na direção de criar uma tremenda onda de maldade que avassalará a sociedade, solapando tudo, como um tsunami de más intenções que, se não detido, gerará o caos que propiciará a um pequeno grupo, uma Nomenklatura, a formação dos novos Politburos, que acabarão com o resto das liberdades individuais.

O grande problema é que nós, cristãos, gente que acorda cedo, trabalha duro, cria empregos, gera riqueza, vai à igreja, paga impostos, respeita contratos, nós, os otários, ficamos calados diante disso tudo, vendo nossos potenciais filhos e netos exterminados no Holomodor, um Shoah de proporções diluvianas, sem que falemos nada. Nem um pio…

Deus permita que tenhamos força de nos expressar, deixando de lado o medo de nos expor, invadir redações de jornais – como profissionais, não na marra – e mudar a sina desse mundo tenebroso.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *