Polarização – Eu e Luiz Felipe Pondé

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Todo mundo sabe quem é Luiz Felipe Pondé. Já eu, seria algo como “Zé Ruela Qualqué”, ou seja, um ignoramus. Contudo, ouvir e dar razão pelo simples fato de alguém ter notoriedade não parece muito esperto… Vide um tal imitador de focas, de altíssimo perfil público, mas a quem o desprezo intelectual parece justificado.

Pois bem… Pondé pondera (sem trocadilhos) que a polarização é um fato antigo, primeiro relacionando o conceito ao “culto ao mal”, que, segundo ele, vigorou antes do culto ao bem, e portanto há uma tendência à polarização que vem daí, se é que entendi bem.

Mais à frente em sua coluna diz que “a polarização especificamente política não é nova”. Ele então a remete ao início do capitalismo. Pois bem… e nós com isso?

Dois aspectos me vêm à mente:

Polarização é Necessariamente Ruim?

A impressão que fica, tanto do artigo, como da opinião comum, da imprensa e principalmente do Beautiful People, é de que a polarização é sempre, e necessariamente, ruim. Obviamente, a polarização dos outros, claro. A nossa, que não se confessa nem a pau, não é.

O Brasil sempre foi um país sem grandes polarizações, com muita gente num centro, meio “geleia geral“. Aliás era disso mesmo que a minha geração era acusada – de não tomar posição, não lutar por seus direitos, não se afirmar, ser “alienada”. Meus amigos da América Latina sempre acusaram o Brasil de ser um país de gente “blanda” (branda) e que não se posiciona. Culpam-nos por ter sido sempre complacentes, da turma do “deixa disso”. Ditadura aqui sempre foi “blanda”, briga aqui sempre foi apaziguada, com raras exceções. Fomos colocados em banho maria desde tempos imemoriais, como Homo Amabilis, que sempre fomos como nação.

O medo que está dando no povo é que o Homo Amabilis parece ter sofrido mutação, desde que a esquerda, em fins dos anos 80 do século passado, começou a dominar a cena acadêmica e cultural. Com o adentrar em campo de políticos proeminentes como FHC e Lula, e cujas posições, muito devagar, foram-nos empurrando para cantos separados, fomos nos “radicalizando”. Nos tornamos Homo Radicitus, ou radical.

Ocorre que o Brasil mais abrangente é o do Homo Amabilis, esse sujeito do interior, ou mesmo das capitais, mas que não se sente com o mínimo de vontade de brigar com ninguém, cujo salário contado, se permite uma cervejinha no fim de semana, com 1 Kg. de lombo agulha na brasa, já se satisfaz; é o cara do campo e das pequenas cidades, em paz com todo mundo, feliz por não ter que enfrentar neve ou terremoto (sem nem o saber), e que tem sua banana e sua abóbora no quintal, come bem e ainda distribui; vai na sua igreja, ora, reza, volta para casa, quer criar os filhos obedientes e honestos, enfim, o sujeito que não pegaria em armas, mas está sendo conduzido a isso.

Que não se confunda este sujeito com um imbecil lesado, massa de manobra pura e simplesmente. É alguém que, com limitações, consegue interpretar a vida de uma forma bastante razoável. Aliás, tem-se a tendência de subestimar quem não tem assim tantas letras como gente incapaz de pensar por si. Na minha experiência isso é burrice. Desde meus avôs e avós, com pouca escolaridade, mas com um bom senso fora de questionamentos, até os funcionários de vários níveis que já tive na vida, e ainda tenho, todo mundo tem uma fita métrica bem boa na cabeça, e é capaz de identificar o que é bom pra si e para o próximo.

É claro que a deseducação que vimos tomar conta do país nas últimas décadas contribuiu bastante para que, mais jovem a pessoa, menos capaz de bom senso seja, mas nem isso são favas contadas. O que há hoje é uma divisão clara (uma radicalização) entre gente extremamente bem informada e inteligente e uma minoria, eu diria, que abriu mão de pensar.

Se estamos hoje diante de uma massa de gente menos disposta a contemporizar com certas coisas, e sobre as quais a grande mídia não consegue mais exercer um comando como o fazia, se deve a duas coisas: a)a mídia deixou de ser razoável, em suas pressões por “mudança” sobre o cara comum, da esquina e; b)o cara comum, da esquina, já percebeu que não tem vez nem voto num país manipulado de pé a ponta. Ou seja, se há gente na rua aos milhões, gritando fora isso, fora aquilo, isto é o resultado da falta de bom senso de quem, de fato, obtinha sucesso relativo em manter um certo nível de conformação por parte do cidadão, que não consegue mais.

A corda parece ter realmente arrebentado com a Lava Jato, que expôs o Rei Nu, Lula, e seus asseclas, e tornaram o homem comum.

Polarização pode ser Necessária?

O ideal é que não haja nunca, necessidade de polarização. Mas o fato é que poucas vezes na vida há momentos críticos em que uma polarização não é somente necessária, mas caso de vida ou morte. Alguns exemplos vêm à cabeça e sempre com o ponto e o contraponto – o “radical” e seu “detrator” – Catilina (o carbonário) e Cesar (o estadista), Churchill (o radical) e Neville Chamberlain (o cara do Deixa Disso), e mais recentemente, Trump (o boquirroto) e Biden (o pacifista).

O que há de comum nesses casos todos é a tentativa de um “radical” em resolver um assunto, mesmo que pela força, e os “pacifistas”, cujas atitudes nos teriam levado ao caos, caso aplicadas. A mais flagrante delas certamente foi a atitude de Churchill, cuja retórica e radicalismo nos salvou a todos de estarmos até hoje sob a suástica.

Portanto, você, meu caro polarizado, que berra nas ruas e nas redes, reconheça-se como um caso de atavismo da espécie, espécie essa que se arrasta pelo mundo produzindo mitologias, inclusive políticas, que nada mais são do que formas empobrecidas de metafísica. Você é a pura inércia em ação. Sua substância é a violência.

https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/luiz-felipe-ponde/obsessoes-ancestrais/

Minha substância não é a violência, mas me sinto polarizado. Não porque eu tenha uma natureza “catilinária”, “carbonária”, mas porque estamos diante de algo maior do que o deixa-disso pode resolver. Assim, dizer que somos todos uma cambada de radicais, de um ou outro lado, sem enxergar a perspectiva de cada um (e confesso que algumas visões da esquerda – bem intencionada e não metida em rolos – são válidas) é cegueira, e lacração pura e simples.

Sinto que estamos num momento em que uma bela dose de polarização é desejável e necessária. Ou bem entendemos que estamos sim caminhando a passos largos para uma situação de exceção, ou deixamos tudo como está para ver como vai ficar. Fizemos isso em 1985, com o fim da ditadura. Acordamos anos depois com um congresso eleito por “puxadores de votos”, com partidos que não representam ninguém, com uma constituição parlamentarista para um país presidencialista, sem nossas armas, a despeito do resultado de um plebiscito, com milhões de funcionários públicos a mais do que o necessário e com salários mais altos do que qualquer outro setor, com uma dívida interna acima dos 80% do PIB, e para finalizar, na iminência de aceitarmos bovinamente ativismo da corte que deveria impedi-lo, em detrimento de nossa liberdade de expressão

Façam suas apostas. O mundo já se viu nessa encruzilhada antes. Quem “polarizou” conseguiu sobreviver. Quem não o fez, virou vítima de quem fingiu não ser. Melhor um fim com horror do que um horror sem fim.

Vala Comum

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Uma vala comum foi encontrada durante as obras de expansão do aeroporto de Odessa, na Ucrânia. Oito mil pessoas pelo menos foram enterradas lá. Os trabalhos continuam, e podem ser mais do que essa quantidade, por si já absurda. Não se trata do Holomodor, a grande fome, provocada por Stálin, e que resultou na morte de milhões de ucranianos. Foi um abate sistemático de pessoas pela polícia secreta da então União Soviética.

“Uma boa bala, uma boa cova”, falou Miguel Iasi, deputado federal pelo PC do B há algum tempo, parafraseando Bertold Bretch:

“Nós sabemos que você é nosso inimigo, mas considerando que você, como afirma, é uma boa pessoa, nós estamos dispostos a oferecer o seguinte: um bom paredão, onde vamos colocá-lo na frente de uma boa espingarda, com uma boa bala e vamos oferecer, depois de uma boa pá, uma boa cova. Com a direita e o conservadorismo, nenhum diálogo, luta”

Bertold Brecht, poema “Perguntas a um homem bom

De novo, lá vamos nós, observando nossos arqueólogos da modernidade escavando, uma hora aqui, outra acolá, 10 mil ossadas, 3 mil ossadas… Ao todo já foram mais de 100 milhões de ossadas encontradas nos subsolos da utopia comunista.

Também há ossadas, claro, em outros regimes não comunistas, mas igualmente de força, como as 30 mil do regime militar argentino, 10 mil do chileno, e por aí vai, inclusive nossas quase 500, em 21 anos de nossa “ditablanda” (como dizem os hermanos latinos).

Tudo contra ossadas, se elas não estão perfeitamente identificadas em cemitérios e não tiveram sua morte comprovada e, se possível, de causas naturais. Tudo contra valas comuns de qualquer origem, sejam elas brasileiras, chinesas, russas ou do Khmer Vermelho.

O problema aqui é estarmos todos nós, brasileiros, flertando com mais um campo de ossos, ali na esquina, gerado por mais uma ditadura, seja de esquerda, de direita ou do judiciário. Neste meio tempo, o Sete de Setembro passa a ser, para alguns, motivo de medo, e não de júbilo.

Um Holomodor brasileiro, perpetrado há anos, nos deixa com uma sensação coletiva de que nada do que fomos ou somos valeu ou vale a pena. Tudo nesses 521 anos foi ruim, tudo patético, tudo substituível por algo “melhor”, segundo alguns, mesmo que para isso algumas novas valas comuns tenham que ser abertas.

Cansaço…

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Dei uma parada nas minhas discussões com amigos, e mesmo em troca de ideias mais simples. O motivo é meu cansaço intelectual, sem fim. Tem razão essa minha fadiga. É muito difícil se embrenhar num matagal só para convencer um índio qualquer de que “quod abunda non noscere” (o que abunda, não prejudica). Convencer as pessoas de que há que se separar os problemas em suas partes constituintes para depois examiná-los, um a um, dá um cansaço incrível…

Não desisti de tentar, mas estou parado no meu canto. Alguns, acostumados à minha combatividade e gosto pela esgrima verbal devem estar achando que eu estou sem argumentos ou ideias para defender meu conservadorismo e liberalismo econômico. Não. Tenho muitos, mas dá uma preguiça imensa, nos dizeres de G.K. Chesterton, “demonstrar que o céu não é vermelho” para quem o tem ao alcance dos olhos, num dia de sol. Dá preguiça, mas não se pode deixar esmorecer.

Aliás, uma das minhas dúvidas cruéis é de onde vem a resiliência e a energia que um exército de pessoas dos mais variados matizes e cultura põem na tarefa de defender posições inglórias, indefensáveis ou mesmo insanas. Complicado, e pretendo descobrir um dia. Deve ser uma patologia. Ou uma agenda escondida que não sei de onde vem.

O caso mais recente vem da questão das urnas. Meu Pai Celeste, que terrível é ver gente que tem origem em auditoria, como eu, achando que é “caro e desnecessário” ter uma porcaria de uma urna de acrílico e uma impressora, pro sujeito verificar se o voto dela foi o que realmente ela digitou na urna. Gasta-se Bilhões com fundão eleitoral e se recusa a tomar essa atitude simples e que seria, no final, conciliadora. Que cansaço…

A cegueira em admitir que ciência é algo que não se “determina” ou se confina a determinado “lado” da academia é algo também muito complicado e cansativo. Outro dia, o presidente do Conselho Federal de Medicina admitiu em uma live que a classe estava dividida ao meio, entre aqueles que creem e os que não creem no tal de tratamento precoce. Ora please… Será que somos tão obtusos assim a ponto de não compreendermos que a ciência progride na liberdade de experimentar, testar e concluir, e que “Vacas Sagradas” não podem existir em sua marcha? “Ciência!” berram alguns… “Terraplanismo” derramam-se outros… Vou falar uma bobagem enorme mas que acho que funciona, no que toca à liberdade de investigação – deixe os terraplanistas acharem o que quiserem! É direito deles acreditar na Taprobana e cair da cachoeira do fim do mundo. Não sou eu quem vai pegar na mão deles, coloca-los num avião e dar uma volta no globo…

Da mesma forma não serei eu quem vai obrigar alguém a se imunizar contra coisa alguma. Eu me imunizei, porque acredito em vacinas e sei que fazem muito mais bem do que mal, a despeito dos eventuais efeitos colaterais. O cara que não quer se imunizar, que pense como quiser. Não serei eu a infligir seu direito de pensar como quiser. Não serei eu a mudar sua cosmovisão.

Me encanta uma palavra da Bíblia sobre a ação de Deus no mundo:

“Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor”

Zacarias 4:6

Essa visão nos demonstra que ninguém tem o direito de forçar ninguém a pensar igual a si. O profeta Zacarias fala no contexto das suas profecias, e deixa entrever não apenas a impossibilidade, mas a inutilidade de mudar os outros, exceto que eles sejam convencidos pelo Espírito (aqui, você que não é cristão coloque o que for no lugar de Espírito, seja “a própria vontade” ou “bom senso”). Falta-me a capacidade, às vezes, de calar diante de certas posições.

Ora, isso quer dizer então que não devemos ser “apologetas” de nossas crenças? Não. Devemos esgrimar nossas ideias, mas sabendo que no fundo, não se convence ninguém. Só o Espírito o faz.

Serei eu a enfiar ideias goela abaixo nos outros? Eu não. Tenho preguiça.

Big Techs e a Liberdade de Expressão

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Existe uma discussão que a sociedade está “comendo pelas beiradas”, sem cair de cara no prato que está posto diante de todos nós. Mega empresas como FaceBook, Twitter, Instagram, entre outras, tem o direito de criar práticas de censura, ou equivalentes? Ou a sociedade deveria regular o que vai e o que não vai ali?

A questão passa por interpretar algumas perguntas importantes, antes:

  • BigTechs são “imprensa”?
  • BigTechs são “neutras, politica e ideologicamente”?
  • BigTechs são “monopólios”?
  • BigTechs substituíram a praça pública?

BigTech são “Imprensa”?

BigTechs são, antes de qualquer coisa, empresas privadas, com ou sem capital aberto em bolsa, e portanto, reguladas por regras de mercado. Como conservador de costumes e liberal em termos econômicos, tenho uma imensa dificuldade em enxergar o limite entre a liberdade de uma empresa privada fazer algo e as “contas” que essas devem prestar à sociedade.

A pergunta é – são “imprensa”, e como tal deveriam se comportar? Creio que a resposta mais simples é não. Embora alberguem notícias e milhares de “noticiosos”, a resposta é que até hoje estamos diante de um fenômeno que extrapolou o que conhecíamos antes.

Se não são imprensa, têm responsabilidades de imprensa? Ou seja, teriam o direito de julgar opiniões? Entendemos que não.

As BigTechs criaram para si (embora possa-se discutir se foram elas mesmas que o fizeram) as agências de checagem, a fim de dizer o que é e o que não é fake news. Todos sabemos que essas agências frequentemente conflitam opiniões umas com as outras, e francamente não sabemos se julgam fatos sem ou com viés ideológico. Ninguém sabe que metodologia usam nem são supervisionadas por ninguém (nem deveriam ). Deveriam pelo menos informar claramente quem teceu julgamento e quem

As BigTechs são “Neutras, politica e ideologicamente”?

A despeito do esforço para parecerem neutras, vemos claros vieses ideológico nelas, e que ficaram claramente expostos em diversas ocasiões, como no “cancelamento” de Donald Trump ou na exclusão de perfis conservadores, mesmo com a manutenção de perfis bem mais danosos, como de radicais muçulmanos, por exemplo.

Parece claro que mesmo que corporativamente não tenham uma diretriz ideológica escrita, os executores, os caras da mão na massa, o são.

BigTechs são Monopólios?

Partindo do pressuposto que elas dominam grandes nacos da comunicação mundial, FB, TWT, Insta, etc, são na melhor das hipóteses oligopólios. Qualquer tentativa de novas empresas se estabelecerem no mercado, como a natimorta Parler, sofrem perseguições econômicas escandalosas, como a negativa da Amazon em albergar o dito site (direito dela?).

Elas podem ser qualificadas como tendo tendências monopolistas, portanto, e comportamentos que são contra a liberdade de mercado. Ok, conseguiram isso graças a muito investimento e trabalho, e talvez mereçam ter bons nacos do mercado. Daí a concedermos a elas, como cidadãos, o direito de eliminar a competição, é algo a ser tratado com o devido respeito.

Por fim…

As BigTechs são a Praça Pública do presente?

As BigTech se tornaram de uma vez só um “marketplace”, fonte de informação (e portanto, parcialmente imprensa, pelo menos), e praça pública, onde pessoas se reúnem para fofocar e falar mal (e bem) de quase todo mundo. Só que agora, os “outros” são gente que não está do lado, na mesma aldeia, mas na “aldeia global”, preconizada por Marshall McLuhan em 1964 (ano em que nasci…).

As pessoas, principalmente em épocas de pandemia, se comunicam com o mundo e umas com as outras através das redes sociais. Trancados em casa, vejo pessoas como a avó da minha esposa, que aos 94 anos pediu um celular e está engajadíssima em ver e postar coisas interessantes, para ela, interagindo com o mundo. O crochê deixou de ser a única distração dela, sentada dentro de um apartamento. Já não simplesmente espera o tempo passar, mas passa pelo tempo curtindo coisas, interagindo, falando com parentes longe. Custou um pouco a dominar a telinha mas está indo muito bem.

Isso é positivo, claro. O que talvez não seja tão positivo é a forma que as BigTechs selecionam, filtram e publicam conteúdo, e a forma como somos praticamente obrigados a ler as coisas. Algoritmos veem o que lemos e clicamos, checam nossos likes e dislikes e decidem o que vamos ver a seguir.

Se falamos em pizza, em minutos aparecem propagandas na tela. A privacidade está por um fio e não sabemos a que ponto podem chegar as BigTechs, na invasividade.

Um teórico pontificou (ao The Economist) que talvez passemos a comprar conteúdo, e não mais recebe-lo de graça em troca de nossos dados. É uma boa e eu estou disposto a fazer isso. Mas talvez 99% da população não esteja, ou não possa, gastar dinheiro para preservar-se.

Se são praça pública, temos que cuidar de regras que vigiam NA praça pública:

  • Limpeza, organização e segurança
  • Respeito a todos e observação de limites
  • Submissão a uma autoridade externa, escolhida e paga por nós (na forma de policiais e fiscais) que aplicam leis votadas por nós para a tal praça
  • Certeza da inviolabilidade de nossa pessoa e nossa privacidade
  • Direito de ir e vir, entrar e sair da praça
  • Direito de ficar calado sentado no banco vendo “as modas”, sem perturbar nem ser perturbado
  • Manifestações na praça pública têm hora marcada e devem ocorrer em ordem, sem destruição do patrimonio nem ofensas às pessoas.

Ora, isso se aplica a um espaço público. E as BigTechs NÃO são espaços públicos. Aí está o grande nó. São espaços públicos na medida em que estamos expostos a elas, e somos influenciados por ela. Mas são propriedade privada, e estamos nela apenas porque alguém deixa.

Mas hoje, estar fora dela, é como perder um instrumento de trabalho. Ou seja, tornaram-se “bichos” difíceis de interpretar.

Regulamos ou Deixamos como está?

Deixamos. Sim… por mais que pareça triste e tenhamos a tendência de criticar, com razão, atitudes como cancelamento de pessoas, expulsões e suspensões, muitas vezes arbitrárias e injustas, devemos deixar o mercado seguir seu caminho.

Talvez a única providência prática seria facilitar a concorrência e criar condições de escolha ao público. Mais do que isso é complicado.

Mas a economia tem sempre uma forma de se impor, ou, em muitos casos, de se “vingar”. Atitudes desse tipo não vão longe e acabam criando reações. Novas redes surgirão, e as pessoas passarão a desistir de algumas, como muitos de nós estamos desistindo de TVs abertas ou fechadas que são verdadeiros “sovietes”. Eu mesmo adorava ver o Jornal Nacional, até que, de uns 10 anos para cá, as redações dele parece que foram tomadas de assalto por gente com ideologias contrárias não somente ao que eu penso, mas ao que a maioria do povo simples e conservador, brasileiro, pensa.

Deixemos como está. Aguentemos, e no momento correto, saiamos de algumas mídias sociais e migremos para outras que acabem por nos dar melhores condições. Acaba acontecendo. Houve um tempo em que não tínhamos escolha. Era Silvio Santos, Flávio Cavalcanti, Bolinha, e mais recentemente Faustão et caterva… O surgimento da TV por assinatura nos “libertou” por assim dizer. Depois, as mídias sociais acabaram o processo e tivemos acesso a conteúdos cada vez mais “customizados” e dinâmicos.

A nova onda talvez seja a criação de “novos grupos de comunicação” em multi plataformas, e diversificados por interesses, de forma a atrair por “tribos”, ou “bandos” que pensem parecido. Vai resolver? Não, mas pelo menos não seremos obrigados a engolir em seco algumas coisas sem termos o direito de devolver com a mesma efetividade e repercussão.

Por fim, lembro aqui de um caso bem mais prosaico, e menor, de um confeiteiro americano que foi obrigado pela justiça estadual, nos EUA, a fazer um bolo de casamento para uma casal gay. O dito confeiteiro se recusou e sofreu um processo judicial que só terminou quando a Suprema Corte americana disse que ele poderia se recusar, baseado em “questões de consciência” e religião.

Ora, é uma empresa privada, o sujeito tem o direito de fazer o que quiser. O mesmo vale para as BigTechs. Pense nisso na hora de acessar FB, YouTube, Insta, Twitter, etc. Você está ali de convidado, comporte-se como tal, mas NÃO dê a eles a soberania sobre o que você deve ou não pensar.

Envelhecer

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São muitas as frases e as análises sobre o processo de envelhecimento. Pablo Picasso dizia que

Leva muito tempo para nos tornarmos jovens.

Pablo Picasso

E não é que é? A capacidade de rir de mim mesmo inexistia, entre meus 12 e 40 anos. Foi o processo de ver a comédia de minha burrice que me fez rir do que faço. Isso não foi ensinado a mim. Foi fruto dos anos de janela, vendo a banda passar.

Na mesma toada, George Bernard Shaw dizia

A juventude é uma coisa maravilhosa. Pena ter que desperdiçá-la com os jovens!

G. Bernard Shaw

Aqui e acolá vemos gente velha e talvez ressentida deixando claro que a juventude que viu e vivenciou foi desperdiçada, ou não apreciada devidamente, exceto quando a tal banda já passou.

Talvez por conta dessa falta de humor, de se levar demasiado a sério, ou por pura inexperiência, a frase seguinte cabe bem para os dias atuais, e para todos os dias, desde que o grande cisma social foi (artificialmente) criado:

Quem não foi comunista aos 18 anos, não teve juventude; quem é, depois dos 30, não tem juízo

Atribuído a Carlos Lacerda

Hoje, lendo matérias de jornalistas mais experientes, pude ver o amargor deles com os profissionais do jornalismo de hoje, os mais jovens, em seu afã de SER parte da notícia, em vez de CONTAR a história, como ela ocorreu. Um deles conta como o fato de estar de câmera em punho, diante de manifestantes, fez reacender um conflito já pacificado pela polícia.

Outro conta como o apreço a causas “libertárias”, de esquerda, majoritariamente (mas nem só) faz com que a objetividade pule pela janela das redações do país e do exterior.

O pior é a dificuldade de argumentar com jovens devidamente doutrinados. Eles não escutam, não argumentam mais racionalmente, não fatiam os problemas para estudá-los, não usam (não todos, obviamente) de racionalidade em suas análises, normalmente mais rasas do que deveriam, para que se chegue a conclusões minimamente corretas.

Assisti outro dia um comediante num desses “Late Shows” dos EUA falando que passando na rua, ouviu um “buuum” e de repente começou a chover chocolate. Como estava do lado da fábrica da Hershey, ligou os pontos e pensou “explodiu algo na fábrica e o chocolate foi pelos ares, e agora cai sobre nós aqui na rua”. Ao falar isso, viu-se cercado de pessoas dizendo que não, que obviamente a fábrica não explodiria, e que havia outra explicação. Talvez o governo tivesse jogado gotas de chocolate de helicópteros, pra adoçar a vida da triste população…

Ele emenda, dizendo que na cidade que possui o Centro Wuhan de Estudos do Coronavirus ocorreram os primeiros casos de… Coronavirus. Mas não… logicamente a razão NÃO é o tal Centro de Coronavirus. A razão deve ser outra… Um virus desse não vazaria de um laboratório tão seguro! Nunca! Nós devemos procurar explicação em outro lado.

Pois é. A juventude embarca toda numa explicação dessas, quando a relação de causa-efeito parece tão óbvia. Alguém com a veia do pescoço saltada me dizia aos berros que eu estava sendo “terraplanista” por acreditar numa evidente bobagem dessas, criada pelo Trump somente pra culpar o regime Chinês, que nada tinha a ver com isso.

Barbaridade, pensei… e me calei.

Se a juventude já é em si insegura, se se leva a sério demais, se convive com a sombra dos pais e avós, e precisa lutar ainda para assegurar seu lugar ao sol, imaginemos essa mesma juventude sendo propositalmente manobrada e ensinada a NÃO pensar? Sabe aquela qualidade mental que só apreciamos depois de sermos surradas por ela, a habilidade matemática, que mais do que fazer contas, parece que nos dá uma habilidade secundária de medir efeitos… sabe ela? Coloquemos a matemática de lado, pois dá um trabalhão, e passemos a falar como nos nos “sentimos” sobre os números.

Sabe a gramática, aquela que meu pai, professor de Português, lutou a vida toda para enfiar em cabeças jovens? Aquela que é cheia de regras, que odiamos a vida toda? Ela também parece ter um efeito colateral de “freio de arrumação” na nossa lógica e entendimento do que está escrito… algo que só damos valor quando passamos pelo processo disciplinador do aprendizado duro e tenso, das provas e “sabatinas”.

Os jovens, por culpa de muitos adultos, desperdiçavam sua juventude preocupados demais com o amanhã, em ganhar dinheiro, casar, ter filhos… perdiam (ou nem chegavam a ter) bom humor. Hoje, ao contrário, essa carga foi tirada dos ombros dos jovens. Pode-se ser o que quiser. Pode-se trabalhar, ou não… estudar, ou não… pensar, ou não… e não há qualquer consequência sobre isso.

Envelheci um tanto, muito (se Deus quiser) falta ainda por envelhecer. Estou tentando me preparar mentalmente para as restrições impostas pela saúde, mobilidade e perda de agilidade mental da maneira como acho válida, e que vai me dar um pouco de alegria mesmo velho. Pensar, estudar, dar risada, fazer bagunça com os filhos (e às custas deles, muitas vezes!!! Haha!) e quem sabe, em alguns anos, com os netos.

Só não quero ser acusado do que já o fui quando jovem – carranca excessiva, se levar à sério demais, viver pra si mesmo, querer sucesso quase a qualquer custo, ser levado “em roda” por qualquer vento de ideologia, enfim, as tragédias normais que cercam todo adolescente e jovem.

Que venha a velhice, pero en forma de chiste!

O Idiota em mim, e em você

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Se sentir um completo idiota é uma coisa que deve, na minha opinião, ocorrer com cada um de nós pelo menos uma vez por dia, senão mais. Não que eu queira, ou que algum de nós queira ser um idiota, ter cometido uma idiotice ou faça algo com consequências graves, ou não, de sua inépcia, insensatez ou idiotice mesmo. Tenho o dever de me sentir idiota, para que não seja sem saber.

Mas o fato é que reconhecer que fez algo idiota já é algo bom. Pelo menos a gente está ligada no que faz, acha que poderia ter feito melhor, ou reconhece quando algo não está à altura do que é preciso ser feito. É uma sensação horrível, de incompetência, mas ao mesmo tempo libertadora, pensando bem, por pelo menos eu saber que entendo o que fiz errado.

Adoro atribuir ao Apóstolo Paulo uma frase que ele nunca disse (pelo menos que eu saiba) mas que tem toda a cara dele:

Bem aventurado aquele que sabe aquilo que ignora

Apócrifo

Como é bom olhar algo e ter certeza absoluta de não saber nada, zero, a respeito. Eu estou em busca de expandir o limite da minha ignorância (ou melhor dito, daquilo que conheço), a fim de ignorar cada vez menos. Mas é muito difícil.

Nelson Rodrigues dizia com muita propriedade que

Os idiotas vão tomar conta do mundonão pela capacidademas pela quantidadeEles são muitos.

Nelson Rodrigues

Somos mesmo muitos…

Mas a razão de eu falar de tanta “idiotice” é menos filosófica e mais prática. Existem várias “bolhas”, como se diz por aí. Fala-se muito em “fazer algo repercutir fora da bolha”, e coisas parecidas. Eu costumava não me achar encerrado em em nenhuma delas. Mas francamente, já não sei não. E falo da bolha política, mas também da bolha dos costumes, do politicamente correto/incorreto e todas as outras, que os tempos de Mídias Sociais parece que reforçaram. Eu começo a achar que eu talvez esteja olhando o mundo com óculos errados. Afinal, amigos meus, grandes amigos, deram de ralhar comigo, à vera, por conta de certas posições minhas. Não são necessariamente posições políticas, mas são posições que tem um profundo impacto no que eu penso ser o meu modo de viver ideal.

Já escrevi várias vezes que me identifico como um conservador, cristão e que tento ser racional. Por isso, assuntos como a liberdade de cátedra, a inviolabilidade do direito de opinião, e o caráter absolutamente iconoclasta da ciência tendem a ter muito eco no que eu penso e faço. Assuntos que eu julgava que não mereceriam mais do que um olhar superficial, como por exemplo, a realização ou não de um campeonato de futebol de 30 dias, com sei lá, 16 seleções, sem público, todo mundo testado pra Covid, estão gerando tanto problema que eu chego a me encolher diante de opiniões de amigos que eu julgo inteligentes e sábios.

Outra feita, é uma tal CPI da Covid, que eu não entendo como é que alguém em sã consciência pode dar a mínima credibilidade, ganha tanto espaço e é considerada tão fundamental pra sociedade, neste momento de pânico e suspense: como uma comissão que é presidida e relatada por dois sujeitos desqualificados, moral e legalmente, pode ser levada adiante sob holofotes do Brasil e do mundo, sem qualquer questionamento.

Devo estar priorizando somente um lado da opinião, e isso não gosto de fazer. Deve haver, então, algo errado, e é COMIGO. Afinal, gente que considero muito melhor do que eu enxerga razoabilidade nisso tudo. Desde discutir por conta da tal Copa como assistir uma CPI como se fosse um seriado da NetFlix.

Desde o início desse processo de pandemia eu tenho pensado em muitas coisas que em outros tempos não teriam qualquer repercussão, como o uso ou não desse ou daquele comprimido disso ou daquilo, do tempo que o comércio deve ficar aberto ou fechado, do tanto de transporte coletivo que temos que ter, do atraso de dias, ou meses (dependendo da fonte) para obtenção de vacinas… Tudo o que tenho visto parece formar parte de uma curva de aprendizado sobre algo que nenhum de nós têm a menor experiência, e cujos erros certamente foram cometidos. São patentes, mas não são mais do que isso mesmo – erros, inadequações, idiotices. É o Galípoli, do mesmo Churchill que nos salvou da ameaça nazi-fascista, anos depois. É a tragédia de uma situação que ninguém poderia dizer-se preparado para enfrentar.

Meus amigos, que realmente (não é ironia) são melhores e mais sábios do que eu fazem coro com boa parte da população que bate sem parar no governo (vou fazer aqui a ressalva de sempre – votei e votaria de novo em Bolsonaro em 2018, mas não voto nele se houver alternativa conservadora minimamente capaz de vencer uma eleição).

Um dos meus esportes preferidos é dividir problemas em partes e tentar raciocinar sobre cada uma das partes. Coisa de gente limitada – como eu tenho dificuldade com variáveis múltiplas, busco isolar cada uma e resolvê-las separadamente, e tentar assim chegar a uma conclusão sobre o todo. É isso que tenho tentado fazer ao longo da vida, com algum nível de sucesso.

Mas estou apavorado comigo mesmo. Não sei se estou numa bolha tão, mas tão fechada, que não consigo enxergar algumas coisas que outros veem por óbvio. Eu realmente não consigo “fechar questão” sobre alguns assuntos que uns têm por certo. Eu não consigo achar defeito grave numa economia que conseguiu cair, com Covid e tudo, menos do que entre 2013 e 2014, sem nada, exceto o fato de termos tido um péssimo governo.

Além de tudo isso, tenho uma visão de que no final das contas, o mercado consegue, com seus milhares de interações diárias, de milhares de cabeças pensantes, indicar o que realmente está acontecendo, quando as câmeras e microfones são desligados e os políticos voltam pros seus sepulcros caiados.

Enfim, terminando, outra citação de Nelson Rodrigues, que pretendo manter na mente, justamente por tudo o que já escrevi acima:

Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.

Nelson Rodrigues

Estados Disfuncionais

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A Wikipedia tem um verbete enorme sobre o assunto dos “Estados Disfuncionais”. Chamo de Disfuncionais porque a tradução exata do inglês é “Estados Falidos” ou “Estados Falhos”, que não faz jus ao que realmente se chama de “Failed States”. Se tiver curiosidade, veja emhttps://en.wikipedia.org/wiki/Failed_state#:~:text=Examples%3A%20Syria%2C%20Somalia%2C%20Myanmar,the%20expense%20of%20other%20groups).

A definição, que é o conceito que interessa aqui, é a seguinte, numa tradução livre, minha, da versão em inglês do verbete:

Um estado falido é um corpo político que se desintegrou a tal ponto que as condições e responsabilidades básicas de um governo soberano não funcionam mais adequadamente … Um Estado também pode fracassar, se seu governo perder sua legitimidade, mesmo que esteja desempenhando suas funções de maneira adequada. Para um Estado estável, é necessário que o governo goze de eficácia e legitimidade. Da mesma forma, quando uma nação se enfraquece, e seu padrão de vida diminui, ela traz sobre si a possibilidade de um colapso governamental total. O “Fundo para a Paz” (ONU) caracteriza um estado falido como tendo as seguintes características:

O texto segue caracterizando o que faz um Estado um corpo Disfuncional:

  • Perda de controle de seu território ou do monopólio do uso legítimo da força física
  • Erosão da autoridade legítima para tomar decisões coletivas
  • Incapacidade de fornecer serviços públicos
  • Incapacidade de interagir com outros estados como membro pleno da comunidade internacional

Alguns países são classificados como em grupos de risco, variável, em relação ao seu grau de aproximação do ponto de ruptura, ou declínio do Estado até se transformar em Disfuncional. Figuras, ó Brasil, florão da América, em posição desconfortável, em péssima companhia, como segue a classificação atual

  • Países com aumento de conflitos de grupos comunitários (étnicos ou religiosos) – Síria, Somália, Mianmar, Chade, Iraque, Iêmen, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Libéria, Iugoslávia, Líbano, Afeganistão, Sudão, Sudão do Sul.
  • Predação estatal (corrupção ou desvio de recursos às custas de outros grupos) – Nicarágua, Venezuela, Brasil, Filipinas, Croácia, Sudão, Sudão do Sul, Nigéria, Eritreia, Zimbábue, África do Sul, Coreia do Norte, Arábia Saudita, Rússia, Catar, Líbano.
  • Rebelião regional ou guerrilha – Líbia, Síria, Iraque, Afeganistão, Iêmen, Congo, Colômbia, Vietnã.
  • Colapso democrático (levando à guerra civil ou golpe de estado) -Libéria, Madagascar, Nepal.
  • Crise de sucessão ou reforma em estados autoritários – Indonésia (sob Suharto), Irã (sob o Xá Rheza Pahlevi), União Soviética (sob Gorbachev).

A lista deve ter já alguns anos, provavelmente se remetendo à época de governos de esquerda, no Brasil, ou antes da total derrocada do Estado nacional Venezuelano, sob Nicolás Maduro. Estar na incômoda posição de equivalente a uma Venezuela, Coreia do Norte ou Nicarágua certamente NÃO é legal. A lista é certamente pré-pandemia de Covid-19.

Importante é que percebamos o QUE nos leva a essa situação. Onde estamos hoje e que circunstâncias leva um país moderno, em termos de gestão (tecnologia aplicada), formação sócio-econômica (PIB per capita) e até mesmo educação (básica) a figurar como um Estado Falido ou Disfuncional?

Perda de controle de seu território ou do monopólio do uso legítimo da força física

O Brasil, não é de hoje, perdeu sua autoridade sobre parte dos seus territórios. O livro “O Império e os novos Bárbaros” (de Jean-Christofe Ruffin, de 1989) mostra com destaque como o Brasil perdeu parte de seus territórios para as milícias e grupos de crime organizado. O livro é excelente. Pena que a edição que tenho contenha um prefácio (bem plagiado, creio) de Collor de Mello…

Além da perda de controle de favelas e áreas semi-conflagradas no país, o Brasil possui outras áreas, significativas, de seu território que de fato não controla. As reservas indígenas, não por sua característica de proteção às etnias, mas pelo domínio exercido sobre elas por ONGs e nações estrangeiras, são território de novos bárbaros. As terras de garimpo no Norte são outro exemplo, facilmente verificado toda vez que vemos um carregamento de toneladas de ouro ser descoberto, contrabandeado, por algum cartelzinho ou facçãozinha, lá na França.

Já sobre o uso legítimo da força, o STF, com sua decisão de bloquear a atividade policial em favelas, criou pelo menos 2 anos de “trégua” aos “donos” dos morros, reforçando os Estados-dentro-do-Estado (ou a barbárie), sobre os quais não temos nenhum controle como sociedade.

Erosão da autoridade legítima para tomar decisões coletivas

A tomada de decisões coletivas é feita por consenso, numa sociedade funcional. Este consenso se chama Eleição, e suas ramificações chegam aos três poderes pela via do voto – a)do executivo, de forma direta e majoritária, dando ao eleito, em qualquer nível, direito de estabelecer sua política e diretrizes, vencedoras nas urnas; b)do legislativo, também de forma direta e proporcional, a fim de que os eleitos possam não somente fiscalizar o executivo como propor e votar o consenso das decisões, que, se cremos na qualidade do sistema de representação, implica necessariamente numa decisão coletiva; c)no judiciário, por vias indiretas, e não tão de consenso, porque alguns níveis do judiciário são escolhidos ao arbítrio do governante (STF, STJ). Mesmo assim, a maioria do judiciário pode-ser dizer ter sido escolhido por consenso, já que um concurso público foi a forma votada e aprovada por legisladores, para a formação do judiciário.

Onde esta faculdade está erodida no país? Quando o executivo perde sua capacidade de implantar as políticas vencedoras nas eleições, por interferência direta de outros poderes, por exemplo. Quando a câmara não pode tomar decisões saudáveis e independentes, por haver outro poder comprando ou dominando o processo, seja por pressão financeira seja por pressão derivada dos muitos rabos presos.

Incapacidade de fornecer serviços públicos

Seja nos ambientes controlados pela nova barbárie, seja em regiões tão remotas como os fundões da Amazônia legal, o fato é que o Estado brasileiro tem falhado em prover o mínimo, que faz de uma nação um país “de todos” e para todos.

Mas até aí vamos, sem tanta crítica, pois que houve inegável avanço, seja em alfabetização seja em moradia e renda mínima, principalmente entre os anos de 1960 e 1980. Os anos Lulla também mostraram, por vias controversas e com intenções inconfessas, que o boom das commodities do início dos anos 2000 foi suficiente para gerar tanto excedente que mesmo a pior pilotagem possível nos levou a um porto razoável. Os anos Dillma nos levaram ao caos gerado pela incapacidade de enxergar que o boom havia acabado, e os gastos públicos (e a dívida pública) tinha mais que duplicado, com os resultados inevitáveis que vimos.

Hoje, sabemos que só parcerias público-privadas ou a iniciativa privada, isoladamente, podem resolver problemas como saneamento e infraestrutura de transporte e energia, já que o Estado, sitiado e sobrecarregado por corporações, não faz grana nem pra pagar os cidadãos de primeira classe que lá residem.

Incapacidade de interagir com outros estados como membro pleno da comunidade internacional

Aqui também não temos muito do que nos orgulhar. O Anão Diplomático continua vivo e incólume, desde os tempos de Collor, passando por todos os governantes posteriores, sem exceção. Não vamos extrair da lista de “nanicos” os recentes governos Temer ou mesmo Bolsonaro. Aliás, este último protagonizou um nanismo que foi na contramão de tudo o que se tinha por pilar da diplomacia, desde Rio Branco – tomar partido, se aliar a governos de ocasião no exterior, em vez de se manter neutro e independente de rixas e eleições que não nos competem.

Resumão

Por pelo menos três das quatro razões acima, somos um Estado Disfuncional. Mas nada, absolutamente, se compara ao show de horrores protagonizado pela nossa Suprema corte.

Enquanto isso, os bárbaros (do PCC e Comando Vermelho aos partidos albergados sob togas do STF até os movimentos sem-isso e sem-aquilo, que criam áreas não alcançadas pelo Estado, passando pelas ONGs de interesses obscuros) tomam cada vez mais nacos importantes do nosso território, seja urbano seja rural.

Somos corretamente tachados de estado de “Predação Estatal”. Claro que há mais ilustres “cumpanhêru” que não estão listados ali, como a notória Argentina, que abriu mão de sua liberdade e reconvocou a esqueda de lá pra voltar ao poder e terminar de quebrar a nação irmã.

Somos predados pelo tal “mecanismo”, que, segundo li em algum lado, quer manter o estado sempre vivo, mas no limite da consciência, para que continue a ser sugado.

Deus tem mesmo que sarar nossa terra, como diz a Bíblia, pois que as chagas aumentam.

Eu sou, e o Agora

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Gosto de pensar sobre as Escrituras e em como, nas entrelinhas de suas histórias, há ensinos aplicáveis à vida. Ao ler sobre a queda da humanidade em Adão e Eva, fiquei a considerar a respeito de algumas questões existenciais.

Quando, no texto bíblico, a serpente tenta Eva, afirma que aquele que provasse do fruto da árvore seria como Deus, conhecendo o bem e o mal. Considero que o equívoco, a mentira, estava em que Adão e Eva já eram como Deus. Eles eram plenos, inteiros, Santos e em completa comunhão com Ele e entre si mesmos. Mas cederam ao engano e à ilusão de que havia uma falta e, ao mesmo tempo, uma má intenção oculta. Negaram o presente que é o Eu Sou, por um Eu Serei baseado em uma perspectiva de falta, insatisfação, desconfiança e medo.

Usando esta reflexão como uma metáfora, fico a considerar se esta não continua sendo a problemática que, ainda hoje, enfrentamos em relação ao ser e à maneira insatisfeita e ansiosa que vivemos? Pois ao negarmos o eu sou, numa busca contínua de ser como o outro, de sermos como os “deuses” em seus Olimpos de sucesso e poder, nos perdemos num turbilhão de exigências e cobranças; deixamos de enxergar o que é e quem somos, para buscarmos ser o que afirmam nos faltar.

Ao fixarmos nossa atenção ao mal desconhecido, à ausência do bem, despertamos para o medo e desconfiamos do amor. Em função disso, o mal se torna parte de quem somos, pois nossas ações e personalidade absorvem as estratégias defensivas diante de um mundo visto como mal e perigoso. Assim, perdemos as oportunidades que surgem em função do medo que nos orienta e, as escolhas benditas são desperdiçadas por nossa incapacidade de afirmarmos nossa identidade com o bem e o eu sou.

É prudente não sucumbir diante daqueles que afirmam a sua inferioridade e negam o seu ser. Afirme o seu valor e valorize suas habilidades. Sabemos que o mundo traz sua mazelas, mas não seja casa para nenhuma delas.

Cristão tem medo de Ciência?

Li um interessante artigo no excelente site Quillette (www.quillette.com), um artigo longo, textão mesmo, como são quase todos os artigos desse site, mas detalhado e muito bem escrito. Coisa fina. Vale ler.

O artigo está acima e mesmo quem não conhece inglês pode traduzir lá mesmo.

Lá o autor trata de uma “briga” de palentólogos em torno das chamadas “Primeiras Nações” ou “Primeiros Povos”. Arqueólogos escavaram numa região que vai do estado do Maine até Newfoundland (Terra Nova), no Canadá, fósseis datados de uns 10 mil anos atrás, que apresentam um povo mais desenvolvido do que povos nativos mais recentes, da região. O “suco do assunto é que os povos nativos americanos passaram a exigir que os paleontólogos e arqueólogos NÃO estudem esses povos, mas que enterrem de volta os achados arqueológicos, no que chamam de “restituição”.

Será que eles não querem saber sua origem? Não é assim. É que os achados apontam para o fato de que os povos que hoje se consideram vítimas dos Europeus foram, eles mesmos, algozes de povos que já estavam na região há mais tempo, desfazendo o mito da sua primazia, e a narrativa de seu bom-mocismo.

Ciência bota medo…

Em outra ocasião, mais recente, cientistas brigam com outros cientistas sobre a validade de destruírem certas posições anteriores com teorias mais modernas, e mais corretas.

Tem gente querendo substituir o Big Bang a todo custo, simplesmente porque não cabe na sua narrativa sobre a origem do universo e da vida. O mesmo Stephen Hawking lutou com unhas e dentes até o fim da vida para tentar achar uma equação, uma explicação para “desdizer” a teoria que ele mesmo trabalhou para explicar e popularizar. Tudo porque seu ateísmo, ou agnosticismo, não podia suportar a afronta de que o universo teria tido um início, e portanto, um “causador”.

Diante disso tudo, nos vemos, cristãos, diante de uma situação em que, frequentemente chamados de negacionistas, terraplanistas e anti-científicos, temos que optar por uma postura mais bíblica, entendendo que a Bíblia pode contradizer a ciência em algum momento.

Os que chamam o cristianismo, principalmente o Catolicismo original e os Reformados de obscurantistas talvez se esqueçam que a quase totalidade das instituições de ensino que hoje lideram a pesquisa científica no mundo são de origem, inspiração ou manutenção cristã ou de cristãos (desde a Universidade de Padova, passando por Oxford, Harvard, Cambridge, todas as PUCs do planeta, e por aí vamos).

Muito, ou mal usado pelo Presidente, o texto de João 8:32, sempre foi um dos meus preferidos. Costumo brincar que é o Texto Áureo dos Auditores:

“E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará”

Jo 8:32

Se a bíblia é a inspirada palavra de Deus (e eu creio nisso) e o texto acima partiu da própria boca do Filho de Deus (eu creio nisso também), então cristão algum tem o DIREITO de ser acrítico, anti-científico ou jogar na retranca, quando o assunto é ciência.

A razão é muito simples – cremos (eu creio) que Deus é o autor da ciência. Se Ele criou as regras e leis deste universo, que são explicadas e desfiadas na física, química, biologia, etc, NÃO TEMOS o direito de achar que uma equação vai desdizer, ou desfazer o que cremos.

A Bíblia nunca se propôs a ser um livro científico. Escrita para pessoas tão diferentes quanto (adoro falar isso) Albert Einsten e Forest Gump, a Bíblia teve por obrigação ser atemporal, e acessível a ser explicada a todos.

Quando a Bíblia fala de um assunto que está francamente acima da capacidade, mesmo dos mais iluminados humanos, ela deixa claro que há coisas que são “mistérios”, ou que ainda não foram reveladas. Mas isso nada tem a ver com obscurantismo ou qualquer tipo de limitação à investigação. Nos escritos do Velho Testamento, Deus já falava a Adão e Eva que entendessem o mundo, dessem nomes às espécies (numa ordem de taxonomia bem clara).

Posso concluir que se a ciência em algum momento contraria a Bíblia, só pode ser por dois motivos:

  • Erro de Interpretação – Quem diz falar “pela Bíblia” na verdade entendeu errado ou criou um “dogma” que não deveria haver. Um exemplo claro éa insistência da igreja católica em condenar as teorias da terra redonda e que não seria o centro do universo. Na verdade o livro de Isaías já nos advertia de que “Ele é o que está assentado sobre o globo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; ele é o que estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar” – Isaías 40:22)
  • A Ciência ainda não chegou lá – Aqui, o maior exemplo vem da antiga teoria cosmológica, válida durante décadas, de que o universo nunca teria tido começo e não teria fim. Desbancada pela descoberta da radiação de fundo, e comprovada nos laboratórios Westinghouse, em Nova Jersey, por Arno Penzias e Robert W. Wilson. Os “fósseis” de luz comprovariam a teoria de que alguém riscou o fósforo que gerou a explosão.

Que tranquilidade é saber que a ciência não desbancará, nunca, o Deus Onipotente. Que alegria é saber que a Bíblia é mais inteligente do que alguns se arvoram o direito de se achar. O caso mais recente, emblemático e francamente ridículo foi o do artigo de Mário Sérgio Conti, comparando nossa crença em Jesus Cristo à do coelhinho da Páscoa.

Este douto senhor, do alto de sua inaudita inteligência e certeza de todas as coisas declara-nos a todos nós como crianças burras e obscurantistas… Como se homens (de verdade) muito maiores e mais inteligentes do que ele não tivessem declarado seu pasmo e reverência a esse Deus Criador.

Termino com as palavras de Louis Pasteur, sempre citado pelos cristãos, cujos feitos excedem, talvez, um pouquinho, à montanha de maravilhas criadas por Conti:

Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima.

Louis Pasteur

Nós e os Agostinho Carraras dessa vida

O Álbum da Grande Família': Relembre os figurinos de Agostinho Carrara no  seriado | Estilo | Gshow
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Circula um vídeo do ator Pedro Cardoso, que interpreta(va) Agostinho Carrara na TV, no qual ele derrama sua sabedoria sobre todos nós, respondendo perguntas feitas por internautas sobre os mais diversos temas.

Agostinho, ou melhor, Pedro, nos brinda com o melhor do padrão Globo de pensamento. Tive que comentar porque parece inteligentíssimo. O cara é articulado, e tal como Agostinho da TV, convence quem não entende o que é “blague” e o que é raciocínio, no duro, pra valer.

Duas coisas me chamaram atenção, e comento as duas em separado pois pode interessar a quem queira entender porque falar certas coisas é fácil, e desmenti-las dá um trabalhão…

Portugal é um destino Socialista

Uma das perguntas feitas a Agostinho (digo Agostinho pois certamente parece ter sido ele que respondeu, mas creio que poderia ter sido o Pedro, com os mesmos efeitos) era por que ele não ia pra Cuba, em vez de ter escolhido Portugal.

Com muita ginga e malandragem típicas do Agostinho, o cidadão responde que “se não sabíamos, Portugal era governado por um primeiro ministro socialista”. E para por aí, obviamente sem elaborar, pois que se elaborar, lascou o cano. Explicar com muitas palavras é coisa que complica, em alguns temas – principalmente naqueles em que há necessidade de rigor técnico e veracidade.

Portugal… Cuba… Cuba… Portugal… hummm, sei não. Qual dos dois é o destino que poderíamos considerar compatível com o que pensa o Pedro (o Agostinho creio que gosta mesmo é de Miami)? Se o objetivo é ser coerente com o que pensa o Pedro, ou pelo menos o que verbaliza, Cuba, ou ainda, China ou Coréia do Norte, seriam destinos mais alinhados ideologicamente.

Afinal, Portugal “está” sob um primeiro ministro socialista, eleito democraticamente, e cujo mandato pode ter um fim a qualquer momento, caso uma moção de desconfiança o retire do cargo prematuramente. Ainda, Portugal já esteve sob vários governos com tons de ideologia diferente, e certamente predomina uma certa social-democracia, embora se vejam nas ruas (a última vez que vi ao vivo e a cores foi entre 15 e 30 de Novembro de 2019, antes dessa peste toda) bandeiras com foices e martelos por todo lado.

Nada disso, porém, tirou (ainda) a liberdade dos portugueses de votar e serem votados, propor mudanças na legislação, eleger de acordo com a representatividade de cada região, demitir seus políticos, ter propriedade privada, fazer negócios intera e externamente, comprar e vender como bem entenderem, e qualquer outra atividade que configure uma nação fundamentalmente democrática. Tal não pode ser visto em Cuba, China, Coréia do Norte e outros paraísos frequentemente descritos como o céu na terra pelos ideólogos, o Shangri-la, o objetivo a ser atingido.

Pedro foi para Portugal. Pedro poderia ter ido para Cuba. Não existe forma de convencer Pedro a ir para Cuba, exceto de férias, na praia, talvez. Pedro é “Cardoso”, o que lhe deve ter legado um passaporte da Comunidade Europeia, um ente significativamente democrático, ainda que com viés social-democrata.

Pedro não ganhou dinheiro com Agostinho – só a Globo

A segunda grande colocação que ouvi (confesso que depois disso tive que sair pra não vomitar) foi a resposta à colocação de um internauta sobre o fato dele ter ficado rico com o Agostinho, e posar de socialista.

A resposta, pérola de hipocrisia e desintendimento sobre a natureza do capitalismo foi mais ou menos assim: “eu não ganhei dinheiro; ganhei um salário; quem ganhou dinheiro foi a Globo. É essa a natureza do capitalismo – o capital é que ganha dinheiro”, ou coisa que o valha.

É odiosa a posição dele. Provavelmente não deve ter recebido o jabá dele como “salário”. Como quase todo vivente bem instruído por contadores e advogados, o sujeito deve ter aberto sua Pejotinha (empresa de prestação de serviços), sabe-se lá, a Pedro Cardoso Produções Artísticas Ltda., e se aproveitado dela para faturar pagando algo em torno de 16% de tributos totais, e usando o resultado líquido como distribuição de lucro (não tributada) para receber os proveitos na sua Pessoa Física.

Duvido que o referido socialista tenha deixado na mão da Globo o valor integral do que recebeu, à razão de 27,5% de IR mais 11% de INSS… duvi-de-o-dó.

Bom, às colocações dele:

Salário não é lucro e portanto não deixa ninguém rico

É isso que se pode inferir da resposta – Ora, mesmo na hipótese de que Pedro tenha sido subtraído em mais de 40% sobre seus vencimentos, de IR e INSS, convenhamos que um salário de, sabe-se lá, R$ 1 milhão ou R$ 500 mil por mês está acima do rendimento de quase qualquer brasileiro. Trata-se, porém, de um sujeito que se equipara, em termos de renda, aos maiores empresários do país. Não. Ele não detém o capital (pois não aplicou nenhum na produção do programa nem correu qualquer risco, não contratou gente, contra-regras, não comprou câmeras, nem nada).

Pedro, portanto, se coloca na mesma posição de qualquer trabalhador, empregado com carteira assinada, se sorte tiver. Considera-se um mero peão num joguete que é controlado pela malvada corporação à qual pertence, e que é o vilão de um jogo do qual ele seja, talvez, um dos grandes beneficiários. Não dá pra ser mais hipócrita.

A Globo é o Capital, e como tal, não deve ser boa

Bom, isso ele não disse, mas certamente, ao fazer a colocação do item anterior, certamente é a única coisa que se pode presumir. Capital é ruim. Ponto final. Capital é o vilão e não há discussão – se discutir é fascista, genocida e sei lá mais o que.

Qualquer conservador sabe que capitalismo, no duro, NÃO se faz com monopólios. A Globo já foi quase monopolista, hoje está entrando na vala comum das outras TVs, em termos de audiência. Em termos de qualidade é superior tecnicamente, e inferior moral e em termos de sua objetividade. Há anos sofremos um massacre da Globo. Eu mesmo tive que ser “desmamado” da Globo, como um toxicômano. Que falta fazia o JN… Por que? Por ter assistido desde os tempos do Reporter Esso, Cid Moreira e Eron Domingues à bordo. Outros tempos, herdados por esses que aí estão.

A Globo, sob comando da geração atual, se perdeu em seus padrões morais, e, pior, tenta insistentemente nos influenciar a crer no que os irmãos Marinho parecem ser os temas a serem levantados: promiscuidade sexual, adultério, louvor ao “espertalhão”, desestruturação da família, homossexualismo e outros tópicos que não lembram em nada a Santa Missa em seu Lar, dos tempos idos.

Concluindo, Pedro/Agostinho lançam mão dos argumentos manjados e batidos de qualquer esquerdista. É fácil, diz-se em poucas palavras, e para combatê-los leva-se tempo e é necessário pensar e refletir. Isso não é o forte dessa nossa geração, “shallow now” (and ever).

Vamos pedir a Deus que Pedro finalmente tope passar um tempinho em Pyongyang… Lhe fará bem ver o quanto há de distância entre lá, e Lisboa. Vá com Deus, Pedrinho…