Gostaria de compartilhar com vocês o “Post” publicado na revista International Finance, no link acima, cujo sub título é “Global calls for reform get louder as political and business leaders fear that a crisis of confidence in the accounting industry could hurt global capitalism” , ou “Clamores globais por reformas tornam-se mais fortes, na medida em que líderes políticos e empresariais temem que uma crise de confiança na indústria da contabilidade possa ferir o capitalismo global”
Trata-se de uma reflexão sobre problemas sofridos por grandes empresas de auditoria, recentemente, em conjunção com possíveis problemas de “corrução”. Alterei propositalmente o título acima, não traduzindo o original, “Compartilhamento de auditorias com firmas do nível intermediário – uma solução para a corrupção das Big 4?” por não ter elementos de juízo sobre existência ou não de “corrupção”, o que prefiro não julgar, tanto por desconhecimento de detalhes como por entender que circunstâncias específicas precisam ser averiguadas.
Fato é, no entanto, que existem, desde muitos anos, uma percepção de que existe uma pressão muito grande das mega corporações sobre as maiores firmas de auditoria do mundo sobre o que reportar, em caso de problemas de leitura de Demonstrações Contábeis, e em que termos reportar, uma vez que as chances de descontinuidade de contratos milionários crescem na medida em que problemas tendam a ser descobertos.
Ademais, no passado, a troca (por uma grande empresa) de seus auditores, era objeto de especulações de mercado sobre as razões, o que levava a uma dupla interpretação sobre uma troca de auditores em trabalhos globais; a)o que levou a isso (normalmente associado a situações opacas) ou; b)o que está havendo com a firma auditora, internamente. Em síntese, a troca sempre dava ensejo a interpretações “sinistras”.
Desde o aludido caso da Arthur Andersen, em 1999 a 2001, o famoso Caso Enron, as trocas parecem que se tornaram mais frequentes… e as razões para elas menos questionadas publicamente.
Países como a França tornaram auditorias duplas (sempre dois auditores examinando as mesmas Demonstrações Contábeis) obrigatórias, o que fez surgir um mercado grande, e caro, para empresas francesas. Não me pareceu nunca algo adequado, impor mais custos à atividade produtiva. Não tenho elementos para informar se as grandes empresas francesas são menos ou mais corruptas, na média, do que outras. Creio que não, mas é crença mesmo.
No final das contas, o grau de concentração do mercado de auditoria e de todo indesejável. Qualquer oligopólio o é, e não confere, como temos visto, qualquer grau adicional de qualidade ou fidedignidade às demonstrações contábeis, em qualquer país.
Fica minha opinião, de qualquer forma. A pergunta que me foi dirigida foi – que medidas você acredita boas para mitigar os riscos de qualidade ou veracidade na emissão de Pareceres de Auditoria? Minha resposta vem em linha com o principal fator – evitar pressões indevidas sobre o auditor, qualquer que seja o tamanho do cliente ou da empresa auditada. No final das contas, independentemente do tamanho da empresa, o nível de confiabilidade do trabalho recai muito mais no “Tone-on-the-Top” (o tom que é dado pelos líderes da organização) do que qualquer outro fator individual. A inexistência de “whistleblowers” (delatores) dentro das empresas de auditoria é outro fator que deveria existir, e não existe. Alguém, como um gerente ou diretor de auditoria, que se veja impelido a uma conclusão (ou à não emissão de uma determinada conclusão) sobre um trabalho sobre o qual detenha entendimento suficiente para opinar, deveria ter a chance de se posicionar claramente. Treinamento é importante, técnica é importante, mas coragem é mais importante do que qualquer fator, quando se trata de auditoria.