O amor ao dinheiro

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Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.

I Timóteo 6:10

Frequentemente pessoas com algum dinheiro são vistas, geralmente por outras com menos dinheiro, como sendo “escravas” desse ídolo.

Jesus Cristo deixou bem claro que:

Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.

Mateus 6:24 e Lucas 16:13

Lucro e Missão

O assunto foi tão marcante, que DOIS, e não somente um dos evangelistas mencionaram as palavras de Jesus Ipsis Literis.

Como membros de uma classe média “padrão”, temos a impressão de que o conceito de “amor ao dinheiro” é algo mais distante um pouco, e que no fundo no fundo, enquanto tivermos o “bocado acostumado”, não vamos sofrer nenhum tipo de má influência quanto ao que temos e como tratamos o que temos.

Ledo engano… que o digam os dólares nas partes íntimas de nossos políticos, como os dois rumorosos casos. Que o digam as sentenças prolatadas em favor de criminosos, em troca de “peitas” como o livro de Provérbios já nos advertia, há mais de 3 mil anos.

Como empresários, e mais, empresários com um compromisso com o Reino de Deus e sua expansão, estamos sempre diante da tênue linha que divide o Lucro da Missão. O Lucro não pode nem deve ser esquecido, como forma de manter a atividade (e quem dela depende) e a própria Missão. A Missão, por suas vezes, pode até depender do Lucro, mas depende muito mais do Senhor que dá a capacidade de obter o Lucro.

A Linha Divisória

O reconhecimento de que estímulo ao Lucro ultrapassou a Missão pode ser mais claro ou menos claro, mas alguns itens podem nos levar a pensar se ultrapassamos a tal linha:

  • Meu Lucro advém, ou pode advir, em algum momento, do prejuízo de alguém? A questão aqui pode parecer mais ou menos evidente, a depender do caso, mas quase sempre é possível raciocinar e concluir sobre o assunto, e, tendo orado antes, obter do Senhor a visão da tal Linha. Eu já me vi em diversas oportunidades em que eu tive que abrir mão de algum dinheiro em troca de não correr o risco de ofender meu parceiro/cliente/investidor. A questão do conceito de “soma-zero” no que tange ao Lucro já deveria estar plenamente resolvida na cabeça de quem empreende para o Reino – há um conceito que eu chamo de “Economia Adiabática” (fazendo um paralelo com o mundo físico, onde a economia seria um “sistema fechado”) onde, para um ganhar, o outro tem necessariamente que perder). É o conceito usual nas visões econômicas mais socialistas ou socializante – o empreendedor acaba sendo mau, pois ao lucrar está retirando recursos de alguém. A economia não é um sistema fechado de soma zero. O ganho de alguém, desde que honesto e voluntário, acaba por representar o ganho de todo o sistema econômico, inclusive de quem “forneceu” o lucro ao comprar. No entanto, não podemos confundir a margem de lucro que vai contribuir para a continuidade de um negócio com casos em que, de fato, o Lucro ocorre em detrimento de outro, por razões não-voluntárias.
  • Ao lucrar, estou beneficiando a outra parte? Um exemplo claro disso vem do aumento de preços durante períodos de relativa escassez de algum tipo de material ou serviço. É natural, pela lei de oferta e procura, que os preços aumentem, e com eles, por um tempo curto, a margem de lucro de quem vende. Há aspectos econômicos que advém daí – como a necessidade de repor materiais ou mão de obra mais caras, que necessariamente implicarão em aumento de preços. Mas há aspectos mais mundanos, como o aproveitamento de uma oportunidade gerada, por exemplo, por um “efeito manada”, no qual a oferta é dada como “escassa” de forma artificial, e portanto, sim, retirando riqueza de forma, pelo menos parcialmente, parte da riqueza do outro de forma não-voluntária.
  • Estou criando condições artificiais para lucrar? Algumas empresas, em alguns nichos de mercado, conseguem gerar, por períodos de tempo mais ou menos longos, condições em que o aspecto voluntário das trocas econômicas é controlado. Cartéis, oligopólios e outras formas de controle de mercado não deveriam fazer parte do vocabulário de empresas ligadas ao Reino. Aliás, a mega empresa tem-se mostrado, ao longo dos anos, cada vez menos capitalista (no sentido das trocas voluntárias de bens e serviços) e mais favoráveis e formas econômicas menos livres.

Escravidão e Liberdade Financeiras

Voltando ao Senhor Jesus, a Bíblia é muito clara sobre o trabalho, inventividade, sabedoria, prosperidade, mas é mais clara ainda sobre a necessidade de que dominemos sobre isso – o conceito de “dominar sobre a Criação” contido no Gênesis, na minha opinião, vai até o domínio sobre as criações do intelecto humano – o que criamos não pode nos dominar, e dinheiro é mais uma das criações humanas.

Crescer, multiplicar-se, encher a terra e sujeitá-la, dominar sobre a criação, são mandamentos que vão até nossos bolsos. Sujeitar nosso bolso à vontade soberana de Deus é parte do processo de ser feliz no Senhor. Se isso representar perder, ou deixar de ganhar, dinheiro, que seja! Não vamos nos esquecer nunca de Quem dá a condição de que tenhamos algo sobre o que trabalhar e lucrar, em primeiro lugar.

Lucro é a base para a sobrevivência de um negócio. Lucro, aliás, representa a possibilidade de manter CAPEX (Capital Expenditures, ou Inversões de Capital), OPEX (Despesas Operacionais), pagamento de tributos e contribuições sociais, remunerar sócios (que precisam viver). 

No caso de BAM, lucro é uma “cunha” necessária para que a entidade possa usar parte dele para manter a Obra de Deus, entregar produtos ou serviços com qualidade, honestidade e dentro de regras vigentes. Em síntese, Lucro em BAM é cumprimento da missão, do Ide.

Não temos que nos envergonhar do Lucro, se observamos: a)o caráter voluntário das trocas; b)a existência de justeza, no produto e no preço, dado o mercado; c)a inexistência de manipulação de preços, pela constrição da oferta ou aumento artificial da procura. 

Somos servos, antes de sermos homens e mulheres de negócios!

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