O primeiro rascunho da história

https://www.foxnews.com/media/bari-weiss-quits-new-york-times-bullying

Hoje cedo no FB li com interesse a notícia veiculada ontem de que a colunista do New York Times pediu demissão e saiu “atirando” contra a política de “sanitização” de “nova ortodoxia” existente dentro do poderoso veículo de comunicação.

Pra quem não conhece, Bari Weiss escrevia sobre política no NYT desde 2017. É bastante respeitada e que cuja carreira como colunista, além do NYT, começou no também respeitadíssimo The Wall Street Journal. Judia, diz ter tendências de “centro-esquerda”, tendo expressado essas tendências em várias oportunidades, por escrito.

Chama atenção, portanto, o fato de que ela tenha escrito algumas das acusações mais graves feitas recentemente contra um grande órgão de imprensa nos EUA. Eis algumas de suas opiniões, expressas em entrevistas, quando de sua saída:

  • Sobre a eleição de Trump em 2016 – “lições que deveriam ter seguido a eleição, lições sobre a importância de entender outros americanos, a necessidade de resistir ao tribalismo e a centralidade da livre troca de idéias para uma sociedade democrática – não foram aprendidas“;
  • O novo consenso – “um novo consenso surgiu na imprensa: … que a verdade não é um processo de descoberta coletiva, mas uma ortodoxia já conhecida por alguns poucos esclarecidos cujo trabalho é informar todos os outros.
  • Escreve-se o que as Mídias Sociais “mandam” – “À medida que a ética e os costumes dessa plataforma [aqui, se referindo ao Twitter] se tornaram os do jornal, o próprio NYT tornou-se cada vez mais uma espécie de espaço de shows. As histórias são escolhidas e contadas de maneira a satisfazer esse público mais restrito, em vez de permitir que um público curioso leia sobre o mundo e depois tire suas próprias conclusões.“;
  • Uma guerra civil na redação – “Uma guerra civil está fermentando dentro da redação” – dito após o NYT ter publicado um op-ed (artigo de opinião) do senador republicano pelo Arkansas, Tom Cotton, pelo qual o próprio NYT “pediu desculpas” após ter sido publicado.
  • “Nova Ortodoxia” e Autocensura – “Por que é que eu vou editar algo desafiador para os nossos leitores ou escrever algo ousado, apenas para ver aquilo passar por um processo “entorpecedor” que vai tornar o que escrevi ideologicamente “kosher” (ou seja, “sanitizado”), quando podemos garantir nossa segurança no trabalho (e dos caracteres que publicamos) publicando nosso zilhonésimo artigo argumentando que Donald Trump é o único perigo para o país e o mundo? E assim a autocensura se tornou a norma“;
  • O Pavor da Repercussão Digital – “Todo mundo vive com pavor das “tempestades digitais”. O veneno on-line é aceito, desde que seja direcionado aos alvos adequados”

Chama atenção uma frase dela “Sempre fui ensinada que os jornalistas eram encarregados de escrever o primeiro rascunho da história ” … “Agora, a própria história é mais uma coisa efêmera moldada para atender às necessidades de uma narrativa predeterminada“… ou seja, que o jornalista deveria deixar para a posteridade, se exercido com honestidade, a base para depuração, estudo e análise dos fatos, sem viés de nenhuma natureza, para que a história seja escrita no futuro sem o vício antigo de ser “a história dos vitoriosos”.

Sempre fui ensinada que os jornalistas eram encarregados de escrever o primeiro rascunho da história ” .

Barri Weiss

Ela diz ter sido chamada de “nazista” (ele é judia, sionista) e racista, por colegas de redação. “Meu trabalho e meu caráter são abertamente desprezados na rádio-corredor de toda a empresa, onde os editores regularmente opinam e influenciam”. Ainda, “Aparecer pra trabalhar, e se identificar como centrista em um jornal americano não deve exigir coragem“.

A síntese, e sua aplicação no Brasil varonil é simples – a mídia americana está dominada pelo medo de quem vocifera mais nas mídias sociais, como Twitter, FB, etc. Entretanto, esse “medo” só tem efeito se for para os “alvos adequados” (no caso dos EUA, o presidente e qualquer conservador). Qualquer repercussão, por maior que seja, por parte da ala conservadora do país, não tem qualquer repercussão na mídia, e parece que “não existiu”.

Como aqui, ainda há um determinado consenso de que se não saiu no JN, ou no Fantástico, “não aconteceu”. Isso já não é mais verdade, e cada vez menos o é, mas continua a ser assim considerado pela própria mídia “mainstream”. Lula e Dilma (um deles, pelo menos) dizia só ter medo de algo se aparecesse no Jornal Nacional. Ou seja, uma ditadura de informação que é olhada por olhos míopes de nossa classe governante como sendo “o Ó do borogodó”, mesmo que isso não seja mais verdade.

Bari Weiss disse que quando a mídia abriu os olhos, Trump já havia vencido a eleição, que eles consideravam “ganha” (tinha capa impressa falando “Madame Presidente” para Hillary). Os jornais falam e repercutem um grupo de pressão, e não estão dando ouvidos à sociedade como um todo.

Aqui não é diferente. A imprensa também dava como certa a vitória de Haddad, até dias antes da eleição. Não enxergaram o cara da esquina, o seu Zé do Bar da Esquina, a Dona Maria, que vai na Igreja da Assembléia de Deus 4 vezes por semana e assiste o programa do Ratinho.

E assim vamos vendo o “primeiro rascunho da história” ser escrito diante de nossos olhos, sem um mínimo de equilíbrio, e com uma dose a menos de verdade.

Talvez…

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Photo by dylan nolte on Unsplash

Roberto Montechiari Werneck

Quando vejo o hábito policial de pisar no pescoço de negros, mulheres e minorias, lembro da fala de George Orwell no livro 1984: “Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota prensando um rosto humano para sempre”. Ao ver estas imagens fico me questionando sobre as engrenagens de um sistema que se vale excessivamente da punição, de estímulos aversivos, para conter os comportamentos das pessoas, para ensinar hábitos edificantes, para fazer um mundo melhor.

Particularmente, não consigo crer que uma sociedade sadia possa surgir de relações opressivas e desumanizantes. Sim, vejo que os males sociais que hoje enfrentamos são exatamente fruto de escolhas passadas que usaram o chicote, a cela, a forca e a força no intuito de construir um mundo mais civilizado. As escolhas continuam as mesmas e os resultados, possivelmente, serão ainda piores que os que hoje assistimos e/ou sofremos.

Uma bota pressionando um pescoço, um rosto humano, é a declaração de um poder altivo diante daquilo que é considerado desumano, inferior, descartável. Sim, vemos todos os dias a declaração de que existem castas em nossa sociedade. Há aqueles que humilham e os humilhados; há aqueles que tudo podem e aqueles que nada conseguem; há aqueles que possuem tudo e os que pouco ou nada tem. Normalizamos essa diferença, nos insensibilizamos diante da morte, diante de milhares de mortes; nos acostumamos aos jovens que são dilacerados por vícios, de velhos que vivem na vergonha do descaso, de crianças que são apenas substituíveis, de mulheres que são objetos de uso, de trabalhadores que sofrem o abuso do capital.

Talvez seja tempo de entendermos que a agressão, a guerra, o ressentimento e coisas do gênero nunca produzirão admiração necessária para mudar hábitos nocivos. São comportamentos que normalmente reproduzem a si mesmos. Precisamos entender que o bem que desejamos em sociedade se faz por mudança de hábitos nas relações com o nosso próximo. É isso fica claro quando admiramos a ação policial respeitosa e humana, quando encontramos políticos que mantém a ética e o compromisso com a justiça social, quando encontramos pais comprometidos e filhos respeitosos.

O bem só se torna impraticável em nossos dias, porque receamos ser tachados de bobos ou inocentes ao tratarmos o agressor com a outra face, ao lidarmos com paciência com os destemperados, ao perdoarmos o mal que foi praticado contra nós. Mas tenha certeza de uma coisa, essa bota não ficará eternamente pisando o rosto de um ser humano.

Ideologia na Goela? (um amontoado de ideias, somente…)

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Photo by Maria Oswalt on Unsplash

Já tive excelentes colegas com um ideário de esquerda forte; já tive colegas que a esquerda chamaria de “reaça”, “fascista” etc. Em todos eles, uma característica, talvez mais derivada da sorte do que qualquer coisa: bons profissionais.

Tem gente que lida com dinheiro, sabe ganhar dinheiro, e você não diz quem é, ideologicamente. O meu querido amigo André (mantenho sem sobrenome porque ele sabe a quem me refiro, e pouca gente mais…) é um fera em finanças; um cara que sabe trabalhar no mercado financeiro, e tem um ideário de esquerda desde seus tempos de curso superior federal, lotado de “beautiful people”.

Tem gente que lida com serviço social, passa dia e noite ajudando as pessoas, mexendo e apoiando gente muito simples em tragédias pessoais, um coração enorme. Olhando de fora você imediatamente chamaria de “progressista”… no entanto, são pessoas profundamente conservadoras, de viés privatista, fã do estado mínimo e da responsabilidade individual sobre a ação do “pai estado”.

Pois é. Tem de tudo nesse mundo vil. Parece o samba de Martinho da Vila sobre a mulher (“Já tive mulheres de todas as cores / De várias idades de muitos amores / Com umas até certo tempo fiquei / Pra outras apenas um pouco me dei”… blablablá – culpem o Martinho se acharem sexista.)…

Nunca tive problema em conviver com gente de todo tipos, cores, idades, etc. Tudo tranquilo, desde que possamos dialogar e até fazer o proselitismo nosso de cada dia, que é necessário e desejável para oxigenação do cérebro e ventilação de ideias.

Estou diante de um grave impasse, hoje. Dia desses um amigo advogado, o famoso Tonhão (ele sabe quem é… hehe) me “desafiou” no Facebook a postar armas que me haviam feito ficar fã dessas “coisas”. Obviamente ele sabia, de antemão, que eu gostava de armas, apesar de apenas muito recentemente ter obtido posse, não porte, e não ser fã de usar, exceto no stand, cercado de muito cuidado.

CHOVEU impropério em cima do pobre do grizzly chubby boy aqui… O pau comeu. Uma prima amada, que oscila entre um e outro extremo da doideira típica dos professores universitários, ora libertária ora conservadora, caiu de pau em cima de mim. Ri muito, pois o amor fraternar/”primal”, permite isso sem chance de briga, graças a Deus. Meu irmão, a quem “desafiei” do mesmo jeito também deve ter sofrido sua pressão. Afinal, Glock ou Makarov? Winchester 1992 é uma arma bacana ou não? É tudo fruto da mentalidade do capeta e é coisa de destruição em massa ou simplesmente forma de proteção num mundo onde querem te desarmar, por confessos ou inconfessos pretextos?

Ora, que canseira! Que enfado bíblicos! Até os gostos pessoais estão submetidos ao julgamento ideológico de outros. Sinceramente (e perdão, Pastor Marcelo), mas “caguei”. Como é que eu posso, diante de Deus, querer enfiar goela abaixo minha visão de política, de religião, de sexo, de cor, de qualquer coisa? Como é, por outro lado, posso aceitar passivamente que alguém me mande calar pelas mesmas razões (não posso isso, não posso aquilo, essa palavra é proibida, essa expressão é de direita, de esquerda). Francamente. Tá ruço (sim, com Ç… com SS é nacionalidade)!

Isso não é um artigo, nem uma crônica. Nada. É meio que um desabafo sem muita ordem. É uma catarse sobre o que senti na pele e no Facebook em dois dias de fotos de armas. Vou parar porque tem parente meu ameaçando me “deslikar”, me “unfriendar” se eu continuar. Como os amo mais do que às Glocks e Colts, paro por aqui, mas não posso deixar de ficar triste pela atitude.

Se eu falo que sou cristão, se me perguntam por que creio assim e não assado, eu falo. Se alguém está triste, eu tento confortar dentro da minha vivência cristã, que me manda amar o outro como a mim mesmo (o que é uma batalha complexa). Se alguém vem pra mim e tenta me falar sobre a teoria do espiritismo, eu ouço, e argumento/contraargumento com todo amor, dentro desse mesmo conjunto de valores e crenças que o cristianismo me dá. Tento não ser grosseiro, mas sim assertivo (o que hoje em dia são cada vez mais sinônimos em algumas cabeças).

Numa reunião segunda feira alguém falou que já não podemos falar “todos” ou “todas”, mas “todes” pra não ofender ninguém. Estou sendo cerceado em minha liberdade de me pronunciar. Atentem bem: já não é mais o cerceamento da liberdade de expressão. Essa foi pro saco faz tempo. Agora estão tentando me dizer que palavras e sílabas falar. George Orwell ficaria pasmo em saber como seu romance empalidece diante da realidade do Séc XXI…

No mais, amigos, podem ficar com raiva à vontade. Vou continuar a ser cristão, conservador, a crer numa família nuclear com base bíblica, vou continuar a achar que estado grande é premissa para pobreza geral e enriquecimento de uma classe dominante de empregados públicos; em síntese, vou continuar a ser chato pra caramba pra alguns (não são maioria, ainda, mas pelo barulho, se acham).

Mas no fundo vou continuar adorando um bom debate franco, honesto, “cabeça”, sem críticas às pessoas… E vamos que vamos, até que Jesus volte!

Frederick Douglass, Capital e “Black Lives Matter”

O Capital é um bicho esquisito, amorfo, apátrida, fluido, desconfiado, medroso… um monte de adjetivos podem ser aplicados ao Capital. Burro, o Capital não é. Se for, dura pouco e vira zero, ou dívida (menos que zero).

O nível de problematização social quanto à raça atinge níveis “nunca d`antes navegados”. Nos EUA, a morte de uma pessoa de cor por um policial negro gerou uma série de protestos, matando mais gente negra, branca, azul e amarela, a torto e a direito, gerando um monte de prejuízo material e histórico (quebra de estátuas, etc). Estamos sendo submetidos a uma tentativa cada vez mais escrachada de divisão social. Um cisma que não levará a nada produtivo. Só tristeza, morte, destruição, ódio.

A manchete acima traz um exemplo de hoje mesmo sobre essa problematização. “Brasil nunca teve fundos para projetos liderados por negros“. Em primeiro lugar, queria entender se a autora tem algum tipo de bola de cristal, ou supercomputador fantástico pra “cravar” a frase acima. Mais do que isso, por que o Capital, esquivo como é, faria uma decisão com base ese submeteria a ser usado com base numa orientação, seja sexual, religiosa, ou outra qualquer?

Existem fundos dedicados a determinados investimentos. Há fundos dedicados a empresas da nova economia, a “economia limpa”, a fintechs, entre outras áreas. Há fundos que restringem suas aplicações em empresas que não se comprometam com o combate à escravidão, ou ao uso de imigrantes ilegais, e por aí vai. O grande capital, no entanto, busca retorno; só isso. Parece, e é, bastante egoísta. O Capital é egoísta; o capitalista, o empresário, é egoísta. Dizia Adam Smith, abaixo:

Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do...

Os justiceiros sociais se arrepiam ao pensar no que está escrito acima. A URSS faliu justamente porque todo mundo cuidava do seu interesse, e ninguém cuidava do interesse do país. “Gente horrível”!… não necessariamente. A ideia da “farinha pouca, meu pirão primeiro” é a expressão da imperfeição humana, e do uso que temos que fazer dela para manter a ordem.

Se formos subordinar as necessidades de geração de riqueza à cor das pessoas, se dermos quotas para essa ou aquela cor ou gênero, ou religião, estaremos criando um artificialismo que cedo ou tarde vai estourar na minha cara. Eu não quero saber se o médico é cubano ou adventista, gay ou negro. Quero que ele resolva o problema da minha saúde, ora bolas!

Da mesma forma, ninguém vai despejar dinheiro em um projeto porque tem um branquelo comandando, se o tal branquelo não tiver massa cinzenta e força de vontade. É o resultado que conta. Ah, não há fundos para essa ou aquela “raça”? (raça mesmo, só a humana…), então é porque há melhorias e serem feitas até que algo venha a acontecer.

Quebraram uma estátua de Frederick Douglass nos EUA esse fim de semana. Douglass, um símbolo do processo de libertação dos escravos naquele país; Douglass, o autor da célebre frase “Eu me uniria com qualquer um para fazer o certo e com ninguém para fazer o mal“. Um cara que deveria ter mais estátuas nos EUA e no mundo todo; oposto exato ao “nosso” Zumbi, que era escravocrata, um homem do seu tempo, cuja obra extravasa os tempos, e só não chegou ainda aos caras da Antifa, que sob pretexto de “combater o fascismo”, o exalta através dessas ações.

Há capital para empresas tocadas, e bem tocadas, por negros, hispânicos, orientais, indígenas (! vai dar zebra esse termo), etc. Muitos eu conheço e admiro pessoalmente. Não estou nem aí pra cor do indivíduo. Não me uniria jamais ao coro dos que lançam, aqui e acolá, sementes de divisão e ódio, ou seja, eu também me uniria com qualquer um para fazer o certo e de nenhuma forma, com ninguém para fazer o mal.

Viva Frederick Douglass, e vai catar capital da forma correta, sem preconceitos!

Use máscara porque eu estou mandando… Nação de Adolescentes

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Photo by Ani Kolleshi on Unsplash

Ontem Bolsonaro vetou o “uso obrigatório” de máscaras, inclusive dentro de casa (a lei não especifica). O pau tá quebrando em cima dele, como é natural. O site Antagonista, que era um dos meus preferidos, e que assinava, com a revista Crusoé, coloca o veto como sendo algo “genocida”.

Fica a questão. De que se trata tudo isso, afinal? Como eu escrevi na seção de comentários do próprio site, “O problema reside justamente no ‘obrigatório’, não no uso; como o proverbial sapo no balde, estão testando até onde a sociedade aceita que o governo lhes diga tudo o que podem ou não fazer’“.

Explico minha opinião – aqui estamos diante de um problema muito maior, que poucos reconhecem, e que os “progressistas” abraçam, pois lhes é cara a possibilidade de ter um Estado grande e controlador.

Ao leitor mais “ligeiro”, um alerta: NÃO se trata de achar que usar máscara é bobagem ou não necessário. Nada disso. O uso de máscara (adequada) pode contribuir em muito para a nossa saúde – vejam o exemplo do Japão, em que o uso de máscara é mais ou menos normal, e que passa pela pandemia sem maiores problemas, e sem lockdown. Portanto, quem achar que se trata de posição de um “reaça” quanto ao uso de máscara, peço repensar.

Trata-se do direito do governo me dizer como devo viver. A Constituição diz que ninguém é obrigado a fazer nada, SENÃO em virtude da lei. Pronto. Tudo bacana, interessante, etc. O problema é que alguém pode passar uma lei aqui, outra ali, como tem acontecido neste país desde sempre, e nós, de repente, nos vemos como o tal sapo dentro do balde, que tinha água fria; a água foi sendo aquecida, o sapo não percebeu e morreu cozido. Estamos sendo cozidos em água que está pouco a pouco sendo aquecida. A tentativa a nos obrigar a usar máscaras é apenas mais uma.

Ora, então como “fazer” a população usar máscara? Não se obriga. Se demonstra, se instrui. Se alguém está propositalmente querendo causar dano a outro, aí é tentativa de homicídio, e a Lei tem suas implicações para isso.

Aqui, outro alerta aos meus amigos advogados: o direito (escrito) no Brasil faz com que advogados saiam em defesa da “legalidade” de algo sem se dar conta de se a tal legalidade não fere a Lei Maior, que é a do Bom Senso, e a da factibilidade. São operadores do direito, que, servidos por maus legisladores e maus juízes (o STF vem em 1o. lugar na má qualidade, nos dias de hoje), querem nos empurrar goela abaixo conceitos que são legais (nem sempre), mas imorais.

Há vários exemplos disso. Alguns chocam, como a obrigatoriedade de uso do capacete. Ora, se alguém decide não usar capacete, problema dela. Não deveria ser multada. Caso caia e morra, não terá direito a DPVAT, ou mesmo seu próprio seguro (pois “agravou o risco”, como dizem as seguradoras), nem mesmo direito a pensão do estado para viúva. Assumiu o risco, maravilha, arque com os resultados.

Quebra molas é outra dessas coisas. Um amigo meu dizia que “quebra molas é falta de governo… no sentido de que se eu não consigo te obrigar a cumprir a lei, colocando outras vidas em risco, eu coloco um obstáculo na sua frente”. É a obrigação sobre a obrigação. Uma correta, outra nem tanto. Quebra mola (lombada, pros Curitibanos) é o novo “cercadinho”… aquele que colocamos pras crianças não saírem fazendo bagunça e se colocando em risco. Só que para adultos.

Somos uma nação de perpétuos adolescentes, que somos sempre, desde a infância, obrigados a fazer algumas coisas e proibidos de fazer outras. Como uma religião antiga, com um deus vingativo, o Estado nos cobra pior do que os padres e pastores de antigamente (afinal, era para nosso próprio bem).

Eternos adolescentes, e cada vez mais próximos da infância. Como uma nação de Benjamin Buttons, estamos regredindo, mentalmente, até que só nos reste acabar nossos dias sem noção alguma do mundo ao nosso redor, totalmente dependentes de quem nos diga o que fazer.

Mais leveza

Parece que quanto mais o povo se torna abobado, do ponto de vista da rigidez de propósitos e princípios, quanto mais “maria-vai-com-as-outras” é, quanto mais “snowflake”, mais ríspido e mais violento tende a se tornar.

As manifestações de quebra de estátuas, de “ódio contra o ódio”, os quebra-quebras aqui e lá fora, são feitas por gente que parece não ter muito apreço pelo trabalho, pela ética pessoal e coletiva, e aparentemente sem respeito ao outro, à opinião do outro, à vida mesma do outro. Incapaz de acordar cedo pra ganhar o próprio pão, ou manter-se longe de substâncias nocivas, incapaz de reconhecer o que os pais fizeram por eles, seguem dando lição de moral na humanidade, e quebrando vidraças.

O episódio da morte de uma pessoa negra por um policial branco mais uma vez acendeu uma torrente de manifestações que degeneraram em saques e violência. Algo muito parecido com uma briga de torcidas organizadas, de uma só torcida, contra o resto da população. Teve gente indo de arma em punho pra frente de casa para tentar evitar que seu patrimônio fosse depredado. Em muitos lugares o povo ainda não está trancafiado atrás de grades e muros altos, por medo.

Falta leveza, falta alegria simples de viver. Falta Bossa-Nova; sobre “canção de protesto” nesse mundo; falta jazz, sobra grito de guerra. Nos anos 60, os gênios da Bossa Nova foram chamados de “reacionários” o outras coisas, pelos “engajados” porque cantar sobre um banquinho e um violão, sobre um barquinho que vai e vem, era aparentemente uma espécie de pecado, já que importante mesmo era “caminhar e cantar e seguir a canção”. Era outro momento, claro, mas o que vivemos hoje pede menos gritos de guerra e mais “Desafinados”. Já estamos vivendo uma espécie de Sete Pragas do Egito dos tempos modernos. Reputações são jogadas na lama a troco de nada, os poderes se engalfinham para tentar ganhar supremacia sobre os outros, os gastos suados e sofridos do brasileiro são aportados para nos salvar de uma pandemia, somente para serem surrupiados pelos “de sempre”, debaixo dos nossos narizes coletivos.

Enfim, uma tristeza. Falta leveza, falta inspiração. No final, acho que o versinho do banquinho e do violão poderia ser assim:

“Se você quiser que eu desanime, amor / Saiba que um dia vai passar o horror / Desprivilegiados não melhoram sem você / Eu ajudo sem o governo me dizer

Se você insiste em desanimar / Saiba que a dor um dia vai passar / E os áulicos da peste vão enfim calar / Pois bom é a Boa Nova, o bom mesmo é se alegrar…”

La nave va…

A próxima Pandemia

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Photo by Edwin Hooper on Unsplash

Me preocupa a pandemia de Covid-19, claro. Preocupa a todo mundo. Estamos todos estarrecidos vendo como um vírus com capacidade “demarcada” de matar talvez 1% da população mundial, ou pouco menos, está mantendo todos nós emparedados em casa, à mercê das decisões, boas ou ruins, de vários níveis de governos.

O mundo assiste, em pânico, ao desenvolvimento, agora, da chamada “segunda onda” do virus, que aparentemente atinge Japão e Alemanha, antes menos atingidos do que os vizinhos (Japão, mais marcadamente).

Autoridades invocam o bem comum para nos manter em casa, primeiro com a intenção de aumentar a capacidade do sistema de saúde em ter respiradores e equipamentos em níveis desejados para lutar contra a pandemia; o que era para ser achatamento de curva toma outros contornos e acabamos ainda presos em casa.

Ninguém se iluda – é uma pandemia. Para muitos será tão somente uma gripezinha, para outros, como amigos meus, será a morte prematura. Mas tudo isso pesado e contrapesado, ainda nos remete a um virus com letalidade considerada relativamente baixa, no total da população. Nenhum Ebola, nenhuma Gripe Espanhola, nada igual. Mas difícil.

O que dá medo, porém, é o uso que as autoridades, sempre tão lerdas em fazer bom uso do dinheiro público, e sempre tão rápidas em aprender como se beneficiar de situações difíceis, estão fazendo dessa Pandemia.

Me assusta mais a próxima Pandemia. Quanto tempo demorará para chegar? Será real, mais letal, menos letal, será apenas uma criação política para justificar atos de exceção em meio à população? Entendo que o aprendizado que a ONU, via OMS, países totalitários, como China, Coreia do Norte, Irã, e, marginalmente, Cuba, por exemplo, estão tendo com a Covid-19 servirá de arma contra suas populações. Obviamente soa a teoria da conspiração, mas há “testes” e experimentos em andamento agora mesmo. Hoje mesmo, tem gente indo ao STF para garantir que determinadas prefeituras não proíbam “reuniões virtuais”, como cultos, missas e outros. Não é piada. Municipios diversos, país afora, estão limitando inclusive transmissão de lives por religiosos de vários matizes. A alegação? Bom, isso já nem importa para eles. “Onde dois ou três estiverem reunidos” em qualquer nome, nós proibiremos.

Quando se torna possível manipular atestados de óbito para obter alguma vantagem, política ou econômica, qual a dificuldade de dar o próximo passo, e “criar” a próxima crise, epidêmica, ou mesmo pandêmica? Quem poderá conter um país totalitário, uma vez que o caminho das pedras tenha sido aprendido, em usar a população para as finalidades que tiver?

Estou em casa, indo trabalhar no escritório quando dá. Como líder da minha empresa, tenho a consciência de ter que preservar vidas, mas por outro lado tenho visto a deterioração da coesão da equipe. Não tem sido fácil. O pessoal mais de baixo da escala hierárquica sofre relativamente menos, porque estão sob constante supervisão. O pessoal de cima, a quem cabe criar, revisar, vender, receber, etc, esses sofrem de uma crescente “malemolência” (eu sofro, outros sofrem, nem todos por igual).

Estamos ganhando o gosto pela caverna, o que certamente será bom para a indústria da construção civil, mas estamos perdendo o gosto pela “Ágora”, o local de reunião física. Estamos trocando isso pelas redes sociais de forma cada vez mais intensa, o que é bom, mas nos limita em nossas trocas. As redes sociais só mandam pra nós textos com que nós, de certa forma, concordamos. Isso reforça uma mentalidade de tribo. Para completar, nós mesmos (não eu, que me recuso) “desfriendamos” ou “dislikamos” quem quer que ouse emitir opinião contrária. O resultado é que ouvimos cada vez mais do mesmo.

Meu temor, nisso tudo, é que haja cada vez mais polarização das ideias, sem ventilação, sem troca, como a esquerda, deliberadamente, provocou nos meios acadêmicos ao longo dos últimos quase 50 anos. Ficaremos sendo “O samba de uma nota só”, sem espaço para que “outras notas vão entrar”. Estamos isolados, não queremos reconhecer isso. Não queremos ler com os olhos da inteligência, muito menos com os olhos da alma.

Vamos emburrecer, vamos nos radicalizar, vamos ficar à mercê dos nossos governos. Desarmados, desalmados, desacorçoados, e presos.

Deus nos livre!

Cultura e Educação, Massa Crítica e Conspirações…

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Photo by Markus Spiske on Unsplash

A Luta Cultural e Educacional

Queiramos ou não, os partidos de esquerda, ou melhor, uma visão de mundo de esquerda foi a grande vencedora na conquista por corações e mentes de umas 2, 3 gerações de brasileiros, ora envolvidos no mais recente processo de desconstrução da realidade a que o sofrido país está sendo submetido.

Foram os vencedores, pelo menos pelo que vi. No início dos anos 80, o primeiro sujeito que entrou na sala de aula, na UFRJ, pra falar pra uma classe de zés-ruelas (nós) não foi o professor, nem sequer o cara que normalmente fazia as “pegadinhas” da época, os trotes… foi o “Índio”, líder do Centro Acadêmico, duplo jubilado e novamente no 1o. período naquela universidade. Um sujeito de barba rala, cabelo preto longo, camiseta Hering branca, calça jeans surrada e sandália franciscano… Nunca soube seu nome, de fato, nem sei que fim levou. Só sei que as primeiras palavras foram “gente, precisamos nos arregimentar”, e começou a falar de invasão ao bandejão, e outras atividades que o Centro Acadêmico estava começando a fazer, contra os “reacionários” a “opressão” e a “abertura, que não passava de um furinho”…

São, portanto, mais de 40 anos de um massacre social-filosófico-psicológico, deliberado. Ok, é parte do ideário de esquerda, e, como é parte da (declarada) forma de agir dessa corrente ideológica, não admite o contraditório, embora o exija. Eu, na época, no meio do caminho… lutando pra entender onde me situar, numa cidade francamente hostil a quem era do interior, suja, difícil, sem muita grana no bolso. Embora entendendo que a Ditadura era ruim e a abertura era boa, tive o valor mínimo de não cair na vala comum dos “companheiros”. Ao longo da minha história, como disse Paulo Francis, ao ser perguntado por que não era mais de esquerda: “Cresci”. Eu, ao crescer, fui deixando de lado as “coisas de menino” com que a esquerda costuma convencer os jovens a reescrever a história.

A Cultura foi dominada antes, por uma geração de gênios musicais e “jênios” ideológicos do calibre de Chico Buarque, Caetano Veloso, aqui dentro, e Silvio Rodriguez e Pablo Milanés, lá em Cuba. Gente cuja sensibilidade musical realmente me faz lembrar de Salieri, se referindo a Mozart (no filme Amadeus): dá pra querer odiar Deus por colocar tanto talento na cabeça de um imbecil…

Fui obrigado a ler Fazenda Modelo de Chico Buarque, e não algo de melhor qualidade, como “qualquer coisa” de Machado de Assis. Era parte do trabalho de moldar gerações para o pensamento esquerdista que hoje nos permeia sem às vezes nos darmos conta.

O mesmo aconteceu na literatura, nas artes em geral. Quem não era de esquerda, para conseguir um mínimo lugar ao sol, precisava esconder suas predileções ideológicas, precisava fazer tudo, menos virar mais um Wilson Simonal, execrado pelos pares, um pária que viria a morrer meio que só e desgostoso.

A Massa Crítica

Somos todos, agora, vítimas de mais um processo de tentar escrever a história ao prazer dos que dominam a cena cultural. Não há muita gente que tenha a coragem de discordar do status quo das redações dos jornais, dos meios artísticos e dos centros acadêmicos. Estamos todos, os que não aceitamos o que tem acontecido, sendo tachados de fascistas, caso achemos que há boas coisas sendo feitas pelo governo, apesar da diarreia verbal do chefe do executivo, cujo pavio curto faz dele um prato cheio pra quem quer obter literalmente o que o cara pensa, e jogar em manchetes o que acha que ele quis dizer. Bons tempos em que expressões como “grelo duro” e as “terra de viado” eram tratadas como fala bonachona de um líder virtuoso. Mijar-se em público em Davos não dava uma linha num jornal qualquer, e envergonhar o país com casos de corrupção em série e comprovados não dava ibope…

Não se trata de querer justificar erro com erro, mas de entender que estamos, de novo, diante da mesma luta cultural e de uma tentativa de vender à totalidade da população a ideia de que “é voz geral”, ou “é desejo da maioria” algo que, francamente, não sabemos, pois que o debate plural e desapaixonado está bastante limitado. A formação de uma “massa crítica” aqui é muito mais um ato de criação artística/midiática do que propriamente um fato. Jornais lançam mão de termos definitivos, como “extremista”, ou “anti-democrata” para qualquer um que esteja fora da linha de pensamento de membros de redações de jornais e TVs.

Massa crítica, “my ass”, como diriam os gringos. Estamos longe de ter consenso sobre qualquer coisa, hoje em dia, seja sobre pandemia, economia ou educação, só pra citar temas mais pungentes. Mas obviamente já se fez revolução com muito menos “massa crítica” do que o que vemos hoje. Em Outubro de 1917 um grupo de aproximadamente 17% da “Duma” Russa tomou o poder no país, depôs um monarca e gestou em pariu a morte de mais de 50 milhões de seus próprios cidadãos. Nenhuma massa crítica, mas uma “espuma” enorme, deixando os cidadãos pensantes apalermados diante da violência que lhes era imposta.

Vamos para o mesmo caminho? Pode ser que sim. Vamos deixar que um grupo não majoritário prevaleça sobre a nação? Acho que sim. Afinal, qualquer coisa que se fale pode ser interpretada como ameaça, seja à corte suprema ou à democracia mesma. Tudo se soma ao que interessa ser vendido como ameaça, como feio, ou seja, como negativo, ou, alternativamente, como positivo.

E Conspirações…

Ninguém em sã consciência pode ter uma vida feliz respirando teorias conspiratórias. Nós, cristãos, já nascemos e somos catequizados debaixo de uma grande teoria conspiratória existente desde que o mundo é mundo: a guerra do bem contra o mal. Vivemos hoje o que muitos cristãos chamam de “final dos tempos”, tempo de tribulações, em que o cristianismo como um todo passaria, segundo o Apocalipse, a ser considerado um “mal social” e a ter seus membros perseguidos e extirpados da sociedade. Isso já ocorre desde os tempos de Nero, na Roma Imperial, e segue acontecendo hoje (os cristãos são o grupo mais perseguido do mundo, por motivos religiosos). Ainda semana passada, na Índia, o governo decidiu deixar os grupos cristãos de fora da assistência prestava por conta da Covid.

Mas então a situação do Brasil de hoje está envolvida nesta grande guerra do bem contra o mal? Bom, do ponto de vista cristão, tudo está envolvido nesta guerra, e não seria diferente aqui. Isso significa que Bolsonaro e seu governo representam o “bem” e quem se opõe a ele, o “mal”? Óbvio que não. No entanto, tenho a tendência de pensar que estamos diante de uma agenda, ou como alguns chamam, “mecanismo” que está em plena ação para manter amarras sociais fortes sobre nosso povo, aqui, enquanto em outros lugares, sociedades mais desenvolvidas parecem querer colocar, voluntariamente, a cabeça debaixo de uma cangalha que já se julgava quebrada há tempos.

Meu apelo é apenas que se discuta com civilidade. Que os meios de comunicação não façam uso do seu poder para convencer alguém se sua agenda pessoal, mas tão somente informem. Meu apelo é para que o STF não deixe o restinho de vergonha na cara que possui ir pelo ralo. Que tenhamos uma visão de que é o vírus e o caos econômico que precisamos evitar, não uns aos outros. E por fim, que impeçamos quem quer que seja de reescrever a realidade.

Diálogos de “Platinho”

Recebido por WhatsApp de um querido grupo de amigos…

Tem diálogos que são mantidos via WhatsApp o dia todo, e que, pela característica e respeito ao outro (não às ideias do outro, pois como já mencionei aqui neste blog, se eu respeito a ideia do outro, eu concordo com ela, e portanto não há contraditório; mas se eu respeito O PRÓXIMO, eu posso “pelear” à vontade com o outro, sem menosprezá-lo, e continuar amigo do outro.

Um desses Diálogos, que chamei de “Diálogos de Platinho”, em homenagem a um dos meus heróis intelectuais, Platão, me ajudaram a definir muita coisa na minha vida e modo de pensar, está abaixo e reproduzo com pouquíssimas alterações. Tudo começou quando eu postei a imagem acima, baseada nos conceitos de Karl Popper, denominado “O paradoxo da tolerância” (veja lá em cima com cuidado, se puder).

Wesley: “Veja aí o paradoxo de Karl Popper e por que a conclusão dele NÃO foi considerada adequada, pela posteridade dele… A questão não é que Karl Popper esteja falando bobagem. Não está. A questão é: QUEM FAZ A RISCA NO CHÃO? OU seja, quem decide o quanto é tolerância demais, e em que momento? Isso, por si só, leva a que ALGUÉM tome essa decisão. A decisão pode ser, inclusive, fonte de intolerância. O resultado, apontado por outros foi justamente que “não há quem possa rabiscar isso no chão”. Então é melhor que as situações sejam julgadas na medida em que aparecerem…

Roberto: “Interessante que essa é a crítica à democracia. Inclusive, os muçulmanos não são tolerantes em função da crença deles. Eu prefiro a tolerância, pois ela me diferencia dos intolerantes, mesmo que os intolerantes usem a tolerância e amor cristão contra nós. Se eu me torno como eles são, já me perdi de mim.

Wesley: “Essa foi a postura [da tolerância extrema] que tomou Neville Chamberlain, no pré-2a. guerra… ele levou o conceito às últimas consequências e deu na 2a. guerra mundial. Mas você tocou no ponto importante – o amor e a tolerância bíblicos – isso foi inclusive tema de briga entre Menonitas e Batistas – ir ou não à guerra? No fundo, isso é uma discussão sobre os limites da tolerância…

Roberto: “Cada um cultiva aquilo que traz em si…”

Wesley: “Mas sério – essa M!#@ NÃO tem solução fora do julgamento caso a caso…

Roberto: “Eu sei disso”

Wesley: “Se tivesse, Jesus não teria dito que não vinha trazer paz, mas espada.
Epistemologia, jovem…

Roberto: “Mas os princípios determinam a conclusão…” … “Levantando questões sem dar solução…”. Quando parto de valores claros fica difícil admitir determinadas conclusões. O amor a Deus sobre todas as coisas e o amor ao próximo como a si mesmo é a referência. Tendo em vista o sacrifício de Cristo como paradigma. Isso muda tudo. Isso me faz olhar uma alma humana como algo mais precioso que o mundo inteiro. Assim, analisar cada um com seu cada um me dará elementos para a análise, mas os princípios definem minha postura.”

Os diálogos mesmos pararam por conta de reuniões, etc. Mas agora, durante o almoço, pude revisitar alguns dos temas e entender onde estamos com relação a isso. Há alguns anos recebi uma saraivada de críticas de um pastor batista, amigo de meu padrinho de casamento, justamente porque eu desenvolvi o raciocínio de que “há limites para a tolerância”, no que tangia ao domínio de Saddan Hussein sobre o Iraque, e a oportunidade de retira-lo do poder, patrocinada por George W. Bush. Eu entendia, e de certa forma ainda entendo, que há recursos demais nas mãos de grupos que são extremamente perigosos, do ponto de vista de seu radicalismo e fundamentalismo.

O tal pastor disse, às minhas linhas – “tristes palavras”, pois, em sua visão, como cristãos somos “o povo que apanha, não o povo que bate”. Fiquei muito murcho e desenxavido por um tempão, pois o tal pastor tem uma audiência de milhares, e eu provavelmente alcanço umas poucas centenas, se tanto. Mas independentemente disso, não arredei pé na minha conclusão.

Se, como cristãos, somos o povo que tolera “tudo”, então como conciliar essa visão com aquela expressa pelo mesmo Jesus Cristo, em na qual Ele menciona “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada”? (Mateus 10:34) E quanto à visão do Apóstolo Paulo em Romanos 12:18, “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens“?

Nos primórdios do protestantismo, os atuais Batistas e os Menonitas tiveram uma briga séria, de conceitos, sobre se um cristão deveria ou não pegar em armas. Isso gerou uma cisma que perdura até os dias de hoje, apesar de não haver nenhuma divergência teológica entre os grupos, e ninguém nem se lembrar do porquê da divergência…

A conclusão do Betinho (O “Roberto” acima, para diferenciar do Tio Roberto Montechiari) é parecida com a minha – não há conciliação entre as posições de Karl Popper, nesse paradoxo, exceto pelo exercício do julgamento. Em que termos Jesus veio trazer a “espada” e não a paz, Ele que é chamado de “Príncipe da Paz”? A resposta parece residir no fato de que, pelas nossas características, e pela característica da nossa mensagem, seríamos odiados pelo mundo, e portanto, forçados a nos defender. Isso parece contradição com a postura de boa parte dos príncipes europeus, que fizeram guerras fraticidas, e está, mas não confundamos a essência do cristianismo com a imbecilidade privada.

E o que dizer da fala de Paulo o apóstolo? Se estiver em nós, tenhamos paz com todos, ou seja, não façamos NADA que retire a paz de um lugar, ambiente, nação ou mesmo planeta. Apenas entendamos que pode ser que a paz não seja possível, e que então teremos que agir como estando fora da possibilidade da paz. Continuaríamos sendo o povo da paz, se apenas nos deixássemos esmagar?

E quanto aos recentes eventos, em que grupos saem às ruas, sob olhares apreciativos da imprensa, para criar baderna? Devemos entender isso como “guerra antifascismo”, ou como “fascismo” mesmo?

A solução é difícil, e me parece que encontra eco tão somente no exame de cada caso.

Em tempo… abaixo o que me levou a publicar o artigo acima – de dar gargalhada…

Wesley: “CARA isso dá um “Diálogos de PLatão” maneiro!!! Vou passar isso a limpo e publicar! Posso?
Roberto: “Kkkkkkkkkk”
Wesley: “Sério!”
Roberto: “Claro. Mas sem puxar sardinha… Kkkkkk
Wesley: “Claro que não… vou dar minha conclusão… depois tu vai lá, mete a p0rr@d@!!!”
Roberto: “Kkkkkkkkk”

Que fique clara a importância vital do KKKK para a paz mundial!