Cultura e Educação, Massa Crítica e Conspirações…

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A Luta Cultural e Educacional

Queiramos ou não, os partidos de esquerda, ou melhor, uma visão de mundo de esquerda foi a grande vencedora na conquista por corações e mentes de umas 2, 3 gerações de brasileiros, ora envolvidos no mais recente processo de desconstrução da realidade a que o sofrido país está sendo submetido.

Foram os vencedores, pelo menos pelo que vi. No início dos anos 80, o primeiro sujeito que entrou na sala de aula, na UFRJ, pra falar pra uma classe de zés-ruelas (nós) não foi o professor, nem sequer o cara que normalmente fazia as “pegadinhas” da época, os trotes… foi o “Índio”, líder do Centro Acadêmico, duplo jubilado e novamente no 1o. período naquela universidade. Um sujeito de barba rala, cabelo preto longo, camiseta Hering branca, calça jeans surrada e sandália franciscano… Nunca soube seu nome, de fato, nem sei que fim levou. Só sei que as primeiras palavras foram “gente, precisamos nos arregimentar”, e começou a falar de invasão ao bandejão, e outras atividades que o Centro Acadêmico estava começando a fazer, contra os “reacionários” a “opressão” e a “abertura, que não passava de um furinho”…

São, portanto, mais de 40 anos de um massacre social-filosófico-psicológico, deliberado. Ok, é parte do ideário de esquerda, e, como é parte da (declarada) forma de agir dessa corrente ideológica, não admite o contraditório, embora o exija. Eu, na época, no meio do caminho… lutando pra entender onde me situar, numa cidade francamente hostil a quem era do interior, suja, difícil, sem muita grana no bolso. Embora entendendo que a Ditadura era ruim e a abertura era boa, tive o valor mínimo de não cair na vala comum dos “companheiros”. Ao longo da minha história, como disse Paulo Francis, ao ser perguntado por que não era mais de esquerda: “Cresci”. Eu, ao crescer, fui deixando de lado as “coisas de menino” com que a esquerda costuma convencer os jovens a reescrever a história.

A Cultura foi dominada antes, por uma geração de gênios musicais e “jênios” ideológicos do calibre de Chico Buarque, Caetano Veloso, aqui dentro, e Silvio Rodriguez e Pablo Milanés, lá em Cuba. Gente cuja sensibilidade musical realmente me faz lembrar de Salieri, se referindo a Mozart (no filme Amadeus): dá pra querer odiar Deus por colocar tanto talento na cabeça de um imbecil…

Fui obrigado a ler Fazenda Modelo de Chico Buarque, e não algo de melhor qualidade, como “qualquer coisa” de Machado de Assis. Era parte do trabalho de moldar gerações para o pensamento esquerdista que hoje nos permeia sem às vezes nos darmos conta.

O mesmo aconteceu na literatura, nas artes em geral. Quem não era de esquerda, para conseguir um mínimo lugar ao sol, precisava esconder suas predileções ideológicas, precisava fazer tudo, menos virar mais um Wilson Simonal, execrado pelos pares, um pária que viria a morrer meio que só e desgostoso.

A Massa Crítica

Somos todos, agora, vítimas de mais um processo de tentar escrever a história ao prazer dos que dominam a cena cultural. Não há muita gente que tenha a coragem de discordar do status quo das redações dos jornais, dos meios artísticos e dos centros acadêmicos. Estamos todos, os que não aceitamos o que tem acontecido, sendo tachados de fascistas, caso achemos que há boas coisas sendo feitas pelo governo, apesar da diarreia verbal do chefe do executivo, cujo pavio curto faz dele um prato cheio pra quem quer obter literalmente o que o cara pensa, e jogar em manchetes o que acha que ele quis dizer. Bons tempos em que expressões como “grelo duro” e as “terra de viado” eram tratadas como fala bonachona de um líder virtuoso. Mijar-se em público em Davos não dava uma linha num jornal qualquer, e envergonhar o país com casos de corrupção em série e comprovados não dava ibope…

Não se trata de querer justificar erro com erro, mas de entender que estamos, de novo, diante da mesma luta cultural e de uma tentativa de vender à totalidade da população a ideia de que “é voz geral”, ou “é desejo da maioria” algo que, francamente, não sabemos, pois que o debate plural e desapaixonado está bastante limitado. A formação de uma “massa crítica” aqui é muito mais um ato de criação artística/midiática do que propriamente um fato. Jornais lançam mão de termos definitivos, como “extremista”, ou “anti-democrata” para qualquer um que esteja fora da linha de pensamento de membros de redações de jornais e TVs.

Massa crítica, “my ass”, como diriam os gringos. Estamos longe de ter consenso sobre qualquer coisa, hoje em dia, seja sobre pandemia, economia ou educação, só pra citar temas mais pungentes. Mas obviamente já se fez revolução com muito menos “massa crítica” do que o que vemos hoje. Em Outubro de 1917 um grupo de aproximadamente 17% da “Duma” Russa tomou o poder no país, depôs um monarca e gestou em pariu a morte de mais de 50 milhões de seus próprios cidadãos. Nenhuma massa crítica, mas uma “espuma” enorme, deixando os cidadãos pensantes apalermados diante da violência que lhes era imposta.

Vamos para o mesmo caminho? Pode ser que sim. Vamos deixar que um grupo não majoritário prevaleça sobre a nação? Acho que sim. Afinal, qualquer coisa que se fale pode ser interpretada como ameaça, seja à corte suprema ou à democracia mesma. Tudo se soma ao que interessa ser vendido como ameaça, como feio, ou seja, como negativo, ou, alternativamente, como positivo.

E Conspirações…

Ninguém em sã consciência pode ter uma vida feliz respirando teorias conspiratórias. Nós, cristãos, já nascemos e somos catequizados debaixo de uma grande teoria conspiratória existente desde que o mundo é mundo: a guerra do bem contra o mal. Vivemos hoje o que muitos cristãos chamam de “final dos tempos”, tempo de tribulações, em que o cristianismo como um todo passaria, segundo o Apocalipse, a ser considerado um “mal social” e a ter seus membros perseguidos e extirpados da sociedade. Isso já ocorre desde os tempos de Nero, na Roma Imperial, e segue acontecendo hoje (os cristãos são o grupo mais perseguido do mundo, por motivos religiosos). Ainda semana passada, na Índia, o governo decidiu deixar os grupos cristãos de fora da assistência prestava por conta da Covid.

Mas então a situação do Brasil de hoje está envolvida nesta grande guerra do bem contra o mal? Bom, do ponto de vista cristão, tudo está envolvido nesta guerra, e não seria diferente aqui. Isso significa que Bolsonaro e seu governo representam o “bem” e quem se opõe a ele, o “mal”? Óbvio que não. No entanto, tenho a tendência de pensar que estamos diante de uma agenda, ou como alguns chamam, “mecanismo” que está em plena ação para manter amarras sociais fortes sobre nosso povo, aqui, enquanto em outros lugares, sociedades mais desenvolvidas parecem querer colocar, voluntariamente, a cabeça debaixo de uma cangalha que já se julgava quebrada há tempos.

Meu apelo é apenas que se discuta com civilidade. Que os meios de comunicação não façam uso do seu poder para convencer alguém se sua agenda pessoal, mas tão somente informem. Meu apelo é para que o STF não deixe o restinho de vergonha na cara que possui ir pelo ralo. Que tenhamos uma visão de que é o vírus e o caos econômico que precisamos evitar, não uns aos outros. E por fim, que impeçamos quem quer que seja de reescrever a realidade.

Diálogos de “Platinho”

Recebido por WhatsApp de um querido grupo de amigos…

Tem diálogos que são mantidos via WhatsApp o dia todo, e que, pela característica e respeito ao outro (não às ideias do outro, pois como já mencionei aqui neste blog, se eu respeito a ideia do outro, eu concordo com ela, e portanto não há contraditório; mas se eu respeito O PRÓXIMO, eu posso “pelear” à vontade com o outro, sem menosprezá-lo, e continuar amigo do outro.

Um desses Diálogos, que chamei de “Diálogos de Platinho”, em homenagem a um dos meus heróis intelectuais, Platão, me ajudaram a definir muita coisa na minha vida e modo de pensar, está abaixo e reproduzo com pouquíssimas alterações. Tudo começou quando eu postei a imagem acima, baseada nos conceitos de Karl Popper, denominado “O paradoxo da tolerância” (veja lá em cima com cuidado, se puder).

Wesley: “Veja aí o paradoxo de Karl Popper e por que a conclusão dele NÃO foi considerada adequada, pela posteridade dele… A questão não é que Karl Popper esteja falando bobagem. Não está. A questão é: QUEM FAZ A RISCA NO CHÃO? OU seja, quem decide o quanto é tolerância demais, e em que momento? Isso, por si só, leva a que ALGUÉM tome essa decisão. A decisão pode ser, inclusive, fonte de intolerância. O resultado, apontado por outros foi justamente que “não há quem possa rabiscar isso no chão”. Então é melhor que as situações sejam julgadas na medida em que aparecerem…

Roberto: “Interessante que essa é a crítica à democracia. Inclusive, os muçulmanos não são tolerantes em função da crença deles. Eu prefiro a tolerância, pois ela me diferencia dos intolerantes, mesmo que os intolerantes usem a tolerância e amor cristão contra nós. Se eu me torno como eles são, já me perdi de mim.

Wesley: “Essa foi a postura [da tolerância extrema] que tomou Neville Chamberlain, no pré-2a. guerra… ele levou o conceito às últimas consequências e deu na 2a. guerra mundial. Mas você tocou no ponto importante – o amor e a tolerância bíblicos – isso foi inclusive tema de briga entre Menonitas e Batistas – ir ou não à guerra? No fundo, isso é uma discussão sobre os limites da tolerância…

Roberto: “Cada um cultiva aquilo que traz em si…”

Wesley: “Mas sério – essa M!#@ NÃO tem solução fora do julgamento caso a caso…

Roberto: “Eu sei disso”

Wesley: “Se tivesse, Jesus não teria dito que não vinha trazer paz, mas espada.
Epistemologia, jovem…

Roberto: “Mas os princípios determinam a conclusão…” … “Levantando questões sem dar solução…”. Quando parto de valores claros fica difícil admitir determinadas conclusões. O amor a Deus sobre todas as coisas e o amor ao próximo como a si mesmo é a referência. Tendo em vista o sacrifício de Cristo como paradigma. Isso muda tudo. Isso me faz olhar uma alma humana como algo mais precioso que o mundo inteiro. Assim, analisar cada um com seu cada um me dará elementos para a análise, mas os princípios definem minha postura.”

Os diálogos mesmos pararam por conta de reuniões, etc. Mas agora, durante o almoço, pude revisitar alguns dos temas e entender onde estamos com relação a isso. Há alguns anos recebi uma saraivada de críticas de um pastor batista, amigo de meu padrinho de casamento, justamente porque eu desenvolvi o raciocínio de que “há limites para a tolerância”, no que tangia ao domínio de Saddan Hussein sobre o Iraque, e a oportunidade de retira-lo do poder, patrocinada por George W. Bush. Eu entendia, e de certa forma ainda entendo, que há recursos demais nas mãos de grupos que são extremamente perigosos, do ponto de vista de seu radicalismo e fundamentalismo.

O tal pastor disse, às minhas linhas – “tristes palavras”, pois, em sua visão, como cristãos somos “o povo que apanha, não o povo que bate”. Fiquei muito murcho e desenxavido por um tempão, pois o tal pastor tem uma audiência de milhares, e eu provavelmente alcanço umas poucas centenas, se tanto. Mas independentemente disso, não arredei pé na minha conclusão.

Se, como cristãos, somos o povo que tolera “tudo”, então como conciliar essa visão com aquela expressa pelo mesmo Jesus Cristo, em na qual Ele menciona “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada”? (Mateus 10:34) E quanto à visão do Apóstolo Paulo em Romanos 12:18, “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens“?

Nos primórdios do protestantismo, os atuais Batistas e os Menonitas tiveram uma briga séria, de conceitos, sobre se um cristão deveria ou não pegar em armas. Isso gerou uma cisma que perdura até os dias de hoje, apesar de não haver nenhuma divergência teológica entre os grupos, e ninguém nem se lembrar do porquê da divergência…

A conclusão do Betinho (O “Roberto” acima, para diferenciar do Tio Roberto Montechiari) é parecida com a minha – não há conciliação entre as posições de Karl Popper, nesse paradoxo, exceto pelo exercício do julgamento. Em que termos Jesus veio trazer a “espada” e não a paz, Ele que é chamado de “Príncipe da Paz”? A resposta parece residir no fato de que, pelas nossas características, e pela característica da nossa mensagem, seríamos odiados pelo mundo, e portanto, forçados a nos defender. Isso parece contradição com a postura de boa parte dos príncipes europeus, que fizeram guerras fraticidas, e está, mas não confundamos a essência do cristianismo com a imbecilidade privada.

E o que dizer da fala de Paulo o apóstolo? Se estiver em nós, tenhamos paz com todos, ou seja, não façamos NADA que retire a paz de um lugar, ambiente, nação ou mesmo planeta. Apenas entendamos que pode ser que a paz não seja possível, e que então teremos que agir como estando fora da possibilidade da paz. Continuaríamos sendo o povo da paz, se apenas nos deixássemos esmagar?

E quanto aos recentes eventos, em que grupos saem às ruas, sob olhares apreciativos da imprensa, para criar baderna? Devemos entender isso como “guerra antifascismo”, ou como “fascismo” mesmo?

A solução é difícil, e me parece que encontra eco tão somente no exame de cada caso.

Em tempo… abaixo o que me levou a publicar o artigo acima – de dar gargalhada…

Wesley: “CARA isso dá um “Diálogos de PLatão” maneiro!!! Vou passar isso a limpo e publicar! Posso?
Roberto: “Kkkkkkkkkk”
Wesley: “Sério!”
Roberto: “Claro. Mas sem puxar sardinha… Kkkkkk
Wesley: “Claro que não… vou dar minha conclusão… depois tu vai lá, mete a p0rr@d@!!!”
Roberto: “Kkkkkkkkk”

Que fique clara a importância vital do KKKK para a paz mundial!

A Zona Cinza

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Photo by Annie Spratt on Unsplash

No Jardim do Eden surgiu a zona cinza, no mesmo momento em que o pecado entrou no mundo. Creia você na narrativa da Bíblia, creia na teoria da evolução ou em qualquer outra teoria, o conceito por trás da narrativa do Gênesis dá conta do momento exato em que a zona cinza surgiu. Deus não parece admitir zona cinza. Pelo menos o conceito de um Deus absoluto, infalível, não admite isso. Ele conhece cor por cor, conceito por conceito, e não criou o universo para abrigar ambiguidades, na minha opinião.

Uma forma garantida de criar confusão neste mundo é um falso cognato, um falso paralelo, uma falsa analogia. A analogia do cone de sombras com o conceito de “verdade e mentira” é uma dessas faltas analogias. Provavelmente a maior das falsas analogias. Essa analogia tão comum diz que há diversos “tons” de verdade e mentira, e provavelmente o meio do cone de sombras abriga um lugar que é ao mesmo tempo verdade e mentira. Isso obviamente é uma mentira inteira.

Como conciliar isso, porém, com o fato de que às vezes nos chegam informações e “verdades” que podem ser “em parte” mentiras? Aí entra a figura que a Bíblia chamou de “Diabo” (que significa literalmente “duas partes” ou “duas mentes”), pois que o tal Ser introduziu na alma humana a incapacidade de enxergar a raiz das coisas, e, muito mais do que isso, de introduzir na alma humana, a capacidade de enxergar mentira nos locais exatos onde ela foi inserida. Quem não crê na figura do “Capeta” tem que arrumar um conceito ou “culpado” para fazer sentido desse fato – as pílulas de mentira dentro da verdade, ou vice-versa.

O mundo moderno, desde a ascensão dos meios de comunicação de massa, começou a lidar com a questão da “curadoria” da informação. Temos ainda que lembrar que a mídia impressa, primeira manifestação dos meios de massa, surgiu em países capitalistas da Europa, e nos EUA e Canadá, ou seja, dentro de uma matriz ocidental. Jornais e outros meios, portanto, surgiram como negócios, e portanto, com uma agenda de lucratividade muito clara e nunca negada por esses. Estamos vivendo um momento em que essa mídia de massa está numa crise que parece não ter fim, e portanto, a lucratividade está em cheque. Isso começou na “era da informação” e se aprofundou com o crescimento explosivo das mídias sociais.

Na mesma toada da explosão das mídias sociais, diminuiu a qualidade da curadoria (verificação, ponderação, análise) sobre a notícia. Mídias sociais não possuem curadoria, em função da sua liberdade e virtual impossibilidade de implementa-la. Essa teria sido a melhor oportunidade dos últimos anos para os veículos de mídia tradicionais reconquistarem alguma relevância.

Os eventos recentes parecem não apenas não ter ajudado, mas atrapalhado no restabelecimento dessa credibilidade. A grande imprensa, seja de um ou outro extremo do viés ideológico dessa situação polarizada que vivemos, acabaram de acabar com a credibilidade de sua “curadoria”. A verdade deixou de ser importante, e a forma, ou a “parte” da verdade a ser transmitida, o tom da transmissão da informação e mesmo o puro e simples desinteresse em informar – de verdade – a verdade, está colocando a derradeira pá-de-cal no pé dos antes monstruosos e poderosos veículos de informação.

O tal “capeta” parece ter tomado conta de todos os lados do espectro da mídia nacional. A verdade, obviamente, foi diluída, e se tornou tão difícil de achar que a população está “caçando” a verdade sem acha-la, radicalizando-se no caminho, dependendo de seus pendores pessoais.

Fica a dica para a mídia em geral – que tal informar, pra variar, limpando as redações de radicais de qualquer lado, focando no fato, apurando coisas, e entregando algo tão puro quanto possível?

A Amizade

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“A melhor parte da vida de uma pessoa está nas suas amizades”.
(Abraham Lincoln)

A amizade é, inevitavelmente, refúgio. Um amigo é aquele que sempre nos acolhe quando todas as portas foram fechadas, é aquele que nos recebe quando todos os dedos estão apontados. Quando todos se foram é ele quem permanece e nos conduz pelo caminho da tolerância e da aceitação.

A amizade é, indubitavelmente, companhia. Ela sobrevive aos fracassos e sucessos pessoais. Amigo é aquele que consegue se alegrar quando alcançamos o triunfo e é capaz de vir ao nosso encontro quando sofremos a adversidade. Ele sorri com as nossas alegrias e chora as nossas tristezas. O escritor, poeta e filósofo suíço Henri Frédéric Amiel (1821-1881) afirmou apropriadamente sobre sua postura frente a realidade ora vivida pelos seus amigos: “Quando o meu amigo está infeliz, vou ao seu encontro; quando está feliz, espero por ele”, dessa maneira, ele nos ensina que a amizade se mostra como respeito pelo tempo do outro; ela nunca é invasão, mas sempre se prontifica a auxiliar.

A amizade é, inquestionavelmente, transparência. O amigo nos vê como realmente somos e continua ao nosso lado. Mas também, ele se dispõe a ser ele mesmo sem máscaras ou fingimentos. Normalmente, suas palavras são bálsamo sobre nossas feridas abertas ou martelo que esmiúça pedras quando nos encontramos alienados em nossas ilusões e deslumbramentos. Um amigo nunca se isenta de nos dizer a verdade e de nos alertar sobre o perigo, mesmo que isso possa nos incomodar. Diante de um amigo os silêncios nunca são constrangedores, podemos não ter o que dizer quando estamos próximos a ele e, mesmo assim, estar ao seu lado nos diz tudo.

A amizade, por tudo isso e muito mais, é um bem raro, uma preciosidade. Aqueles que não têm amigos sofrem os seus desertos de maneira mais intensa e não podem compartilhar adequadamente as suas alegrias.

Vale notar, ainda, que há uma amizade incomparavelmente melhor, a mais profunda e significativa que o homem pode experimentar em sua existência. Há um Amigo que se mostra mais amigo que qualquer outro, Alguém que nos conhece melhor do que ninguém, que está disposto a nos acompanhar em quaisquer ocasiões de nossa vida e que está sempre pronto a nos servir de refúgio. Deus é esse grande amigo que simplesmente espera que O reconheçamos e nos disponibilizemos para Ele. Ele espera pacientemente que você invista nesse relacionamento.

Gratidão

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Photo by Simon Maage on Unsplash

Ser grato é uma atitude que evidencia inteligência. A gratidão envolve a capacidade de perceber o benefício recebido, coisa de gente que tem a habilidade e capacidade de compreender a sua própria realidade e a melhora da condição que foi proporcionada pela ação do outro. Assim, a gratidão só pode ser exercida por aquele que pensa.

Além disso, ser grato é mais funcional, pois reforça o bem que foi feito a nosso favor. Entenda, uma pessoa que teve a sua atitude valorizada e reconhecida, se sentirá cada vez mais predisposto a fazer o bem pra aquele que o reconhece e valoriza. Desta forma, a gratidão se mostra como uma resposta que faz a manutenção de algo desejável.

Mostrar-se grato também ensina. Quando somos expostos às situações e manifestamos gratidão, possibilitamos um exemplo que poderá servir para o aprendizado do outro. E quando assim o fazemos, plantamos uma melhora no mundo, mostramos ao próximo que ele pode mudar.

Por essas e outras, prefiro ser uma pessoa agradecida a ser um arrogante ingrato.

Em tempo, pense sobre algum benefício recebido que esqueceu de agradecer. Vá ao encontro desta pessoa e mostre a ela sua gratidão.

O templo, a pandemia e o homem

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Photo by Andrew Seaman on Unsplash

Jesus ensinou algo muito interessante que o mundo ainda tem dificuldade de entender.

Há um texto nas Escrituras em que Jesus é interpelado por um grupo de religiosos chamados fariseus. Eles se incomodaram porque os discípulos de Jesus, que estavam com fome, começaram a colher espigas num dia de sábado. Para melhor entendermos o contexto, o Sábado era o dia de descanso do povo, nada de trabalho ou esforço deveria ser realizado nele. Sobre o sábado estava instituída a vida religiosa do povo judeu e a rotina do templo. Ao redor do templo, se organizava a economia e a política. Ou seja, o sábado era a instituição mais importante de Israel.

Porém, em resposta aos fariseus, Jesus relembra um episódio importante da vida da nação no qual Davi e os que o acompanhavam, estando com fome, adentraram ao templo, tomaram os pães da proposição e os comeram. Logo após fazer o relato afirma aos fariseus: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.

Quero parar rapidamente pra pensar sobre esta afirmação de Cristo. Pois as instituições, a economia, a política, a religião foram feitas por causa das pessoas e não as pessoas foram feitas para serem uma simples e descartável engrenagem no intuito de fazer com que as macro-estruturas funcionem. O homem é a razão da existência da vida social. O indivíduo deve ser o objeto para os sentimentos e o cuidado. O bem do ser humano precisa ser o motivo por trás de toda e qualquer iniciativa, zelo ou ação social. Assim, a economia deve servir ao homem, a religião deve ser direcionada para o cuidado do indivíduo, a política precisa negociar para o bem-estar de todos. Desta forma: a economia foi feita por causa do homem e não o homem foi feito por causa da economia; a religião foi feita por causa do homem e não o homem por causa da religião; a política foi feita por causa do homem e não o homem foi feito por causa da política! Se assim não pensarmos, penaremos sob a rígida e fria égide dos números, das normas impensadas, das estruturas gélidas que buscam se alimentar do esforço humano para a sua perpétua manutenção.

Pense se você neste momento é capaz de perceber, como afirmou Jesus, que o ser humano deve ser a razão e o foco de todos os nossos melhores investimentos e cuidado. Se você pensa assim, você pensa como um cristão.

Oração em tempos de crise

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Photo by Jack Sharp on Unsplash

Normalmente, em momentos de crise e sofrimento, as pessoas são convocadas a orar e a clamar a Deus por libertação. São marcadas vigílias de oração nas quais o clamor para uma solução é direcionado aos céus na esperança de que os anjos tragam a resposta de Deus. Nada de errado com a atitude, todavia deveríamos parar pra pensar um pouco sobre a efetividade da oração.

Muitas vezes, nós mesmos deveríamos ser a resposta de Deus à elas. Mas como, poderia você me perguntar? E eu lhe digo: Na mudança de nossas ações em relação ao próximo, agindo como a mão de Deus para suprir o necessitado; compartilhando o que temos com aquele que padece; sendo um ouvido paciente e compreensivo frente àquele que sofre; cuidando de nossos familiares com carinho; levantando a voz contra a injustiça social e expondo o nosso peito à baioneta pra salvar as viúvas, os órfãos, idosos e incapazes.

As Escrituras falam de maneira clara que não adianta nada dizer ao necessitado para ir em paz, para se aquecer no frio e se alimentar adequadamente, se não lhe damos o necessário para o seu corpo. Isso é conversa fiada e uma oração inoperante (Tiago 2:16 se você quiser conferir). Observe, que não estou falando contra a prática da oração, pois sei inclusive que ela é fator de saúde para o corpo. Falo estas palavras para afirmar que a sua prática precisa trazer em si o fator consciência. Porque para fazer uma oração sincera, os meus olhos não podem estar fechados para a realidade pela qual clamo e as minhas mãos não devem estar encolhidas e reclusas em meu egoísmo.

Cristianismo e Socialismo que dão certo

Existe uma história (verídica no meu entender) de que socialismo não dá certo em lugar algum do mundo. Até agora é o que temos visto. Virtualmente todos os experimentos comunistas e socialistas trazem pobreza e escravização de seus povos.

A argumentação comumente usada é de que o “verdadeiro socialismo” nunca foi de fato implementado no mundo, e que o “próximo” experimento sim, dará certo. Tá ‘serto’… Dia desses fui inquirido por que, na minha condição de “cristão fervoroso” (título de que me orgulho e quero ver cada vez mais tornado verdade), não achava que o cristianismo tinha admirável semelhança de resultados com o “socialismo” que na prática nunca fazia nada certo. Para isso, os detratores invocam situações de praxe, como as cruzadas, as guerras constantes entre reinos e estados cristãos, defesa de posições difíceis como pena de morte, porte de armas, etc.

Toda questão difícil tem sempre uma resposta fácil, e invariavelmente errada, como dizia H.L. Mencken. Não quero ser mais um a dar uma resposta simplista a uma questão que é, em sua natureza, difícil, portanto aguentem um pouco mais da minha má prosa.

1 – Proposição A – O Socialismo/Comunismo nunca deram certo em lugar algum do planeta – Este é um fato observável, sendo a óbvia mais recente constatação a Venezuela, passando por baluartes como Cuba e Coréia do Norte. Ainda estamos para constatar um país que estatizou os meios de produção, entregou a gestão das fábricas aos sovietes, planejou centralmente sua economia e ao final não colheu fome, morte, destruição da infraestrutura e tirania.

2 – Contra Argumentação A – Países escandinavos são “socialistas” e deram certo – Esta é uma inverdade das mais propaladas do mercado. Os anos de 50 a 90 viram o crescimento da qualidade de vida na Escandinávia virar motivo de inveja do mundo todo. Como sempre (e como até aqui no Brasil, de 2002 em diante), a prosperidade deu lugar ao populismo estatal, que erodiu boa parte da base da riqueza desses países, agora sendo reconstruída à força, a despeito do “encastelamento” dos mimizentos em posições de poder.

3 – Contra Proposição B – O cristianismo (e as fés, de forma geral) promovem a discriminação, o abismo e as injustiças sociais, e a fé cristã em particular é uma fé que promove a violência.

4 – Argumentação B – Argumentos, como os sempre apresentados pelo mundo muçulmano contra as Cruzadas, como instrumento de opressão, não encontram respaldo na história séria, não ideologizada. Cruzadas foram guerras de contra-ofensiva, em relação ao “arrastão” que estava sendo promovido pelos povos muçulmanos na Europa, da qual chegaram a abocanhar grandes nacos (Áustria, Hungria, e sul da Espanha, são os exemplos mais fragrantes). Cruzadas podem até não serem justificadas – como creio que não o são – como “libertação da terra santa”, uma bobagem em que ninguém nunca acreditou depois de 1221. Daí a entender essas mobilizações como puro e infundado ataque, vai uma bela diferença. A Europa foi atacada primeiro. O cristianismo sempre foi, desde muito cedo, a fé dos párias, dos escravos, dos pobres, e depois, a fé dos conventos, das santas casas, das missões, da assistência social (não à toa chamamos de “Cruz” Vermelha a grande organização humanitária que temos até hoje). Contrariamente a isso, outras fés sim, foram baseadas em “conversão ou morte”, num grau de intolerância incomparável. Obvio que episódios como a Inquisição Espanhola maculam a imagem do cristianismo como um todo (como evangélico não me sinto atingido por isso, mas entendo que os católicos sim). Mesmo assim, calcula-se hoje que pouco mais de 2 mil pessoas num espaço de mais de 100 anos tenham sido mortos por Tomás de Torquemada & Cia.

5 – Proposição C – O socialismo é mais tolerante e mais inclusivo do que o capitalismo. O capitalismo aprofunda o abismo entre as classes e pessoas.

6 – Contra-Proposição C – Aqui, uma confissão de que algo acima está ok – o socialismo e o comunismo realmente diminuem o abismo entre pobres e ricos. Tende a tornar todo mundo pobre – o Índice de Gini mais bacana da América do Sul hoje deve ser o da Venezuela, com (ex) ricos e pobres igualmente na miséria. O fato é que enxergo um verdadeiro socialismo no mercado de capitais – bolsa de valores. Os países do 1o. mundo, principalmente os EUA, têm uma grande quantidade de empresas listadas em bolsa (o termo lá é “public companies“, o que não significa “públicas” (estatais) como aqui, mas “detida pelo público”, e “to go public” significa abrir o capital, democratiza-lo). Como os juros são corretamente baixos – para fomentar a produção e inibir o “rentismo“, a poupança da população vai para fundos de pensão privados ou públicos – e de lá para o mercado de capitais, ou diretamente para este, de forma que em alguns casos a única certeza de receita, após uma certa idade, já na aposentadoria, vem dos dividendos trimestrais de boas empresas, pagadoras de dividendos. Daí a pressão por resultados nessas empresas, o que dá origem às reclamações sobre a “ganância” de algumas delas. O fato é que as “viúvas de Taubaté”, na versão americana, inglesa ou alemã, é que são a verdadeira fonte de pressão por resultados. Em síntese, lucro não é crime, mas se torna o rendimento de toda uma população, mais velha ou nem tanto.

Que meleca, alguns dirão. Misturar a contraposição entre cristianismo e outras religiões com capitalismo X comunismo/socialismo. Verdade. Mas a tentativa aqui é de demonstrar como aparências (e uma boa dose de ideologia, mídia contrária e políticos populistas e aproveitadores) podem transformar em “verdades reveladas” contrassensos incríveis.

Tem mais – mas pra outra ocasião – a falácia da “ciência” por trás da Teoria da Evolução versus o chamado “Design Inteligente”, tido como aberração acadêmica. E como somos levados a aceitar como dogma algo sem qualquer fundamento científico verdadeiro, a despeito de apoio de quase todo o mundo acadêmico.

Que 2019 chegue logo!

Os anos que passaram foram dramáticos, tanto do ponto de vista pessoal/familiar, profissional e, como para todo país, um caos sob controle frouxo… Governos passados nos deixaram com a impressão de que um “salvador da pátria” está pronto para assumir o país. Não creio. Creio sim em boas vontades, bons princípios e o desejo de melhorar o Brasil, nem que seja um pouco de cada vez, todo dia.

A tristeza de ver um país fora do lugar que sua dimensão e população demandam é muito grande. Que Deus nos abençoe em 2019, que melhores dias venham, conforme a Palavra – “Que o Senhor [nos] abençoe e guarde; o Senhor sobre [nós] levante o rosto; O Senhor tenha misericórdia de [nós] e [nos] dê a Paz (paráfrase de Números 6:24-26).