Gratidão

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Photo by Simon Maage on Unsplash

Ser grato é uma atitude que evidencia inteligência. A gratidão envolve a capacidade de perceber o benefício recebido, coisa de gente que tem a habilidade e capacidade de compreender a sua própria realidade e a melhora da condição que foi proporcionada pela ação do outro. Assim, a gratidão só pode ser exercida por aquele que pensa.

Além disso, ser grato é mais funcional, pois reforça o bem que foi feito a nosso favor. Entenda, uma pessoa que teve a sua atitude valorizada e reconhecida, se sentirá cada vez mais predisposto a fazer o bem pra aquele que o reconhece e valoriza. Desta forma, a gratidão se mostra como uma resposta que faz a manutenção de algo desejável.

Mostrar-se grato também ensina. Quando somos expostos às situações e manifestamos gratidão, possibilitamos um exemplo que poderá servir para o aprendizado do outro. E quando assim o fazemos, plantamos uma melhora no mundo, mostramos ao próximo que ele pode mudar.

Por essas e outras, prefiro ser uma pessoa agradecida a ser um arrogante ingrato.

Em tempo, pense sobre algum benefício recebido que esqueceu de agradecer. Vá ao encontro desta pessoa e mostre a ela sua gratidão.

O templo, a pandemia e o homem

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Photo by Andrew Seaman on Unsplash

Jesus ensinou algo muito interessante que o mundo ainda tem dificuldade de entender.

Há um texto nas Escrituras em que Jesus é interpelado por um grupo de religiosos chamados fariseus. Eles se incomodaram porque os discípulos de Jesus, que estavam com fome, começaram a colher espigas num dia de sábado. Para melhor entendermos o contexto, o Sábado era o dia de descanso do povo, nada de trabalho ou esforço deveria ser realizado nele. Sobre o sábado estava instituída a vida religiosa do povo judeu e a rotina do templo. Ao redor do templo, se organizava a economia e a política. Ou seja, o sábado era a instituição mais importante de Israel.

Porém, em resposta aos fariseus, Jesus relembra um episódio importante da vida da nação no qual Davi e os que o acompanhavam, estando com fome, adentraram ao templo, tomaram os pães da proposição e os comeram. Logo após fazer o relato afirma aos fariseus: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.

Quero parar rapidamente pra pensar sobre esta afirmação de Cristo. Pois as instituições, a economia, a política, a religião foram feitas por causa das pessoas e não as pessoas foram feitas para serem uma simples e descartável engrenagem no intuito de fazer com que as macro-estruturas funcionem. O homem é a razão da existência da vida social. O indivíduo deve ser o objeto para os sentimentos e o cuidado. O bem do ser humano precisa ser o motivo por trás de toda e qualquer iniciativa, zelo ou ação social. Assim, a economia deve servir ao homem, a religião deve ser direcionada para o cuidado do indivíduo, a política precisa negociar para o bem-estar de todos. Desta forma: a economia foi feita por causa do homem e não o homem foi feito por causa da economia; a religião foi feita por causa do homem e não o homem por causa da religião; a política foi feita por causa do homem e não o homem foi feito por causa da política! Se assim não pensarmos, penaremos sob a rígida e fria égide dos números, das normas impensadas, das estruturas gélidas que buscam se alimentar do esforço humano para a sua perpétua manutenção.

Pense se você neste momento é capaz de perceber, como afirmou Jesus, que o ser humano deve ser a razão e o foco de todos os nossos melhores investimentos e cuidado. Se você pensa assim, você pensa como um cristão.

Oração em tempos de crise

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Photo by Jack Sharp on Unsplash

Normalmente, em momentos de crise e sofrimento, as pessoas são convocadas a orar e a clamar a Deus por libertação. São marcadas vigílias de oração nas quais o clamor para uma solução é direcionado aos céus na esperança de que os anjos tragam a resposta de Deus. Nada de errado com a atitude, todavia deveríamos parar pra pensar um pouco sobre a efetividade da oração.

Muitas vezes, nós mesmos deveríamos ser a resposta de Deus à elas. Mas como, poderia você me perguntar? E eu lhe digo: Na mudança de nossas ações em relação ao próximo, agindo como a mão de Deus para suprir o necessitado; compartilhando o que temos com aquele que padece; sendo um ouvido paciente e compreensivo frente àquele que sofre; cuidando de nossos familiares com carinho; levantando a voz contra a injustiça social e expondo o nosso peito à baioneta pra salvar as viúvas, os órfãos, idosos e incapazes.

As Escrituras falam de maneira clara que não adianta nada dizer ao necessitado para ir em paz, para se aquecer no frio e se alimentar adequadamente, se não lhe damos o necessário para o seu corpo. Isso é conversa fiada e uma oração inoperante (Tiago 2:16 se você quiser conferir). Observe, que não estou falando contra a prática da oração, pois sei inclusive que ela é fator de saúde para o corpo. Falo estas palavras para afirmar que a sua prática precisa trazer em si o fator consciência. Porque para fazer uma oração sincera, os meus olhos não podem estar fechados para a realidade pela qual clamo e as minhas mãos não devem estar encolhidas e reclusas em meu egoísmo.

Cristianismo e Socialismo que dão certo

Existe uma história (verídica no meu entender) de que socialismo não dá certo em lugar algum do mundo. Até agora é o que temos visto. Virtualmente todos os experimentos comunistas e socialistas trazem pobreza e escravização de seus povos.

A argumentação comumente usada é de que o “verdadeiro socialismo” nunca foi de fato implementado no mundo, e que o “próximo” experimento sim, dará certo. Tá ‘serto’… Dia desses fui inquirido por que, na minha condição de “cristão fervoroso” (título de que me orgulho e quero ver cada vez mais tornado verdade), não achava que o cristianismo tinha admirável semelhança de resultados com o “socialismo” que na prática nunca fazia nada certo. Para isso, os detratores invocam situações de praxe, como as cruzadas, as guerras constantes entre reinos e estados cristãos, defesa de posições difíceis como pena de morte, porte de armas, etc.

Toda questão difícil tem sempre uma resposta fácil, e invariavelmente errada, como dizia H.L. Mencken. Não quero ser mais um a dar uma resposta simplista a uma questão que é, em sua natureza, difícil, portanto aguentem um pouco mais da minha má prosa.

1 – Proposição A – O Socialismo/Comunismo nunca deram certo em lugar algum do planeta – Este é um fato observável, sendo a óbvia mais recente constatação a Venezuela, passando por baluartes como Cuba e Coréia do Norte. Ainda estamos para constatar um país que estatizou os meios de produção, entregou a gestão das fábricas aos sovietes, planejou centralmente sua economia e ao final não colheu fome, morte, destruição da infraestrutura e tirania.

2 – Contra Argumentação A – Países escandinavos são “socialistas” e deram certo – Esta é uma inverdade das mais propaladas do mercado. Os anos de 50 a 90 viram o crescimento da qualidade de vida na Escandinávia virar motivo de inveja do mundo todo. Como sempre (e como até aqui no Brasil, de 2002 em diante), a prosperidade deu lugar ao populismo estatal, que erodiu boa parte da base da riqueza desses países, agora sendo reconstruída à força, a despeito do “encastelamento” dos mimizentos em posições de poder.

3 – Contra Proposição B – O cristianismo (e as fés, de forma geral) promovem a discriminação, o abismo e as injustiças sociais, e a fé cristã em particular é uma fé que promove a violência.

4 – Argumentação B – Argumentos, como os sempre apresentados pelo mundo muçulmano contra as Cruzadas, como instrumento de opressão, não encontram respaldo na história séria, não ideologizada. Cruzadas foram guerras de contra-ofensiva, em relação ao “arrastão” que estava sendo promovido pelos povos muçulmanos na Europa, da qual chegaram a abocanhar grandes nacos (Áustria, Hungria, e sul da Espanha, são os exemplos mais fragrantes). Cruzadas podem até não serem justificadas – como creio que não o são – como “libertação da terra santa”, uma bobagem em que ninguém nunca acreditou depois de 1221. Daí a entender essas mobilizações como puro e infundado ataque, vai uma bela diferença. A Europa foi atacada primeiro. O cristianismo sempre foi, desde muito cedo, a fé dos párias, dos escravos, dos pobres, e depois, a fé dos conventos, das santas casas, das missões, da assistência social (não à toa chamamos de “Cruz” Vermelha a grande organização humanitária que temos até hoje). Contrariamente a isso, outras fés sim, foram baseadas em “conversão ou morte”, num grau de intolerância incomparável. Obvio que episódios como a Inquisição Espanhola maculam a imagem do cristianismo como um todo (como evangélico não me sinto atingido por isso, mas entendo que os católicos sim). Mesmo assim, calcula-se hoje que pouco mais de 2 mil pessoas num espaço de mais de 100 anos tenham sido mortos por Tomás de Torquemada & Cia.

5 – Proposição C – O socialismo é mais tolerante e mais inclusivo do que o capitalismo. O capitalismo aprofunda o abismo entre as classes e pessoas.

6 – Contra-Proposição C – Aqui, uma confissão de que algo acima está ok – o socialismo e o comunismo realmente diminuem o abismo entre pobres e ricos. Tende a tornar todo mundo pobre – o Índice de Gini mais bacana da América do Sul hoje deve ser o da Venezuela, com (ex) ricos e pobres igualmente na miséria. O fato é que enxergo um verdadeiro socialismo no mercado de capitais – bolsa de valores. Os países do 1o. mundo, principalmente os EUA, têm uma grande quantidade de empresas listadas em bolsa (o termo lá é “public companies“, o que não significa “públicas” (estatais) como aqui, mas “detida pelo público”, e “to go public” significa abrir o capital, democratiza-lo). Como os juros são corretamente baixos – para fomentar a produção e inibir o “rentismo“, a poupança da população vai para fundos de pensão privados ou públicos – e de lá para o mercado de capitais, ou diretamente para este, de forma que em alguns casos a única certeza de receita, após uma certa idade, já na aposentadoria, vem dos dividendos trimestrais de boas empresas, pagadoras de dividendos. Daí a pressão por resultados nessas empresas, o que dá origem às reclamações sobre a “ganância” de algumas delas. O fato é que as “viúvas de Taubaté”, na versão americana, inglesa ou alemã, é que são a verdadeira fonte de pressão por resultados. Em síntese, lucro não é crime, mas se torna o rendimento de toda uma população, mais velha ou nem tanto.

Que meleca, alguns dirão. Misturar a contraposição entre cristianismo e outras religiões com capitalismo X comunismo/socialismo. Verdade. Mas a tentativa aqui é de demonstrar como aparências (e uma boa dose de ideologia, mídia contrária e políticos populistas e aproveitadores) podem transformar em “verdades reveladas” contrassensos incríveis.

Tem mais – mas pra outra ocasião – a falácia da “ciência” por trás da Teoria da Evolução versus o chamado “Design Inteligente”, tido como aberração acadêmica. E como somos levados a aceitar como dogma algo sem qualquer fundamento científico verdadeiro, a despeito de apoio de quase todo o mundo acadêmico.

Que 2019 chegue logo!

Os anos que passaram foram dramáticos, tanto do ponto de vista pessoal/familiar, profissional e, como para todo país, um caos sob controle frouxo… Governos passados nos deixaram com a impressão de que um “salvador da pátria” está pronto para assumir o país. Não creio. Creio sim em boas vontades, bons princípios e o desejo de melhorar o Brasil, nem que seja um pouco de cada vez, todo dia.

A tristeza de ver um país fora do lugar que sua dimensão e população demandam é muito grande. Que Deus nos abençoe em 2019, que melhores dias venham, conforme a Palavra – “Que o Senhor [nos] abençoe e guarde; o Senhor sobre [nós] levante o rosto; O Senhor tenha misericórdia de [nós] e [nos] dê a Paz (paráfrase de Números 6:24-26).