Criptomoedas e seus fantasmas

O advento do Blockchain e de Criptografias considerada invioláveis possibilitou a possibilidade de emissão de “ativos” que hoje conhecemos popularmente como cripto moedas. Essa começaram lá pelos anos 2009 (BitCoin) e hoje surge uma nova a cada poucos meses. O BitCoin é um caso emblemático, e que fica mais curioso ainda pela quantidade de interesse que despertou e pelo aumento de valor – claro, é um “ativo”, e o nome “moeda” é apenas uma analogia, pela liquidez e manutenção do valor. Poderia se chamar “Cripto-Ouro” na boa e manter o mesmo significado.

Na minha opinião o crescimento do valor do BitCoin tem três marcos importantes: a)as novas regras de transparência para paraísos fiscais (2009, com a França, e depois com a UE, expandindo até as regras hoje existentes, que envolvem até a reticente Suíça),; b)a ascensão da grande corrupção internacional, na Rússia, Venezuela, e no Brasil, como “vice-líder” mundial, com seus petrolões, mensalões, etc; c)o narcotráfico, pressionado pelo rebaixamento dos “muros” dos paraísos fiscais, aqui mencionados.
A subida foi grande, as quedas têm sido vertiginosas, mas estranhamente nada ligado à segurança dos protocolos de criptografia ou à tecnologia BlockChain mesma.

Mas a razão do escrito aqui é outra: tenho a ligeira impressão de que o “piso” de preço das principais cripto moedas vai aumentar, de pouco a pouco, mas sempre gerando um nível basal cada vez mais alto. E a razão pode parecer cômica e prosaica, e peço a quem ler para me ajudar a clarear as ideias, caso eu esteja vendo fantasmas:

  • Cada vez que um traficante morre, corre o risco de levar consigo a senha ou chave de acesso a um caminhão de BitCoins em alguma conta, em lugar incerto e não sabido…
  • Cada guri que é pego com a mão na massa, sequestrando dados na web em troca de BitCoin, corre o risco de perder o acesso ao dinheiro “fabricado”…
  • Cada político corrupto enviado pra cadeia, ou traído pelos comparsas corre o risco de deixar a grana do partido pra lá, em detrimento dos agora inimigos…
  • Cada novo rico chinês fuzilado pelo partido por alguma razão qualquer vai deixar entesourada uma grana preta…

E por aí vai… Dia desses li em algum blog tecnológico uma situação em que alguém recebeu uma senha de sua conta em BitCoin e perdeu, ou esqueceu de onde pôs, bem ao estilo de um episódio antigo do The Big Bang Theory… hilário se não fosse trágico (para o perdedor). Mas o fato é que sem a senha, não há sequer a quem recorrer. Voltamos aos tempos em que o sujeito ganhava um saco de moedas de ouro, enterrava em alguma árvore e se esquecesse, já era – com a diferença de que no caso atual nem a chance de alguém achar e usar existe.

Pois bem… Imaginando que haverá uma quantidade crescente de cripto moedas “perdidas”, e que essas tenham um valor médio, base, de digamos US$ 2,000, mesmo que o mundo acabe e que a confiança de todos nas cripto moedas evapore, a cotação se manterá no mínimo dentro da média ponderada entre o total “perdido” e o total das criptos em circulação, com ou sem algum valor. Ou seja, o tempo se encarregará em que haja uma quantidade crescente e grande de “tesouros de pirata” perdidos em ilhas digitais escondidas e inalcançáveis.

Por Wesley Montechiari Figueira

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