Eu não uso os meus Óculos – a Epistemologia alheia

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Estamos, como sociedade, sob um ataque constante e maciço pela conquista da nossa forma de ver o mundo. Onde antes eu me via no direito de olhar o que se me era apresentado de forma relativamente imparcial e julgar por mim mesmo, está-me sendo retirado pouco a pouco, ou seja – eu não uso mais os meus próprios óculos. Estou vendo o mundo com óculos de terceiros – e isso nunca é bom, diria minha oftalmo.

As sociedades se desenvolveram debaixo de lideranças impostas pela força, por Deus ou qualquer outro “poder concessório”. No Israel antigo e na Grécia Clássica, no entanto, formas de ver o mundo de forma, respectivamente, mais humana e mais lógica começaram a emergir. O mundo romano viu emergir o primeiro arremedo de um sistema legal em que ninguém estava (ou deveria estar) acima da Lei. A baixa idade média viu surgirem as primeiras casas do conhecimento, mosteiros e universidades, repositórios de conhecimento.

A busca pela verdade, doa a quem doer, vai dando forma à ciência, e com ela os métodos que comprovariam, sem sombra de dúvida (em teoria) a “verdade”. Algo comprovado em certo momento era tornado incerto, no momento seguinte, por alguma mente inquieta. A mente inquieta contava, de forma crescente, com outras mentes inquietas e intelectualmente honestas, para julgarem a nova ideia que tentava quebrar o ídolo imbatível da teoria anterior. E assim, aos trancos e barrancos, a verdade científica foi sendo estabelecida e dominando decisões, gerando a tecnologia (aplicação da ciência na vida prática) e tornando melhor a vida das pessoas.

A inevitável espiral de desenvolvimento ultrapassou o “horizonte de eventos” com a 1a. revolução industrial, e de lá pra cá nos deixa embasbacados a cada nova descoberta.

Não parece ser assim ultimamente. Quando deveríamos estar chegando no auge da honestidade científica, no auge da busca por mais e mais conhecimento “raiz”, surge um movimento que, na prática, em muito se assemelha aos autos de fé do passado. Alguns Giordanos Brunos estão sendo queimados, figurativamente, em fogueiras imensas acesas pela “ciência mainstream”, pela academia e levadas à público pela mídia. Voltamos a acreditar em verdades reveladas. Não se contesta mais os principais institutos de pesquisa, não se contesta mais o “avatar” científico da moda. Neil deGrasse Tyson reina soberano na mídia, embora nem tanto no laboratório.

Todo esse papo para dizer que hoje estamos tão reféns da agenda alheia como sempre estivemos nos tempos de Torquemada e tão sujeitos ao pensamento imposto, que não admite divergência, como sofreu injustamente Galileo Galilei. A ideia de mundo “fechada” e exarada de algum local teoricamente dedicado ao Livre Pensar, como o Smithsonian Institute, ou Fundações, criadas por patronos com suas próprias e inevitáveis visões de mundo, como a Heritage Foundation, Ford, entre outras, são disseminadas pela mídia como sendo inatacáveis. Teorias não podem mais ser objeto de sincera investigação e evolução. Alguns exemplos são bem claros, como o mais popular deles, o aquecimento global causado pela ação humana.

Já o poder que “jurou” ser investigativo e imparcial em suas ponderações, tem servido de libelo a favor desse pensamento “mainstream” e contra a simples possibilidade de interpretação diferente de certas coisas. Eu, e muito mais gente, tem tido cada vez mais dificuldade em acreditar na imparcialidade da imprensa. No Brasil, muito mais, pois o interesse econômico de um setor inteiro em crise. Este setor etá colocado contra a parede por veículos mais democráticos (como este Blog) que levam opiniões diversas a ouvidos que antes não conseguiriam ter acesso a elas. Antes, apenas o jornal de grande circulação, no domingo, em uma banca na esquina, era fonte da verdade. Pelo menos era a expressão de certo jornalismo imparcial. Não mais.

Os óculos com que vemos a realidade estão sendo postos no nosso nariz por gente que precisa que determinado comportamento, ou pensamento, seja difundido como verdade:

  • Não posso mais achar que sexo biológico é uma verdade científica. Os óculos alheios me obrigam a acreditar que XX e XY são construções sociais;
  • Não posso mais achar ou estudar a possibilidade de que o mundo esteja aquecendo por conta de outros fatores, que não a influência do ser humano. E isso não significa ser contra a ideia de que há aquecimento global – mas mascara o que realmente deveria e poderia estar sendo feito para não acelerar o problema, desde que com honestidade intelectual;
  • Não posso mais achar que existam alternativas igualmente passíveis de investigação séria à Teoria da Evolução. Sou obrigado a crer e, pior, ensinar conceitos dos quais posso duvidar, sem o direito de questionar o fato de que não existe qualquer prova científica para a maior parte das afirmações de C. Darwin, e buscar, sinceramente, respostas sem ter nenhuma crença prévia me empurrando num ou noutro sentido;
  • Não posso mais investigar se disforia de gênero é escolha ou genética, se é normalidade ou doença. Em síntese, sou obrigado a aceitar sem questionar tudo o que se põe à minha frente em termos de LGBTXPTO$!^&… etc sem ter o direito de me perguntar, e estudar, “o que mais” deve ser perguntado e entendido.

Os exemplos vão longe. De outro lado, sou obrigado a aceitar que há “salvação” fora da liberdade individual, e direitos fundamentais do cidadão. Sou obrigado manter na cara óculos que, de outra forma, me levariam a crer que patriotismo é anátema, direito à vida desde o útero é violação de direitos de mulheres, que família é inútil e precisa ser eliminada da face da terra.

Estou tentando rejeitar esses óculos, venham de onde vierem, e continuar a pensar por mim mesmo. Está cada vez mais difícil…

A desconexão da classe política com seus representados

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Hoje li com espanto uma tentativa do notório presidente da Câmara em incluir um item na PEC (Projeto de Ementa à Constituição) de Redução do Foro Privilegiado, que na prática dá uma condição de cidadãos de primeira classe aos políticos deste país: não poderão mais ser julgados por juízes de primeira instância, mesmo que tenham por exemplo, matado um sujeito, e escapado do flagrante, até onde entendi.

Pior – isto foi incluído justamente na PEC que foi editada em 2017 justamente para limitar foro privilegiado de todo mundo, incluindo judiciário, e deixando dentro desta condição apenas 5 funções no país (Presidente, Vice Presidente, Presidentes da Câmara, Senado e STF) – clamor da população nas ruas. Todo o espectro político parece favorecer essa aberração, com exceção do Partido Novo e Podemos. A autoproteção não tem ideologia. Nem a tem o fisiologismo e corrupção.

Não sabemos até quando a população vai aturar isso, e, principalmente, o “poder moderador” das Forças Armadas. Esperamos que se controlem, mas o fato é que estamos chegando a um grau de desfaçatez que faria Severino Cavalcanti, no auge de seus múltiplos prêmios lotéricos, corar de vergonha… A desconexão da classe política é mascarada por pesquisas altamente suspeitas de Ibope e Datafolha, que douram a pílula desavergonhadamente, como se fôssemos todos idiotas. Chamam de ciência a arte de escolher perguntas, obter respostas “adequadas” aos seus propósitos, empacotar e enfiar goela abaixo da população. E vamos por aqui, vendo esses senhores fazendo leis específicas para se auto proteger, sendo protegidos por uma imprensa sedenta de verbas do governo, que lhes estão sendo negadas (as razões, se válidas ou não, podem até serem discutidas, mas não a objetividade jornalística).

O presidente da república, a quem (ainda) atribuo boa vontade e integridade, está refém dos maus-feitos dos filhos, com ou sem seu conhecimento. Não dá para julgar e certamente a questão “E o Queiróz?” tem sempre por trás um oposicionista fazendo o que sabe de melhor – mostrar o cisco no olho do próximo, esquecendo a trave no seu próprio. Mas o fato, triste, é que Bolsonaro recuou no discurso do doa-a-quem-doer, depois que (parece óbvio) ver o filho envolvido com coisas não republicanas, ou pelo menos difíceis de explicar. A tentativa de varrer a coisa para debaixo do tapete já passa pela aceitação de um notório inepto e de viés ideológico oposto, como o presidente do STF, até a convivência em termos razoáveis com figuras como os presidentes da Câmara e do Senado, cujo poder de pautar ou não determinadas coisas faz inveja a ditadores – na prática o país vê apreciados tão somente o que essas duas figuras balofas de corpo e alma querem. Um poder indevido, ilimitado, que precisa urgentemente ser revogado.

Estamos com uma mídia parcialmente em guerra com o governo, uma situação de caixa aflitiva, uma classe política disposta a tudo para se proteger, e uma população que vê, talvez a melhor chance de quebrar os grilhões do atraso desde 1500 ir pelo ralo porque gente mesquinha, menor, burra, nos roubar o futuro em troca do atraso para si e seus descendentes.

Político não deve ter filho, neto, parente, amigo, nada. Se tivesse, e se tivesse um pingo que seja de amor por este chão querido, votariam uma que outra vez, pelo menos, de olho na grandeza da nação.

Que Deus nos abençoe, e mude o coração, ou mande o Inimigo carregar consigo todas essas figuras que nos assombram.

A escolha do que repercutir

Do The Economist, para o Estadão

Lemos nos grandes jornais brasileiros opiniões de “grandes jornalistas” do mundo, como Gilles Lapouge e as posições do The Economist, no Estadão. Essas opiniões nos alimentam com o que achamos serem as “visões predominantes” ou jornalísticas, de ícones da imprensa mundial, sejam pessoas físicas ou jurídicas, e como sendo a repercussão interna de posições muito bem solidificadas externamente.

Isso faz o leitor médio, como eu, presa de uma visão que, na prática, é escolhida nas redações nacionais, as quais fazem coro com uma visão empresarial que segue uma linha estratégica que os coloque na melhor situação possível frente ao mercado (em geral, ou o “mercado consumidor” daquele “produto editorial” específico). É uma posição de fragilidade que eu e você vivemos todos os dias.

O fim do mundo pode ser o resultado de uma visão alarmista de alguém com uma agenda oculta no bolso do colete, ou uma bobagem qualquer nos ser vendida como uma heresia, brasileira ou mundial. Assim temos visto figuras histriônicas, como Trump e Bolsonaro, serem execrados na mídia mundial sem dó nem piedade, independentemente de suas ações concretas.

Claro que os ogros em questão fazem muito para ajudar a criar o caldo ideal para as ideias a serem vendidas. Tanto Trump, de lá, como Bolsonaro, de cá, são (em menor ou maior grau) boquirrotos que não medem consequencias ao falar. Trump com um tantinho a mais de verniz que o nosso presidente, mas nem tanto.

A eles hoje se somam Boris Johnson, com muito mais verniz, cultura e desenvoltura, mas com o mesmo “vício de origem” odiado pela imprensa ocidental atual: não coadunar com a visão da agenda progressista internacional, principalmente aquela exarada da esquerda mundial, recentemente vencedora no embate político interna corporis do Partido Democrata americano (que nunca havia sido “esquerda” em suas décadas e décadas de história). Boris, o descabelado, faz coro com um sujeito que exalta ditaduras e chama a mulher dos outros de feia, e com o Ogro Alaranjado que cria caso com a China…

Como se esses ogros não estivessem, de fato, combatendo uma corrente de pensamento de fato má para a humanidade. Conservador nos costumes e liberal na economia que sou, obviamente não poderia me largar do meu apreço a Friedrick Hayek, Ayn Rand e Meg Tatcher por conta de uma avassaladora pressão sobre a minha cabeça, na forma de artigos “bem informados” que leio todos os dias, quando dá tempo. Mas os ogros estão, de fato – e a despeito dos seus inúmeros defeitos e más formações – combatendo um bom combate, na minha visão pessoal, contra a desintegração de um mundo frágil e que precisa desesperadamente alimentar, vestir e educar mais de 7 bilhões de pessoas.

Ou é isso, ou voltemos a Malthus e esperemos a mortandade chegar, como chegou com a Peste Negra na Europa medieval, e de fato, acabou criando espaço para a liberdade e o crescimento do “zé povinho”, que se libertou de amarras milenares que o prendiam à terra e passou a comerciar, viver em cidades e não ser vassalo de suserano algum. Mas quem de nós é capaz de, podendo, evitar a nova Peste Negra?

Essa nova Peste Malthusiana pode assumir formatos os mais diversos, desde a opção por modelos de agricultura orgânica, mas (ainda) não eficientes o suficiente, ou a liberação de drogas, ou a troca da liberdade individual pelo controle do Estado, ou ainda a desintegração da família como a conhecendo, ou alguma das dezenas de formas de massacre que temos visto (ações contra a vacinação, campanhas pró-aborto, etc). Ou o que é ainda pior – tudo isso junto e misturado, somado a um descontrole total sobre a imigração, que poderá acabar com os estados não-falidos do mundo.

Malthus vencerá? Ou seremos capazes de, com inteligência e desprendimento pessoal, fazermos as escolhas difíceis sobre aquelas populares? Como não enfrentar a China agora? Como não conter o avanço cultural, travestido de econômico, de um país cujo respeito a patentes e à concorrências não são nem “pra inglês ver” (como se pode ver agora com Hong Kong, no massacre perpetrado contra sua população em desrespeito ao acordo com a Grã Bretanha, de “um país, dois sistemas”)?

Enfim, tudo, ou quase tudo, nos empurra em direção a decisões e visões que no fundo são absolutamente distintas daquilo que realmente pensamos para nossas vidas cotidianas e nosso estilo de vida, em última análise.

É hora de refletir sobre evitar respostas fáceis para problemas difíceis.

Claro, que os ogros no poder poderiam ajudar, e não apenas fazer coisas boas, mas dizer coisas não apenas honestas, mas igualmente boas, amáveis e construtivas…

Bolsonaro, Moro, e o tiro na cabeça

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Bolsonaro, incrivelmente, e contra tudo o que falou, tenta se livrar de Sérgio Moro, aparentemente como quem se livra de uma mosca que lhe perturba. Entendo que ele não se dá conta do que está prestes a fazer. Votei em Bolsonaro e a ele empresto credibilidade por conta: a)do que já fez em termos econômicos e de reformas importantes; b)do seu manifesto desejo de manter o combate à corrupção e; c)principalmente, pela alternativa – ou a falta dela (Haddad era Lulla, afinal de contas). Não votei nele no primeiro turno, pois como afiliado do Partido Novo, Amoedo foi minha primeira escolha.

Bolsonaro acaba de dizer que Moro “não esteve comigo na campanha”. Não sei como poderia. Moro era juiz federal e como tal, não se meteria na mesma, mesmo que pudesse. Moro estava lá, quieto na sua função. Bolsonaro vai até ele e o convida, não o contrário. Entendo que por patriotismo e por crer que Bolsonaro realmente queria o melhor para a nação e para a Lava Jato, aceita. Agora sofre, sem razão alguma, um desgaste que precederá uma queda que não será de Moro. Mas do próprio Bolsonaro.

Não quero nem pensar no resultado disso, mas antevejo em mim, a mesma coisa que antevejo em todos os meus amigos que veem na Lava Jato a redenção de uma nação oprimida pelos crimes de colarinho branco – uma debandada geral do apoio ao “mito”. Eu me prometo não ser “crítico pela crítica” de Bolsonaro, caso ele cometa o ato vexatório de ouvir aos filhos e livrar um deles de uma situação embaraçosa às custas de um ministro capaz e honesto. Creia-me, Bolsonaro, você perderá não um, mas milhões de votos, ao levar tão levianamente o desejo de toda uma nação. Você terá conseguido o que Dilma, Lula e Temer não conseguiram – livrar-se de Moro.

Mas tenha certeza, que dará um certeiro tiro de sniper na própria testa, bem entre os olhos. Não se iluda. Você está conseguindo transformar boa vontade de uma parcela importante da população em inimigos, se perseverar em adular os pimpolhos em detrimento da nação.

Tenha juízo, não seja burro. Se teu filho tiver que ir pra cadeia, que vá – falo isso como pai, e sei que se um filho meu cometer um ato desses, eu mesmo o levo na delegacia. Tenha bom senso, ouça a Deus, a sua companheira, que parece sensata.

Isso está se somando a um monte de coisas ruins, plenamente evitáveis, e que começam a corroer até apoios mais ferozes na mídia. Pegar Merval Pereira pra Judas, ora, tenha bom senso! Merval ainda é uma das poucas vozes equilibradas na TV! Bater em todos os coligados e afetos? Por que? Eu realmente creio que se o padrão se mantém, veremos em breve que a facada pode ter tido efeitos mais duradouros do que imaginamos.

Deus acima de todos – inclusive do presidente!

O estofo moral de Bolsonaro

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará – João 8:32

Para mim pessoalmente o teste moral de Bolsonaro começa agora, com o possível veto ao projeto de lei de abuso de autoridade. Antes disso, nada houve que o tenho levado à necessidade de uma “escolha de Sofia” tão clara.

Li outro dia, creio que na coluna do J.R. Guzzo, que vetar o projeto integralmente seria o mais correto, pois que sem isso o presidente estaria sinalizando ao Congresso que aceitou a chantagem. E essa chantagem é fundamentalmente contra seu filho no tal caso do Queiroz, habilmente pinçado pelo PT e arrebaldes, para coloca-lo numa situação complicada. Aqui especificamente, a culpa ou não do Zero-sei-lá-o-que não importa. Importa a percepção de que o presidente teria agido contra os interesses da nação, que no final das contas o elegeu, em detrimento da “moral” (ou falta dela) do filho.

Cheira muito mal o fato de o filhote do presidente ter ido à Suprema Corte deste país para pedir “pinico” sobre a investigação, e que no frigir dos ovos essa atitude tenha colocado TODO o processo de combate à corrupção em xeque. Ora, culpado ou não, totalmente ou parcialmente culpado, encobrindo Queiroz ou não, o fato é que a atitude do filho do presidente, ele mesmo um parlamentar que deveria agir de forma absolutamente lisa, dada sua posição privilegiada na República, não deveria e não poderia ter feito o que fez.

Claro que sabemos que o PT e os ditos “puxadinhos” agiriam politicamente contra ele com força e vigor dos desesperados. “Olha, o filho do Bolsonaro é igual a nós, então o Bolsonaro também é”… Taí a GRANDE chance do presidente ao mesmo tempo deixar clara sua postura imparcial (o filho que pague pelo que fez ou seja absolvido se não fez), e ainda mandar um super recado à população – não mexam com a verdade, porque ela vos libertará (João 8:23).

Afinal, a verdade realmente liberta, a começar pela necessidade de mentir e mentir para encobrir a mentira. Liberta das garras do Nhonho do Congresso, e do gordinho do Amapá, cheio de si; liberta do Gilmar Mendes, o tosco servo do erro que existe impávido no STF. Liberta e garante, tenho certeza, a eleição de 2022 – pelo menos pra mim, SE e SOMENTE SE, aceitar a briga, mesmo em detrimento do pimpolho, por uma nação que tanto clama por justiça.

Creio que Bolsonaro pode fazer a escolha certa, e mandar uma derradeira lição de vida ao filho. Creio que posso ter o prazer de dizer que não votei em vão em 2018, ainda. Mas certamente NÃO pretendo fazer de Bolsonaro o meu “Lula” particular, e defende-lo a despeito do que faça.

E viva a Laja-Jato, que no fundo é o que está funcionando neste país!

Só se pode chorar por ti, Argentina…

Em seu programa de ontem na GloboNews, o excelente Ariel Palacios nos apresentou uma Argentina pré-eleições que ele, argentino, de esposa brasileira, conhecedor dos dois lados da fronteira entre los hermanos, sabe como ninguém mostrar. O espanhol porteño sem sotaque dá uma boa facilitada nas entrevistas, com os porteños se abrindo mais a um deles do que a um de nós (pela necessidade de mostrar a superioridade que eles têm, ou desejam ter, sobre nós).

O programa define com precisão o Peronismo, ou seja, um “movimento” sem cor ideológica clara, pendente para a ideologia do chefe ou mandante de plantão. Pendeu para o pragmatismo de mercado de Menem, anos atrás; pendeu depois para o estilo esquerdista “Cámpora”, à lá Dilma, destruidor, burro e cego, que acabou com o país, tendo, após isso, impedido que Macri o reabilitasse, ainda que parcialmente, através de uma onda de oposição aos mais elementares projetos de mudança, estilo Paulo Guedes. Macri fez o que pode, reduziu a taxa de aproximação do abismo, mas não conseguiu o intento de crescer – até porque, do lado de cá havia, durante a maior parte do mandato, gente que lhe fazia oposição não velada, ou simplesmente não tinha força política para ajudar em nada.

Passei parte da juventude “morando” (melhor, indo e voltando com frequencia grande) em Buenos Aires. Aprendi a conhecer um povo bastante culto e elegante. Sou fã dos argentinos e como todo brasileiro, escondo isso debaixo de um tapete verde-amarelo. Mas o fato é que cultura e elegância não são suficientes, quando se trata de uma herança Peronista tão forte que faz com que o país sofra de uma espécie de disforia intelectual – sabem (ou devem saber) que o que Macri fez é o que se deveria ter feito, quando conseguiu.

O Partido Justicialista (peronista) seria uma mescla de MDB com PT, tendo em Perón seu Lula, e no MDB seu apego total e absoluto ao poder, não importa quem tenha que cooptar para manter-se lá. Imaginemos um partido que tem a firmeza ideológica do MDB com uma figura central que é quase um “deus”, em Perón. Está dado o caldo de cultura para um atraso que não vai ser curado sem muita dor.

Talvez a maior diferença entre a Argentina e o Brasil é que nunca los hermanos chegaram a ter um caos econômico das proporções que enfrentamos, pelo longo tempo que enfrentamos. A frase do dia, do candidato à presidencia peronista, Fernandez, ex-assecla de Nestor Kirchner, de que o Peronismo “conserta os problemas causados pelos outros” é de um nível de demagogia brutal, comparável somente às piores diarreias verbais de Lula ou Gleisi Hoffmann.

É difícil entender como um povo tão culto, com índices de escolaridade semelhantes aos do primeiro mundo, não consiga se dar conta de há quanto tempo estão sendo governados por seus próprios “ícones mortos”, substituídos a cada eleição pelos piores elementos que o país pode produzir.

A gestão de Cristina Kirchner em tudo se assemelhou, à exceção do impeachment, que nos livrou do “menu completo” de repressão, aparelhamento e destruição do estado. Eles não tiveram, também, uma lava jato pra chamar de sua, e os donos do poder puderam matar, suprimir e ficar impunes. Bom, neste aspecto ainda nos falta prender os assassinos de Celso Daniel e Toninho do PT, e da “entourage”, que poderia abrir o bico. Isso não conseguimos ainda, mas uma hora dessas a PF esbarra com algum documento que nos permitirá, como sociedade, abrir uma “Comissão da Verdade Verdadeira” e mandar alguns (que ainda não estejam presos) pra cadeia.

Estamos, queiramos ou não, atrelados à Argentina, pela parceria e proximidade, pelas antigas relações comerciais. Não imagino como Bolsonaro vá conseguir se relacionar com Cristina, que será a “presidenta” de fato (pelo menos lá o “a” final está correto, gramaticalmente). Esse cara, ogro como é, vai nos dar alguns motivos de risadas, quando se defrontar como o que podemos só esperar de Cristina – atitudes Dilmescas à toro e à direito, atrasando o país dela, e arrastando parte do nosso junto. Deus nos livre!

Piscina de Melado

Eu apoio…

Eu tinha um sonho (pesadelo) recorrente: eu tentava nadar para chegar à margem de uma imensa piscina e não conseguia. Minha impressão é a de que a tal piscina não continha água, mas melado ou algo viscoso, que me impedia o progresso. Dava uma imensa agonia sentir o cansaço e a dificuldade de nadar alguns poucos centímetros.

Essa sensação me invade neste país maluco, em que vivemos em meio a um “melado” cultural, um Orwelliano “duplipensar” e uma novilíngua que nos ataca todos os dias. É um embate cultural duro de vencer, e que não tem nada a ver com o atual presidente ou suas coisas de ogro, seus assessores e seus Queirozes. Trata-se de uma guerra cultural mais profunda.

Fatos e Versões

Não é só o nome do programa, mas o conteúdo que mete medo. “Existe um jeito de fazer a história, e existe um jeito de contar a história”, pontifica Betinho na repetitiva e entediante propaganda do canal de TV a cabo. Ora, estamos vivendo isso hoje. Diante de nossos olhos vemos gente “contar” a história do jeito que lhes apetece, em total desrespeito à realidade. É um país cuja elite cultural e acadêmica jogou pela janela toda e qualquer busca pela verdade, e submergiu na sua decisão consciente, creio, de “contar a história”. A frase em si é de um “quase santo” das esquerdas, e denota uma clara disposição moral e intelectual – recontar, re-dizer, desdizer, duplipensar.

Programa após programa de TV, cabo ou aberta, blogs, vlogs, tudo, enfim, que está levando a população a “reinterpretar” o que viu, ouviu e participou recentemente. Os milhões na rua, o ridículo de ter uma presidente que não liga lé com cré, as centenas de provas esfregadas na cara de todos, da culpa irremediável e absoluta de um ex-presidente que escolheu acabar com a biografia em função de um projeto de poder total. Enfim, estamos sendo alvo de algo que talvez só tenha tido paralelo nas campanhas de Goebbels entre 1933 e 1944. É um massacre, e um que não vem dando muito certo, graças a Deus Pai, junto à população, a despeito do poder das forças alinhadas para isso, a academia, a imprensa, as corporações de funcionários públicos, ONGs, etc.

Em tempo, a frase do Betinho, para quem realmente quer analisá-la com cuidado, não significa absolutamente nada fora do contexto Gramsciano.

Independentemente do Presidente

Não estou aqui para defender este ou aquele cara no poder. Não votei nele no primeiro turno. Votei no segundo, por uma convicção – o cara é muito, mas muito mais bem intencionado do que qualquer das alternativas que eu via naquela eleição. Votei conscientemente. Não voto útil, mas realmente acreditando que era uma escolha razoável. Não me arrependo. O que vejo, fora da cortina de fumaça pesada e mal cheirosa que paira no ar, é bom. São boas reformas, são bons números são excelentes intenções. A economia vai se recuperando, e o país vai bombar, se Deus quiser, a despeito deste ou aquele Queiroz, este ou aquele embaixador-filho, este ou aquele arroubo de bobagem dita ao calor dos microfones provocativos.

Eu me pauto pela realidade. Até porque, durante a era Lula, vimos um “craque” (como definiu um querido amigo, ora presidente de uma grande estatal paranaense) nos encher de “meta-fatos”, “meta-verdades”, que funcionaram muito bem aos olhos de uma população vivendo uma prosperidade que no fundo, o próprio “prisidenti” não tinha ideia clara de onde vinha (nem seus ministros da área financeira). O efeito commodities, o efeito pré-sal e as reservas internacionais criaram uma situação na qual só acordamos quando o caixa do governo tinha sido total e inapelavelmente surrupiado, em temerosas transações envolvendo um sem-número de concursos públicos, e na compra da subserviência do congresso e dos meios de comunicação, uma vez que a cátedra já estava domesticada há anos.

Assim, independentemente do presidente, creio que o Brasil precisa ser maior do que os “petty issues” que envolvem uma esquerda cujo poder está nos estertores, mas não vai largar o osso tão fácil

A liberdade à vista

Nos encontramos perto de uma espiral positiva economicamente. Se a máxima “it`s the economy, stupid” continuar valendo, pode ser que a força de criação de factóides ridículos decaia um pouco e nos permita como sociedade, um respiro. Duvido muito, pela capacidade de criação de “realidades paralelas” e pela admirável disciplina da esquerda em cumprir à risca um papel, cada um na sua, mas coordenadamente, para o bem da “causa”.

Vamos, creio firmemente, passar pelo vale da sombra da morte, e emergir do outro lado com o dólar a 3,60, a bolsa a mais de 120 mil pontos, a economia crescendo sólidos 3.5% a 4% ao ano, e a dívida pública em queda relativa ao PIB. Não vai ser fácil, mas a receita, de tão óbvia, parece ridícula – não interfira, não atrapalhe, lassez-faire… e principalmente, laisser-passer – deixe que a caravana passe com seus milhões de membros, ansiosos pelo futuro.

Lava Jato

Por fim, temos a batalha contra a Lava Jato. Essa sim, por envolver gente tão graúda que não temos como nos livrar deles democraticamente, no curto prazo, sem rupturas. Não será fácil mandar um Gilmar Mendes, um Tóffoli, um Alcolumbre, ou um Maia para a obscuridade de onde nunca deveria ter emergido. É muita gente e muitos interesses pesados. Ninguém quer (bom, eu não quero) ruptura institucional, portanto o caminho é o de continuar a pressionar as “otoridades” com fatos inescapáveis e muita pressão popular, para que, quem sabe, eles decidam se mudar pra Portugal, pra tomar conta de seus negócios, ou se aposentar prematuramente, e escrever um livro de memórias, sabse-se lá a preferência de cada um, desde que não permaneçam no poder, e na TV, exercendo seu poder de tentar mudar a realidade e moldá-la a sua imagem e semelhança.

Torço e oro por Deltan, por Moro, por Pozzobom, por Bretas, por Wallisney, em suma pelos poucos e abnegados que colocaram suas cabeças a prêmio por um futuro melhor pra todos nós, e que, aos olhos de boa parcela da população, tudo fizeram de “errado”. Que os magistrados que chamam a Lava Jato de “orcrim” possam engolir suas palavras em público, diante de uma multidão enfurecida (mas pacífica) que clame por sua deportação.

Deus tenha piedade do país. A piscina de melado do meu pesadelo continua lá… que Deus liquefaça essa bagaça…

Comissão da Verdade

Comissão… Verdade…

O rebu agora é sobre a fala despropositada e fora de lugar do presidente da Republica, que na minha opinião ofendeu um sujeito que o tinha ofendido (e à nação). É uma questão particular entre um cara que vê no presidente a encarnação do mal que levou seu pai, a ditadura, e a postura de um presidente que de certa forma vê esquerdismo em tudo (e cá entre nós, com boa dose de razão, devido à quantidade de “minas terrestres” espalhadas pelo PT na gestão pública em mais de uma década).

A Lei de Anistia foi um remédio duro imposto à sociedade brasileira para os casos de violência de parte a parte. Com uma quantidade de vítimas relativamente pequena, em relação a outras ditaduras do continente – no meu tempo de moleque falavam em milhares de desaparecidos e mortos, hoje temos menos de 500, confirmadamente, e só de opositores, sem contar os mortos pela guerrilha – fazer um “borrão e conta nova” fazia, e ainda faz na minha opinião, todo o sentido. Excessos típicos de uma era de extremos, uma briga entre dois impérios, um mundo dividido por cortinas de ferro, bambu, etc, tinham que ser esquecidos, se fôssemos realmente seguir adiante sem tanto rancor.

Foi o que fizemos, como sociedade. O que era para ficar enterrado, no entanto, foi exumado e colocado em praça pública, exalando seu odor putrefato. A razão aparente foi “a verdade”. Como e o que se fez? Um governo de viés tão ideológico como o atual, mas com sinal trocado, reabre o processo de investigação dos “arquivos da ditadura”. Está sendo chamada hoje de “comissão de estado”.

Não entendo o termo. Não sei por que seria de estado. Ser “de estado”, até onde entendo, refere-se a ser composta de forma independente, representativa da sociedade, com objetivos que não findam, mas são uma necessidade permanente da sociedade. A única analogia que vejo são as “carreiras de estado”, como a diplomacia, forças armadas, entre outras poucas que são de natureza permanente e que servem ao estado, independentemente do sujeito(a) que ocupe as principais cadeiras dos poderes da república. Não vejo nada disso aí nesta Comissão.

A visão que tive, lá atrás, quando foi estabelecida, foi a de que era uma forma de revanche e desmoralização pública do regime militar. Depois, quando vi sua composição, de certa forma confirmei essa visão. Depois mudei de opinião – hoje creio que houve sim um viés de “verdade” na história, de encontrar responsáveis, à lá “Madres de la Plaza de Mayo” na Argentina. Mas o que mais essa comissão gerou foi gente pra receber grana do governo, de forma perpétua, por afrontas, reais ou imaginárias.

Hoje o presidente mudou a composição da tal comissão que, de novo, creio que existe ao arrepio de uma Lei de Anistia que valeu para os dois lados. Mas mudou, e como disse o ogro de plantão, “porque sou de direita, e fim de papo”. O fato é que o presidente nunca pensou diferente nem nunca externou nada diferente disso. Sempre foi contra, sempre enfatizou as guerrilhas como parte de uma guerra declarada contra o Estado brasileiro. Não dá pra chamar o cara de incongruente. Ele mantém sua posição, a despeito das repercussões. E isso é demonstração de coragem. Sem dúvida… pouca sabedoria, mas coragem.

The Economist pesquisa antes de falar?

https://www.infomoney.com.br/mercados/politica/noticia/8590827/bolsonaro-esta-quebrando-sua-principal-promessa-de-campanha-diz-the-economist

Com surpresa vejo hoje no www.infomoney.com.br uma matéria fazendo menção ao The Economist, dizendo que “Bolsonaro está quebrando sua principal promessa de campanha”. Para minha surpresa, a promessa quebrada foi apontada como sendo o combate à corrupção – “porque sua administração parece quase tão escandalosa quanto a que substituiu”.

Bom, como filiado ao Partido Novo, não morro de amores por algumas figuras da administração de Bolsonaro, por sua linha de atuação. No entanto, a afirmação acima, cercada de cuidados (“escandalosa” e não “corrupta”, pois declara-los corruptos seria um tanto demais…) me parece de tal ordem cretina que não me dou ao trabalho de refuta-la mais.

Podemos ter divergências com a gestão atual, e mesmo não gostar do jeito histriônico do presidente, sua falta de “polidez” (Lula, bêbado e mijado em Davos parece menos ofensivo do que qualquer coisa que este presidente diz ou faz). Eu, de minha parte, continuo dando meus votos de confiança ao cara, até porque estando no mesmo barquinho, quero mais que o cara ajude o país. Minhas razões são um tantinho egoístas. Preciso que o país vá bem para que eu, meus negócios, meus colegas, também vamos bem. Como não tenho emprego público nem tenho salário – tenho que correr atrás todo mês, como todo empresário neste e em qualquer outro país – preciso que a nação vá bem. Quem pode se dar ao luxo de chacoalhar este barco é a oposição do “quanto pior melhor”.

Voltando à The Economist, como é que os caras concluem isso aí? Houve um tempo em que Economist era mais ponderada – e aqui não falo somente por causa do Brasil, mas por outras razões que identifico, como Israel, EUA, etc. Parece que qualquer iniciativa conservadora, seja ela qual for ou de onde venha (exceto muçulmanos, que são inapelavalmente “legais” pra eles) suscita calafrios na redação.

Peço a Deus que faça este país crescer, e que a Lava Jato consiga completar sua missão com louvor e rapidez, para podermos de uma vez por todas nos livrar do ranço que se apossou de nós em 1988 e ainda não nos largou.

Compartilhamento de Auditorias entre as “Big 4” e empresas de médio porte – Solução para Corrupção?

https://www.internationalfinance.com/magazine/audit-sharing-with-tier-2-firms-a-solution-for-big-4-corruption/

Gostaria de compartilhar com vocês o “Post” publicado na revista International Finance, no link acima, cujo sub título é “Global calls for reform get louder as political and business leaders fear that a crisis of confidence in the accounting industry could hurt global capitalism” , ou “Clamores globais por reformas tornam-se mais fortes, na medida em que líderes políticos e empresariais temem que uma crise de confiança na indústria da contabilidade possa ferir o capitalismo global

Trata-se de uma reflexão sobre problemas sofridos por grandes empresas de auditoria, recentemente, em conjunção com possíveis problemas de “corrução”. Alterei propositalmente o título acima, não traduzindo o original, “Compartilhamento de auditorias com firmas do nível intermediário – uma solução para a corrupção das Big 4?” por não ter elementos de juízo sobre existência ou não de “corrupção”, o que prefiro não julgar, tanto por desconhecimento de detalhes como por entender que circunstâncias específicas precisam ser averiguadas.

Fato é, no entanto, que existem, desde muitos anos, uma percepção de que existe uma pressão muito grande das mega corporações sobre as maiores firmas de auditoria do mundo sobre o que reportar, em caso de problemas de leitura de Demonstrações Contábeis, e em que termos reportar, uma vez que as chances de descontinuidade de contratos milionários crescem na medida em que problemas tendam a ser descobertos.

Ademais, no passado, a troca (por uma grande empresa) de seus auditores, era objeto de especulações de mercado sobre as razões, o que levava a uma dupla interpretação sobre uma troca de auditores em trabalhos globais; a)o que levou a isso (normalmente associado a situações opacas) ou; b)o que está havendo com a firma auditora, internamente. Em síntese, a troca sempre dava ensejo a interpretações “sinistras”.

Desde o aludido caso da Arthur Andersen, em 1999 a 2001, o famoso Caso Enron, as trocas parecem que se tornaram mais frequentes… e as razões para elas menos questionadas publicamente.

Países como a França tornaram auditorias duplas (sempre dois auditores examinando as mesmas Demonstrações Contábeis) obrigatórias, o que fez surgir um mercado grande, e caro, para empresas francesas. Não me pareceu nunca algo adequado, impor mais custos à atividade produtiva. Não tenho elementos para informar se as grandes empresas francesas são menos ou mais corruptas, na média, do que outras. Creio que não, mas é crença mesmo.

No final das contas, o grau de concentração do mercado de auditoria e de todo indesejável. Qualquer oligopólio o é, e não confere, como temos visto, qualquer grau adicional de qualidade ou fidedignidade às demonstrações contábeis, em qualquer país.

Fica minha opinião, de qualquer forma. A pergunta que me foi dirigida foi – que medidas você acredita boas para mitigar os riscos de qualidade ou veracidade na emissão de Pareceres de Auditoria? Minha resposta vem em linha com o principal fator – evitar pressões indevidas sobre o auditor, qualquer que seja o tamanho do cliente ou da empresa auditada. No final das contas, independentemente do tamanho da empresa, o nível de confiabilidade do trabalho recai muito mais no “Tone-on-the-Top” (o tom que é dado pelos líderes da organização) do que qualquer outro fator individual. A inexistência de “whistleblowers” (delatores) dentro das empresas de auditoria é outro fator que deveria existir, e não existe. Alguém, como um gerente ou diretor de auditoria, que se veja impelido a uma conclusão (ou à não emissão de uma determinada conclusão) sobre um trabalho sobre o qual detenha entendimento suficiente para opinar, deveria ter a chance de se posicionar claramente. Treinamento é importante, técnica é importante, mas coragem é mais importante do que qualquer fator, quando se trata de auditoria.