A Sociedade é hipossuficiente?

Adorava o William Waack. De verdade, achava e ainda acho o cara um baita jornalista. Não é um pensador, na minha opinião, mas consegue sintetizar bem algumas ideias que coleta, como bom jornalista. Ele sai da Globo de forma esquisita, culpa da emissora, por uma idiotice plantada, o que nos enche a todos de ira. Ele vai parar na futura CNN Brasil. Bom, levando em conta o que a CNN é no resto do mundo, aqui não deve ter linha editorial muito diferente, e deve acabar se tornando mais um veículo disseminador de ideias “progressistas”, embora talvez o WW não o seja.

Aí vem o artigo que colei um pedaço (imagem acima, do Estadão de hoje). E eu fico sem saber o que WW pensa, de fato. Vamos ao que ele escreveu e como me sinto com relação a isto:

  • A sociedade foi considerada “hipossuficiente” num movimento que começou com Lula, lá atrás, nos anos 80, e que a Lava Jato acaba por reforçar. O que é “hipossuficiência”? Em juridiquês, hipossuficiente é a parte mais fraca. Ou seja, a Lava Jato se sente (e Lula se sentia, ou nos fez crer assim) que a sociedade precisava de “ajuda” para não ser esmagada pelos poderosos;
  • Os atores centrais da Lava jato se sentiam como “participantes de uma luta política em seu sentido mais amplo” – o entendimento aqui foi expresso, como expresso pelo autor, por “combinação de vários elementos”, entre os quais cita “conversas hackeadas”, “livros de memórias (se referindo ao Janot, mais possivelmente), num amálgama de “sensações” que levam WW a entender que há elemento político (o conceito de “sentido mais amplo” é inexplicável em si, creio).
  • A derrocada do PT era o elemento central da operação, como “personificação da corrupção” – em síntese, essa palavra soa como um reforço à tese de loucos, como Dilma e Gleisi Hoffmann, que desde sempre venderam a ideia da “vendetta” pessoal contra o PT, como se os membros da Lava Jato quisessem tira-los do poder para colocar “outrem”, talvez mais alinhados com seu pensamento.

Ora, que diremos pois a essas coisas? Eu acho que só me resta repetir o Apóstolo Paulo – “Se Deus é por nós, quem será contra nós” (povo hipossuficiente). Pois que a imprensa, pouco a pouco, vira-se contra um fenômeno que no final das contas teve o desagradável condão de piorar sua situação econômica, que já era ruim – Jair Bolsonaro. Foi a eleição dele, propiciada pelo fenômeno da Laja Jato, sim, mas por um sentimento muito mais arraigado e anterior (desde o Mensalão, entendo) de hipossuficiência, sim, diante de pessoas que colocamos lá pelo voto, nos traíram e nos roubaram. Ora, como não nos sentirmos hipossuficientes em relação a um poder que:

  • Não tem recall?
  • Se elege com base em regras que beneficia não os mais votados, mas os dirigentes ou puxadores de voto?
  • Possui fundos quase ilimitados para obter a eleição que deseja?
  • Não presta contas a quem quer que seja?
  • Acode-se no STF quando acuado?
  • Tem na imprensa uma muleta fantástica, visto que o “inimigo do meu inimigo é meu amigo”?

Em síntese, minha sensação é a de que, hoje, somos não somente hipossuficientes com relação aos poderosos, mas contra a própria imprensa, que fez de nós um inimigo a mais.

Quando um dos filhos do “Bolzo” falou outro dia que “em regimes de força as mudanças são mais rápidas” e que deveríamos levar isso em conta e continuar apoiando o governo, ouviu-se uma chadeira incrível, derivada, creio, da imensa capacidade da imprensa em induzir o leitor a pensar o que ela quer: entendi, desde o início, que a despeito da crueza da frase, o rationale está perfeito – se queremos democracia e queremos viver numa sociedade de pleno direito, temos que encarar o fato de que os Gilmares, os Maias, os Alcolumbres, os Toffolis, e de outro lado, os Estadões, as Folhas, as Globos e demais atores nesta peça farcesca estarão conosco por algum tempo ainda, e que será realmente difícil obtermos o que um “déspota esclarecido” obteria muito mais rapidamente. A concordância com o Filho Zero-qualquer-coisa para aqui: comparar Pinochet a alguém “esclarecido” está um pouco além do meu conservadorismo…

Há luta política “em sentido mais amplo” por parte da Lava Jato? Alguns dos atores, neste caso, são conhecidos meus (não posso chamá-los “amigos” embora os possa chamar de irmãos) e vi o movimento Mude começar pelas mãos de gente cujo estofo moral e qualidades pessoais estão além do escrutínio de político ou jornalista. Conheço, de fato, quem se levantou contra o “pudê” dos Calheiros, Lulas e Cunhas. A questão é o que, de fato, existe de “luta política” nisso tudo. Nada. A luta aqui só é política no sentido em que é acessória ao poder, não o quer, mas não aceita viver na hipossuficiência que Waack diz que não sofremos. É um grito, de fato. Um que nunca tinha havido em 500 anos de história, e talvez, se sufocado este, demoremos mais 500 para ver outro.

Ora bolas, claro que Janot é um ator político – senão não teria vindo com essa palhaçada de dizer que ia matar o Gilmar, atiçando as lombrigas de milhões de brasileiros que certamente preferiam vê-lo morto – não me incluo entre eles. Ora, claro que a grande imprensa age como atriz política, mas muito mais econômica, tentando se salvar financeiramente até que consiga adotar um modelo que a salve da bancarrota inescapável, a que a tecnologia a condenou.

Por fim, o PT era a personificação da corrupção? Sim, mas não somente o PT. Hoje vemos que há muito mais amplitude neste movimento, que possivelmente inclui meus antes amados FHC e Serra, gente a quem aplaudi pela coragem de lutar contra o ciclo da inflação, e criar o tripé macroeconômico de metas de inflação, controle de gastos e realismo cambial, que propiciou a Lula as condições de fazer o caminhão de sandice econômica que fez, impunemente.

Mais do que o PT em si, MDB, DEM, PTB e outros foram igualmente atingidos pela Lava Jato, e somente aí começaram a reagir. Me pergunto se realmente, tanto Waack como os MDBistas, PTBistas, etc, criam, de fato, que a Lava jato tivesse um viés “anti-PT” muito claro, e que “parariam” no PT. A confiança que diziam ter na Lava Jato, frente às Câmeras e microfones, era muito grande. Cunha, por exemplo, levou a questão do impeachment até o fim, em minha opinião, entendendo que algum tipo de “relief” lhe seria dado, por ser “irmão em Cristo” (ui!) de alguns procuradores, ou por qualquer outra consideração lateral, que não a certeza de que a LJ estaria atrás dele, doa a quem doesse.

Textão é textão. Desculpem, textão é para quem reflete e lê. Sou contra a cultura da curta capacidade de atenção, embora curta um Meme… Acho que a reflexão deve ser feita, e ofereço minhas conclusões:

  • Imprensa e Povo não andam de mãos dadas, já faz tempo…
  • O Povo é Hipossuficiente, sempre foi e sempre será
  • A Lava Jato não é nem foi operação política, mas os PGRs sim, sempre o foram
  • A troca dos políticos não acabou nas últimas eleições; teremos mais uns 30% de renovação daqui há 3 anos e pouco, e talvez aí uma massa crítica para encostar a turma atual na parede de uma boa cela na Papuda
  • O STF não pode ser “deposto” sem um regime de exceção, e isso eu acho muito ruim. Mas o STF será jogado contra a parede mais e mais, até que peçam o bastão e, à lá Joaquim Barbosa (mas por outras razões) se mandem pra Portugal, viver do que “conquistaram”
  • Demora mais tempo do que necessário, e requer muito mais fôlego do que temos tido como povo, ao longo da história, mas é possível se livrar tanto de políticos como de imprensa marrons.

Interest Rates Withdrawal Syndrome and the Industrial Production

The first headline states that Brazilian Industry, in the opposite direction of the World`s Average, has shrank 10%, from the years 2014 to 2018. The second one gives the report of the latest developments on the recent industrial production around here. A relatively small, but significant in a country that struggles to grow.

The political scenario is a turbulent one, together with a partial destruction of the recent measures against the Car Wash Operation, taken by (surprise…) the Supreme Court of Brazil, a cabal of self serving unelected justices that do all, except uphold the Constitution.

On the other side, a brilliant Finance Minister and an also brilliant president of the Central Bank promote the single most effective measure to boost the economy: to reduce the interest rates to relatively civilized rates (5%, or around 1.2% above projected inflation for 2019).

Friends and clients are becoming increasingly worried with the “Interest Rates Withdrawal Syndrome” (IRWS), as I call it. IRWS is the result of the relatively sudden withdrawal of high interest and insulated deposits, that at the end of the tragic Dilma Rousseff`s era were 14.25% p.a. and made everybody in Brazil comfortable with placing money in safe, liquid and highly lucrative game of lending Government our surpluses.

People is sick worried with the possibility of running risks, any kind of risk, for having a 5% return, or so, in something that is not a fixed rate deposit. I personally am used to it. I invest heavily in dividends-paying shares and other ventures, and despite some serious losses, such as in the case of Eternit (ETER3: B3) have always given me a minimum 4.5% tax-free dividend yield. They show up at our offices and ask “now, what?”. The answer is the same for them all: “now, do as everyone else does in the most serious and successful countries of this world and cure yourself of the IRWS. Choose a nice porffolio and invest in it; go to more risky variable-income operations, such as Company`s Bonds, Real Estate Funds, etc.

The most desired effect of the IFWS, nevertheless, is that it will throw money in the production sector. People will have to invest in productive activities, as in any civilized country. As with the hyperinflation of the 1980s and 90s, Brazil was the total exception. When the Real Plan came, we all of a sudden became used to “be normal”. Just that. The reduction of real interest rates is the “Second Real Plan”, but more than it, it have the ability, I think, of being the redemptive measure of a coutry addicted to government (our own) money.

P.S. Sorry typos and my (usual) English errors… I write too fast and correct nothing… my bad…

A quem recorrer?

www.google.com – “O paraíso da impunidade”

A quem recorrer quando nossa Suprema Corte decide fazer vista grossa à própria justiça, em detrimento do sofrimento de milhões de cidadãos, que viram, pela primeira vez em muitos anos, algo ser feito em seu benefício direto, no longo prazo, em detrimento de uma corja que tomou o poder de assalto, literalmente, nos últimos anos?

A quem recorrer, quando os homens e mulheres da toga se aferram a picuinhas técnicas, esquecendo de que os acusados devolveram, na maior parte dos casos, “zilhões” aos cofres públicos? De onde acham que saiu tanto dinheiro a ser alegremente devolvido?

A quem recorrer quando o Congresso Nacional, através de lideranças que insistem em não largar o osso, dão de orelha aos colegas mais jovens, não contaminados pelas suas corrupções e mazelas, e esquecem de quem os elegeu? A quem recorrer quando esse Congresso tem um único objetivo: se blindar das acusações de corrupção que virão (ou viriam)?

A quem recorrer quando o próprio Executivo acabou sendo contaminado por algum tipo de “rabo”, do filho de alguém, que o tornou refém dos togados, para deleite dos corruptos?

Enfim, a quem recorrer, como pagadores de impostos, cidadãos honrados, criadores de emprego, empregados honestos, que militam de sol a sol para ver um país minimamente decente, quando suas liderança em TODAS as esferas do poder federal estão inapelavelmente envolvidas, em maior ou menor grau, com um “esquemão” destinado a nos manter em cativeiro?

Ninguém em sã consciência quer viver sob autoritarismo. Nenhum de nós quer viver num país cujas leis não servem para nada e cuja ordem institucional é rompida por algum “ente esclarecido”. Nunca mesmo. Mas a quem recorrer quando não há Cui custodiet ipsos custodes?

Em tempos como esse, corremos o risco de colocar abaixo todo um edifício democrático porque justamente quem deveria ter um mínimo de bom senso está privado de faze-lo porque tem um quilométrico rabo preso em algum lado, que o leva a votar contra toda uma nação.

Em síntese, a quem recorrer? Como cristão, que se propõe a viver de acordo com a vontade do Pai, só mesmo a ele. Ontem tive a tristeza da oportunidade de orar como nunca por justiça da parte do Pai. Não dá mais para conviver com essa gente! Meu pedido e oração sinceros (e desculpas aos meus amigos ateus, a quem amo igual) são que o Senhor intervenha neste país rico, feito miserável, por obra de literalmente menos de MIL cidadãos desonrados, poderosos e articulados, que transformam a verdade em mentira, sob holofotes de uma imprensa comprada, raivosa, e disposta a tudo para regressar a um status quo que, no fundo, sabe que não ocorrerá jamais.

Possa o Senhor Deus fazer o papel que Rodrigo Janot disse que queria fazer, contra um togado infame, e varra do mapa de nossa nação essa gente, para que não precisemos quebrar a ordem institucional da qual tanto precisamos, e que possamos, enfim, viver em paz, sem “todo-poderosos” exceto o Próprio.

Roubaram o meu sonho… a Geração Mimimi

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A pequena sueca faz sucesso, impulsionada por uma quantidade enorme de apoio estilo “agenda oculta”, de gente graúda que lhe coloca as palavras certas na boca. Ela estufa as veias do pescoço e fala como se soubesse de tudo. Tudo isso já foi escrito e está bastante bem. É uma dessas coisas que passará, varrida pelo bom senso que costuma acometer a população que não tem interesse ideológico direto no assunto e que acabará por refletir mais a fundo.

Não há, creio, um cidadão ou cidadã de bem que não se preocupe com a ecologia, com a fome no mundo, com as guerras, com tudo isso. O problema não é a preservação do planeta, não é a guerra em si, nem a fome. O problema é como chegar lá e como resolver esses problemas sem criar mil mais (no caso de Greta, o que ela propõe mataria de fome boa parte do continente africano, América Latina e sudeste asiático). O problema está na agenda ideológica que está por trás disso tudo. Mas sobre isso também já se falou bastante.

O que eu quero enfocar é um ponto que se torna cada vez mais recorrente hoje em dia. A Geração Mimimi (chamem-se Milênios, Y, Z ou o que se queira). Está ficando cada vez mais chato ter que explicar a boa parte das pessoas abaixo de 30 anos que a grama é verde, o céu é azul e por que as coisas caem para baixo toda vez que largadas…

Essa geração tem duas posturas bastante distintas – um parte (vamos chamar de 50% para não ofender ninguém) é guerreira, determinada, focada em se desenvolver e aprender como puder, o máximo que puder, e realizar seus sonhos. A outra “metade”, digamos assim, senta na calçada e chora, não aprende – absorve sem criticar. A postura que leva alguém de 16 anos a dizer que “roubaram seus sonhos” é a mesma que vemos todos os dias entre os currículos que recebemos nos nossos RHs, entre os profissionais que recrutamos (ou somos obrigados a recrutar), e mesmo entre nossos próprios filhos (quem os têm, sabe bem do que falo).

Recentemente um colega e sócio israelense, da área de alta tecnologia da informação, ao nos pedir que recrutasse um jovem para trabalhar na área, fez um pedido/declaração no mínimo polêmicos, mas dessas que é difícil discordar: “Contratem alguém mas vejam bem: que não seja um desses típicos Gen-Y ou Millenials“. Com seu jeito típico de quem foi para o exército aos 17, 18 anos, e lá ficou por 4 anos, sujeito a mísseis palestinos e ameaças de terroristas de todo tipo, saiu de lá, casou-se, teve filhos e criou sua empresa, esse jovem (não… não se trata de um um coroa como eu, mais de 50 anos…) o cara quer contratar “aqueles” jovens da Geração Y, ou Millenials, que estão do “lado de cá” da cerca da modernidade – espinha dorsal ereta e determinação. Ele quer alguém que não ache que “roubaram seus sonhos”, e que emitem opiniões sopradas por mentores. Quer gente que de fato pense e queira vencer, a méritos próprios.

Quanto ainda teremos que ser condescendentes e mimar uma geração que está sempre achando que alguém deve algo a eles, que acham que viver às custas dos pais até os 40 é uma coisa normal? Até quando, nós (os culpados, diga-se) teremos que achar que dar ouvidos irrestritos a “gênios” de 16 anos, sem filtrar os “how dare you!” e pitis mil? Até quando aceitar que ideologias emburrecedoras nos guiem ao abismo da fome e da desigualdade crescentes, e à prisão ao terceiro-mundismo imposto de dentro do próprio país?

O israelense sabe que lá, a realidade se impõe muito mais dura do que em outros lados, e que não tem tempo pra “bullshit“. É pegar os problemas com as mãos e fazer as coisas acontecerem, ou deitar no chão e esperar a morte. Por isso, mesmo entrando na faculdade mais tarde, ficando anos no exército e ouvir mísseis passarem sobre a cabeça de quando em vez, escolhem viver uma vida determinada. Dificuldade e determinação. Dificuldade gera determinação. O Brasil tem realmente muito o que aprender com esse singelo pedido, um exemplo simples e poderoso.

Eu não uso os meus Óculos – a Epistemologia alheia

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Estamos, como sociedade, sob um ataque constante e maciço pela conquista da nossa forma de ver o mundo. Onde antes eu me via no direito de olhar o que se me era apresentado de forma relativamente imparcial e julgar por mim mesmo, está-me sendo retirado pouco a pouco, ou seja – eu não uso mais os meus próprios óculos. Estou vendo o mundo com óculos de terceiros – e isso nunca é bom, diria minha oftalmo.

As sociedades se desenvolveram debaixo de lideranças impostas pela força, por Deus ou qualquer outro “poder concessório”. No Israel antigo e na Grécia Clássica, no entanto, formas de ver o mundo de forma, respectivamente, mais humana e mais lógica começaram a emergir. O mundo romano viu emergir o primeiro arremedo de um sistema legal em que ninguém estava (ou deveria estar) acima da Lei. A baixa idade média viu surgirem as primeiras casas do conhecimento, mosteiros e universidades, repositórios de conhecimento.

A busca pela verdade, doa a quem doer, vai dando forma à ciência, e com ela os métodos que comprovariam, sem sombra de dúvida (em teoria) a “verdade”. Algo comprovado em certo momento era tornado incerto, no momento seguinte, por alguma mente inquieta. A mente inquieta contava, de forma crescente, com outras mentes inquietas e intelectualmente honestas, para julgarem a nova ideia que tentava quebrar o ídolo imbatível da teoria anterior. E assim, aos trancos e barrancos, a verdade científica foi sendo estabelecida e dominando decisões, gerando a tecnologia (aplicação da ciência na vida prática) e tornando melhor a vida das pessoas.

A inevitável espiral de desenvolvimento ultrapassou o “horizonte de eventos” com a 1a. revolução industrial, e de lá pra cá nos deixa embasbacados a cada nova descoberta.

Não parece ser assim ultimamente. Quando deveríamos estar chegando no auge da honestidade científica, no auge da busca por mais e mais conhecimento “raiz”, surge um movimento que, na prática, em muito se assemelha aos autos de fé do passado. Alguns Giordanos Brunos estão sendo queimados, figurativamente, em fogueiras imensas acesas pela “ciência mainstream”, pela academia e levadas à público pela mídia. Voltamos a acreditar em verdades reveladas. Não se contesta mais os principais institutos de pesquisa, não se contesta mais o “avatar” científico da moda. Neil deGrasse Tyson reina soberano na mídia, embora nem tanto no laboratório.

Todo esse papo para dizer que hoje estamos tão reféns da agenda alheia como sempre estivemos nos tempos de Torquemada e tão sujeitos ao pensamento imposto, que não admite divergência, como sofreu injustamente Galileo Galilei. A ideia de mundo “fechada” e exarada de algum local teoricamente dedicado ao Livre Pensar, como o Smithsonian Institute, ou Fundações, criadas por patronos com suas próprias e inevitáveis visões de mundo, como a Heritage Foundation, Ford, entre outras, são disseminadas pela mídia como sendo inatacáveis. Teorias não podem mais ser objeto de sincera investigação e evolução. Alguns exemplos são bem claros, como o mais popular deles, o aquecimento global causado pela ação humana.

Já o poder que “jurou” ser investigativo e imparcial em suas ponderações, tem servido de libelo a favor desse pensamento “mainstream” e contra a simples possibilidade de interpretação diferente de certas coisas. Eu, e muito mais gente, tem tido cada vez mais dificuldade em acreditar na imparcialidade da imprensa. No Brasil, muito mais, pois o interesse econômico de um setor inteiro em crise. Este setor etá colocado contra a parede por veículos mais democráticos (como este Blog) que levam opiniões diversas a ouvidos que antes não conseguiriam ter acesso a elas. Antes, apenas o jornal de grande circulação, no domingo, em uma banca na esquina, era fonte da verdade. Pelo menos era a expressão de certo jornalismo imparcial. Não mais.

Os óculos com que vemos a realidade estão sendo postos no nosso nariz por gente que precisa que determinado comportamento, ou pensamento, seja difundido como verdade:

  • Não posso mais achar que sexo biológico é uma verdade científica. Os óculos alheios me obrigam a acreditar que XX e XY são construções sociais;
  • Não posso mais achar ou estudar a possibilidade de que o mundo esteja aquecendo por conta de outros fatores, que não a influência do ser humano. E isso não significa ser contra a ideia de que há aquecimento global – mas mascara o que realmente deveria e poderia estar sendo feito para não acelerar o problema, desde que com honestidade intelectual;
  • Não posso mais achar que existam alternativas igualmente passíveis de investigação séria à Teoria da Evolução. Sou obrigado a crer e, pior, ensinar conceitos dos quais posso duvidar, sem o direito de questionar o fato de que não existe qualquer prova científica para a maior parte das afirmações de C. Darwin, e buscar, sinceramente, respostas sem ter nenhuma crença prévia me empurrando num ou noutro sentido;
  • Não posso mais investigar se disforia de gênero é escolha ou genética, se é normalidade ou doença. Em síntese, sou obrigado a aceitar sem questionar tudo o que se põe à minha frente em termos de LGBTXPTO$!^&… etc sem ter o direito de me perguntar, e estudar, “o que mais” deve ser perguntado e entendido.

Os exemplos vão longe. De outro lado, sou obrigado a aceitar que há “salvação” fora da liberdade individual, e direitos fundamentais do cidadão. Sou obrigado manter na cara óculos que, de outra forma, me levariam a crer que patriotismo é anátema, direito à vida desde o útero é violação de direitos de mulheres, que família é inútil e precisa ser eliminada da face da terra.

Estou tentando rejeitar esses óculos, venham de onde vierem, e continuar a pensar por mim mesmo. Está cada vez mais difícil…

A desconexão da classe política com seus representados

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Hoje li com espanto uma tentativa do notório presidente da Câmara em incluir um item na PEC (Projeto de Ementa à Constituição) de Redução do Foro Privilegiado, que na prática dá uma condição de cidadãos de primeira classe aos políticos deste país: não poderão mais ser julgados por juízes de primeira instância, mesmo que tenham por exemplo, matado um sujeito, e escapado do flagrante, até onde entendi.

Pior – isto foi incluído justamente na PEC que foi editada em 2017 justamente para limitar foro privilegiado de todo mundo, incluindo judiciário, e deixando dentro desta condição apenas 5 funções no país (Presidente, Vice Presidente, Presidentes da Câmara, Senado e STF) – clamor da população nas ruas. Todo o espectro político parece favorecer essa aberração, com exceção do Partido Novo e Podemos. A autoproteção não tem ideologia. Nem a tem o fisiologismo e corrupção.

Não sabemos até quando a população vai aturar isso, e, principalmente, o “poder moderador” das Forças Armadas. Esperamos que se controlem, mas o fato é que estamos chegando a um grau de desfaçatez que faria Severino Cavalcanti, no auge de seus múltiplos prêmios lotéricos, corar de vergonha… A desconexão da classe política é mascarada por pesquisas altamente suspeitas de Ibope e Datafolha, que douram a pílula desavergonhadamente, como se fôssemos todos idiotas. Chamam de ciência a arte de escolher perguntas, obter respostas “adequadas” aos seus propósitos, empacotar e enfiar goela abaixo da população. E vamos por aqui, vendo esses senhores fazendo leis específicas para se auto proteger, sendo protegidos por uma imprensa sedenta de verbas do governo, que lhes estão sendo negadas (as razões, se válidas ou não, podem até serem discutidas, mas não a objetividade jornalística).

O presidente da república, a quem (ainda) atribuo boa vontade e integridade, está refém dos maus-feitos dos filhos, com ou sem seu conhecimento. Não dá para julgar e certamente a questão “E o Queiróz?” tem sempre por trás um oposicionista fazendo o que sabe de melhor – mostrar o cisco no olho do próximo, esquecendo a trave no seu próprio. Mas o fato, triste, é que Bolsonaro recuou no discurso do doa-a-quem-doer, depois que (parece óbvio) ver o filho envolvido com coisas não republicanas, ou pelo menos difíceis de explicar. A tentativa de varrer a coisa para debaixo do tapete já passa pela aceitação de um notório inepto e de viés ideológico oposto, como o presidente do STF, até a convivência em termos razoáveis com figuras como os presidentes da Câmara e do Senado, cujo poder de pautar ou não determinadas coisas faz inveja a ditadores – na prática o país vê apreciados tão somente o que essas duas figuras balofas de corpo e alma querem. Um poder indevido, ilimitado, que precisa urgentemente ser revogado.

Estamos com uma mídia parcialmente em guerra com o governo, uma situação de caixa aflitiva, uma classe política disposta a tudo para se proteger, e uma população que vê, talvez a melhor chance de quebrar os grilhões do atraso desde 1500 ir pelo ralo porque gente mesquinha, menor, burra, nos roubar o futuro em troca do atraso para si e seus descendentes.

Político não deve ter filho, neto, parente, amigo, nada. Se tivesse, e se tivesse um pingo que seja de amor por este chão querido, votariam uma que outra vez, pelo menos, de olho na grandeza da nação.

Que Deus nos abençoe, e mude o coração, ou mande o Inimigo carregar consigo todas essas figuras que nos assombram.

A escolha do que repercutir

Do The Economist, para o Estadão

Lemos nos grandes jornais brasileiros opiniões de “grandes jornalistas” do mundo, como Gilles Lapouge e as posições do The Economist, no Estadão. Essas opiniões nos alimentam com o que achamos serem as “visões predominantes” ou jornalísticas, de ícones da imprensa mundial, sejam pessoas físicas ou jurídicas, e como sendo a repercussão interna de posições muito bem solidificadas externamente.

Isso faz o leitor médio, como eu, presa de uma visão que, na prática, é escolhida nas redações nacionais, as quais fazem coro com uma visão empresarial que segue uma linha estratégica que os coloque na melhor situação possível frente ao mercado (em geral, ou o “mercado consumidor” daquele “produto editorial” específico). É uma posição de fragilidade que eu e você vivemos todos os dias.

O fim do mundo pode ser o resultado de uma visão alarmista de alguém com uma agenda oculta no bolso do colete, ou uma bobagem qualquer nos ser vendida como uma heresia, brasileira ou mundial. Assim temos visto figuras histriônicas, como Trump e Bolsonaro, serem execrados na mídia mundial sem dó nem piedade, independentemente de suas ações concretas.

Claro que os ogros em questão fazem muito para ajudar a criar o caldo ideal para as ideias a serem vendidas. Tanto Trump, de lá, como Bolsonaro, de cá, são (em menor ou maior grau) boquirrotos que não medem consequencias ao falar. Trump com um tantinho a mais de verniz que o nosso presidente, mas nem tanto.

A eles hoje se somam Boris Johnson, com muito mais verniz, cultura e desenvoltura, mas com o mesmo “vício de origem” odiado pela imprensa ocidental atual: não coadunar com a visão da agenda progressista internacional, principalmente aquela exarada da esquerda mundial, recentemente vencedora no embate político interna corporis do Partido Democrata americano (que nunca havia sido “esquerda” em suas décadas e décadas de história). Boris, o descabelado, faz coro com um sujeito que exalta ditaduras e chama a mulher dos outros de feia, e com o Ogro Alaranjado que cria caso com a China…

Como se esses ogros não estivessem, de fato, combatendo uma corrente de pensamento de fato má para a humanidade. Conservador nos costumes e liberal na economia que sou, obviamente não poderia me largar do meu apreço a Friedrick Hayek, Ayn Rand e Meg Tatcher por conta de uma avassaladora pressão sobre a minha cabeça, na forma de artigos “bem informados” que leio todos os dias, quando dá tempo. Mas os ogros estão, de fato – e a despeito dos seus inúmeros defeitos e más formações – combatendo um bom combate, na minha visão pessoal, contra a desintegração de um mundo frágil e que precisa desesperadamente alimentar, vestir e educar mais de 7 bilhões de pessoas.

Ou é isso, ou voltemos a Malthus e esperemos a mortandade chegar, como chegou com a Peste Negra na Europa medieval, e de fato, acabou criando espaço para a liberdade e o crescimento do “zé povinho”, que se libertou de amarras milenares que o prendiam à terra e passou a comerciar, viver em cidades e não ser vassalo de suserano algum. Mas quem de nós é capaz de, podendo, evitar a nova Peste Negra?

Essa nova Peste Malthusiana pode assumir formatos os mais diversos, desde a opção por modelos de agricultura orgânica, mas (ainda) não eficientes o suficiente, ou a liberação de drogas, ou a troca da liberdade individual pelo controle do Estado, ou ainda a desintegração da família como a conhecendo, ou alguma das dezenas de formas de massacre que temos visto (ações contra a vacinação, campanhas pró-aborto, etc). Ou o que é ainda pior – tudo isso junto e misturado, somado a um descontrole total sobre a imigração, que poderá acabar com os estados não-falidos do mundo.

Malthus vencerá? Ou seremos capazes de, com inteligência e desprendimento pessoal, fazermos as escolhas difíceis sobre aquelas populares? Como não enfrentar a China agora? Como não conter o avanço cultural, travestido de econômico, de um país cujo respeito a patentes e à concorrências não são nem “pra inglês ver” (como se pode ver agora com Hong Kong, no massacre perpetrado contra sua população em desrespeito ao acordo com a Grã Bretanha, de “um país, dois sistemas”)?

Enfim, tudo, ou quase tudo, nos empurra em direção a decisões e visões que no fundo são absolutamente distintas daquilo que realmente pensamos para nossas vidas cotidianas e nosso estilo de vida, em última análise.

É hora de refletir sobre evitar respostas fáceis para problemas difíceis.

Claro, que os ogros no poder poderiam ajudar, e não apenas fazer coisas boas, mas dizer coisas não apenas honestas, mas igualmente boas, amáveis e construtivas…

Bolsonaro, Moro, e o tiro na cabeça

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Bolsonaro, incrivelmente, e contra tudo o que falou, tenta se livrar de Sérgio Moro, aparentemente como quem se livra de uma mosca que lhe perturba. Entendo que ele não se dá conta do que está prestes a fazer. Votei em Bolsonaro e a ele empresto credibilidade por conta: a)do que já fez em termos econômicos e de reformas importantes; b)do seu manifesto desejo de manter o combate à corrupção e; c)principalmente, pela alternativa – ou a falta dela (Haddad era Lulla, afinal de contas). Não votei nele no primeiro turno, pois como afiliado do Partido Novo, Amoedo foi minha primeira escolha.

Bolsonaro acaba de dizer que Moro “não esteve comigo na campanha”. Não sei como poderia. Moro era juiz federal e como tal, não se meteria na mesma, mesmo que pudesse. Moro estava lá, quieto na sua função. Bolsonaro vai até ele e o convida, não o contrário. Entendo que por patriotismo e por crer que Bolsonaro realmente queria o melhor para a nação e para a Lava Jato, aceita. Agora sofre, sem razão alguma, um desgaste que precederá uma queda que não será de Moro. Mas do próprio Bolsonaro.

Não quero nem pensar no resultado disso, mas antevejo em mim, a mesma coisa que antevejo em todos os meus amigos que veem na Lava Jato a redenção de uma nação oprimida pelos crimes de colarinho branco – uma debandada geral do apoio ao “mito”. Eu me prometo não ser “crítico pela crítica” de Bolsonaro, caso ele cometa o ato vexatório de ouvir aos filhos e livrar um deles de uma situação embaraçosa às custas de um ministro capaz e honesto. Creia-me, Bolsonaro, você perderá não um, mas milhões de votos, ao levar tão levianamente o desejo de toda uma nação. Você terá conseguido o que Dilma, Lula e Temer não conseguiram – livrar-se de Moro.

Mas tenha certeza, que dará um certeiro tiro de sniper na própria testa, bem entre os olhos. Não se iluda. Você está conseguindo transformar boa vontade de uma parcela importante da população em inimigos, se perseverar em adular os pimpolhos em detrimento da nação.

Tenha juízo, não seja burro. Se teu filho tiver que ir pra cadeia, que vá – falo isso como pai, e sei que se um filho meu cometer um ato desses, eu mesmo o levo na delegacia. Tenha bom senso, ouça a Deus, a sua companheira, que parece sensata.

Isso está se somando a um monte de coisas ruins, plenamente evitáveis, e que começam a corroer até apoios mais ferozes na mídia. Pegar Merval Pereira pra Judas, ora, tenha bom senso! Merval ainda é uma das poucas vozes equilibradas na TV! Bater em todos os coligados e afetos? Por que? Eu realmente creio que se o padrão se mantém, veremos em breve que a facada pode ter tido efeitos mais duradouros do que imaginamos.

Deus acima de todos – inclusive do presidente!

O estofo moral de Bolsonaro

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará – João 8:32

Para mim pessoalmente o teste moral de Bolsonaro começa agora, com o possível veto ao projeto de lei de abuso de autoridade. Antes disso, nada houve que o tenho levado à necessidade de uma “escolha de Sofia” tão clara.

Li outro dia, creio que na coluna do J.R. Guzzo, que vetar o projeto integralmente seria o mais correto, pois que sem isso o presidente estaria sinalizando ao Congresso que aceitou a chantagem. E essa chantagem é fundamentalmente contra seu filho no tal caso do Queiroz, habilmente pinçado pelo PT e arrebaldes, para coloca-lo numa situação complicada. Aqui especificamente, a culpa ou não do Zero-sei-lá-o-que não importa. Importa a percepção de que o presidente teria agido contra os interesses da nação, que no final das contas o elegeu, em detrimento da “moral” (ou falta dela) do filho.

Cheira muito mal o fato de o filhote do presidente ter ido à Suprema Corte deste país para pedir “pinico” sobre a investigação, e que no frigir dos ovos essa atitude tenha colocado TODO o processo de combate à corrupção em xeque. Ora, culpado ou não, totalmente ou parcialmente culpado, encobrindo Queiroz ou não, o fato é que a atitude do filho do presidente, ele mesmo um parlamentar que deveria agir de forma absolutamente lisa, dada sua posição privilegiada na República, não deveria e não poderia ter feito o que fez.

Claro que sabemos que o PT e os ditos “puxadinhos” agiriam politicamente contra ele com força e vigor dos desesperados. “Olha, o filho do Bolsonaro é igual a nós, então o Bolsonaro também é”… Taí a GRANDE chance do presidente ao mesmo tempo deixar clara sua postura imparcial (o filho que pague pelo que fez ou seja absolvido se não fez), e ainda mandar um super recado à população – não mexam com a verdade, porque ela vos libertará (João 8:23).

Afinal, a verdade realmente liberta, a começar pela necessidade de mentir e mentir para encobrir a mentira. Liberta das garras do Nhonho do Congresso, e do gordinho do Amapá, cheio de si; liberta do Gilmar Mendes, o tosco servo do erro que existe impávido no STF. Liberta e garante, tenho certeza, a eleição de 2022 – pelo menos pra mim, SE e SOMENTE SE, aceitar a briga, mesmo em detrimento do pimpolho, por uma nação que tanto clama por justiça.

Creio que Bolsonaro pode fazer a escolha certa, e mandar uma derradeira lição de vida ao filho. Creio que posso ter o prazer de dizer que não votei em vão em 2018, ainda. Mas certamente NÃO pretendo fazer de Bolsonaro o meu “Lula” particular, e defende-lo a despeito do que faça.

E viva a Laja-Jato, que no fundo é o que está funcionando neste país!

Só se pode chorar por ti, Argentina…

Em seu programa de ontem na GloboNews, o excelente Ariel Palacios nos apresentou uma Argentina pré-eleições que ele, argentino, de esposa brasileira, conhecedor dos dois lados da fronteira entre los hermanos, sabe como ninguém mostrar. O espanhol porteño sem sotaque dá uma boa facilitada nas entrevistas, com os porteños se abrindo mais a um deles do que a um de nós (pela necessidade de mostrar a superioridade que eles têm, ou desejam ter, sobre nós).

O programa define com precisão o Peronismo, ou seja, um “movimento” sem cor ideológica clara, pendente para a ideologia do chefe ou mandante de plantão. Pendeu para o pragmatismo de mercado de Menem, anos atrás; pendeu depois para o estilo esquerdista “Cámpora”, à lá Dilma, destruidor, burro e cego, que acabou com o país, tendo, após isso, impedido que Macri o reabilitasse, ainda que parcialmente, através de uma onda de oposição aos mais elementares projetos de mudança, estilo Paulo Guedes. Macri fez o que pode, reduziu a taxa de aproximação do abismo, mas não conseguiu o intento de crescer – até porque, do lado de cá havia, durante a maior parte do mandato, gente que lhe fazia oposição não velada, ou simplesmente não tinha força política para ajudar em nada.

Passei parte da juventude “morando” (melhor, indo e voltando com frequencia grande) em Buenos Aires. Aprendi a conhecer um povo bastante culto e elegante. Sou fã dos argentinos e como todo brasileiro, escondo isso debaixo de um tapete verde-amarelo. Mas o fato é que cultura e elegância não são suficientes, quando se trata de uma herança Peronista tão forte que faz com que o país sofra de uma espécie de disforia intelectual – sabem (ou devem saber) que o que Macri fez é o que se deveria ter feito, quando conseguiu.

O Partido Justicialista (peronista) seria uma mescla de MDB com PT, tendo em Perón seu Lula, e no MDB seu apego total e absoluto ao poder, não importa quem tenha que cooptar para manter-se lá. Imaginemos um partido que tem a firmeza ideológica do MDB com uma figura central que é quase um “deus”, em Perón. Está dado o caldo de cultura para um atraso que não vai ser curado sem muita dor.

Talvez a maior diferença entre a Argentina e o Brasil é que nunca los hermanos chegaram a ter um caos econômico das proporções que enfrentamos, pelo longo tempo que enfrentamos. A frase do dia, do candidato à presidencia peronista, Fernandez, ex-assecla de Nestor Kirchner, de que o Peronismo “conserta os problemas causados pelos outros” é de um nível de demagogia brutal, comparável somente às piores diarreias verbais de Lula ou Gleisi Hoffmann.

É difícil entender como um povo tão culto, com índices de escolaridade semelhantes aos do primeiro mundo, não consiga se dar conta de há quanto tempo estão sendo governados por seus próprios “ícones mortos”, substituídos a cada eleição pelos piores elementos que o país pode produzir.

A gestão de Cristina Kirchner em tudo se assemelhou, à exceção do impeachment, que nos livrou do “menu completo” de repressão, aparelhamento e destruição do estado. Eles não tiveram, também, uma lava jato pra chamar de sua, e os donos do poder puderam matar, suprimir e ficar impunes. Bom, neste aspecto ainda nos falta prender os assassinos de Celso Daniel e Toninho do PT, e da “entourage”, que poderia abrir o bico. Isso não conseguimos ainda, mas uma hora dessas a PF esbarra com algum documento que nos permitirá, como sociedade, abrir uma “Comissão da Verdade Verdadeira” e mandar alguns (que ainda não estejam presos) pra cadeia.

Estamos, queiramos ou não, atrelados à Argentina, pela parceria e proximidade, pelas antigas relações comerciais. Não imagino como Bolsonaro vá conseguir se relacionar com Cristina, que será a “presidenta” de fato (pelo menos lá o “a” final está correto, gramaticalmente). Esse cara, ogro como é, vai nos dar alguns motivos de risadas, quando se defrontar como o que podemos só esperar de Cristina – atitudes Dilmescas à toro e à direito, atrasando o país dela, e arrastando parte do nosso junto. Deus nos livre!