Talentos, a Parábola

Ao andar pelos meus sites favoritos hoje na hora do almoço me deparei com este artigo. Como cristão, estranhei o teor totalmente cristão dentro de um site de economia liberar como o do Instituto Mises Brasil. Lá no meio do artigo o autor revela uma visão que vi pessoalmente nos EUA entre os meses de Outubro e Novembro do ano passado: milhares, literalmente, de ofertas de emprego em lanchonetes, restaurantes, transportadoras e outras, sem preenchimento.

Leia https://mises.org.br/artigos/1857/a-parabola-dos-talentos-a-biblia-os-empreendedores-e-a-moralidade-do-lucro

A razão é esta:

“Além de o governo proibir aqueles que aceitariam trabalhar por menos que o salário mínimo, ele também cria um incentivo perverso para se recorrer ao assistencialismo: ninguém aceitará um trabalho que pague pelo menos o mesmo que o seguro-desemprego.

Preocupado que estou com o rumo dessa prosa de emprego versus “vale isso”, “vale aquilo”, vejo que não estamos diante de um problema nacional, mas um que está tomando dimensões fantasticamente complexas para um mundo que, de um lado, vai vendo sua força de trabalho minguar, por envelhecimento da população, de um lado, e de outro, vendo as tecnologias tirar do ser humano a capacidade de reflexão mais profunda, sobre quase qualquer coisa.

Países tentam, cada um a seu jeito, ajudar o cidadão. Pelo menos é isso que vemos, com exceção dos suspeitos de hábito, cujo objetivo é tão somente torná-los mais dependentes de um estado-pai. Aceito perfeitamente a visão de um socialista honesto, intelectualmente, de que, na visão dele, o estado deve fazer um papel de proteção e extensão de uma rede social para que a sociedade não sofra. Entendo. Não concordo, mas entendo.

Também enxergo no capitalista intelectualmente honesto uma visão de que é o cidadão que deve se ajudar, primariamente, e que a sociedade, voluntariamente, deve se organizar em torno da criação da tal rede de proteção social. Vejo mais mérito nessa ideia, e no fato comprovado de que funciona melhor do que um estado-pai, inchado.

Mas ok, se o indivíduo for intelectualmente honesto, eu aceito discutir, argumentar, à exaustão. Isso não me cansa, mas me anima. O que cansa é ouvir ladainha, decoreba, de gente que não tem o valor (ou os neurônios) para argumentar, e, caso convencido, mudar de opinião. Ainda espero mudar de opinião caso convencido intelectualmente, e de forma livre, que um estado-pai é melhor para o cidadão do que um bom emprego ou liberdade de empreender.

Entendo o capitalismo como meu sistema nervoso periférico, que trabalha por mim 24 X 7, e produz resultados que eu não obteria se, conscientemente, tivesse que pensar em respirar, em tossir, em espirrar, em reagir ao quente ou ao frio, e todas as complexas operações que são feitas descentralizadamente por meus neurônios, deixando para meu sistema nervoso central, meu cérebro, as atividades mais nobres de refletir, tomar decisões e fazer acontecer. Um governo é eleito para pensar e fazer o melhor, deixando a sociedade agir dentro de um sem-fim de atividades descentralizadas que garantem o funcionamento do “corpo” (a nação) – água e esgoto, circulação, respiração, engolir e deglutir, são atividades que é melhor deixar pra periferia. Já estudar e decidir, pode ser feito centralizadamente, mas apenas para o “macro”.

Um governo não deveria ser maior do que uma cabeça, em relação ao corpo: uns 7 a 8% no máximo, e não os 34% que corresponde hoje ao naco que o governo leva da atividade total da nação. E olha que o cérebro usa 20% da energia, mesmo representando 7, 8% do volume total (aqui incluo a cabeça toda… o cérebro mesmo dá 2% do volume total).

Deus, o dono e criador do bom senso, não comete erros. Se fez um sistema nervoso que no total do corpo humano implica em 10% (vá lá) do total, é essa métrica que eu acho que seria correta para o bom funcionamento da “máquina”.

Mais do que isso: até 2 anos atrás em tinha mais de 130 Kg. Estava me matando de diabetes, pressão alta, etc. O corpo não aguentava levar tanto peso. Hoje tenho 87 Kg, e quero baixar ainda mais. Estou bem, feliz, animado e disposto. Peso demais, para a mesma estrutura, é causa de morte. É uma doença, uma inflamação. Com o estado, não é diferente. O estado está doente, e nós pagaremos o preço.

Oremos!

Sim, sou bobo

Minha conclusão, depois de ver tanta coisa nessa vida é que – “É… sou bobo mesmo”. Estava falando hoje com minha sócia e amiga de longa data. Somos um bando de tolos. Ajudamos até a quem não devíamos ajudar, e quanto mais ajudamos, mais as pessoas se sentem no “direito” de algo que não tínhamos qualquer obrigação de fazer.

Por bobos, ou tolos, me refiro àquela patética qualidade que Deus, através de Seu filho Jesus Cristo, nos ensinou a fazer. Elenco aqui algumas coisas espinhosas que nos foram ordenadas, no Sermão do Monte.

Sermão do Monte – Seja um “tolo

Concluam vocês mesmos como isso é ser idiota, no mundo atual:

Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo?  Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste. 

Mateus 5:43-48- Sermão do Monte

Perfeitos idiotas são esses caras aí de cima. Imagine! Amar a quem nos persegue? Fazer o bem a quem nos odeia?

Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; 
Mat 6:4  para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. 

Mateus 6:3-4 – Sermão do Monte

Não podemos sequer falar do que fazemos. Temos que fazer e sequer reconhecer que fizemos algo. Tá ok.. tá ok… vamos lá, Senhor. Se nascemos pra Ti e vivemos pra Ti, precisamos cumprir isso tudo né?

Ou seja, devemos ser “bobos profissionais”, e ainda ouvir as pessoas dizendo que somos uns idiotas, e que é fácil nos enganar. É mesmo. O mais doído, porém, é quando a enganação surge de trás de nós, como um soldado que vê um companheiro de suas próprias trincheiras meter uma baioneta nas nossas costelas. É o famoso “fogo amigo”. Alguém que diz que crê nas mesmas coisas, que ama o mesmo Deus, que tem Jesus Cristo como Senhor e que por qualquer razão disputável, ou justificando o mal feito, nos coloca em posição indefensável, absolutamente, de joelhos diante de alguém cujo mau procedimento nos torna isso mesmo – perfeitos idiotas. Contra o “amigo” não temos defesa – alguém que não me lembro quem, fez uma interessante oração a Deus:

Senhor, protege-me dos meus amigos, porque dos inimigos cuido eu

Atribuído a Voltaire, segundo o ChatGPT (duvido)

Para ser um perfeito idiota, no sentido do Sermão do Monte, é preciso antes de tudo renunciar a si mesmo. Não significa que não temos que ser “astutos como a serpente”, ainda que mansos como as pombas, como diz o mesmo Senhor Jesus. Não é isso que nos torna idiotas perfeitos. O que nos faz tão perfeitos é o caráter voluntário que temos que aplicar à nossa idiotice – vou ser idiota para benefício do outro, em detrimento de mim mesmo.

Minha sócia fala com propriedade que poderíamos ganhar mais dinheiro se não fossemos propositalmente bobos algumas vezes. Ela está certa, claro. Mas eu prefiro não ganhar alguns dinheiros. Aliás, ao longo dos anos se eu tivesse aceitado algumas “proposições” feitas a mim, já teria parado de trabalhar e estaria vivendo de renda. Não farei. Já cometi erros no passado, e até hoje esses erros – que alguns veriam como esperteza – me doem, se eu os trago à memória.

Esperteza não é a mesma “astúcia” que Jesus nos pede – esta serve para sermos inteligentes o suficiente para abrirmos mão voluntariamente de qualquer vantagem, SE e QUANDO o Senhor o exigir de nós. Não significa nem se deixar roubar nem ser roubado sem saber. É aceitar que o mal feito do outro nos incomoda, nos fere, nos entristece, mas não nos fará azedar, amargar ou desfalecer porque no fundo nosso lugar não é aqui, mas junto a Deus, no céu.

Parece piegas? Parece burro? Você pode achar, mas deixe-me dizer uma lição que aprendi no módulo de História do Cristianismo, antiguidade, que terminei faz pouco: depois de muito serem martirizados, criticados e sofrerem atrocidades, os cristãos acabaram, mansamente, dominando e mudando o Império Romano de dentro pra fora.

Mais tarde, com a queda do Império Romano, as invasões bárbaras tomaram a Europa de roldão. Foi justamente o cristianismo e sua mansidão que acabou com as guerras internas, fraticidas, acabaram, o que liberou esforços da Europa para as Cruzadas (que foram uma forma de defesa, não de ataque, como seus professores de história dizem por aí). Daí por diante, com marchas e contramarchas, a Europa liderou o mundo no crescimento e prosperidade gerados desde o fim da Idade Média até agora.

Um país de bobos

Lembro bem como amigos meus achavam os americanos “bobos”. Na verdade eu também achava, até me dar conta do caráter deles, com relação à verdade, lisura e à palavra dada. Tanto os ingleses quanto os americanos, e nesta seara também alemães, holandeses e muitos outros de origem europeia, mas mais na Europa Evangélica, formaram uma sociedade baseada na palavra dada, no direito costumeiro e na confiança nas leis e nos contratos. Mas muito mais na palavra dada.

Um amigo meu, italiano, me disse uma vez que “minha palavra è una, sozinha”, ou seja, eu o havia alertado que ele havia me oferecido um carro a um valor abaixo do mercado, e ele disse que já havia dado sua palavra e ia mante-la, a despeito do “caixote” tomado. Quanta gente você conhece que é capaz disso? Quanta gente mantem a palavra e quanta gente distorce as palavras ditas até que se encaixem no seu desejo?

Quantos simplesmente não mantem a palavra, mentem descaradamente (a começar do chefe do nosso executivo) e acham que isso é uma baita esperteza? Quantas vezes teremos que ser enganados e escravizados até entendermos que a melhor coisa para uma sociedade é a verdade, a honestidade e a colocação do direito do outro acima do nosso? As palavras de Cristo, e seus ensinamentos, mudaram um mundo antes dominado pelo mais forte por um dominado por regras consensuais. Isso está acabando, até porque o capeta não ia mesmo ficar na sua.

O tal “país de bobos” está desaparecendo. No lugar dele está nascendo um país muito mais parecido com o nosso. Os EUA dos pais fundadores e o “farol em cima da montanha” está se tornando um paizeco de terceiro mundo, no qual vale tudo. Meu saudoso pai costumava dizer que “onde todo mundo é esperto, só tem burro”…

Continuarei a ser um bobão, como tantos brasileiros de valor, que se doaram pela sua pátria, e tantos outros “bobões” aqui e ali escorraçados pela mídia e chamados de otários – “perdeu, mané”. Perder? Perdi? Nada! Minha dignidade e minha honra estão intactas, bem como minha relação com o Justo Juiz, que há de julgar a todos.

PS – Em tempo – Sou auditor independente. Minha função é o chamado “ceticismo saudável”, ou seja, confiar desconfiando. Um leitor me questionou como eu poderia me identificar como “bobo” sendo auditor. Ora, é simples: eu tenho o direito de ser bobo com as minhas coisas, pois sobre elas posso voluntariamente abrir mão. Já quando auditor, opino sobre as coisas dos outros. Sobre essas não posso sequer pensar em ser tolo.

Independência ou Morte!

Dizem que Dom Pedro I não disse essa frase – “Laços fora… independência ou morte”, no Sete de Setembro, às margens do Riacho do Ipiranga. Tanto faz. É mais do que comum os progressistas quererem desfazer do passado de um país, tachando tudo de mito. Desde a dentatura de madeira de George Washington até a luta de João Paulo II contra o comunismo, nas mãos de certos historiadores tudo vira lenda.

Não importa. Parafraseando Monteiro Lobato, “Um país se faz com homens, livros e histórias inspiradoras”. É algo que inspira a todos nós, termos tido um país livre, com pouquíssimo sangue derramado. Uma nação fundada na paz, num território impressionantemente contíguo, com uma língua comum, costumes estranhamente parelhos, para tanta gente distinta que o formou, e paz, muita paz, ao longo de sua história, ainda que pontilhada por guerras aqui e acolá.

Tanto é assim, que o sombrio período militar, descrito como uma era negra, de prisões autoritárias e tortura, não contabiliza, na ponta do lápis, mais do que 400 vítimas – boa parte dela sabendo dos riscos que suas ações representavam. Uma vítima já seria muito, claro, principalmente se a vítima é você, mas cá entre nós, na estatística Staliniana, 400 pessoas é algo que nem conta.

Assim, nossa grande guerra foi a do Paraguai, na qual os feitos de Caxias, Tamandaré e outros são “descontruídos” pela historiografia oficial (deles), houve uma defesa territorial, apoiada pela Inglaterra, a grande potência da época. E daí? Todas as guerras de todos os tempos tiveram interesses difusos, de algum império, o que não tira delas a justiça – pelo menos de um dos lados, o do defensor. A França apoiou os EUA em sua guerra de independência contra a mesma Inglaterra, e ninguém chama a França de “imperialista”.

Mas voltando à efeméride em si, sou tremendamente grato a Deus por ser brasileiro, amo essa nação e tenho pelo minha bandeira um sentimento quase religioso. Sou cidadão dos céus, como a Bíblia me chama, o que não me tira o direito de amar meu país, e, por decorrência cristã, todos os outros, cada um à sua maneira, respeitando povos e culturas, ainda que não concordando com muita coisa. Há impérios, há soft power, hard power, tudo isso. Há dominações, há mutreta, há diplomacia inválida, há de tudo. Nada disso impede que eu seja apaixonado pelo meu país, a ponto de enxergar claramente o perigo que nos ronda, por meio de um internacionalismo pregado pela Internacional Socialista desde sempre.

O mote hoje é o desrespeito às nações. Já não se canta o hino do país sede na Champions League, mas um pavor orquestral e vocal que pra mim soa como “Lasanhaaaa… Lasanhaaaa... Lasaaaaaaanhaaaaa“, toda vez que ouço. Carregar uma bandeira nos ombros depois de uma medalha olímpica, ou de uma vitória na Copa, está se tornando “brega”.

Meu país é este aqui. Sete de Setembro de 1822, portanto há 201 anos, nos tornamos um país soberano, e há muito que comemorar. Se um país de 210 milhões de habitantes, com quase 9 milhões de Km de território soberano, um idioma, que alimenta mais de 1,1 bilhão de bocas diariamente, que produz quase tudo que precisa, que possui o território mais intocado pelo homem até o momento, um país que jamais iniciou qualquer ato bélico (nem unzinho sequer, como umas Malvinas, etc). Um país que criou uma doutrina de não intervenção na soberania dos outros, que é lindo por natureza, ou seja, se NÓS, a 7a. maior economia do mundo não temos o que comemorar, QUEM tem? Será os EUA, que “já chegaram lá” e são a maior nação do mundo? Será a China com sua voracidade de gafanhoto? Será a Rússia e seu czar e política briguenta? Será o Japão, que perde milhões de habitantes por ano, por estar “murchando”?

Meu país é minha copropriedade. Me sinto responsável por ele. Por isso eu quero bem a ele. Quero pagar impostos com justiça, mas pagá-los; quero as ruas limpas, e por isso guardo papel de bala no bolso; quero autoridades honestas, por isso nem penso em subornar guarda de trânsito pra evitar multa; quero preservar o meio ambiente, por isso não apoio iniciativas de desmatamento; quero um país rico, por isso não apoio que simplesmente se deixe a Amazônia sem exploração racional; quero um país educado, por isso dou minha quota de participação, escrevendo com um português minimamente aceitável; quero um país fraterno, por isso apoio os imigrantes que aqui chegam sem ter o mínimo para subsistir; e, por fim, quero um país Cristão, e por isso falo do amor de Jesus Cristo por cada pessoa. Mas mais do que tudo isso, entendo que sou voluntário nesse processo civilizatório. Não preciso nem quero sem empurrado para o bem. Quero fazê-lo porque no fundo me fará mais feliz.

Amo meu Brasil, a despeito do assalto às instituições que está sendo perpetrado debaixo do nosso nariz por gente que no fundo o odeia com todas as forças. Amo meu Brasil e por isso sou favorável a instituições fortes, democráticas e honestas. E é justamente por amar meu país que eu me sinto impelido a expor o que eu penso, e aceitar tudo o que venha de visões diferentes, com liberdade, sem censura, sem arbítrio.

Deus abençoe esse país imenso, lindo, pacífico e cristão!

Argentina e a Revolta de Atlas

Semana passada, em uma viagem ao Chile, um amigo querido me lembrou do livro da filósofa russa/americana Ayn Rand chamado A revolta de Atlas. Gosto mais do título em ingles, Atlas Shrugged (algo como “Atlas deu de ombros” – sabe aquele gesto de “tô nem aí”)… significa que o Gigante que carrega o mundo nas costas, o tal Atlas, acabou se chateando com tudo e “deu de ombros”… como o mundo está nos ombros dele, imagino que o mundo deve ter caído “no chão” e se espatifado em milhões de pedaços.

Hoje, lendo a epopeia argentina de autodestruição econômica, me lembrei do tal livro, que comecei a reler (havia lido há muuuuitos anos atrás). Dando de cara com manchete da Gazeta do Povo –https://www.infomoney.com.br/economia/pacote-argentino-preve-400-bi-de-pesos-para-linha-de-credito-alem-de-bonus-a-trabalhadores/ – não tive como conter a sensação de que os Atlas argentinos acabaram dando de ombros para o seu país.

Mas antes preciso fazer uma breve resenha do livro Atlas Shrugged para deixar todo mundo na mesma página. Para facilitar, e para ilustrar a todos como o ChatGPT é esperto, recorri a ele. Em vez de gastar alguns minutos fazendo minha própria resenha, passo a descrever o que um simples questionamento como “qual é a mensagem central do livro Atlas Shrugged” retornou, na tal IA:

Em resumo, “A Revolta de Atlas” é uma obra que promove o individualismo, o capitalismo, a razão e a criatividade enquanto critica o coletivismo, o altruísmo extremo e a opressão do governo. É uma obra polêmica que gerou discussões intensas ao longo dos anos e continua a influenciar debates políticos e filosóficos.

Chat GPT para dummies… (eu)

“A Revolta de Atlas” (Atlas Shrugged) é um romance filosófico escrito por Ayn Rand e publicado em 1957. A mensagem central do livro pode ser resumida em várias ideias interconectadas:

  1. Individualismo e Capitalismo: O livro promove fortemente o individualismo e o capitalismo laissez-faire como sistemas morais e econômicos superiores. Ele defende a ideia de que os indivíduos têm o direito de buscar seus próprios interesses e que isso é fundamental para o progresso da sociedade.
  2. A importância da mente criativa: “A Revolta de Atlas” celebra os criadores, inovadores e empreendedores como motores da economia e da civilização. Ele argumenta que a produtividade e a criação de valor são lideradas por indivíduos talentosos e criativos.
  3. A crítica ao coletivismo e ao altruísmo excessivo: O livro critica severamente sistemas políticos e econômicos que sacrificam os indivíduos em nome do coletivo. Ele argumenta que a busca do bem comum não deve ser feita à custa da liberdade individual.
  4. A defesa da razão e da lógica: “A Revolta de Atlas” valoriza a razão como a principal ferramenta do ser humano para entender o mundo e tomar decisões racionais. Ele critica a irracionalidade e o coletivismo que muitas vezes surgem quando a razão é negligenciada.
  5. A resistência à opressão do governo: O livro narra a história de indivíduos talentosos e produtivos que decidem “desaparecer” em resposta à crescente opressão do governo e às políticas de redistribuição de riqueza. Eles se recusam a ser explorados e fogem para criar uma sociedade própria.
  6. Ética da autossuficiência: Ayn Rand enfatiza a importância da autossuficiência e da independência individual. Ela argumenta que as pessoas devem buscar seus próprios objetivos e não depender excessivamente do Estado ou de outras instituições.

No livro, um grupo de intelectuais resolve fazer uma “greve” e negar à humanidade sua produção. Os tais “Homens que pensam” resolvem que vá todo mundo se lascar. Não querem viver nas costas de quem produz? Então comecem a produzir… e o pau quebrou. O legal é a definição dada a essa situação, frente à postura dos grevistas: governo centralizador e “paizão” é tão, mas tão ruim, que ele quebra a economia e acaba caindo por seus próprios deméritos. Tudo o que se tem que fazer é deixar que façam o que fazem melhor – bobagem.

O que tem isso a ver com a Argentina? Tudo. A Argentina é o exemplo mais perfeito e acabado de como uma série de governos semi-ditatoriais, ou abertamente ditatoriais, que privilegiam “o social” em detrimento do indivíduo e suas escolhas individuais podem fazer para acabar com um país maravilhoso, fértil e de gente educada. Nada me parece mais próximo da fábula de Ayn Rand do que o Brasil de hoje, a Argentina de hoje (e de sempre), a Bolívia de hoje, o México de AMLO, e o Chile… opa… o Chile nem tanto.

Vindo de uma palestra sobre o Chile na semana passada, dada pelo meu ilustre colega de Praxity, Ignacio Gepp, percebi que ali a “guinada à esquerda” acabou não sendo o que pareceu ser. Parece que lá, Sebastián Piñera, que havia saído da presidência com 8% de aprovação (ou seja, um Temer da vida) volta à cena como a terceira opção em um novo pleito presidencial. Além disso, a tal nova constituição que parecia muito com uma colcha de retalhos de ideários de esquerda foi rejeitada menos de 1 ano depois da eleição do atual presidente, Boric, por nada menos que 62% da população – lá, diferentemente daqui, a população tem que aprovar a nova Carta Magna no voto.

Uma nova constituição está sendo elaborada, por um congresso menos à esquerda, e parece que incorporará alguns temas caros à sinistra, mas com manutenção do bom senso econômico que tem caracterizado o Chile há décadas, e que o coloca como o maior PIB per capita da América Latina já há algum tempo.

Síntese do babado todo: não adianta correr. Pode dar a economia à esquerda à vontade. É questão de tempo até quebrarem tudo, e devolverem em frangalhos ao povo. “Ah… mas e a China”… bom, a China é um exemplo de aprendizado confucionista: melhor ficamos com o poder político mas deixemos a quem entende a iniciativa privada. Não que eu creia que isso vai durar. Acho que não. Assim que a China se sentir “dona do mundo” ela retornará ao ideário de dominação também econômica, além de política, e o caos sobrevirá.

Deus nos ajude e dê vontade de não querer fazer greve de ideias… vontade dá.

El Salvador e nós

Conheci este pequeno país da América Central no final dos anos 80, quando andava pelo mundo como auditor interno de uma multinacional. Era pequeno, acanhado, e se destacava dos vizinhos por ser mais conflagrado, exceção feita à vizinha Nicarágua, sempre às voltas com revoltas (sem trocadilho intencional). Tinha um amigo lá, Julio Gomez, que era o CEO da empresa no local, gente fina, que nos levava pra conhecer San Salvador e arredores. Tendo passado bons meses na vizinha Guatemala, de vez em quando mudava de ares lá. San Salvador é bonitinha, com bonitos monumentos, mas nada de mais.

Confesso que não gostava, pelo calor, pela falta de infraestrutura e pela insegurança, que já existia desde lá de trás. Chamava a atenção a hiperinflação, que aliás, assolava toda região exceto a Guatemala, com seu Quetzal então estável, e a Costa Rica, ilha de prosperidade, democracia e civilidade da região, com sua moeda também estável.

Hoje, o país vive uma “ditadura do bem”, sob o presidente Nayib Bukele, que promoveu um encarceramento em massa, julgamentos em massa, no melhor estilo Xandão do STF, por aqui. O cara equilibrou a economia (bom, ter Dólar como moeda, além do estranho caso do Bitcoin, torna o trabalho mais fácil) e reduziu a criminalidade a níveis inéditos no país. O povo aplaude, e, com quase unanimidade de aprovação, Bukele segue firme para um terceiro – e inconstitucional – mandato.

Justificativas para a Ditadura

Obviamente não há justificativa para qualquer ditadura. Nem de esquerda nem de direita, centro, alto, baixo, etc. Bukele é tão ditador quanto Daniel Ortega na vizinha Nicarágua. Tão somente que, convenhamos, trabalha mais para o povo do que para si próprio e seu regime.

O que constitui uma ditadura não são suas intenções, boas ou más, mas a concentração de poder em poucas mãos e sua baixa tendência de transmitir este poder, exceto – e talvez, vide Perón – pela morte. Os gregos, em momentos de crise, deixavam a democracia de lado e elegiam um “Déspota Esclarecido” como ditador. Pegavam um sujeito bom, de princípios e capacidade, digamos, um Péricles da vida, e deixavam o cara trabalhar até que o perigo interno ou externo tivesse passado. Esperava-se que, ao fim desse processo, o tal cidadão devolvesse o poder ao povo.

Isso acontecia na República Romana. O nome lá era “Imperium”. O general ou senador recebia um “Império”, que era uma determinada missão, e, dentro dessa, tinha liberdade de ação. Tinha que “entregar seu império” de volta ao SPQR – Senado e Povo de Roma. A coisa vinha bem, até que uns mais atirados, como Júlio Cesar (antes dele, Sila, Cina e Catilina tinham tentado também) tomou conta do poder e não devolveu o Imperium. Não se denominou imperador, o que só foi feito por seu sucessor e sobrinho, Augusto, mas reinou de qualquer forma.

Esse é o problema da ditadura. O poder é agradável a quem exerce, e demanda uma grande virtude a sua entrega voluntária. Mas nada do que escrevi acima é justificativa para ditador algum. Nem situação difícil, nem guerra, nem nada justifica isso.

Mas Explicações, há…

Se não há justificativas, há explicações, e boas. O povo salvadorenho devia andar cansado de roubos, gangues de rua, narcotráfico, etc. A coisa passou tanto do limite que Bukele assumiu o poder e mandou bala, literalmente, nas dezenas de gangues e cartéis que mandavam no país. E teve sucesso. O povão, claro, adorou, pois é mais fácil viver sem correr o risco de tomar um tiro de qualquer um na rua, nem ter que “pagar” por segurança privada dos próprios meliantes.

“Qualquer sociedade que renuncie um pouco da sua liberdade para ter um pouco mais de segurança, não merece nem uma, nem outra, e acabará por perder ambas.”

Benjamin Franklin

Ben Franklin, que não era nem um pouco bobo, definiu acima o que acontece com um povo que deixa de lado a sua luta por liberdade pela tranquilidade da paz nas ruas. Acaba sem nada. Os alemães, sob Hitler, fizeram uma escolha parecida – apenas que a “paz” desejada era a financeira – Hitler os livrara da hiperinflação, e os resgatara a dignidade perdida sob o Tratado de Versalhes. Acabaram perdendo tudo, inclusive, muitos, a vida.

Bolsonaro foi uma figura que despontou da mesma forma: como resposta às insatisfações com a corrupção, com o desemprego, com a imbecilidade governamental sob Dilma, etc. Um fenômeno de massas, não acredito que tivesse perdido as eleições sem o apoio do STF e TSE (“Derrotamos o Bolsonarismo“, como bradou Barroso). Tampouco acredito que Bolsonaro tivesse se tornado um ditador. Não tem nem apoio e, creio, nem o desejo disso. De fato creio que, com todos os seus erros, incongruências e verborragia, foi um cara determinado a fazer coisas boas pelo país. No entanto, o “consórcio” o derrotou. E estamos aí, governado por um mentiroso, descondenado e candidato a ditador (mesmo morto, talvez se torne o nosso Perón, com consequências parecidas).

Que fica entre a democracia e a ditadura, quando a sociedade escolhe proteger-se, à custa da liberdade, é, tão somente, a qualidade moral do “Imperator”. Bukele pode tanto ter mais um mandato – como teve Roosevelt durante a 2a. guerra – como pode tentar perpetuar-se através de uma “democracia relativa”, com reeleições sem limite, e endurecimento de um regime. A sociedade salvadorenha, ao escolher tão somente a segurança, pode estar neste caminho. E somente a qualidade moral de Bukele, ou umas quantas balas, os livrará da ditadura.

Brasil é El Salvador?

Esse papo é sempre assim – aqui é diferente. Ouvi isso na Venezuela no final dos anos 90, ouvi isso na Argentina, quando das reeleições Kirchneristas, e continuo ouvindo isso aqui. Brasil não é El Salvador. Nossas instituições são melhores – ainda, e creio que mais cedo ou mais tarde a Lei vai voltar a imperar sobre o STF atual. Digo a Lei, porque o STF, que parece ter a obrigação de faze-las cumprir, cada vez mais decide tanto fazer as leis como executar os serviços requeridos dela (como na recente decisão de mandar o governo dar barraca a morador de rua).

Brasil não é El Salvador, nem EUA. Brasil não é sequer Chile. Nossas instituições estão sim, ameaçadas, não pelo acuado Bolsonaro (nunca estiveram) mas pelo poder judiciário, sob olhares complacentes dos chefes do legislativo, e sob a batuta escondida dos atuais donos do executivo.

El Salvador está melhor. Isso, na cabeça de alguns, manda um recado de que a “direita é melhor ditadora do que a esquerda”. Bom, a direita é melhor que a esquerda em quase tudo, visto que a esquerda começa a termina por uma visão míope, burra e simplista da vida. Mas ditadura não é bom de lado algum, como já disse. Convivamos com ela, se tivermos que conviver. Para isso existe a instituição do Estado de Sítio, Estado de Guerra. Mas não a desejemos.

Trauma

Li no excelente Quillette.com um texto que diz algo muito importante sobre o mundo que vivemos hoje (se quiser, leia em https://quillette.com/2023/07/10/the-ever-expanding-definition-of-trauma/). Tem sido um tema recorrente meu as indesejáveis, apressadas ou simplesmente burras alterações sociais que têm sido promovidas por “movimentos sociais”, e “ativistas sociais” de quaisquer matizes. Indesejáveis porque não fazem parte nem da necessidade mesma de melhora social, na maioria dos casos; apressadas, principalmente as que se ligam ao idioma, que tem um desenvolvimento próprio; burras, na maior parte das vezes, porque são uma forma de traição à humanidade, como por exemplo, promover e ensinar troca de sexo a crianças ainda em fase de desenvolvimento da personalidade, só para ficar no exemplo mais gritante.

O texto que mencionei fala do conceito de Trauma. Como me lembrou meu primo Bob, psicólogo comportamental, o termo “trauma” foi importado da medicina, e significa literalmente pancada, machucadura ou outra forma de golpe contundente. É coisa grave, aguda, e que precisa de remédio logo, cirurgia, transfusão de sangue e tudo que uma UTI e um médico intensivista bem conhecem.

Bob continua, seguindo os caminhos de sua especialidade, também conhecida como “Behaviorismo” (comportamento = behavior), da seguinte forma:

Eu não tenho muito a opinar sobre a questão relativa ao trauma, pois não é um conceito que utilizo. Na verdade, ele traz uma compreensão, ao meu ver, equivocada do funcionamento cerebral humana. Vou colocar pra você um texto que pode esclarecer melhor minha perspectiva.

“…O trauma pode ser entendido como uma condição na qual uma pessoa desenvolve uma resposta comportamental intensa e negativa a determinados estímulos ambientais. No behaviorismo radical, a análise do comportamento traumático envolve a identificação dos estímulos que desencadeiam a resposta traumática e a investigação das contingências de reforço que mantêm essa resposta ao longo do tempo. Por exemplo, uma pessoa que experimentou um evento traumático pode desenvolver comportamentos de evitação ou respostas de ansiedade em situações semelhantes ao trauma inicial…. “É importante ressaltar que o behaviorismo radical é apenas uma das várias abordagens teóricas dentro da psicologia e que a compreensão e o tratamento do trauma podem ser abordados de diferentes maneiras, dependendo das crenças e orientações teóricas do profissional de saúde mental.”

Bob Montechiari Werneck – citando alguma fonte que não me informou…

Qual é o “pó”, como se dizia na minha época? Onde mora o perigo?

Tudo é Trauma

Esse é o maior problema. TUDO é trauma. O ser humano não tem mais condição de lidar com adversidade. Nos EUA existem os “safe spaces” até em universidades: locais onde a pessoa pode se “sentir segura”, e nos quais não se pode falar quase nada. Talvez comentar do tempo chuvoso (talvez ser acusado de chuvófobo por alguém), ou do calor (calorófobo também é uma possibilidade).

A sociedade que há 70 anos mandou seus filhos para lutar em sangrentas batalhas, pela liberdade e contra regimes tirânicos, nas quais a coragem era a forma de sobreviver, e da qual sair vivo era um bônus, já não existe mais. As pessoas lidaram, de forma melhor ou pior, com seus traumas (esses sim, físicos, espirituais e psicológicos verdadeiros) e seguiram suas vidas. Casaram, tiveram filhos (Baby Boom) e construíram a sociedade moderna e deram vida mais fácil aos filhos, que deram vida ainda mais fácil aos seus filhos, até que hoje, nós, os de vida muito fácil, vemos nossos filhos e netos se doerem por qualquer coisa.

Trauma, hoje, é alguém dizer “você está errado. Dois mais dois não são cinco, não importa como você se sinta”. Trauma hoje é se sentir mal porque foi confrontado com uma avaliação B-, ou C+, ou mesmo F, tendo merecido. É ter corrido, chegado em último, e não ganhado “medalha de participação”.

São esses os traumas de nossos dias. Coisas que fariam nossos pais e avós rirem. Mas são menos reais? Infelizmente não. O problema não é na “dor” que o tal trauma traz, mas como as pessoas reagem a ele. É real? É. É vital? Não. Mas isso pouco importa, porque quem se sente traumatizado, o faz não porque o problema existe de fato, mas porque o percebe como um problema.

O meu problema é maior do que o seu

Me lembro muito bem quando estávamos vivendo, minha esposa e eu, o trauma (esse, creio que verdadeiro) de ter um filho numa UTI dentro de casa, sem esperança de sobreviver. Por mais de 11 anos nós nutrimos pacientemente a esperança de que o nosso Tóia (Ettore) voltasse a ter uma vida pelo menos moderadamente boa. Deus não quis assim, e o levou. É trauma, mas com Deus é mais fácil. Mas não se trata disso.

Uma das visitas que tivemos foi interessante pelo fato da pessoa ter dito que estava profundamente traumatizada porque perdeu seu cachorro, um lindo Golden Retriever… Ora, tínhamos um Golden, o Johnnie, e hoje temos outro, o Chico. Ambos lindos e amados. Mas cá entre nós, eu quase perdi a compostura diante da comparação do nosso filho com o Golden da visita. No entanto, o Golden, pra pessoa, era o “filho”. Eu tive que engolir a comparação em seco.

Não se trata aqui de classificar os traumas, ou dizer o que é ou não traumático. Se trata, isso sim, de entender que tipo de coisa atinge, realmente uma pessoa hoje em dia. Sei que houve tempos em que as famílias tinham 10, 12 filhos, e ao longo do tempo perdiam 5, 6, e “vingavam” outros 5 ou 6. Parece que as pessoas nem sentiam tanto essas perdas. Duvido, mas acredito que o “Limiar de Dor” era mais alto, e as pessoas suportavam a dor de forma mais estóica.

O ocidente estará em breve diante de uma encruzilhada que lhe pode ser fatal: a incapacidade de lidar com o “trauma” de uma equação que lhe diz na cara que ela está errada, em contraposição a uma civilização oriental cujo limiar de dor está tão mais alto que não haverá mais termo de comparação entre cidadãos de lá e de cá, nos colocando numa posição em que acabaremos servos dos mais aptos, mais trabalhadores, mais resilientes, menos frágeis.

Essa é a dor de ver alguém chorar pelo Golden. É ser incapaz de demonstrar para essa pessoa que por mais “sofrida” que seja, a dor dela não encontra eco num mundo onde não hajam tantos “safe spaces”.

ENGLISH VERSION – Courtesy of ChatGPT (see the quality!)

I read an excellent article on Quillette.com that says something very important about the world we live in today (if you’d like, you can read it at https://quillette.com/2023/07/10/the-ever-expanding-definition-of-trauma/). The undesirable, hasty, or simply foolish social changes promoted by “social movements” and “social activists” of any kind have been a recurring theme for me. Undesirable because they often do not contribute to the actual need for social improvement; hasty, especially when it comes to language, which has its own natural development; and foolish, most of the time, because they betray humanity, such as promoting and teaching sex changes to children who are still in the process of developing their personalities, just to give the most glaring example.

The aforementioned article discusses the concept of trauma. As my cousin Bob, a behavioral psychologist, reminded me, the term “trauma” was imported from medicine and literally means a blow, injury, or another form of severe impact. It is something serious, acute, and requires immediate treatment like surgery, blood transfusion, and everything that an ICU and an intensive care doctor are familiar with.

Bob continues, following the path of his specialty, also known as “Behaviorism”, as follows:

I don’t have much to say about the issue of trauma because it is not a concept I use. In fact, it brings about a mistaken understanding of how the human brain functions, in my view. Let me share a text that may better clarify my perspective.

“…Trauma can be understood as a condition in which a person develops intense and negative behavioral responses to certain environmental stimuli. In radical behaviorism, the analysis of traumatic behavior involves identifying the stimuli that trigger the traumatic response and investigating the reinforcing contingencies that maintain this response over time. For example, a person who has experienced a traumatic event may develop avoidance behaviors or anxiety responses in situations similar to the initial trauma…. It is important to note that radical behaviorism is just one of several theoretical approaches within psychology, and the understanding and treatment of trauma can be approached in different ways depending on the beliefs and theoretical orientations of mental health professionals.”

Bob Montechiari Werneck – quoting a source that was not informed to me…

What’s up, as we used to say back in my day? Where does the danger lie?

Everything is Trauma

That’s the biggest problem. EVERYTHING is trauma. Human beings are no longer capable of dealing with adversity. In the US, even universities have “safe spaces” where people can “feel safe” and where almost nothing can be said. Maybe talking about the rainy weather (perhaps being accused of rainphobia by someone) or the heat (heatphobia is also a possibility).

The society that sent its children to fight in bloody battles for freedom and against tyrannical regimes, where courage was the way to survive and coming out alive was a bonus, no longer exists. People dealt, in better or worse ways, with their traumas (the real physical, spiritual, and psychological ones) and moved on with their lives. They got married, had children (Baby Boom), built the modern society, and made life easier for their children, who made life even easier for their children. And now, we, who have had a very easy life, see our children and grandchildren getting upset over trivial matters.

Today, trauma is someone saying, “You are wrong. Two plus two is not five, no matter how you feel.” Today, trauma is feeling bad because you received a B-, C+, or even an F grade that you deserved. It’s running and coming in last without receiving a “participation medal.”

These are the traumas of our days. Things that would make our parents and grandparents laugh. But are they any less real? Unfortunately, no. The problem lies not in the “pain” that such trauma brings, but in how people react to it. Is it real? Yes. Is it vital? No. But that matters little because those who feel traumatized do so not because the problem actually exists, but because they perceive it as a problem.

My problem is bigger than yours

I remember very well when my wife and I were living through the trauma (which I believe was real) of having a child in the ICU at home, with no hope of survival. For over 11 years, we patiently nurtured the hope that our Tóia (Ettore) would have at least a moderately good life again. God did not wish it, and He took him away. It’s a trauma, but with God, it’s easier. But that’s not the point.

One of the visits we had was interesting because the person said they were deeply traumatized because they lost their dog, a beautiful Golden Retriever… Now, we had a Golden, Johnnie, and today we have another one, Chico. Both beautiful and beloved. But between us, I almost lost my composure when our child was compared to the visitor’s Golden. However, for that person, the Golden was their “child.” I had to swallow that comparison.

The point here is not to classify traumas or determine what is or isn’t traumatic. It’s about understanding what kind of thing genuinely affects a person nowadays. I know there was a time when families had 10, 12 children, and over time they lost 5 or 6 of them, and then had another 5 or 6. It seems that people didn’t feel those losses as deeply. I doubt it, but I believe the “Pain Threshold” was higher, and people endured the pain in a more stoic manner.

The West will soon face a crossroads that could be fatal: the inability to deal with the “trauma” of an equation that tells it straight to its face that it is wrong, in contrast to an Eastern civilization whose pain threshold is so much higher that there will no longer be any basis for comparison between citizens from here and there, putting us in a position where we will end up as servants to the fittest, the hardest workers, the most resilient, the least fragile.

That is the pain of seeing someone cry over their Golden. It is the inability to show that person that, no matter how “suffering” they may be, their pain finds no echo in a world where there aren’t as many “safe spaces.”

Teoria da Descontinuidade Normativa

Certa vez li algo, en passant, sobre a Teoria da Descontinuidade Normativa. Li, e esqueci totalmente de onde li. Só que, tanto na minha cabeça quanto com relação ao sentido comum que fazia, fiquei “apaixonado” pelo conceito que foi descrito ali, e que, na minha visão, exemplificava um montão de coisas que aconteciam hoje e que eram fruto exatamente daquele pensamento.

Na minha cidade, Cordeiro (Rio de Janeiro), conversando com um primo conversador e inteligente, falei sobre o assunto. Ele, como sempre controverso e provocativo, duvidou que essa teoria existia. Passei talvez dois ou três anos “entisicado” com a falta de documentação sobre ela.

Recentemente resolvi fazer um teste, usando o ChatGPT, e, voilà, o tal instrumento “satânico” retornou o seguinte pra mim:

A teoria sociológica que aborda a ideia de que um comportamento se torna menos aceitável quando está em declínio na sociedade é conhecida como “teoria da descontinuidade normativa” ou “teoria da descontinuidade moral”. Essa teoria sugere que as atitudes e normas sociais são influenciadas pelo contexto histórico e pela mudança social.

De acordo com essa teoria, quando um comportamento está em declínio na sociedade, seja devido a mudanças culturais, avanços tecnológicos, pressões econômicas ou outros fatores, ocorre uma descontinuidade moral. Isso significa que as pessoas começam a questionar e desafiar a aceitação desse comportamento, tornando-o cada vez menos aceitável.

No exemplo mencionado, a abolição da escravidão, a teoria da descontinuidade normativa argumenta que o declínio gradual da instituição da escravidão na sociedade contribuiu para que a abolição ganhasse mais adeptos. À medida que a escravidão se tornava menos comum e outras formas de organização social e trabalho emergiam, as pessoas começaram a questionar a moralidade e a ética da escravidão. Isso levou a um aumento na demanda por sua abolição, eventualmente levando a mudanças legais e sociais.

Essa teoria destaca a interação complexa entre mudanças sociais, normas culturais e atitudes individuais. Ela sugere que a mudança social não ocorre de forma linear, mas sim através de momentos de descontinuidade moral, nos quais as normas e atitudes se transformam rapidamente à medida que um comportamento entra em declínio.

Alguns dos principais sociólogos e teóricos sociais que contribuíram para o desenvolvimento dessa perspectiva incluem:

  1. Emile Durkheim: Considerado um dos fundadores da sociologia moderna, Durkheim argumentou que as normas e valores sociais evoluem à medida que a sociedade passa por mudanças e transformações. Ele explorou a relação entre mudança social, moralidade e coesão social.
  2. Max Weber: Weber examinou o papel das ideias e valores na sociedade, destacando a importância das crenças compartilhadas para a estabilidade social. Ele enfatizou como as mudanças sociais afetam as normas e os valores morais, influenciando o comportamento individual e coletivo.
  3. Talcott Parsons: Parsons propôs uma teoria sociológica ampla que abordava a mudança social e a adaptação de normas e valores. Ele enfatizou a necessidade de coerência e integração social à medida que as normas se transformam.
  4. Neil J. Smelser: Smelser desenvolveu uma teoria da mudança social baseada em eventos desencadeadores e processos de descontinuidade social. Ele explorou como os eventos históricos e sociais afetam a evolução das normas e valores sociais.

É importante destacar que a teoria da descontinuidade normativa é uma perspectiva ampla e multidisciplinar, e outros estudiosos também contribuíram para o seu desenvolvimento. Diferentes abordagens e enfoques podem variar em termos de ênfase e teorias específicas utilizadas para explicar como a mudança social afeta a aceitação e a rejeição de comportamentos na sociedade.

ChatGPT…

Pois bem, finalmente “provei” ao meu primo que a teoria existe… mas e daí?

Disrupção da Norma

O exemplo que soprei pro ChatGPT, e que me retornou o assunto acima, foi a escravidão. O que a teoria quer dizer: que quando o mundo estava “imerso” na cultura da escravidão, a maior parte da população sequer conseguia entender essa instituição como algo “mau”, mesmo pessoas de grande sensibilidade, honra, ética e princípios. Não era somente o fato de que “todo mundo faz”, e portanto, deve ser correto. Não é isso: é que as pessoas não conseguiam sequer entender que pessoas de pele negra eram “seres humanos”. Uma grande parte da academia (e dos púlpitos, diga-se) se dedicou a “comprovar” que a raça negra era, inclusive, uma “coisa” diferente dos homens brancos. O mesmo foi dito de asiáticos e outros, em outros momentos. Foi um momento muito sombrio da história.

Este momento difere de outros, principalmente no império romano, pois lá, a despeito de haver escravidão enorme, não havia o conceito casuístico de que o escravo “não era ser humano”. Mais honestamente, o romano sabia e dizia que se tratava de “gente”, apenas inferior em razão de conquista militar.

Na medida em que a escravidão começa a declinar como instituição, a “grita”, os movimentos organizados e outros meios de protesto começam a ganhar corpo, culminando na erradicação desse mal.

Aqui não há ruptura algum com o mais alto padrão moral já elaborado. O Novo Testamento é claro quanto à igualdade de todo ser humano, e o Apóstolo Paulo apenas diz ao escravo que “sirva ao senhor como ao próprio Deus”, não por considerar qualquer direito do senhor sobre o escravo, mas por tornar a vida do escravo algo significativo para si mesmo. No fundo, ver-se trabalhando para Deus é mil vezes mais significativo, e digno do que trabalhar para qualquer patrão. De quebra, essa atitude tinha o condão de “amaciar” e tornar o senhor menos cruel, ou envergonhado de sua crueldade… bom, nem sempre, claro.

Movimentos de Força

Pode se alegar com isso, que os movimentos atuais, como LGTBQ!@#$% etc estejam indo na mesma toada. O filho de um amigo meu, brasileiro e que vive nos EUA, criado em uma igreja cristã, me falou sobre a necessidade de “normalizar” o comportamento homoafetivo. Isso, na visão dele, significaria tornar o fato algo “comum e corrente”. É um dos exemplos de Descontinuidade Normativa em vigor hoje, por conta de um problema cuja solução (ou dissolução) já teria sido alcançada socialmente. Meu problema com isso é que somente uma pequena camada da sociedade, mas muito vocal, entende isso como algo realmente normal e aceitável. A maioria, ou é ignorante sobre o conceito, contra ele ou indiferente.

Creio que essa “normalização” vai acontecer, independentemente do que nós, cristãos, achemos, e do que diga a Bíblia. Mas o ponto não é esse. Esse escrito é sobre algo que era impensável até um tempo atrás, e que rapidamente (e cada vez mais rapidamente devido às redes sociais) vai se tornando algo aceitável.

Velocidade da Normalização – Âncora e Norma

Vejo que o problema começa no momento em que a sociedade não normalizou algo, ainda – dentro de si, e algum grupo “empurra a pauta” goela abaixo. O exemplo mais claro são os pronomes neutros. Amigos, amigas e amigues, todos todas e todes… A língua é um “ente vivo” como diria meu pai, e vai se transformando na medida em que a sociedade evolui. A norma culta, aplicada pela influência literária de luminares como Shakespeare (inglês), Goethe e Schiller (alemão), Dante Alighieri (italiano), Cervantes (espanhol) ou Camões (português) serve para criar uma âncora que permita que gerações se entendam, com base nos mesmos padrões, e que a língua de um século seja totalmente obscura a outro, criando um abismo de conhecimento intransponível.

Sociedades mais avançadas, como a grega e a romana, são justamente aquelas em que a norma culta pode ser preservada pelos séculos. Bárbaros são justamente aqueles que não souberam fixar por escrito suas tradições e ideias, e por isso se perderam no tempo. Por isso é mais fácil reconhecer Roma, Grécia ou China, do que impérios semelhantes, ou até maiores, como o Mongol e Huno.

A forçada de barra que está sendo imposta por essa “novilíngua” politicamente correta, nos leva a crer que há uma indevida imposição sobre o Espírito do Tempo, e para além desse.

Fait Accompli…

Para além de forçar uma barra cultural, o que vejo diante de mim, hoje, é uma tentativa de normalizar condutas que não apenas são discutíveis, diante de Deus e humanos, mas tremendamente execráveis diante de ambos, e para além do Espírito do Tempo (pros mais chiques, Esprit du Temp ou Zeitgeist).

Como exemplo, coloco a transição de gênero para crianças de 10, 12 anos de idade, e pedofilia, que não me parecem que deveriam ser “normalizados” nem mesmo se a sociedade se acostumasse e eles. O canibalismo já foi aceito e praticado em diversas sociedades e, por imperativos morais (sequer restrito ao cristianismo) deixou de ser coisa aceitável para se tornar abominável, o que realmente é. Espíritos mais combativos, como o do meu primo, diriam (só pra atazanar): “ah, mas canibalismo seria aceitável para alguns” e argumentaria ad nauseam sobre o treco, só pra ter o prazer de discutir. Eu diria que para além de qualquer outra consideração, é uma desnecessidade. Prefiro dar razão a vegano do que a canibal, retrucaria eu. E ambos cairíamos na risada…

O processo chamado de Ação Afirmativa propugna que forcemos a barra para criar situações que venham a se tornar “normais”. Essas ações incluem alguns monstrengos como a política de quotas em universidades e no serviço público, quotas para minorias em empresas, etc.

O resultado da Ação Afirmativa costuma ser o posicionamento de pessoas ou grupos artificialmente em posições inadequadas para boa parte de seus membros.

Alguns grupos querem apressar dessa forma o processo de Descontinuidade Normativa, tornando o mesmo disruptivo e abrupto. Não posso concordar com isso, principalmente quando da boca de quem deveria zelar pela ortodoxia, proclama de púlpito que devemos, por exemplo, “resignificar” a Bíblia. Esse resignificado me soa um monte como Disrupção Normativa fora de tempo. E aliás, sobre algo que, na minha opinião, não é temporal nem cabe resignificado algum.

Triste fim do Bom Senso

O resultado de um processo que atropela o passo da sociedade é uma brigaria sem fim, que não faz bem nem à minoria nem à maioria; uma briga que acaba por fazer com que a sociedade perca o foco e o padrão. Enfim, o resultado é a confusão e o caos. Do caos, claro, sempre surge um aproveitador que acaba “botando ordem na casa” à força, e acaba por acabar com qualquer chance de evolução social natural e pacífica.

O bom senso, o senso comum (como dizem os anglicistas) deveria ditar as regras numa sociedade baseada na educação formal. Vejo isso se perdendo de nós como areia entre dedos secos.

Oremos…

A nova Moda

Toda vez que um artigo num jornal qualquer chama minha atenção, me dedico a comentar, com meu olhar específico, e tecer considerações que podem ser de ajuda pra alguém (além de mim mesmo, obviamente – já deixei claro aqui que escrevo em primeiro lugar pra mim mesmo). O de hoje é baseado no excelente artigo que estimulo todos a ler: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/por-que-as-consultorias-em-diversidade-estao-tomando-conta-das-empresas/

Hoje, o assunto da vez foram as consultorias DEI – Diversity, Equity, Inclusion (Diversidade, Equidade, Inclusão). É, ou parece ser, um apêndice da queridinha de uns meses atrás, ESG – Environmental and Social Governance (Governança Ambiental e Social). Digo queridinha, porque uma moda é uma moda. Pode pegar ou não. Eu ainda me lembro da era da “Reengenharia”, e tantas outras modas que nos acometeram ao longo das décadas.

Se antes a moda era fulcrada na necessidade de então – crescimento com queda de custos e preços ao consumidor, melhoria de processos, etc – hoje ela é baseada em uma necessidade que parece nada ter a ver com a vida empresarial em si, mas que representa uma agenda de parte da sociedade.

Não há nada errado em impulsionar agendas, e essa tensão, desde que democrática, faz a sociedade, e o mercado, progredirem. O problema está justamente no caráter “democrático” de determinadas demandas. O artigo cita como exemplo a capitulação aparente da cúpula da rede de fast-food Chick-Fil-A, criada por evangélicos, que não abre aos domingos, e cresce vertiginosamente. Até 2014, impulsionada por seu criador, Samuel Truett Cathy, a rede mantinha um padrão rigoroso em seu caráter cristão. Nada errado, tudo certo, não há ninguém lá que pareça se sentir mal ao trabalhar para eles. Ocorre que pressões de grupos ideológicos aparentemente fizeram com que fosse criada uma dessas diretorias de DEI, dentro da Empresa, o que parece ser um retrocesso no caráter cristão da Empresa. Não necessariamente. É perfeitamente possível, creio eu, que uma diretoria de diversidade, equidade e inclusão, apoie de verdade esses ideais, dando voz, por exemplo, a minorias atingidas, e a maiorias, que muitas vezes são discriminadas e marginalizadas a ponto de parecerem-se muito com as tais minorias oprimidas.

E o que a sociedade faz com as modas? Bom, no momento em que os negócios vão bem, parece que a moda cabe no orçamento e sempre se encontra uma forma de acomodar o gasto. Entendo, porém, que dificilmente uma diretoria vai manter seus quadros ESG e DEI em detrimento, por exemplo, de seus engenheiros, analistas de TI, operadores de empilhadeira entre outros profissionais que cumprem, na ponta, a necessidade de facto, das corporações.

Há áreas dentro do mundo de consultoria que não existiriam se não fosse pela necessidade legal. Como exemplo, as recentes “conquistas” legais de segurança da informação, ou mesmo as não tão recentes exigências de auditorias em vários segmentos.

Cada um com seu “Cadaqual“, como eu diria proseando furado. Vivo de uma dessas exigências legais – embora ache que o mercado já deveria ter aprendido que: se COM auditoria já é difícil, SEM ela, o problema é certo. Mas aqui, puxo brasa pra minha sardinha, obviamente.

O que parece não ser democrático aqui, a despeito de não haver regulação para tal, é que as empresas se sentem impelidas a criar essas diretorias e gastar uma grana em consultorias DEI e ESG por conta não de valores intrínsecos às organizações, ou mesmo por detectarem necessidades estratégicas para tal, mas por “ameaças de cancelamento” ou o que eu costumo chamar de “extorsão mediante sequestro de “. Não é democrático, por exemplo, um veículo de mídia social “cancelar” alguém, como faz dia-sim-outro-também o (in)famoso(e) Sleeping Giants. Aliás, o nome está incorreto. Nem Giants, muito menos Sleeping. Roaring Midgets seria um nome mais adequado.

Eu, de minha parte, quero crer que a futura escassez de capital que se avizinha, e que já dá mostras claras nas taxas de juros dos principais bancos centrais, levará as coisas para o limite do que realmente é necessário. Identificará, da mesma forma, o que é supérfluo. As diretorias DEI e ESG não vão acabar em todas as empresas, mas certamente restarão naquelas para quem seu trabalho é considerado essencial e valoroso.

De novo, NADA contra qualquer moda, nada contra DEI ou ESG. Apenas me dou conta de que pouco há (como o artigo deixa claro) de democrático e de realmente inclusivo nas iniciativas até aqui desenvolvidas.

A escassez mostrará a verdade da frase que enaltece a simplicidade que deve permear qualquer modelo organizacional:

Tudo deve ser o mais Simples possível, porém não mais simples.

Atribuído a Albert Einstein

Indo pro Inferno

Todos, ou quase todos nós, temos amigos queridos. Os amigos queridos têm o condão de encher nosso saco sem o menor problema. E sair ileso disso, e ainda receber abraços, e uma dose extra de amor fraternal.

Esse post aí me foi “proposto” como uma pimenta na minha conhecida declaração de fé em um Deus Único, Criador dos céus e da terra, justo e amoroso.

Eu disse ao dito cujo que o responderia, se ele quisesse, em privado, explicando a situação que está proposta aí. Não dá pra fazer digressão ou exegese nos confins do Zap… Ele não veio a mim, sábio que é, pra não ter seu augusto saco cheio, de volta, por mim. Então me digno a escrever, em muito mais linhas do que ele estaria com vontade de ler (aguenta, cabeção!), mas com o que considero ser uma visão que NÃO vai mitigar suas inquietudes, porque quem crê não precisa de explicação, quem não crê não aceita nenhuma delas. Mas vale a tentativa.

Em tempo, o amigo querido em pauta, há uns tempos, disse que estava lendo a Bíblia. Fico feliz com isso, porque parte dos conceitos que vou tentar ordenar não serão inéditos pra ele.

O problema do Conhecimento de Deus

O tal esquimó aí em cima, vivia lá num canto isolado de Labrador, ou um outro Finisterre qualquer gelado lá de cima. Ele obviamente não conhecia o Deus Único em que cremos, nem em Seu filho, Jesus Cristo, em que creio. Nunca ouviu falar do Credo Apostólico nem da Igreja Única, de Cristo, chamada “a Noiva do Cordeiro”.

O tal esquimó então (paradoxalmente, pra piada ter graça) pergunta se ele conhecesse o “Tal de Deus” e o Pecado, ele iria pro inferno. O “Tal Deus” responde, para surpresa do amigo Inuit, e manda um “sim, se você soubesse e não cresse, iria direitinho pras profundas dos infernos”. O inuit então retruca – “então por que você me contou???”… A piada é muito boa, claro, tanto pelo caráter sem-pé-nem-cabeça da proposição inicial, como seu desfecho inesperado, à lá Abbott e Costello – quem é mais velho lembra –

Abbott – “Não me diga que o Tia Edna morreu”…

Costello – “É… a tia Edna morreu”…

Abbott – “Eu te DISSE pra não me contar!”.

Paráfrase de uma das muitas “Não me diga” dessa dupla de comediantes hilários

O que isso representa

A teologia trata do assunto, sem piada, e de forma bastante coerente e racional, baseada em alguns textos do Velho e Novo Testamento que apontam para um racional derivado da observação:

  • Deus nos criou dotados de certos atributos intrínsecos – imagem e semelhança à Ele
  • Esses atributos nos fazem capazes de observar a natureza, externa e interna (a Natureza e a nossa natureza) de forma a tecer certas conclusões inescapáveis:
    • Ou tudo existe ou nada deveria existir
    • Tudo é tão lindo e perfeito, em todos os detalhes, que a vida sem uma sincronia e perfeição difícil de ser obtida sem muita inteligência é tão “aleatória” como chegando a ser impossível
    • Existe uma “Lei Moral” dentro de nós – alguns podem chamar de Compasso Moral, que nos faz rejeitar imediatamente algumas coisas, em detrimento de outras. Por exemplo, matar é algo desprezível, e isso está entranhado dentro do Ser Humano. Portanto, a vida é sagrada. É um “imperativo moral” que aponta para “Algo”.

Com o Dennis Prager falou certa vez – Deus não nos deu qualquer PROVA de Sua existência, mas deixou o mundo lotado de EVIDÊNCIAS dela. E a razão é simples – tanto a existência quanto a não-existência de Deus, comprovadamente, esmagaria o ser humano: a existência pela impossibilidade clara de se chegar a Ele, e a não-existência pela futilidade que a vida teria, o que poderia fazer com que qualquer adulto preferisse o suicídio a viver debaixo de tal maldição – a de ser “nada”.

Portanto, ressoa no meu coração a imensa sabedoria de um Deus que conhece nossas limitações e nos leva a uma única atitude possível, ante a existência ou inexistência de Deus: FÉ. Seja a existência como a inexistência de Deus, só se acredita mediante a fé. Seja ela no Deus da Bíblia ou no tratado científico que mais nos agrade, é somente pela FÉ que somos “salvos” (o que quer que isso signifique pra você).

A resposta ao Inuit

Em primeiro lugar, em um tempo de politicamente correto, chamar o cara de Esquimó é o máximo da falta de correção: Inuit (primeiros povos) são os “Esquimós”. Esquimó é um termo usado pelos Inuits pra NOS denominar “estranhos”.

O tal inuit, então, chega a, sabe-se lá de onde, perguntar a um Deus – não é difícil entender isso, dados os conceitos que já falamos, de Revelação Natural e Compasso Moral – se ele vai pro “Inferno” se rejeitar Deus e não acreditar no pecado. Deus diz que sim, claro.

Se Deus é justo, e se, como a Bíblia diz, Ele não poder deixar “impune” qualquer pessoa que tenha se separado dEle pelo pecado. Como lá está escrito que “Todos pecaram e destituídos estão da Glória de Deus” (Romanos 3:23), então todo mundo carece de perdão de Deus.

Em outro lado, o Apóstolo Paulo (o mesmo de Romanos, acima) diz que “onde não há Lei, não há transgressão da Lei” (Romanos 4:15). Daí deriva a piada acima. Ora, se eu não sei se algo é errado, como é que eu vou evitar cometer um erro? Eu não posso ser considerado culpado por algo que eu sequer sei que é errado.

Nas minhas aulas de domingo, na Escola Dominical, da Igreja Batista Essência, me saí com uma alegoria que exemplifica bem esse conceito:

Cinto de segurança

Houve um tempo em que não era “pecado” (lei) o uso do cinto de segurança. Isso era assim por várias razões. Houve tempo em que nem cinto havia. Portanto, como antecipar o uso de algo que ainda não tinha sido inventado?

Depois da invenção do cinto abdominal, sua limitação de uso e a incerteza sobre se ajudava ou não em caso de acidentes, fez com que seu uso demorasse a ser tornado obrigatório. Isso ocorreu até que a Volvo criou o Cinto de 3 Pontas, e cedeu, gratuitamente, a novidade para todo o mercado, diante do impacto positivo e do aumento fantástico de segurança para os motoristas.

Passou a ser Lei, e hoje eu sou multado se ando de carro sem o apetrecho. Minha aplicação diz respeito justamente a isso – a Lei era considerada boa, por Paulo, e por Jesus (que diz que a veio cumprir, e não revogar). Portanto, a existência de uma Lei que me obrigue a usar cinto é algo fundamentalmente bom.

Mas o melhor de tudo não é a Lei – é o Cinto de Segurança em si. Eu esqueço do incômodo de usá-lo principalmente no calor, quando ele me protege de dar de cara no parabrisa do meu carro, ou de sair voando através da janela, em caso de colisão. ÉSSA é a beleza da Lei. A Lei foi dada porque fundamentalmente é algo que faz bem ao ser humano.

Trata-se de uma coisa que ajuda, e, se entendida, não traz chateação. O Rei Davi diz mais de uma vez nos Salmos que “A Lei do Senhor é perfeita”, “Ó quanto eu amo a Tua Lei”, e por aí vai. Davi entendeu a utilidade da Lei, mais do que o “fardo” que alguns querem fazer parecer.

O Inuit fez a pergunta errada, pra começar a conversa. Não se trata do “pecado”, mas do erro de se afastar de uma “regra” que preserva e melhora a vida. O Inuit deveria ter refletido sobre o quanto a Lei Natural, a Revelação Natural, é útil. Ainda que admitisse a existência ou um conceito diferente de Deus, a revelação natural existe e subsiste como conceito por si só.

Se Tia Edna morreu ou não, o fato independe de terem ou não me contado.

O Deus do Inuit

Não tenho a menor ideia – no momento que escrevo – de que tipo de deidade acreditam os Inuits*. Vou procurar ver depois. Mas independentemente disso, a piada mira no cristianismo, de forma bastante direta. De qualquer forma, a Palavra diz que “ninguém pode se dar por escusado”

A charada, pelo menos do ponto de vista Cristão, “morre” com a afirmação d de Efésios 4:9-10 (citação abaixo), de que Jesus Cristo, desceu para ao “Hades” (morada das almas dos mortos) para “pregar às almas”. O Hades é um conceito grego que não equivale a inferno. Segundo a Bendita Wikipedia, “Hades é a transliteração comum para o português da palavra grega haídes, usada em várias traduções da Bíblia. Talvez signifique “o lugar não visto” ou “o lugar invisível”.

Jesus teria ido a este “lugar invisível” para “pregar às almas”. Quando foi isso? Não importa. Se cremos que Jesus é Deus, e eu creio, estou plenamente confortável em crer que o local não é físico nem cronológico. É todo e qualquer momento em que o ser humano será visitado, “sim ou sim”, pelo Filho de Deus, que lhe falará diretamente ao coração e indicará o caminho ao Pai. Assim, ninguém, biblicamente, pode se dar por escusado.

Em tempo, as citações que chegam a esta conclusão estão contidas abaixo:

Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito.

(1 Pedro 4:6)

 Ora, isto – Ele subiu – que é, senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas da terra?  Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. 

Efésios 4:9-10

Quer-se dizer que Jesus não desceu a canto algum que não já estivesse ido, seja no Sábado de Aleluia seja em qualquer outro dia, antes, durante ou depois da Sua Vinda. Isso importa menos do que o tema aqui proposto – ninguém poderá ser dado com escusado diante de Deus no dia do famoso “Julgamento”. Todos, grandes e pequenos, de todas as épocas, tribos, povos e raças, irão se encontrar face a face com Deus. Nisso eu creio, por isso anseio e espero.

Ao meu amado amigo (que não menciono porque não me procurou pra estudar – diz ele que tá em Harvard, of all places, fazendo uma pós graduação. Tendo a crer… hehe) digo que espero que ele aceite a resposta dada, de coração, às suas inquietudes. Lembro, porém, o que ouvi de Joelmir Betting, de saudosa memória e católico praticante:

“A quem não crê, nenhuma explicação é suficiente; a quem crê, qualquer explicação é desnecessária”

Atribuído a Joelmir Betting – já que ouvi dele.

* Li depois na Wikipedia que os Inuits não acreditam em um Deus, mas em um monte de espíritos e deidades, bons e ruins. Ou seja, são “animistas” como boa parte das culturas nômades. Na minha opinião, esta é uma razão pela qual a maioria aderiu ao cristianismo de bom grado. É uma explicação mais razoável para o mundo. O mesmo aconteceu com os povos indígenas mais ao sul, mas esses já tinham em si o conceito de um Deus criador. Mas isso é outro capítulo.

Meditação e Ansiedade

Uma manchete do jornal conservador, cristão, Gazeta do Povo (https://www.gazetadopovo.com.br/pino/monja-coen-curitiba-ansiedade/) chama atenção sobre a “cura da ansiedade pela meditação”.

Eu sou curioso e já tentei esse tipo de meditação. O que aprendi, e que rejeitei, foi o fato de que ao meditar buscamos “esvaziar nossa mente”, e que o ato de esvaziar a mente nos faz “reordenar o pensamento”, relaxar, etc. Concordo que ao decidir voluntariamente não pensar, eu estou desligando conexões e emoções que podem me conduzir a um processo de ansiedade.

Ansiedade é “excesso de futuro”, como alguém já definiu. Assim, ao me desligar voluntariamente da cognição, eu tendo a me desligar do que me dá “excesso de futuro”.

Funciona?

Funciona. Eu mesmo sou testemunha de que funciona. Mas não se trata do fato de que eventualmente a meditação não me sirva, para este fim. Não se trata de “funcionar”, mas de como funciona.

O mecanismo que eu consegui enxergar na meditação funcionou (para mim) mais ou menos assim: pegue um “mantra” – uma frase que não tenha significado particular algum. Pode ser “ohmmmmm” ou “ahhhhh”, ou até “gooooool” repetidamente. A frase vai aos poucos perdendo o significado (que já nem tinha) e se torna um foco em si, fazendo com que você automaticamente “não pense” (o conceito aqui é extremamente difícil de confirmar, pois que creio que o cérebro não pararia nunca, em termos cognitivos, mas apenas que bloqueemos a compreensão dos programas que rodam “por trás” na nossa CPU). Alguns dizem que olhar pra ponta do nariz faz com que a gente já deixe de pensar automaticamente. Isso, junto com o tal mantra, nos faz esvaziar a mente. Deve ser, conforme aprendi, uma coisa feita intencionamente.

Aqui, outra pergunta – intencionalmente “não pensar” é um conceito que me escapa à compreensão. Mas vamos adiante.

O que significa Funcionar, para a Ansiedade?

Se eu medito, esvazio a mente, com o objetivo de controlar ou eliminar a ansiedade, preciso entender o que pretendo com isso. Sim, ansiedade é ruim, e a própria Bíblia deixa isso muito claro:

Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças. 

Filipenses 4:6

Eu não preciso ter “excesso de futuro” na minha cabeça, ou seja, não devo andar ansioso. Como eu resolvo isso, é outra parada. Ora, existem causas para ansiedade? Sim, quase sempre. Afinal, a vida é um jogo complexo que envolve peças móveis e de difícil compreensão. O ser humano tenta, e em parte consegue, controlar parte das peças móveis, de forma que ao longo da história cada vez menos variáveis “doidas” ficam presentes na vida cotidiana: a luz funciona de noite – quase sempre, a água está na torneira – idem… não estamos sujeitos a morrer pela espada (exceto em algumas áreas e mesmo assim algo relativamente raro, em relação à toda história humana), e assim por diante.

A ansiedade pela comida e bebida, expressa por Jesus no Sermão do Monte (não andeis ansiosos pelo que haveis de comer ou o que haveis de beber… vestir, etc) já não parece tão presente numa sociedade em que o problema passou a ser o excesso, e não a falta de comida e bebida. Assim, vamos controlando variáveis aqui e ali, e passamos a nos tornar mais senhores do nosso destino – segundo nossa compreensão.

A ansiedade tenderia a acabar, mas isso não é o que vemos recorrentemente. Vemos, ao contrário, que as razões da ansiedade passam a ser vistas em coisas muito menos importantes, em termos existenciais, e muito mais relevantes para quem está ansioso. Ir numa festa com a roupa correta parece ocupar um lugar de ansiedade muito maior do que, por exemplo, ter o que comer amanhã, como era há poucos 250 anos atrás.

Então, meditar para afastar a ansiedade pela interrupção do fluxo de ideias na cabeça, parece não ter lugar para acontecer, visto que os motivos para a ansiedade parecem, hoje, muito mais fúteis ou difusos do que em qualquer outro momento da história. Ora, se é assim, o que fazer com uma ansiedade insistente, paralizante e francamente não existencial?

Ansiedade é razão para Ansiedade

Parece paradoxal, mas fica-se ansioso hoje até pela própria sensação de ansiedade. O que quero dizer com isso é baseado em algo que acontece comigo, todas as vezes que saio de férias ou tiro uns dias de “boreste” em casa. Fico ansioso pela necessidade de ter ansiedade. Afinal, o escritório, os afazeres, não podem ser conduzidos por outros, que não eu mesmo. EU preciso estar lá. EU preciso tomar decisões. EU preciso estar no controle. EU EU e EU.

Essa ansiedade não irá embora de jeito nenhum, exceto por uns instantes durante e depois da meditação, pois que não tem suas questões fundamentais resolvidas.

Monja ou não monja, bacana, trendy ou lacradora, meditação por esvaziamento não funciona para o que realmente importa – o futuro.

O futuro está lá, ansiosamente visto ou não

O futuro existirá independentemente de nós. Ele existe e ponto final, e chega até nós um segundo por segundo. Nem mais nem menos. Eu sou um carro indo em direção a um muro, chamado morte física, e no caminho até lá eu tenho que me livrar de buracos, manter-me na pista, fazer as curvas corretas, não desrespeitar os “sinais” e tentar chegar incólume – a que? À morte? Sim, inevitavelmente.

Como não ficar ansioso com um futuro tão pouco promissor? É assim pra todo mundo, exceto uns poucos (quem crê, crê). Então eu, por esvaziar minha mente, me livro da ansiedade? Não creio. Mas essa é só minha opinião.

Então, como eu decido enfrentar a ansiedade, sendo ansioso como sempre fui? Afoito, como sou chamado por colegas e amigos? Imediatista, como já fui tachado centenas de vezes pelo meu saudoso e amado pai?

A resposta veio a mim pela Bíblia, me instando a fazer exatamente o oposto. Em vez de me esvaziar, me encher. De quê? Do Espírito de Deus:

E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito,  falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus. 

Efésios 5:18 a 21

Isso resolveu meu problema? Sim. Deixei de ser ansioso? Não. Como assim? Que burrice! Algo resolve seu problema de ansiedade e não te torna menos ansioso? Não se trata disso. Deixe-me explicar.

Sintomas de ansiedade podem ser controlados com química, remédios, e até (por períodos mais ou menos longos) com meditação, estilo “esvaziar a mente”.

Ansiedade em si, não pode. Ela é um estado de alma. É uma condição do ser humano que não o deixa e faz parte. Não existe condição física que liberte o homem da ansiedade. Vejo ricaços ansiosos, e paupérrimos “zen”. Vejo saudáveis ansiosos e doentes “de boa”. Vejo gente bem sucedida tranquila e gente com zero sucesso doente de ansiedade. Ou seja, é uma condição (creio eu) pessoal, de alma e corpo, e que não fica sob controle, senão por pouco tempo e à base de Sertralina e Meditatina, ou qualquer técnica que se aplique.

Ansioso, sem Ansiedade

Deixei de sentir os efeitos da ansiedade sem deixar de ser ansioso – e sem me preocupar em controlar tais efeitos. Faço tudo o que posso por mim, para não viver sob a égide da ansiedade. Faço exercícios físicos, me alimento bem, etc e tal. Mas o que realmente foi o “game changer” está no texto acima, de Efésios, e antes, de Filipenses – tento me encher do Espírito e levar a Deus minha ansiedade – ou melhor, o que, no momento, naquela janela de tempo, está causando a ansiedade “do momento”.

Como ansiosos profissionais, alguns de nós sabe perfeitamente bem que só precisa de meia razão para puxar o gatilho da ansiedade. Qualquer coisa é razão. Pode ser um suspiro mal dado, que nos leva a sentir uma dorzinha do lado. Pode ser um cliente que te olhou meio torto. Pode ser qualquer coisica, de nada, que já está lá o monstro nos olhando e nos dizendo “vou te devorar”.

O muro da morte continua lá, e eu nem me dou mais conta. Parece que a ansiedade se torna uma forma de encher a cabeça com bobagem, retirando de nós a única coisa que deveria ser fonte dela – o nosso fim, que virá com certeza. Parece então que a ansiedade é um mecanismo de defesa contra a certeza da morte. Será que é isso? É algo meio diabólico, que me tira do foco que eu deveria ter – a morte como a única coisa segura da vida. Algo que o ser humano comum tenta esquecer que está lá, e não deveria. Deveria, isto sim, encará-la como um fato e entender o que crê (se é que crê) que está do outro lado.

Se eu creio que há algo depois do muro da morte, eu sim, deveria estar preocupado em entender o que é e como fazer para me virar, depois do muro. Se eu não creio, deveria estar ansioso pelo caminho mesmo, até lá – ou seja, a ansiedade se torna algo muito mais imediato, um problema diário a ser resolvido.

Eu decidi o seguinte: o muro da morte não é o fim. Eu creio que depois do muro da morte, existe vida eterna. Entendo que a vida eterna que existe lá pode ser de duas naturezas: com ou sem o Criador. Obviamente, já disse que creio no Criado. Decidi ainda que o caminho daqui até o muro pode ser mais ou menos acidentado, mas que eu deixarei isso pra Ele mesmo, o Criador, decidir como será. Não se trata de cruzar os braços e deixar que Ele decida, mas viver na certeza de que Ele anda cá comigo, dentro de mim, na verdade, e que a ansiedade não vai embora mas que ela não importa. Já que estou “em Cristo” e sou “nova criatura”, as coisas velhas passaram, tudo é novo. Não vou deixar de ser ansioso, mas não vou deixar que a ansiedade me defina.

À monja e seus seguidores, meu profundo respeito. Não minha admiração, pois não posso admirar o vazio. Posso sim, admirar Deus agindo em mim, ao meu redor, no universo todo. Posso permanecer com minha ansiedade intrínseca sem achar que o mundo vai acabar por conta dela… o meu mundo.

Pretendo sim, extirpar a ansiedade do meu modo de vida. Em certa medida tenho conseguido ser menos ansioso. Isso está acontecendo por eu me encher de Deus, não por me esvaziar de mim.