Ontem consolidou-se a estratégia de tomada do poder, sob os olhos horrorizados do mundo, que não tem ideia do que está acontecendo aqui: uma manifestação maciça em Brasília. Nada de mais – antes disso houve dezenas, centenas, sem UM ÚNICO incidente, e nem lixo na rua. Ontem, diferentemente, houve um cenário de pavor, indesejado por qualquer democrata. A novidade foram os chamados “Desbotados” – gente com camisa da seleção e, por debaixo uma camisa vermelha, que dá um tom misto, de vermelho desbotado à vestimenta. Foram encontrados às pencas, mas não aparecerão jamais.
De fato é… uma coisa é “ganhar” eleições (palavra correta – ganharam mesmo, de presente, tanto do Bolzo quanto do TSE). Outra é conquistar o poder, como candidamente falou Zé Dirceu a um jornal espanhol, lá, bem antes da eleição (se não me falha a memória, antes mesmo de Lulla ser solto).
Ibaneis Rocha, o governador do DF, é substituído no poder por alguém do PCdoB, indicado por Flávio Dino, também daquela legenda (ou era, pelo menos). Alguém bem à esquerda, à feição de quem “toma o poder”. Não ganhou eleições, esse substituto, mas ganhou o poder. Perdeu, Mané de Brasília…
Perdemos todos… Hoje cedo, fogo em pneus e fechamento do Rodoanel em SP. Tarciso corre aflito para condenar o ato. Os perpetradores fogem do local (encapuzados, sem serem identificados). Ninguém é preso, mas certamente são “Bolsonaristas”. Quem duvida? A essa altura, nem os super bem informados repórteres de O Globo ao New York Times. Todos são unânimes em já declarar os culpados. Tarciso corre o risco de perder o mandato conquistado nas urnas, depois de décadas de PSDB no comando (da capital), sem nem bem dizer a que veio. Bola dentro pra nova ordem brasileira.
Perdeu Mané (Tarciso) – não sei se ocorrerá logo ou mais tarde, mas parece (ninguém tem bola de cristal pra afirmar) que é pule de dez… favas contadas. Questão de tempo.
Quem defenderá a causa dos que não gostam ou não acreditam que ter um ladrão como presidente seja coisa boa? Ninguém… Perdeu, Manézada… TODOS nós perdemos. Somos em tese 58 milhões de perdedores. Nas contas de alguns, somos, sei lá, 80, 90 milhões de perdedores – entre possíveis votos mal-contados e gente que achou que estava votando num democrata e “está com medo”, como o Mané-mor, Armínio Fraga, do alto de sua alva inocência. Pelamor, né…
E vamos que vamos. Cenas dos próximos capítulos ocorrerão logo – mais uma invasão, mais um quebra-quebra, e como consequência, mais uma intervenção federal, mais um governador destituído (por 90 dias que durarão 4 anos?), e mais um comunista sem experiência alguma em gerir coisa alguma, no poder de um estado que “jamais deveria ter saído do controle de determinado partido”…
Vaticínio não levado a sério por ninguém, quase, “tomar o poder é diferente de ganhar eleições” – seja antes, durante ou depois do pleito.
Vamos trabalhar, Manezada, porque temos que pagar as contas dos “vencedores”…
É uma obra de ficção, portanto não adianta procurar similares ou reflexos de vida real. Depois da “obra”, vamos tentar estudar uns fatos:
“Seeker”
“Carros elétricos acabam se tornando MagLevs, que podem ser carregados e impelidos usando supercondutores magnéticos de baixo custo nos carros e nas ruas. Nessa taxa, os novos tipos de carros vão deixar obsoletos os Teslas, SpaceX e qualquer outra montadora de automóveis, sem exceção, dentro de uma década. A ordem mundial, pelo menos no que tange a tecnologias, foi relativamente estável por milênios. Mas nos tempos modernos, indústrias nascem e morrem à uma taxa furiosa. Mesmo tecnologias que pareciam interligadas no tecido social foram relegadas à lata de lixo da história num piscar de olhos. Em 1996, Eastman Kodak era uma força motriz com 140 mil empregados e um valor de mercado de USD 28 bilhões. Mesmo com tudo isso, meros 16 anos depois a companhia dava entrada com pedido de falência. Um Tiranossauro-Rex que falhou em imaginar o poder disruptivo que a revolução da fotografia digital criaria.
Em contraste com a Kodak, enquanto esta estava dando seus últimos suspiros, um pequeno grupo de empreendedores fundava o Instagram, um serviço de compartilhamento de fotografias que rapidamente atraiu algo como 800 milhões de usuários. Apenas 18 meses depois de sua fundação, no mesmo ano da falência da Kodak, esses poucos fundadores do Instagram haviam vendido sua empresa por USD 1 bilhão.”
“Seeker” (tradução minha), de Douglas E. Richards.
Os fatos acima são reais, a despeito do contexto de ficção desse cara aí, que é best seller. A questão a abordar é o quanto isso é verdade e os efeitos disso no mundo. Onde vamos parar? Ou melhor, vamos parar? Ou vamos continuar acelerando? Indefinidamente? Onde isso vai nos levar?
Empresas Grandes, Empresas de Vida Curta
O que o autor acima conclui é que estamos vivendo em um mundo de mudanças tão drásticas e rápidas que daqui a pouco não teremos mais condição de nos manter sãos.
Eu concordo, em parte. Acho que a despeito disso estar acontecendo, e que haja de fato uma mortalidade alta nas empresas, um fato é mais importante e talvez nos leve na direção exatamente oposta: o tamanho cada vez mais paquidérmico das empresas, e suas características de oligo-monopólio.
Caminhão sem Freio
Ao mesmo tempo em que alguns advogam pelo tempo de qualidade e de família, equilíbrio entre negócios e lazer, e outros, mais ainda, querer “resetar” o planeta pela via da mudança completa da forma de se conduzir a vida, outros criam em cima de criações de outras criações nessa espiral tresloucada.
Não dá para nos acostumarmos com uma tecnologia; outra vem e nos deixa obsoletos. Tenhamos nós 8 ou 80 anos de idade. Eu me sinto obsoleto dentro de minha própria profissão, apesar de ter ajudado a criar algumas tendências, ao longo dos anos. Não há como conter isso, como não há como conter um motor cujo cabo de acelerador travou, e o cabo do freio partiu. É aumentar o giro até que exploda. E vai explodir, é claro.
Essa constatação de “caminhão sem freio ladeira abaixo” por um lado cega os “adrenaline junkies” e deixa os medrosos mais apavorados do que o normal. Não fui, nunca, um viciado em adrenalina, mas tampouco me conto com os medrosos. Me conto, isso sim, no “centrão“, por assim dizer. Mesmo eu estou apalermado com a velocidade do nascimento e morte de empresas, e onde isso vai nos levar.
Dinâmica de um Mercado com uns poucos Donos
Cada vez que volto aos EUA eu fico mais apalermado com a “Corporate America” e como tudo foi dominado por um pequeno número de empresas com imenso poder financeiro e capacidade de estar em todo o país de forma “ubíqua”.
CVS e Walgreens são (quase) as únicas farmácias; WalMart, Publix e mais 4 ou 5 mega operações dominam todo o mercado de varejo em supermercados; Home Depot e Lowe`s dominam quase todo mercado de materiais de construção e itens para o lar; Exxon, BP e mais 4 ou 5 bandeiras dominam toda a distribuição de combustíveis; McDonald`s, Burger King, Taco Bell e mais uma meia dúzia de redes dominam a refeição fora de casa… Não existem mais os famosos “moms-and-pops”, ou seja, os negócios de família, fora de grandes redes, que, via de regra, trazem o colorido especial e o “diferente” ao mercado.
Além de tudo isso acima, nem convém citar o oligopólio das empresas de software (Apple, Google, Microsoft) e todo o segmento tecnológico.
A pergunta não é ser contra o capitalismo, como esse bando de ideias soltas parece conduzir. Trata-se exatamente do contrário – a morte do capitalismo pela mão dos maiores atores do próprio capitalismo. Isso não é capitalismo como deveria ser entendido, ou seja, o famoso capitalismo liberal, defendido por luminares como Ludwig Von Mises.
População Alta, Capitalismo Concentrado
Fica claro que não é possível alimentar, vestir, educar e mover uma população de 8 bilhões de pessoas com “moms-and-pops” somente. As mega estruturas são necessárias. No entanto, o “CADE” dos EUA, há muitos anos, tratou de cortar em pedaços empresas de petróleo e comunicações justamente para evitar que o monopólio acabasse por criar uma escravidão comercial e de consumo, e por consequência, um governo paralelo, dos “Robbing Barons” (Barões Ladrões), que quase dominaram toda a nação.
O mesmo aconteceu com o sindicalismo nos EUA, e até no entretenimento, com Hollywood praticamente dominando a cena cultural e impondo padrões, muitas vezes rechaçados por boa parte da população.
Essa população tão alta precisa ser mantida viva e satisfeita. Isso é compreensível. Mas estamos numa encruzilhada: vamos continuar a manter os mercados centralizados ou vamos botar nossas regras anti-monopólio para funcionar? Vamos assistir passivamente a democracia ser erodida pelo controle financeiro esmagador dos mono/oligopólios, ou vamos tentar, ao menos, fazer com que haja mais competitividade.
O último, e talvez mais absurdo exemplo, esteja no jornalismo. Com o advento das mídias sociais, críamos que teríamos poder de palavra limitado somente pela quantidade de pessoas dispostas a nos ouvir. Ledo engano. Estamos sendo massivamente dominados por “centros de pensamento” dentro de empresas de comunicação.
O mundo precisa achar uma forma de não deixar que uns poucos capitalistas acabem com o próprio capitalismo “raiz”.
Há Conclusões?
Nem sei mais. Espremidos entre uma guerra cultural e ideológica de um lado, e por um capitalismo que cada dia se parece mais com uma ditadura, temo que quando eu chegar a alguma conclusão, o mal já estará feito para mim e para todo mundo que gosta de comprar um cachorro quente qualquer, num Bar do Seu Zé qualquer, e depois tomar um café passado na hora…
Estou há 1 mes nos EUA, a trabalho. Trouxe a esposa para que ela tenha uma “american way of life experience”. Está sendo muito bom, com as ressalvas de sempre, que qualquer brasileiro reclama (comida muito calórica e doce, preços nas alturas, falta de gente na rua, etc). Estando num estado “rural” (Carolina do Sul), e convivendo com os amigos/irmãos locais, no estilo de vida deles, estamos literalmente imersos na cultura, com nossa casa e carro, e as idas e vindas do mercado, típicas. É uma vida pacata, até chata, pela falta de vizinhança, agito social etc. Mas tem sido uma 2a. lua de mel bacana, com tempo pra refletir, orar, pensar na vida e planejar o que fazer, depois que um tal fruto do mar assumiu o nosso governo…
Auxílios
Ao longo da pandemia, o governo americano jogou bilhões na economia, sob forma de ajuda (indiscriminada) ao residente – cidadão ou não, desde que legal. Amigos meus brasileiros, moradores da Flórida, e com suas empresas e empregos, receberam cheques gordos (no conceito brasileiro). Teve gente que teve a pachorra de tentar devolver o tal cheque, sem sucesso. Eram U$ 1.400 por cabeça, ou US$ 2.800 por casal, mais US$ 500 por filho menor de 19 anos. Portanto, uma família com 2 filhos encaixava US$ 3,8 mil por mês, ou algo como R$ 14 mil por mês.
Incrivelmente, isso continua a existir até hoje, em muitos casos, a despeito de um processo de “phase out” (redução) até um teto de benefícios recebidos de US$ 160 mil (para um casal).
Empregos
A economia aqui está indo mal, sob Biden. Isso nem é novidade e francamente não entendo como um povo todo decide achar bacana trocar emprego e renda por programas sociais. Parte da sociedade aplaude isso – como no Brasil, e acha o máximo.
Hoje há uma (quase) recessão técnica, mas não há UM posto de gasolina, UMA loja, um caminhão que não tenha anúncio de “We are hiring” (estamos contratando). Do McDonald`s da esquina à gigante dos transportes J. B. Hunt, todo mundo está atrás de mão de obra. E não consegue.
Por que? Volte ao primeiro tópico. O povo está preferindo ficar em casa do que ir trabalhar, já que o governo continua a abastecer a dispensa e “bring the bacon home” (algo como “colocar o pão na mesa”). Daí o fato de que nossos filhos e amigos estarem conseguindo bons empregos aqui nos EUA, mesmo trabalhando remotamente, substituindo mão de obra local, que não deseja o incômodo, nem em home office.
Ética de Trabalho
O orgulho de todo pai (de bem) aqui neste país reside(ia) em deixar ao seu filho uma boa formação profissional e uma ética de trabalho sadia. O pai médio americano não mede sacrifícios para poupar para dar a seu filho a melhor universidade possível. O jovem é levado a trabalhar, mesmo antes de 16 anos, às vezes, para poder ter o “seu dinheirinho” e ter orgulho de produzir, poupar e gastar do que é “seu”.
Não é possível medir a erosão que esses 3 anos (2 de Covid e pelo menos 1 de arrasto) vai gerar na visão de mundo do americano médio. Isso, somado à invasão de estrangeiros ilegais dos últimos anos (5 milhões, de acordo com o próprio DHS). Nem quero imaginar. Aliás, posso mais do que imaginar – ver com esses olhos que a terra há de comer – se o exemplo de anos de renda mínima gerou no brasileiro. Claro que não podemos nos isentar de apoiar o necessitado. Não se trata disso. Trata-se de entender que qualquer desses planos deve ter início e fim.
Os EUA vivem uma situação bizarra de recessão com “pleno emprego” (se é que se pode chamar assim). Ninguém em sã consciência pode admitir este fato. Panis et Circensis mata civilizações e impérios. Matará esse também, e é isso que a esquerda internacional quer (minha interpretação – Xandão, ainda tenho direito a ela?).
Cenas dos próximos capítulos poderão não ocorrer, por falta de atores.
Disseram a Moisés: Será, por não haver sepulcros no Egito, que nos tiraste de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos trataste assim, fazendo-nos sair do Egito?
Êxodo 14:11
Um povo que foi escravo por 430 anos num país estrangeiro tinha sido libertado. Quando estava na beira do Mar Vermelho, vem o perseguidor, o Faraó e seu exército, e encurrala o povo entre o mar e os guerreiros. O povo, então sai com essa pérola aí – será que não tem túmulo suficiente no Egito? Vamos morrer aqui?
Passamos agora pelo mesmo processo. Exceto que nosso líder não era tão bom como Moisés, e o povo decidiu voltar para o cativeiro do Egito. A comparação é ridícula, dirão muitos. Bom, é caricata, mas o fato é que estamos diante de uma escolha que tem a mesma natureza fundamental. E escolhemos mal, na minha opinião.
Lá na frente, o mesmo povinho continua a opor-se ao seu líder (esqueçam o caráter “messiânico” que emprestam ao líder atual – não é boa comparação):
Lembramo-nos dos peixes que, no Egito, comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos.
Números 11:5
Diante de mais uma dificuldade, lembram-se das cebolas, dos alhos, dos pepinos, melões… era tão bom! Comíamos picanha à vontade. Tomávamos cerveja aos baldes e nada era tão tranquilo como a vida no Egito. Memória afetiva? Seletiva? Como é que um povo escravizado tinha uma percepção tão boa do cárcere em que viviam? Síndrome de Estocolmo (aquela em que o sequestrado acaba por defender o sequestrador)?
Já que escolhemos o Egito, pro Egito vamos voltar, e, pior, sem direito a mais 10 pragas pra nos ajudar a sair de lá. Sem nenhum Moisés pra nos ajudar (o atual vai acabar na cadeia, se Faraó conseguir fazer o que pretende). A língua pesada do Moisés da antiguidade é parecida com a língua pesada do atual. Não sei se a intenção é tão pura e boa (acho que não), mas o fato é que nos jogamos de uma língua presa “solta” pra uma língua presa “presa” (ou quase).
Não teremos cebolas. Mas quase certamente, teremos túmulos nesse novo Egito.
Como mencionei no meu último post, parece que minha sina é dizer “eu te disse” pra empresários, colegas, clientes, etc. Minha história talvez se repita em âmbito maior. Temos, desde ontem, um presidente eleito que, por tristeza nossa, é o ex-condenado Lula da Silva.
Tribute-se, se quiser, a eleição dele ao Bolsonaro e seus muitos erros. Não creio. Creio sim que gostamos da memória afetiva que o Lulinha pai-dos-pobres evoca, nos que viveram entre 2003 e 2010, antes da derrocada geral das ideias do PT, que, como dizia Margareth Thatcher, acabou quando o dinheiro dos outros acabou.
Um início brando
Quem quer implementar políticas socialistas no país tem que ir mais devagar. Zé Dirceu, o principal formulador de planos de ação da esquerda brasileira, disse isso quando Dilma foi impichada: deviam ter sido mais rápidos no aparelhamento das cortes superiores, nas forças armadas, e no executivo. Não acho que pretendam “errar” assim em 2023: creio que vão com método, continuar a equipar o executivo com força. Isso é coisa que não se vê de fora, e portanto não fará muito impacto na mídia. Quando terminarem, já será tarde e o governo será “deles”, não importa quem for o próximo presidente.
Na economia, ideal é vender a ideia de continuidade da racionalidade econômica. Aproveitando que o governo atual fez um bom dever de casa, e vai entregar um tesouro equilibrado e um Bacen independente, haverá um gradualismo nas medias, mas que inexoravelmente vão aumentar em volume e efeitos a partir de 2025. O desastre petista, como ocorreu na era negra anterior, advém de muitos anos de água minando as fundações. O povão (mesmo alguns que acham que sabem disso e não medem esforços para falar do que não entendem) não enxergará nada, até que a casa esteja irremediavelmente comprometida, como ocorreu a partir de 2010. A bomba plantada entre 2003 e 2010 explodiu no colo da cumpanhêra Dilma, que pouco fez para evitar a colisão com o muro da crise econômica, exceto talvez acelerar para ele.
Nas relações de trabalho, claro que as cortes trabalhistas, assanhadas pelo novo “patrão”, continuarão a ignorar solenemente a nova CLT e dar ganhos de causa estranhos, para dizer o mínimo. Isso obviamente vai precarizar a relação de trabalho, ainda mais, num país em que essa já é tênue. O resultado será o previsto – menos vontade de dar empregos, de um lado, e o governo culpando os empresários por sua “falta de sensibilidade social”, de outro. Como agora MEI não é emprego (segundo Lula é desemprego, mesmo que o cara ganhe 3, 4 vezes mais dirigindo Uber do que numa linha de produção qualquer), as estatísticas de desemprego serão “corrigidas” na largada, pra mostrar que era ‘pior do que se dizia’, e logo em 2024 serão corrigidas para baixo, de novo, uma vez que se esqueça o fato. Novilíngua e Duplipensar existem, camaradas.
Um Final Horrível
Obviamente, tudo dependerá do Congresso, e sua habilidade em rejeitar o caminhão de cretinice que certamente virá do Planalto. Mas como o congresso é suscetível a “orçamentos secretos”, claro que Lula se beneficiará dele na mesma medida em que Bolsonaro não o fez. Isso se o modus operandi anterior não voltar com força: ora, se funcionou uma vez, e o criminoso voltou à cena do crime nos braços do povo, por que não dobrar a aposta?
Com um congresso cooptado e um governo assanhado, o final poderá ser horrível – se é que haverá final. Basta ver o que ocorreu agora para entender que sempre é possível piorar, nesses tristes trópicos.
Será menos horrível, ou um horror menos visível (como foi entre 2003-10) se o congresso conseguir pelo menos barrar parte da lambança que se prenuncia (vejam o pouco que o PT liberou de informação sobre plano de governo).
Igrejas e Templos
Não creio que Lula vá se meter com a religiosidade de nossa população. Nem Fidel Castro conseguiu. Ele usou a religiosidade, até onde podemos ver de fora. Eu creio que Lula deixará o populacho seguir com suas crenças, mas as lideranças religiosas (que maciçamente o rechaçaram) sofrerão com a fúria dele.
Lula sabe que precisa ser o receptáculo de parte dessa fé – ele, a alma mais pura do país, o Jesus Cristo da Esquerda (“Pai, perdoa-lhe por sua inguinorânça”, como disse recentemente), certamente saberá tirar partido do ativismo dos pastorecos e padrecos de esquerda, sempre dispostos a retirar liberdades em troca de socialismo.
Enfim, sós…
Mas diferentemente dos recém casados, estamos, de fato, enfim sós, com nossa tristeza. Nós que produzimos (vide figura lá no início) levaremos nas costas a dor de continuar a carregar um país que se recusa a crescer e ser melhor, elegendo corruptos, de novo, numa sanha de autoflagelação não imposta, voluntária.
Triste é que meu couro está sendo arrancado junto com o do cara do lado, com o chicote na mão.
Eu estava presente em alguns episódios mais emblemáticos da América Latina. Eu estava presente no “Caracazo” de 1989, quando centenas de pessoas perderam a vida por conta de medidas do governo de Jaime Lusinschi, que resultaram no aumento da gasolina (em tempo, a gasolina lá custava menos de 10% do que custava no Brasil na mesma época).
O episódio abriu espaço para Hugo Chavez, que anos depois legou tristeza, perda de liberdade e destruição da economia venezuelana. Legou ainda o companheiro Maduro, de ainda mais tristes feitos, e uma população que já está, em boa parte, no Brasil, Colombia e EUA, apenas para citar alguns destinos favoritos.
Trocou-se o preço da gasolina pela falta de tudo, inclusive de liberdade.
Eu estava também em Manágua, na Nicarágua, quando era presidente Daniel Ortega, em seu primeiro ensaio de poder, do qual foi apeado à força em 2002, para retornar em 2007, pelo voto, e nunca mais sair. A destruição do terremoto de 1973, e outros menores, nunca havia permitido a Manágua se reconstruir totalmente. No entanto, a FSNL – Frente Sandinista de Libertação Nacional, fez a proeza de acabar não só com as regiões afetadas pelo terremoto, mas com todo o país, que até hoje sofre com todo tipo de privação, inclusive da liberdade.
Lá hoje, padres e pastores são presos indiscriminadamente, igrejas são fechadas e imprensa é censurada, como na Venezuela.
Eu estive na Argentina durante a hiperinflação de 1988, do “corralito”, do Menem (na época chamavam-no de Mendez, porque diziam que até o nome Menem dava azar…). Trocaram gente ruim por gente pior e socialistas disfarçados de peronistas. O resultado custou mais a acontecer, pois que a Argentina tinha melhores instituições (ainda tem, mas sendo corroídas a olhos vistos). Eis que hoje estão com 100% de inflação anualizada, tremenda desordem social e econômica, e um povo acostumado a receber benesses do governo, e achando tudo isso o máximo.
O corolário de tudo isso é um avanço não só da esquerda (eu acho que alguns ideais de esquerda são bem bons, pelo menos em teoria), mas de um tipo pervasivo de ditadura, que suprime não só o direito de opinião mas o direito de comer e se vestir. Que o digam os milhares de graduados em universidades, de Cuba e Venezuela, trabalhando no Brasil como motoristas de Uber, chapeiros em hamburguerias, entre outros trabalhos de alto nível de exigência intelectual.
Nossas Instituições
Assim como a antiga propaganda, que dizia que ‘nossos japoneses são melhores que os japoneses dos outros’, nossa democracia é melhor e mais sólida do que a dos infelizes vizinhos, carcomidos pelo problema do socialismo.
Lula deu a letra, há muitos anos, de que a implementação do socialismo aqui levaria mais tempo, porque o brasileiro era diferente do restante do mundo. E é verdade. Somos mais indolentes e menos propensos a briga, menos dispostos ao confronto. Mas o tempo está passando, e o proverbial sapo no balde está sendo cozido aos poucos.
Estamos prestes a levar uma surra coletiva, nacional, nas urnas (Deus nos livre!). E se essa surra se materializar, estaremos indo de vento em popa para uma situação de perda de referenciais técnicos e morais, que nos levarão, creio, ao desastre economico-social.
Escrevo, como já mencionei em um post no FB, para que daqui há alguns anos o próprio Face me lembre do que escrevi e eu possa re-postar com toda a tristeza que creio que ocorrerá, dizendo “eu te disse, eu te disse”…
Não peço voto em Bolsonaro. Não sou fã dele, embora consiga enxergar claramente o bom governo que está fazendo – apesar dele mesmo. Fico triste pelos meus amigos e parentes que fazem campanha aberta por um sujeito que, se tivesse sido mantida a Lei, estaria em cana, e não tomando cana, num palanque. Nem posso dizer “eles não sabem o que fazem”. Sabem, e resolvem demonizar um sujeito que nem de longe é tão ruim.
Mas isso é só minha opinião. Consigo continuar amando meus amigos e parentes que pensam diferente de mim. Só temo que terei que dizer “eu te disse… eu te disse” em alguns meses ou anos.
I was born in Brazil. I am proud of it. I was born some months after an alleged military Coup d’État was completed, with the support of the higher and lower chambers of the Congress, as of April 1st 1964. I was called “a son of the dictatorship” many times. Well, I had no heart, I heard several times, as the adage goes – “he who was not leftist when young…”. I hope I developed a brain from my young years to now…
I was educated here in Brazil. I heard, thousands of times, my teachers telling us of the shortcomings, pitfalls and errors of my country. I was led to believe we, as a nation, were a failure, an abomination, and more recently, a terrible place to be a minority, be it black, gay, or have the “wrong” religion.
Teachers Said…
According to our teachers, our discovery, in 1500, was a fraud. I was taught that the Portuguese people came here to usurp, despoil and kill. Only. The fact that according to the sensus of the XVII and XVIII showed a Brazil with a GDP per capita similar to that of the USA. That clearly means that Brazil was not “destitute” as we were made believe. In fact, Brazil was, at the time, twice the size of the “Metropole”, Portugal.
We we also taught that our independence, bloodless as it was, was another fraud. We were being turned independent just to remain under the boot of tyrants – England being the main beneficiary of this torpidity. No one in Brazil had a say about it. We were irrelevant. 100% useless big farm. Our 2 rulers (Don Pedro I and II) were sold to us as frauds, tyrants and very bad to the population. They were pro-slavery, bad, bad elements. Don Peter II deserved to lose his throne, we were taught.
Our Republic was another farce. Despite of the fact that the old, former Emperor deserved nothing but the worst. The Republic was proclaimed and was born as a sort of dictatorship. All was decided by a group or pro-slavery landowners, sycophants, all, and also very very bad people.
Our participation in World War II? A failure, irrelevant (despite the thousands dead in Italy) our teachers told us. A fascist dictator was in charge of support the “free-world”. What a lie!
Our way of life was never endangered during the Cold War. That was all a smoke screen to the public opinion. Our Congress did not consider the presidency vacant, when João Goulart, a leftist president, left the country without the authorization of the Congress, which was forbidden by the Constitution. No. We were lured into believing we were under threat of a Coup D’État from leftist individuals. The Brazilian Communist Party never had in its tenets the definition of “Internationalism” and having one single, supreme party in power. No. We were led to believe we were being saved by the military. Guerrillas just wanted us to be free from Imperialism. And, again, before you ask, no – they did not want to substitute one form of imperialism for another one.
More modernly, we were fooled into believing the military did not leave power by their own free will, once the menaces of communism revolution were reduced, due to the impending doom of the Soviet Union. Nope… absolutely not. The “milicos” left, we were taught, because the military were “expelled” of the power by the enlightened academics and politicians. That was 1985 and I was 21 by then, and working as super-junior (and bad) auditor. I was living by myself by then and still in college. Again, I never had a heart, and therefore I did not understand that I was a slave of a dictatorship. Well, I voted every 2 years, I was never impeded to go here or there, leave the country, buy and sell, and even curse the military, the press, God, or whatever the ethanol in the blood stream required from me.
We then were taught we had the best Constitution of the whole world. By 1988 we were entering the concert of the civilized nations, at a long last. And no… we were not being played by two left wing parties, in what was called the “Theatre of Scissors”… nope. All was well. We were being enlightened.
We had the best of all times during the Lula`s presidency. And before anyone asks, no… definitely he did not rob us big time. The USD 6 Bn sent back to the treasury and to Petrobrás was a figment of our imagination. And no… a mid-tier manager did not put back into Petrobras an amount of USD 96 Million. He was threatened by bad people (public attorneys and federal judges) to relinquish their own, sweated money to the Company as to avoid prison. Bad system we have. Lula did not surf the best economic period of all times. No… commodities were not at historic highs when he was in power. He was not responsible for putting into his own chair a bad, stupid president. No. The woman was a maverick and was unfairly impeached because of “minor faults”.
We are here today, under a fascist president. One that has been massacred by the press in a day-by-day basis, worldwide. And a thousand times no. The man is a “negationist” and “the very worst president ever” of Brazil. No. inflation is out of control, at 6% in 2022 (check this figure against USA and Europe). The country is not growing 2.6% this year. No no and no – we are to vote for Saint Lula, if we want to regain our independence.
What I see…
All in all, Brazil is a 522 years-old failure. Those are the “facts” as we were taught by our enlightened teachers and precise and technical press. Facts? What about facts? Who needs facts when we have a mission to fulfill, comrade?
Well, I live in the best and most beautiful country of the whole world – I am a negationist, after all. I live in a place of kind and warm people. I live in a place that has been undermined and robbed by our politicians, with just a few respites along our history. I live in the “cherry over the cake” country, desired by all powers to be. I live in a country that has increasingly embraced good western values, such as Christianity and free market. I live in a place that can be so much more!
I live in a place where 80% of its energy is renewable and still has 1/3 of its territory preserved as it was in 1500. We have the least polluting car fleet of the world, using a mix of ethanol and gasoline which is much better to the environment than the alternatives.
I am proud of this country. I am sick of people telling us how bad we are. I am tired of seeing our own “elite” going abroad to dissacrate the truth and tell everyone that “the Amazon is burning” when it is not true.
Yes, we can do better. Yes, we can go greener. Yes, we can discriminate less. Yes, we can simplify taxation, limit the invasiveness of the State, improve our judiciary system, control criminality better. Yes, we can make this a better place, but man… I do not want to permanently live in another country. Though I very much love the USA, Italy and other countries in which I am very well received, I love my dear country.
Long live, Brazil! May the next 200 years be better, easier, and more just. God bless Brazil!
Quero aqui dar uma visão razoavelmente balanceada sobre o advento do ESG. Difícil mas tentarei.
Pra quem não conhece, ESG significa, em inglês, uma sigla criada pelos barões do Forum de Davos: “Environment, Social, Governance” (Governança Ambiental e Social). São três palavras antes aplicadas separadamente e que foram agrupadas nessa única sigla, e que ganhou “vida própria” em seu significado, como outras no vernáculo pátrio, como “coitado”, “fascismo” ou “negacionismo”, além da onomatopéia “mimimi”, de ampla aplicação.
Em separado, não há como ser contra qualquer uma dessas posições. A questão é que ninguém de sã consciência consegue ser contra o Meio Ambiente, a Sociedade e uma boa governança de suas empresas. A questão complica quando juntamos tudo num mesmo conceito interligado, quando nem sempre o deveria ser.
O link abaixo, da Gazeta do Povo, dá uma excelente ideia, a despeito de um tanto carregada nas cores, sobre o que acontece e até onde o conceito mais radical de ESG permeia a sociedade.
Por definição, “elite” deveria significar algo que varia de “abastados” a “formadores de opinião”, passando por uma série de conceitos como bom gosto (sic!), finesse e bom senso. Desta forma, mudar opinião de Elites nao deveria ser algo simples, nem tarefa típica de tanger rebanho. Mas ESG prova que não é suficiente e necessário para pensar independentemente ser da Elite – financeira, cultural ou qualquer outra.
Livre pensar é só pensar
Millôr Fernandes
O próprio Millôr, fina flor da Elite, do Beautiful People carioca dos anos 70 em diante, não se demonstrou elite, quando, por exemplo, execrou, esculachou e excluiu Wilson Simonal da vida artistica, provocando inclusive (direta ou indiretamente) sua morte prematura. Millôr, na prática, não livre-pensou em muitos momentos, a despeito de seu talento imenso.
O mesmo se pode dizer de expoentes culturais como Chico Buarque ou Caetano (cuja música eu adoro). Fazem reiteradamente escolhas que, por ideologia ou qualquer outra razão, nubla o entendimento da realidade, e auxilia sua ideologia a se impor a nós, ainda que “tomando o poder, o que é diferente de ganhar eleições”.
Mas é verdade. Livre pensar, é só pensar mesmo… Pense, arrazoe, sem dar chances à ideologia, e a verdade vem à tona, e você não volta a ser do jeito que era, não por ter um “lado”, mas pelo que faz ou não sentido.
E
Environment. Dificilmente algo tem sido utilizado de forma mais ideologizada do que esse termo. Meio Ambiente se tornou campo de batalha, não por uma floresta de pé, não por sustentabilidade, mas por razões inconfessáveis. No artigo, Elon Musk faz uma alusão verdadeira e risível, se pensarmos bem:
ESG é uma farsa. Tem sido usado como arma por falsos guerreiros da justiça social… (A petrolífera) Exxon está colocada entre as dez melhores do mundo em meio ambiente, social e governança (ESG) pela S&P 500, enquanto a Tesla não faz parte da lista!… Estou cada vez mais convencido de que o ESG corporativo é o diabo encarnado
De fato, colocar no maior índice de bolsa do mundo a Exxon e não a Tesla parece no mínimo estranho. O fato é que tanto aqui, como nos EUA como em qualquer lugar do mundo, vemos uma pressão sobre visões menos à esquerda do espectro ideológico como sendo passíveis de “vendetta”. É o que Musk está demonstrando de forma clara. Ninguém reclama, ninguém se opõe.
O Brasil tem sido, de certa forma, vítima do “E” de ESG, na figura de seu presidente, um boca-dura turrão que é associado a tudo o que não presta, em termos Ambientais, o que não necessariamente (e raramente) é verdade.
S
Social… Desde que Zé Sarney declarava “tudo pelo Social”, e fazia um governo que está certamente entre os piores em 522 anos de história, eu fico com um pé atrás em cada “Social” que leio. Justiça Social, então, nem se fale. Eu tenho bastante dificuldade em admitir que alguém receba um benefício qualquer em virtude de sua raça (sic!) cor, religião, orientação sexual, ou qualquer outro aspecto da vida que não o mérito, e só o mérito.
Inclusão Social deve, por óbvio, ser um objetivo da sociedade. Apenas que a inclusão se dá pelo levantar da condição humana, e não pelo rebaixamento de padrões. Sobre isso muitos já escreveram, e melhor.
G
Governança. Esse é o Elo. Falamos, então de “Governança Ambiental e Social”. É disso que se trata o termo ESG, bem entendido. Estabeleça-se, dizem os caciques, padrões de governança tais que cheguem ao ponto da preocupação social e ambiental.
Parece bacana, e pode ser. Não sou contra ESG como conceito, per se. Sou contra o uso que está-se dando a isso. Pelo artigo citado, a Bolsa brasileira, local em que perdedores e vencedores são julgados diária e impiedosamente por milhares de cabeças, sem qualquer consideração por preferências pessoais ou de quaisquer outras naturezas, decidiu aliar-se ao conceito. Em síntese, ESG vai afetar o pregão? Vou comprar ou vender algo por conta de aplicação de conceitos ESG? Vou aceitar que meus dividendos sejam reduzidos – se é que haverá este efeito – em virtude de aplicação de conceitos daí saídos? Não sei, mas francamente, me aproximando da aposentadoria, não me vejo sendo bonzinho com quem não necessariamente concordo ou com pautas que não necessariamente patrocino.
Governança Social tem sido objeto, inclusive, de seminários de auditores e contadores, como é meu caso, e será tema do próximo Simpósio Paranaense de Auditoria, de cuja comissão sou parte. Me orgulho de poder trazer o tema, mas sei que em muitas situações estarei num campo não 100% alinhado com a palestrante.
Resultados
Torço e oro por uma sociedade que trate pra lá de bem o Meio Ambiente. No entanto, reconheço que enquanto não tenhamos dominado a técnica de fazer bife com ar (será possível, creio, num futuro não tão distante), teremos que conviver com pum de milhares de vacas.
Torço e oro por uma sociedade que seja socialmente justa, e que não discrimine por nenhuma característica – física ou de qualquer outra natureza. No entanto reconheço que as pessoas são, intrinsecamente diferentes, e preferiria não ser atendido num pronto socorro por um médico intensivista “quotista”, não porque ele seja branco, preto, gay, hétero, muçulmano, cristão, azul de bolinhas brancas ou sei lá mais o que. Quero um médico que tenha capacidade de exercer medicina. Só isso. Objetivamente.
Finalmente, torço e oro por uma sociedade que consiga dar governança aos dois aspectos anteriores. Uma sociedade que consiga deixar transparentes as ações sociais e ambientas das empresas. No entanto, não estou disposto nem a discriminar nem a alijar do mercado empresas que porventura não queiram se meter nesta seara. Ora, que o mercado julgue até que ponto a empresa, por não deter e aplicar conceitos ESG, entrega um produto ou serviço de qualidade, digno do meu e do seu dinheiro.
Concluindo – ESG não é o capeta encarnado, como crê Elon Musk – necessariamente. No entanto, do jeito que a coisa vai, e como está sendo conduzido pelos ativistas de sempre, aqueles com agenda preta oculta no bolso do paletó, pode se tornar. Pode. Ao ponto de se tornar o embrião de uma Gestapo ESG, para nossa tristeza.
“Pode, acaso, associar-se contigo o trono da iniquidade, o qual forja o mal, tendo uma lei por pretexto? Ajuntam-se contra a vida do justo e condenam o sangue inocente. “
Salmo 94:20-21
Culminando uma série de malversações e sequestros da Lei, assistimos impotentes, como nação, no dia de ontem, a “cancelamentos oficiais” de executivos e donos de empresas que representam, sabe-se lá, alguns milhares de empregos diretos no país, sob pretexto de defesa da democracia. Na noite do mesmo dia, Luciano Hang, da Havan, vai às TVs para explicar a bobagem e a atrofia mental que leva um julgador a, açodada e bovinamente, aceitar uma “denúncia” de corporações sob a alegação de “apologia ao golpe”.
Num grupo de WhatsApp alguns do grupo vociferaram sua indignação com o status quo jurídico (do qual foram vítimas logo em seguida, como que confirmando a assertividade da opinião) dizendo que “preferiam um golpe a ver Lula de volta no poder”. Se a razão para cancelamento é essa, podem me prender e sequestrar minhas contas correntes também. Obviamente que não estou fazendo apologia a golpe coisa nenhuma. Apenas estou arrazoando quanto ao fato de que, se é para sofrer um golpe, antes seja esse baseado em intervenção militar do que numa “tomada de poder, o que é diferente de vencer eleições”, como postulou o terrorista-mor.
Ora, eu, de fato, temo mais os efeitos de longo prazo de um golpe “bolivariano” aqui no Brasil do que um suposto “golpe” militar, cujos efeitos já sofremos, e que acabou voluntariamente, por decisão dos golpistas em devolver o poder aos civis. Pela experiência mundial, não existe devolução do poder voluntária a “civis” no contexto de um golpe palaciano de esquerda.
O salmista, há 3 mil anos, ensinava que a Lei pode ser usada como pretexto para a opressão. Jesus Cristo comprou tremenda briga contra o status-quo farisaico, ao dizer que esses agiam mais ou menos assim:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!”
Mateus 23:23
A síntese do que estamos vivendo nem chega a poder ser denominada de farisaismo. Pode-se arguir que, na pior das hipóteses, os fariseus tentavam impor a outros aquilo que de fato criam ser algo nobre, a Lei. O caso aqui no Brasil é mais farisaico do que qualquer fariseu poderia ter elaborado: trata-se de usar a Lei como pretexto para implantar aqui uma ditadura “do proletariado”, uma entidade que sequer existe mais, na cultura do serviço, da tecnologia e do pleno acesso à informação. Esse é o martelo, que já não existe (se é que um dia existiu). Já a foice, essa está mais quebrada ainda, pois que o percentual de brasileiros vivendo no campo diminui, e a produtividade agrícola só aumenta, em virtude da ciência e da tecnologia.
Assim, sem bandeiras que deem suporte nem à foice nem ao martelo, a ânsia por escravizar parte para dividir o povo de outra forma, como já sobejamente sabido: ricos contra pobres, heteros contra homos, mulheres contra homens, pais contra filhos, ateus contra religiosos, e por aí vai. A tática da divisão para a conquista segue firme no imaginário de quem se vê como “libertador” do que sequer há de que se libertar.
A Lei virou pretexto para nos cancelar, nos prender, e para deturpar a própria lei, e, ao fim, acabar com sua própria aplicação.
Que ao fim e ao cabo se cumpra a parte seguinte do Salmo:
Mas o SENHOR é o meu baluarte e o meu Deus, o rochedo em que me abrigo. Sobre eles faz recair a sua iniquidade e pela malícia deles próprios os destruirá; o SENHOR, nosso Deus, os exterminará.
Tem um site que gosto muito, que se chama Quillette (www.quillette.com). é um site de matérias compridas e profundas sobre temas equilibrados, nas quais sempre há espaço para divergência, seja por parte de alguém mais identificado como “libertário” ou como “conservador”. Muito bom, vale verificar. Neste site li uma matéria ontem que me chamou atenção sobre o nível de alienação do ser humano com relação ao rigor intelectual que deve reger a vida de qualquer um de nós, sob pena de escravidão (à opinião do outro, às finanças do outro, ou simplesmente ao outro, como propriedade).
O Caso do Algoritmo Intolerante
O artigo (acesse em https://quillette.com/2021/01/27/beating-back-cancel-culture-a-case-study-from-the-field-of-artificial-intelligence/) traz um exemplo desconcertante de burrice acadêmica explícita, do nível daqueles que acham que sexo é um construto social e não uma realidade biológica inescapável: em síntese, um sofisticado sistema de IA – Inteligência Artificial foi aplicado em scanners corporais (tomografias computadorizadas, etc) para identificar doenças, mesmo antes de haver qualquer traço delas no corpo do paciente.
Pois bem, apresentado num congresso da NeurIPS (Conferência da Neural Information Processing Systems, ou Sistemas de Processamento de Informações Neurais), o algoritmo usado identificava, além das potenciais doenças e condições genéticas, a RAÇA e cor da pele do cidadão/ã com um percentual de acerto altíssimo. Bastou pro mundo cair na cabeça do Dr. Pedro Domingos, professor da California Institute of Technology.
“Citando evidências, por exemplo, de que “sistemas de reconhecimento facial tem muito mais erros para mulheres de pele escura, enquanto tem muito menos erros para homens de pele clara“, a cientista de dados Timnit Gebru, ex co-líder da Equipe de Ética do Google, arguiu que os sistemas de IA estão contaminados pelo preconceito da maioria de programadores, homens brancos que os os criam [algoritmos]. Num “paper” assinado com colegas do Google e minha universidade [CIT, diz o Dr. Domingo] ela avisou que grande parte dos sistemas de IA baseados na linguagem, particularmente encorajam uma “visão de mundo hegemônica” que serve para perpetuar o discurso de ódio e a intolerância”.
Dr. Pedro Domingos, PhD
Não é piada. Tem gente achando normal dizer de público que um algoritmo que faz parte de um sistema de Inteligência Artificial que está voltado a detectar doenças está contaminado com a “brancura” dos programadores. Ninguém que leu, na cátedra, achou anormal a fala. Pai do Céu! Trata-se de um algoritmo, por amor dos meus filhos! É uma fórmula matemática que se baseia em dados acumulados para tecer uma conclusão via cruzamento desses dados com as imagens produzidas por um scanner ou equivalente! É CIÊNCIA, até onde se pode ver.
Tanto é ciência com C maiúsculo, que os resultados são amplamente corretos – e olha que a tal Inteligência Artificial ainda está aprendendo com as leituras feitas, e que alteram o próprio padrão e algoritmo.
O Estranho Caso do Tratamento Preconceituoso
Vez por outra dá entrada num hospital em algum lugar do mundo um transsexual, um não-binário, um “sei-lá-como-se-chama-e-me-perdoe-de-antemão-por-não-saber” que acaba por receber um tratamento inadequado e que acaba tendo graves complicações porque o pessoal da emergência não conseguir, no fogo da batalha pela vida, identificar o sexo (biológico) do paciente.
Se sexo é um conceito social, e não biológico, não faz diferença tratar a próstata da Srta. Myrella ou o útero do Sr. Adamastor. Fazer diferente disso é intolerância e discurso de ódio. Dá pra entender? De uma vez por todas, IGNORE detalhes e bobagens como XX-XY e resolva meu problema de saúde!
Tratamentos são preconceituosos em sua natureza, ao que parece. Afinal, para tratar alguém com eficácia há que se tomar decisões de cunho iminentemente “bigot” (pra ficar chique). É necessário passar ao largo da modernidade e ir buscar conhecimento em conceitos ultrapassados, como hormônios “femininos” e “masculinos”, e órgãos que são diferentes e funcionam diferentes em pessoas XX e pessoas XY.
O Estranho Caso da Mudança de Gênero sem Trauma
Aprendi na escola que se dizia “Obrigado” e se escrevia “Obrigado” independentemente de se ser homem ou mulher. É (era) uma daquelas palavras que não comportavam masculino, feminino, ou “neutre”. Mulher falava Obrigado, Homem se dizia “Telefonista”. Ninguém fazia a menor conexão dos termos com o sexo de quem os aplicava. Era o que era, sem frescura.
Ao longo dos anos, as mulheres começaram a usar o termo no feminino – “Obrigada”, o que foi estranho, no início, mas foi se incorporando ao vernáculo do português brasileiro até que hoje faz parte da norma. Não houve briga, não houve passeata para reforçar o “a” do agradecimento diário. Houve só uso, sem forçada de barra.
Mais recentemente toda sociedade está sendo impelida a dizer que “todes somes pessoes boes”, ou o que quer que se queira dizer, em linguagem “neutra”. Usar o masculino ou feminino, ou ambos “todos(as) somos pessoas boas” já não basta. Saber que “pessoas”. “somos” e “boas” não tem qualquer implicação de gênero já não basta. É importante marcar uma posição. Não importa quão ridícula, ou o quanto dificulta o entendimento diário.
Línguas evoluem de acordo com o conforto de quem as usa. É mais confortável? Faz mais sentido prático? Não é ambíguo? Usa-se e ponto. O uso consagra. Não mais… para onde vai a praticidade da língua, ou da Novilíngua, sendo mais Orwelliano, não importa.
É burrice mesmo
Mas no fundo, no fundo, é burrice mesmo. É querer complicar as coisas indevidamente. Pior, é criar uma situação de tal forma ridícula, que os possíveis beneficiados com a intenção de quem age (o guerreiro social) vejam o tiro sair pela culatra.
É burrice tornar as expressões ambíguas. É burrice tornar os diagnósticos e tratamentos mais difíceis. Enfim, é burrice trocar um algoritmo por um sentimento. Uma ponte cai se mal construída, não importa o sentimento do engenheiro calculista quanto à equação que usa, ao botar no papel a largura dos pilares da estrutura. Cai e ponto. E cai a 9,8 m/seg². A gravidade não mudará porque hoje estou “me sentindo leve”. Pule da ponte alegre e você verá, até não ver mais.
Enfim, é burrice não ver evidências claras de que é preciso testar fórmulas antes de usa-las, é preciso usar remédios testados; não é terraplanismo achar que uma droga experimental é isso mesmo – experimental. Independentemente da relação custo X benefício que nos leva a usá-la. Não é negacionismo achar que há que se ter cuidado em vacinar crianças, por conta da mesma relação custo X benefício. É prudência somente. Me vacinei porque julguei que o custo de não me vacinar superava o benefício de não ter a droga no organismo. Da mesma forma, não vacinaria um filho abaixo de 12 anos por conta do mesmo raciocínio feito na mão inversa.
A burrice só é extirpada com consciência de que testar, estudar, conversar e refletir são atos a serem exercitados diariamente, sem parar e sem descanso. E olha que burrice vai e volta. Se deixo de refletir e pensar por alguns dias, fico mais burro, com certeza. Ou burro sobre um assunto diferente (quando aliás tendo a expressar minha opinião sem reservas…).
Num mundo em que a capacidade de reflexão e tomada de decisões do indivíduo estão sendo substituídas por um Estado-Pai que não admite decisões privadas, mas que enfia um modelo padrão a todos, a burrice só tende a aumentar, sem que possamos sequer saber se aqueles que criam o modelo padrão têm o mínimo de bom senso para fazê-lo.