Ontem Bolsonaro vetou o “uso obrigatório” de máscaras, inclusive dentro de casa (a lei não especifica). O pau tá quebrando em cima dele, como é natural. O site Antagonista, que era um dos meus preferidos, e que assinava, com a revista Crusoé, coloca o veto como sendo algo “genocida”.
Fica a questão. De que se trata tudo isso, afinal? Como eu escrevi na seção de comentários do próprio site, “O problema reside justamente no ‘obrigatório’, não no uso; como o proverbial sapo no balde, estão testando até onde a sociedade aceita que o governo lhes diga tudo o que podem ou não fazer’“.
Explico minha opinião – aqui estamos diante de um problema muito maior, que poucos reconhecem, e que os “progressistas” abraçam, pois lhes é cara a possibilidade de ter um Estado grande e controlador.
Ao leitor mais “ligeiro”, um alerta: NÃO se trata de achar que usar máscara é bobagem ou não necessário. Nada disso. O uso de máscara (adequada) pode contribuir em muito para a nossa saúde – vejam o exemplo do Japão, em que o uso de máscara é mais ou menos normal, e que passa pela pandemia sem maiores problemas, e sem lockdown. Portanto, quem achar que se trata de posição de um “reaça” quanto ao uso de máscara, peço repensar.
Trata-se do direito do governo me dizer como devo viver. A Constituição diz que ninguém é obrigado a fazer nada, SENÃO em virtude da lei. Pronto. Tudo bacana, interessante, etc. O problema é que alguém pode passar uma lei aqui, outra ali, como tem acontecido neste país desde sempre, e nós, de repente, nos vemos como o tal sapo dentro do balde, que tinha água fria; a água foi sendo aquecida, o sapo não percebeu e morreu cozido. Estamos sendo cozidos em água que está pouco a pouco sendo aquecida. A tentativa a nos obrigar a usar máscaras é apenas mais uma.
Ora, então como “fazer” a população usar máscara? Não se obriga. Se demonstra, se instrui. Se alguém está propositalmente querendo causar dano a outro, aí é tentativa de homicídio, e a Lei tem suas implicações para isso.
Aqui, outro alerta aos meus amigos advogados: o direito (escrito) no Brasil faz com que advogados saiam em defesa da “legalidade” de algo sem se dar conta de se a tal legalidade não fere a Lei Maior, que é a do Bom Senso, e a da factibilidade. São operadores do direito, que, servidos por maus legisladores e maus juízes (o STF vem em 1o. lugar na má qualidade, nos dias de hoje), querem nos empurrar goela abaixo conceitos que são legais (nem sempre), mas imorais.
Há vários exemplos disso. Alguns chocam, como a obrigatoriedade de uso do capacete. Ora, se alguém decide não usar capacete, problema dela. Não deveria ser multada. Caso caia e morra, não terá direito a DPVAT, ou mesmo seu próprio seguro (pois “agravou o risco”, como dizem as seguradoras), nem mesmo direito a pensão do estado para viúva. Assumiu o risco, maravilha, arque com os resultados.
Quebra molas é outra dessas coisas. Um amigo meu dizia que “quebra molas é falta de governo… no sentido de que se eu não consigo te obrigar a cumprir a lei, colocando outras vidas em risco, eu coloco um obstáculo na sua frente”. É a obrigação sobre a obrigação. Uma correta, outra nem tanto. Quebra mola (lombada, pros Curitibanos) é o novo “cercadinho”… aquele que colocamos pras crianças não saírem fazendo bagunça e se colocando em risco. Só que para adultos.
Somos uma nação de perpétuos adolescentes, que somos sempre, desde a infância, obrigados a fazer algumas coisas e proibidos de fazer outras. Como uma religião antiga, com um deus vingativo, o Estado nos cobra pior do que os padres e pastores de antigamente (afinal, era para nosso próprio bem).
Eternos adolescentes, e cada vez mais próximos da infância. Como uma nação de Benjamin Buttons, estamos regredindo, mentalmente, até que só nos reste acabar nossos dias sem noção alguma do mundo ao nosso redor, totalmente dependentes de quem nos diga o que fazer.