Salmos da Modernidade – Salmo 2

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Por que tem tanta gente no mundo que gosta de uma briga, e ouve fake news, e se enche de raiva, imaginando bobagem? 

Os poderosos do século XXI adoram dizer que são a favor da ciência, e, para isso, acham que têm que zombar do Criador, e contra o Seu Salvador, Jesus. Aí abrem a boca para falar bobagem, dizendo: “Deus não existe, e se existe, não nos importa.”

Deus, lá do céu, deve cair na gargalhada… Quem não existe, na verdade, é a inteligência desses tais poderosos. 

Deixe que os tais poderosos falem tudo o que é asneira. Quando Deus resolver agir, não vai sobrar nem um dito “poderoso” pra contar a história. Aliás, não terão cabeça nem pra contar a história…

Eu? Eu não sou besta. Coloquei o Meu Deus onde ele merece, no Trono do meu Coração. 

Falo com a boca mais aberta do mundo, pra quem quiser ouvir, tudo o que Deus é e o que Ele quer de nós. Aí Ele respondeu: “Beleza… você é meu filho, de verdade.”

E mais: “Pode me pedir e eu vou fazer com que você seja o poderoso desse mundo, tanto aqui quanto na China.” 

“Os tais poderosos serão como um jogo de lego na sua mão – você vai montar e desmontar com eles.”

Daí, Ele emenda – “Poderosos, come on… sejam menos bestas e ouçam quem argumenta. Poder Judiciário, não seja burro: ouçam conselhos…

Arremato dizendo: Deus merece nossa consideração. Olha pra cima, veja como O Cara é poderoso, e sejam alegres, mesmo morrendo de medo do poder que vocês estão presenciando. 

Por fim, e mudando de saco pra mala – Quando vocês ouvirem falar do tal Filho de Deus, dá bola pra Ele, porque é igual ao Pai dele. Se Ele ficar irritado, vai dar ruim pra vocês. É muito bom ficar dentro do Bunker de Deus.

Escrúpulos

A minha tentação é a de generalizar. Tomar o todo pela parte, e sair batendo. Não funciona. Eu já começaria este post cometendo o mesmo erro que me proponho a desnudar, ou esclarecer (modestamente) que vejo no povo brasileiro. A falta de escrúpulos. Claro que temos um povo que em sua maioria tem vergonha de fazer algo que é moralmente condenável, ou literalmente na definição do Websters, que figura acima “o sentimento que evita que você faça alguma coisa que você pensa ser moralmente errada, e o faz ter incerteza sobre faze-lo“.

Mas o fato é que vivemos num país em que os “moral qualms” (dilemas morais) não estão na ordem do dia das pessoas. Aliás, o mundo segue o Brasil nessa via de mão única em direção ao caos. Desde furar uma fila ou colocar o carro pra rodar no acostamento, até jogar a moral de todo um país na lama pra ganhar uma eleição, o fato é que temos poucos dilemas morais. Antes tínhamos nossos pais e nossas igrejas e templos para nos lembrar da nossa responsabilidade de sermos mais polidos, pensar nos outros primeiro, e fazer o que é certo em qualquer situação. A recompensa era um “céu” ou um “bom carma”, ou ainda evitar um “pito” ou umas “correadas”. Positivas ou negativas, as motivações para andarmos na linha existiam e eram implantadas.

Via Expressa para o Caos

O país, e agora o mundo, começam a marchar na Via Expressa do Caos. Vamos a toda velocidade, ignorando a maior motivação positiva de todas – a civilização. Esta me parece ser a maior recompensa terrena do Escrúpulo. Só a existência de dilemas morais é que nos tira da rota de colisão com o Caos que se avizinha. E vamos todos alegremente repetindo toda e qualquer coisa que nos traga algum conforto pessoal, alguma vantagem, alguma posição de destaque.

O intelectual foi o primeiro e perder o escrúpulo, a bússola moral. Deveria ser o último. Afinal, é para a intelectualidade, para os pensadores, que se volta a sociedade em busca de compasso para suas dúvidas. Nossa intelectualidade abraçou com força e paixão a visão de mundo do “quanto pior melhor”, contanto que detenhamos a postura de pessoas bem intencionadas.

A Via Expressa vai afunilando e se tornando cada vez mais esburacada, cada vez que um intelectual, ou um famoso, a esburaca de propósito. Alguns exemplos recentes nos ajudam a refletir sobre isso.

Fique em Casa

Há quase 2 anos fomos instados a ficar em casa, pois que a “economia a gente vê depois”. O escrúpulo foi ali jogado às favas, por famosos, “influencers”, jornalistas e intelectuais. Políticos também, claro, mas deles sempre pudemos esperar qualquer coisa.

O debate aberto, claro, franco, e honesto foi substituído por um ruído estridente, que proibiu que se debatesse com calma e “ciência” (entre aspas para denotar seu inescrupuloso uso recente) sobre o assunto.

É lógico que daria para criar as medidas suficientes e necessárias para que continuássemos a trabalhar e produzir, sem aumentar a tragédia que já estava instalada entre nós. Prova disso foi a fantástica performance do agribusiness, que não parou, e acabou por salvar nosso pescoço e nossos estômagos, a despeito dos aumentos de preços.

A Guerra dos Absorventes

Mais recentemente, o veto presidencial a uma esdrúxula medida de prover absorventes higiênicos pagos pelo SUS para jovens e adolescentes de classes menos privilegiadas gerou uma gritaria desproporcional ao fato. Mais ainda por duas razões que poderíamos chamar de apavorantemente claras: não foi dito de onde sairia a grana para bancar isso e não se pensou antes nos dias de aula perdidos pelo Fique em Casa. O país que mais manteve alunos fora da escola agora clama por absorventes para supostamente evitar evasão escolar.

Não se trata aqui de dizer que o estado não deve dar este ou aquele item de higiene, saúde, etc. Trata-se de dizer que o Estado não deveria “dar” NADA a ninguém sob forma de subsídio ou “doação”, pois não há dinheiro público, mas só o nosso, o do pagador de impostos.

Se o Estado quer dar algo ao povo, que dê liberdade de empreender, trabalhar, produzir e ganhar seu próprio dinheiro para comprar seus próprios itens de higiene com orgulho e vergonha na cara, sem depender de ninguém.

O STF

Por último, por hoje, a falta de escrúpulos de homens e mulheres escolhidos para a mais alta corte do país, que deveria ser usada somente para solução de problemas constitucionais, no esclarecimento de pontos específicos e de quem propõe ações a ela, para atingimento de interesses próprios.

Partidos políticos passaram a usar nosso STF de forma a atingir objetivos específicos, principalmente no questionamento de temas que não deveriam ser sequer reconhecidos por esta Corte como sendo de sua alçada julgar.

E aí está o outro lado da falta de escrúpulos – por entender que precisa “fazer algo”, 11 ministros desvirtuam os objetivos da Corte e põem-se a julgar e avocar a si as coisas mais aberrantes, deixando ações que estão há décadas pendentes de uma decisão tomando poeira.

Existe maior falta de escrúpulo, menos bússola moral, do que colocar um ladrão do erário na rua por tecnicalidade? Existe falta de moral e compasso maior do que colocar traficantes de tóxico e chefes de facção em liberdade, por razões que sequer tenho a coragem de inferir aqui?

Que tipo de Corte Suprema se dá ao trabalho de imiscuir-se dia a dia nas obrigações de outros poderes? Que ministros são esses que não têm o menor dilema moral em votar e fazer algo frontalmente contra a própria constituição, como caçar um mandato e manter direitos políticos, ou começar seus próprios inquéritos ao arrepio do processo legal?

Efeitos

A falta de escrúpulos não veio até a sociedade, no atacado, sem antes passar pelo longo e penoso processo de permear o varejo. Antes de vermos governadores roubando em larga escala, vimos Brizola fazer acordos espúrios com o crime organizado, já nas eleições de 1982.

Antes de vermos Lula ser posto na rua “descondenado”, vimos todo um processo de difamação da Operação Lava Jato, constituído pouco a pouco, a ponto de gente razoavelmente inteligente dizer que “prefere Lula do que Bozo”, como se fosse uma escolha minimamente informada ou clara, com todas as informações puras, na mesa, passadas por uma imprensa livre e honesta.

Enfim, o processo que nos leva à Via Expressa do Caos começou pequeno, lá atrás, com o “Jeitinho Brasileiro” sendo louvado como sendo uma forma de adaptação, de flexibilidade. Nunca foi chamado por ninguém pelo que realmente é – falta de escrúpulo.

É óbvio que se resolvem problemas mais rápido sem se ter dilema moral. Engravidou? Não tem condição de criar? Mate a criança. Aborte. Não tem condição de ter um par de tênis de marca? A sociedade te tirou o direito ao bom e o melhor? Roube! É simples. Não consegue estudar para passar em medicina? Don`t worry – compre uma vaga.

A Ordem sobre o Caos era o mote dos Positivistas de onde vem o “Ordem e Progresso” da bandeira. O Caos sobre a Ordem parece ser o mote de qualquer um que deseje o poder neste país.

Só por Deus…

Polarização – Eu e Luiz Felipe Pondé

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Todo mundo sabe quem é Luiz Felipe Pondé. Já eu, seria algo como “Zé Ruela Qualqué”, ou seja, um ignoramus. Contudo, ouvir e dar razão pelo simples fato de alguém ter notoriedade não parece muito esperto… Vide um tal imitador de focas, de altíssimo perfil público, mas a quem o desprezo intelectual parece justificado.

Pois bem… Pondé pondera (sem trocadilhos) que a polarização é um fato antigo, primeiro relacionando o conceito ao “culto ao mal”, que, segundo ele, vigorou antes do culto ao bem, e portanto há uma tendência à polarização que vem daí, se é que entendi bem.

Mais à frente em sua coluna diz que “a polarização especificamente política não é nova”. Ele então a remete ao início do capitalismo. Pois bem… e nós com isso?

Dois aspectos me vêm à mente:

Polarização é Necessariamente Ruim?

A impressão que fica, tanto do artigo, como da opinião comum, da imprensa e principalmente do Beautiful People, é de que a polarização é sempre, e necessariamente, ruim. Obviamente, a polarização dos outros, claro. A nossa, que não se confessa nem a pau, não é.

O Brasil sempre foi um país sem grandes polarizações, com muita gente num centro, meio “geleia geral“. Aliás era disso mesmo que a minha geração era acusada – de não tomar posição, não lutar por seus direitos, não se afirmar, ser “alienada”. Meus amigos da América Latina sempre acusaram o Brasil de ser um país de gente “blanda” (branda) e que não se posiciona. Culpam-nos por ter sido sempre complacentes, da turma do “deixa disso”. Ditadura aqui sempre foi “blanda”, briga aqui sempre foi apaziguada, com raras exceções. Fomos colocados em banho maria desde tempos imemoriais, como Homo Amabilis, que sempre fomos como nação.

O medo que está dando no povo é que o Homo Amabilis parece ter sofrido mutação, desde que a esquerda, em fins dos anos 80 do século passado, começou a dominar a cena acadêmica e cultural. Com o adentrar em campo de políticos proeminentes como FHC e Lula, e cujas posições, muito devagar, foram-nos empurrando para cantos separados, fomos nos “radicalizando”. Nos tornamos Homo Radicitus, ou radical.

Ocorre que o Brasil mais abrangente é o do Homo Amabilis, esse sujeito do interior, ou mesmo das capitais, mas que não se sente com o mínimo de vontade de brigar com ninguém, cujo salário contado, se permite uma cervejinha no fim de semana, com 1 Kg. de lombo agulha na brasa, já se satisfaz; é o cara do campo e das pequenas cidades, em paz com todo mundo, feliz por não ter que enfrentar neve ou terremoto (sem nem o saber), e que tem sua banana e sua abóbora no quintal, come bem e ainda distribui; vai na sua igreja, ora, reza, volta para casa, quer criar os filhos obedientes e honestos, enfim, o sujeito que não pegaria em armas, mas está sendo conduzido a isso.

Que não se confunda este sujeito com um imbecil lesado, massa de manobra pura e simplesmente. É alguém que, com limitações, consegue interpretar a vida de uma forma bastante razoável. Aliás, tem-se a tendência de subestimar quem não tem assim tantas letras como gente incapaz de pensar por si. Na minha experiência isso é burrice. Desde meus avôs e avós, com pouca escolaridade, mas com um bom senso fora de questionamentos, até os funcionários de vários níveis que já tive na vida, e ainda tenho, todo mundo tem uma fita métrica bem boa na cabeça, e é capaz de identificar o que é bom pra si e para o próximo.

É claro que a deseducação que vimos tomar conta do país nas últimas décadas contribuiu bastante para que, mais jovem a pessoa, menos capaz de bom senso seja, mas nem isso são favas contadas. O que há hoje é uma divisão clara (uma radicalização) entre gente extremamente bem informada e inteligente e uma minoria, eu diria, que abriu mão de pensar.

Se estamos hoje diante de uma massa de gente menos disposta a contemporizar com certas coisas, e sobre as quais a grande mídia não consegue mais exercer um comando como o fazia, se deve a duas coisas: a)a mídia deixou de ser razoável, em suas pressões por “mudança” sobre o cara comum, da esquina e; b)o cara comum, da esquina, já percebeu que não tem vez nem voto num país manipulado de pé a ponta. Ou seja, se há gente na rua aos milhões, gritando fora isso, fora aquilo, isto é o resultado da falta de bom senso de quem, de fato, obtinha sucesso relativo em manter um certo nível de conformação por parte do cidadão, que não consegue mais.

A corda parece ter realmente arrebentado com a Lava Jato, que expôs o Rei Nu, Lula, e seus asseclas, e tornaram o homem comum.

Polarização pode ser Necessária?

O ideal é que não haja nunca, necessidade de polarização. Mas o fato é que poucas vezes na vida há momentos críticos em que uma polarização não é somente necessária, mas caso de vida ou morte. Alguns exemplos vêm à cabeça e sempre com o ponto e o contraponto – o “radical” e seu “detrator” – Catilina (o carbonário) e Cesar (o estadista), Churchill (o radical) e Neville Chamberlain (o cara do Deixa Disso), e mais recentemente, Trump (o boquirroto) e Biden (o pacifista).

O que há de comum nesses casos todos é a tentativa de um “radical” em resolver um assunto, mesmo que pela força, e os “pacifistas”, cujas atitudes nos teriam levado ao caos, caso aplicadas. A mais flagrante delas certamente foi a atitude de Churchill, cuja retórica e radicalismo nos salvou a todos de estarmos até hoje sob a suástica.

Portanto, você, meu caro polarizado, que berra nas ruas e nas redes, reconheça-se como um caso de atavismo da espécie, espécie essa que se arrasta pelo mundo produzindo mitologias, inclusive políticas, que nada mais são do que formas empobrecidas de metafísica. Você é a pura inércia em ação. Sua substância é a violência.

https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/luiz-felipe-ponde/obsessoes-ancestrais/

Minha substância não é a violência, mas me sinto polarizado. Não porque eu tenha uma natureza “catilinária”, “carbonária”, mas porque estamos diante de algo maior do que o deixa-disso pode resolver. Assim, dizer que somos todos uma cambada de radicais, de um ou outro lado, sem enxergar a perspectiva de cada um (e confesso que algumas visões da esquerda – bem intencionada e não metida em rolos – são válidas) é cegueira, e lacração pura e simples.

Sinto que estamos num momento em que uma bela dose de polarização é desejável e necessária. Ou bem entendemos que estamos sim caminhando a passos largos para uma situação de exceção, ou deixamos tudo como está para ver como vai ficar. Fizemos isso em 1985, com o fim da ditadura. Acordamos anos depois com um congresso eleito por “puxadores de votos”, com partidos que não representam ninguém, com uma constituição parlamentarista para um país presidencialista, sem nossas armas, a despeito do resultado de um plebiscito, com milhões de funcionários públicos a mais do que o necessário e com salários mais altos do que qualquer outro setor, com uma dívida interna acima dos 80% do PIB, e para finalizar, na iminência de aceitarmos bovinamente ativismo da corte que deveria impedi-lo, em detrimento de nossa liberdade de expressão

Façam suas apostas. O mundo já se viu nessa encruzilhada antes. Quem “polarizou” conseguiu sobreviver. Quem não o fez, virou vítima de quem fingiu não ser. Melhor um fim com horror do que um horror sem fim.

Cansaço…

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Dei uma parada nas minhas discussões com amigos, e mesmo em troca de ideias mais simples. O motivo é meu cansaço intelectual, sem fim. Tem razão essa minha fadiga. É muito difícil se embrenhar num matagal só para convencer um índio qualquer de que “quod abunda non noscere” (o que abunda, não prejudica). Convencer as pessoas de que há que se separar os problemas em suas partes constituintes para depois examiná-los, um a um, dá um cansaço incrível…

Não desisti de tentar, mas estou parado no meu canto. Alguns, acostumados à minha combatividade e gosto pela esgrima verbal devem estar achando que eu estou sem argumentos ou ideias para defender meu conservadorismo e liberalismo econômico. Não. Tenho muitos, mas dá uma preguiça imensa, nos dizeres de G.K. Chesterton, “demonstrar que o céu não é vermelho” para quem o tem ao alcance dos olhos, num dia de sol. Dá preguiça, mas não se pode deixar esmorecer.

Aliás, uma das minhas dúvidas cruéis é de onde vem a resiliência e a energia que um exército de pessoas dos mais variados matizes e cultura põem na tarefa de defender posições inglórias, indefensáveis ou mesmo insanas. Complicado, e pretendo descobrir um dia. Deve ser uma patologia. Ou uma agenda escondida que não sei de onde vem.

O caso mais recente vem da questão das urnas. Meu Pai Celeste, que terrível é ver gente que tem origem em auditoria, como eu, achando que é “caro e desnecessário” ter uma porcaria de uma urna de acrílico e uma impressora, pro sujeito verificar se o voto dela foi o que realmente ela digitou na urna. Gasta-se Bilhões com fundão eleitoral e se recusa a tomar essa atitude simples e que seria, no final, conciliadora. Que cansaço…

A cegueira em admitir que ciência é algo que não se “determina” ou se confina a determinado “lado” da academia é algo também muito complicado e cansativo. Outro dia, o presidente do Conselho Federal de Medicina admitiu em uma live que a classe estava dividida ao meio, entre aqueles que creem e os que não creem no tal de tratamento precoce. Ora please… Será que somos tão obtusos assim a ponto de não compreendermos que a ciência progride na liberdade de experimentar, testar e concluir, e que “Vacas Sagradas” não podem existir em sua marcha? “Ciência!” berram alguns… “Terraplanismo” derramam-se outros… Vou falar uma bobagem enorme mas que acho que funciona, no que toca à liberdade de investigação – deixe os terraplanistas acharem o que quiserem! É direito deles acreditar na Taprobana e cair da cachoeira do fim do mundo. Não sou eu quem vai pegar na mão deles, coloca-los num avião e dar uma volta no globo…

Da mesma forma não serei eu quem vai obrigar alguém a se imunizar contra coisa alguma. Eu me imunizei, porque acredito em vacinas e sei que fazem muito mais bem do que mal, a despeito dos eventuais efeitos colaterais. O cara que não quer se imunizar, que pense como quiser. Não serei eu a infligir seu direito de pensar como quiser. Não serei eu a mudar sua cosmovisão.

Me encanta uma palavra da Bíblia sobre a ação de Deus no mundo:

“Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor”

Zacarias 4:6

Essa visão nos demonstra que ninguém tem o direito de forçar ninguém a pensar igual a si. O profeta Zacarias fala no contexto das suas profecias, e deixa entrever não apenas a impossibilidade, mas a inutilidade de mudar os outros, exceto que eles sejam convencidos pelo Espírito (aqui, você que não é cristão coloque o que for no lugar de Espírito, seja “a própria vontade” ou “bom senso”). Falta-me a capacidade, às vezes, de calar diante de certas posições.

Ora, isso quer dizer então que não devemos ser “apologetas” de nossas crenças? Não. Devemos esgrimar nossas ideias, mas sabendo que no fundo, não se convence ninguém. Só o Espírito o faz.

Serei eu a enfiar ideias goela abaixo nos outros? Eu não. Tenho preguiça.

Big Techs e a Liberdade de Expressão

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Existe uma discussão que a sociedade está “comendo pelas beiradas”, sem cair de cara no prato que está posto diante de todos nós. Mega empresas como FaceBook, Twitter, Instagram, entre outras, tem o direito de criar práticas de censura, ou equivalentes? Ou a sociedade deveria regular o que vai e o que não vai ali?

A questão passa por interpretar algumas perguntas importantes, antes:

  • BigTechs são “imprensa”?
  • BigTechs são “neutras, politica e ideologicamente”?
  • BigTechs são “monopólios”?
  • BigTechs substituíram a praça pública?

BigTech são “Imprensa”?

BigTechs são, antes de qualquer coisa, empresas privadas, com ou sem capital aberto em bolsa, e portanto, reguladas por regras de mercado. Como conservador de costumes e liberal em termos econômicos, tenho uma imensa dificuldade em enxergar o limite entre a liberdade de uma empresa privada fazer algo e as “contas” que essas devem prestar à sociedade.

A pergunta é – são “imprensa”, e como tal deveriam se comportar? Creio que a resposta mais simples é não. Embora alberguem notícias e milhares de “noticiosos”, a resposta é que até hoje estamos diante de um fenômeno que extrapolou o que conhecíamos antes.

Se não são imprensa, têm responsabilidades de imprensa? Ou seja, teriam o direito de julgar opiniões? Entendemos que não.

As BigTechs criaram para si (embora possa-se discutir se foram elas mesmas que o fizeram) as agências de checagem, a fim de dizer o que é e o que não é fake news. Todos sabemos que essas agências frequentemente conflitam opiniões umas com as outras, e francamente não sabemos se julgam fatos sem ou com viés ideológico. Ninguém sabe que metodologia usam nem são supervisionadas por ninguém (nem deveriam ). Deveriam pelo menos informar claramente quem teceu julgamento e quem

As BigTechs são “Neutras, politica e ideologicamente”?

A despeito do esforço para parecerem neutras, vemos claros vieses ideológico nelas, e que ficaram claramente expostos em diversas ocasiões, como no “cancelamento” de Donald Trump ou na exclusão de perfis conservadores, mesmo com a manutenção de perfis bem mais danosos, como de radicais muçulmanos, por exemplo.

Parece claro que mesmo que corporativamente não tenham uma diretriz ideológica escrita, os executores, os caras da mão na massa, o são.

BigTechs são Monopólios?

Partindo do pressuposto que elas dominam grandes nacos da comunicação mundial, FB, TWT, Insta, etc, são na melhor das hipóteses oligopólios. Qualquer tentativa de novas empresas se estabelecerem no mercado, como a natimorta Parler, sofrem perseguições econômicas escandalosas, como a negativa da Amazon em albergar o dito site (direito dela?).

Elas podem ser qualificadas como tendo tendências monopolistas, portanto, e comportamentos que são contra a liberdade de mercado. Ok, conseguiram isso graças a muito investimento e trabalho, e talvez mereçam ter bons nacos do mercado. Daí a concedermos a elas, como cidadãos, o direito de eliminar a competição, é algo a ser tratado com o devido respeito.

Por fim…

As BigTechs são a Praça Pública do presente?

As BigTech se tornaram de uma vez só um “marketplace”, fonte de informação (e portanto, parcialmente imprensa, pelo menos), e praça pública, onde pessoas se reúnem para fofocar e falar mal (e bem) de quase todo mundo. Só que agora, os “outros” são gente que não está do lado, na mesma aldeia, mas na “aldeia global”, preconizada por Marshall McLuhan em 1964 (ano em que nasci…).

As pessoas, principalmente em épocas de pandemia, se comunicam com o mundo e umas com as outras através das redes sociais. Trancados em casa, vejo pessoas como a avó da minha esposa, que aos 94 anos pediu um celular e está engajadíssima em ver e postar coisas interessantes, para ela, interagindo com o mundo. O crochê deixou de ser a única distração dela, sentada dentro de um apartamento. Já não simplesmente espera o tempo passar, mas passa pelo tempo curtindo coisas, interagindo, falando com parentes longe. Custou um pouco a dominar a telinha mas está indo muito bem.

Isso é positivo, claro. O que talvez não seja tão positivo é a forma que as BigTechs selecionam, filtram e publicam conteúdo, e a forma como somos praticamente obrigados a ler as coisas. Algoritmos veem o que lemos e clicamos, checam nossos likes e dislikes e decidem o que vamos ver a seguir.

Se falamos em pizza, em minutos aparecem propagandas na tela. A privacidade está por um fio e não sabemos a que ponto podem chegar as BigTechs, na invasividade.

Um teórico pontificou (ao The Economist) que talvez passemos a comprar conteúdo, e não mais recebe-lo de graça em troca de nossos dados. É uma boa e eu estou disposto a fazer isso. Mas talvez 99% da população não esteja, ou não possa, gastar dinheiro para preservar-se.

Se são praça pública, temos que cuidar de regras que vigiam NA praça pública:

  • Limpeza, organização e segurança
  • Respeito a todos e observação de limites
  • Submissão a uma autoridade externa, escolhida e paga por nós (na forma de policiais e fiscais) que aplicam leis votadas por nós para a tal praça
  • Certeza da inviolabilidade de nossa pessoa e nossa privacidade
  • Direito de ir e vir, entrar e sair da praça
  • Direito de ficar calado sentado no banco vendo “as modas”, sem perturbar nem ser perturbado
  • Manifestações na praça pública têm hora marcada e devem ocorrer em ordem, sem destruição do patrimonio nem ofensas às pessoas.

Ora, isso se aplica a um espaço público. E as BigTechs NÃO são espaços públicos. Aí está o grande nó. São espaços públicos na medida em que estamos expostos a elas, e somos influenciados por ela. Mas são propriedade privada, e estamos nela apenas porque alguém deixa.

Mas hoje, estar fora dela, é como perder um instrumento de trabalho. Ou seja, tornaram-se “bichos” difíceis de interpretar.

Regulamos ou Deixamos como está?

Deixamos. Sim… por mais que pareça triste e tenhamos a tendência de criticar, com razão, atitudes como cancelamento de pessoas, expulsões e suspensões, muitas vezes arbitrárias e injustas, devemos deixar o mercado seguir seu caminho.

Talvez a única providência prática seria facilitar a concorrência e criar condições de escolha ao público. Mais do que isso é complicado.

Mas a economia tem sempre uma forma de se impor, ou, em muitos casos, de se “vingar”. Atitudes desse tipo não vão longe e acabam criando reações. Novas redes surgirão, e as pessoas passarão a desistir de algumas, como muitos de nós estamos desistindo de TVs abertas ou fechadas que são verdadeiros “sovietes”. Eu mesmo adorava ver o Jornal Nacional, até que, de uns 10 anos para cá, as redações dele parece que foram tomadas de assalto por gente com ideologias contrárias não somente ao que eu penso, mas ao que a maioria do povo simples e conservador, brasileiro, pensa.

Deixemos como está. Aguentemos, e no momento correto, saiamos de algumas mídias sociais e migremos para outras que acabem por nos dar melhores condições. Acaba acontecendo. Houve um tempo em que não tínhamos escolha. Era Silvio Santos, Flávio Cavalcanti, Bolinha, e mais recentemente Faustão et caterva… O surgimento da TV por assinatura nos “libertou” por assim dizer. Depois, as mídias sociais acabaram o processo e tivemos acesso a conteúdos cada vez mais “customizados” e dinâmicos.

A nova onda talvez seja a criação de “novos grupos de comunicação” em multi plataformas, e diversificados por interesses, de forma a atrair por “tribos”, ou “bandos” que pensem parecido. Vai resolver? Não, mas pelo menos não seremos obrigados a engolir em seco algumas coisas sem termos o direito de devolver com a mesma efetividade e repercussão.

Por fim, lembro aqui de um caso bem mais prosaico, e menor, de um confeiteiro americano que foi obrigado pela justiça estadual, nos EUA, a fazer um bolo de casamento para uma casal gay. O dito confeiteiro se recusou e sofreu um processo judicial que só terminou quando a Suprema Corte americana disse que ele poderia se recusar, baseado em “questões de consciência” e religião.

Ora, é uma empresa privada, o sujeito tem o direito de fazer o que quiser. O mesmo vale para as BigTechs. Pense nisso na hora de acessar FB, YouTube, Insta, Twitter, etc. Você está ali de convidado, comporte-se como tal, mas NÃO dê a eles a soberania sobre o que você deve ou não pensar.

Um boteco em Xambioá

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Lendo hoje um artigo do Paulo Polzonoff sobre um boteco de Curitiba que virou point de esquerda, e que serve, segundo o autor, um “Torresmo com gosto de Lula”, me lembrei de um episódio ocorrido comigo nos idos de 1986, 87, sei lá. Estava eu auditando uma subsidiária de uma empresa carioca, que tinha enormes terras de gado de corte, em Araguaína, antes Goiás, hoje Tocantins.

Num final de semana fui convidado pelos gentis donos do escritório de contabilidade que faziam de guarda-livros do meu cliente uma viagem de fim de semana com eles pra uma “chácara” que tinham na beira do Rio Araguaia, na divisa com o Pará (o “Parazão”, como falavam, como se Goiás/Tocantis fosse algo do tamanho de Israel… hehe).

De lá, como precisamos pegar um barco novo, descemos o Araguaia de Araguanã, local onde estávamos, até Xambioá, do outro lado do rio, uns 20, 30 Km mais abaixo (para o norte). Lá, descendo do barco, ganhei uma cicatriz na cabeça do meu dedão, por ter descido e pisado num caco de vidro no fundo do rio. Minhas boas vindas ao Pará foram parar numa farmácia local, e depois, com o dedão enfaixado, fui eu fazer o que o cara da cidade faz enquanto todos cuidam do barco. Junto com mais uns 2 ou 3, fomos pro boteco local.

Lugar interessante, grande, amplo, de madeira e bambu, com chão já de cimento, e telhas de barro, bem cuidadinho, muito bacana, mas aberto, quase todo ele, nos lados. Fui até no Google Maps pra tentar ver se me vinha algo de lembrança do local, e o possível bar, mas francamente, não lembrei de nada.

Entrei no Bar e dei de cara com uma bandeira da República (do Araguaia), retratos de Che Guevara, Fidel Castro, Mao, Lenin, tudo bem vermelhinho, show de bola. Como estávamos ainda na transição democrática, Sarney de presidente, perguntei se eles não tinham problema com a lei – “não, claro que não… esses caras foram embora lá pelo início dos anos 70, quando prenderam os líderes, inclusive Genoíno. Nunca mais deram as caras pra bater nem atirar. Só tem aqui médico, e os caras do IBDF “(Instituto Brasileiro de Defesa Florestal, o IBAMA da época, creio).

A pergunta veio, como é comum comigo, sem muita reflexão – “mas você é comunista”? O cara – “por que?” E eu… “ué, tem bandeira de Cuba, da República do Araguaia…”. E ele emendou direto – “não sou comunista não. isso aqui é o mote do estabelecimento… gosto mesmo é do dinheiro dos garotos da USP e UFRJ que aparecem aqui, sentam, enchem a cara, choram de saudade (!) e vão embora deixando um troco na minha mão…“.

Nas paredes tinha muita “memorabilia”, desde garruchas até “dinheiro” da república, fotos de revistas Manchete, etc, além das indispensáveis (na época) fotos de mulheres (quase) nuas, de posteres das revistas masculinas da época.

Sentamos pra bater papo. Boteco quase vazio, eu com o dedão do pé latejando. Os amigos pedem cerveja super gelada (a tal Cerma, prima-irmã da Cerpa – uma é “Cerveja do Maranhão”, a outra “Cerveja do Pará”). Pedem também o maravilhoso prato (tábua) de carne seca com mandioca cozida de lá. Coisa muito chique, difícil de descrever, de verdade. Um manjar.

Papo vai, papo vem, eu sou perguntado sobre minhas posições. Na época, bem jovem, tinha poucas, mas desde sempre odiei as tendências mais à esquerda. Desconversei um pouco mas disse que meu pai era político e que era da Arena 1 (na época a Arena, Aliança Renovadora Nacional, tinha a “1” e a “2” na minha cidade de Cordeiro, RJ).

O clima esquentou um pouco quando eu falei que apesar de ser contra ditaduras, achava que a que estava acabando tinha feito grandes avanços, mas que eu concordava que era melhor um poder civil. Ânimos mais exaltados, fiquei na minha pra não apanhar dos circundantes, quase todos gente que veio alugar uns “quiosques” com umas redes, na beira do Araguaia, e tomar cachaça com gelo dentro de uns abacaxis enormes, e comer ovos de tartaruga tracajá, e paquerar nas “praias” de água doce do local.

O dono do local se levanta, bate na mesa e declama – “a guerrilha já acabou, os comunas já voltaram pra Sumpaulo. Aqui qualquer um fala o que quiser“. Os diversos tipos ao lado não tiveram coragem de contestar o sujeito, mas jogavam algumas piadinhas pra eu ouvir. Foi muito legal. Foi uma demonstração de socialismo etílico capitalista, misturado com tábuas de carne seca e mandioca, difíceis de esquecer.

Sequer ousei dizer que tinha um tio que na época devia ser tenente ou capitão da FAB, e que tinha pilotado uns helicópteros na região e tinha umas histórias bem interessantes daquele tempo… Aí eu apanhava, na certa…

Seguimos conversando até sermos chamados pra retornar pra Araguanã, numa viagem de volta de umas 4 horas (descer o rio tinha levado não mais que 1 hora).

Devo ter uma foto do boteco em algum lado. Esse é um comunismo que valeu a pena viver…


Algumas discussões, só no Brasil…

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Todos já nos demos conta de que nossa classe política vive num mundo à parte, e que nos governar, fazer o que é preciso para que o país vá para frente, é o penúltimo de seus objetivos (o último sendo falar a verdade).

Algumas discussões são tão doidas que parecem só ter lugar de ser neste país. Aqui há um divórcio total entre quem nos governa e nós, e entre a razão e as “razões”. Listo algumas delas abaixo para que nós, juntos nos demos conta do grau de loucura que nos atinge:

Voto Auditável

Há uma discussão que se pretende séria, sobre se temos ou não o direito de ter votos que possam ser recontados. Recentemente o grupo Hipócritas fez um sketch com uma suposta eleição para síndico em que o o filho do atual síndico cria um programinha que conta os votos, mas não permite que ninguém verifique nada. Seria de dar risada se não fosse tão trágico. Estamos discutindo ISSO. Nossos políticos e (pior) nosso STF está levantando argumentos a FAVOR de não termos voto auditável. Afinal “sempre foi assim e dá certo”. Ora, COMO saber se deu certo mesmo? Não podemos saber. E por isso seria um aprimoramento básico, que existe até (vejam vocês) na Venezuela, como já mencionei em outro artigo.

Fim do Foro Privilegiado

Somos talvez o único país do mundo em que qualquer Zé Ruela eleito se acha no direito de ser julgado por um tribunal especial. Estamos à mercê de um Zé – Renan Calheiros, réu em diversos processos (dependendo de quem conta, entre 7 e 30), que está dando cartas numa CPI absurda, junto com outro réu em diversos processos, o Zé de Aziz.

Chamo de Zé não por demérito aos grandes Zés desse país – Zé Vasconcellos, Zé da Velha, Zé Maurício (o padre), entre outros… Mas aos Zés verdadeiros, as nulidades como Zé de Abreu, e sua enorme boca, ou os tantos Zés que habitam nosso parlamento, incólumes.

O Foro privilegiado é um TEMA de discussão aqui! Esse é o espanto!

Privilégios do Funcionalismo Público

Sou filho de funcionários públicos e irmão de dois deles também. Não estou aqui a culpar funcionários públicos por nossas mazelas todas e sei perfeitamente reconhecer que há excelentes profissionais no serviço público.

Trata-se, porém, de sabermos que temos pendurados nos nossos ombros MILHARES de funcionários, que, bons ou ruins, NÃO PODEM estar lá, porque o peso deles mata nosso orçamento, mata nossa capacidade de investimento, mata, enfim, nossa liberdade de crescimento.

Férias de 60 dias

Aqui, o engraçado não é o fato de que alguns tem 60 dias de férias, quando todo mundo tem 30 (mais do que na maior parte dos países civilizados). O que dá vontade de chutar o balde é que tem defensor dos tais privilégios acham que a PRODUTIVIDADE dos juízes e promotores VAI CAIR se os caras trabalharem igual a todo mundo. Ou seja, os caras ficam 17% do tempo em casa (fora sábados, domingos e feriados) e 8.33% de tempo a mais de trabalho vai… atrapalhar… a produtividade… é ou não é coisa de país louco?

Sistema Partidário e Representativo

Aqui estou falando dos tantos dispositivos criados ao longo dos anos e que torna nosso sistema de escolha burro e caótico, favorecendo meia dúzia de líderes de partidos e não à sociedade.

Não elegi alguns deputados – nem NINGUÉM elegeu, mas um Tiririca da vida “puxou” votos para dez nulidades que ninguém conhece nem confia, mas que estão próximos ao poder partidário.

Não votamos em alguém próximo de nós ou representativos da região em que estamos. Votamos num deputado lá do interior, e sem qualquer vínculo com meu local. Desde sempre o sistema inglês (e em parte americano) faz com que as disputas locais sejam acirradas, com gente conhecedora dos contendores. Esse tipo de voto distrital direto, na veia, faz com que deputados displicentes com seu eleitorado percam suas cadeiras, como foi vítima até o grande Winston Churchill, no pós guerra.

Deputado próximo tem que prestar contas, e precisa conviver e conhecer o eleitorado, e não sumir e aparecer a cada eleição. Aqui, isso ainda é motivo de discussão, para espanto do mundo todo.

Finalizando…

Até 1994 vivíamos achando que inflação de 3, 4 dígitos era algo com que teríamos que conviver o resto dos nossos dias. O Plano Real pôs fim relativo àquela loucura econômica e pôs freio nos orçamentos do governo, dando realismo econômico ao país.

Até 2019 vivíamos com juros tão absurdos que devemos mais a eles do que ao próprio desenfreado déficit, a razão de termos hoje quase 100% do PIB em dívida para as próximas gerações.

O Banco Central brasileiro, desde 2019, parece ter se tocado de que é possível conviver com juros quase (ou abaixo) na linha da inflação, ou seja, juros reais próximos de zero. O mundo inteiro faz isso, porque diferentemente de 25, 30 anos atrás, existe hoje um excesso de capital no mundo. Isso levou diversos bancos centrais a tomar proveito e colocar “pedágios” para guardar dinheiro da população, sob forma de juros negativos. Só nós permanecíamos em berço esplêndido.

Qual é a lição possível? Qualquer coisa que não presta, que não serve, e é mantida artificialmente, ou ainda que é ou se torna um mal à sociedade, tende a ser extirpada da vida pública, cedo ou tarde. Ocorreu isso diversas vezes no mundo todo, seja pela via da tecnologia ou do esgotamento da paciência pública com o “espinho na carne”. Somente sociedades ditatoriais conseguem manter por décadas atitudes que são frontalmente ruins ao povo ou que, no fim das contas, são coisas más ou, desnecessárias.

Nosso parlamento se tornou desnecessário, como está, pois que somente pensa em si e advoga contra o bom senso. Nosso STF, na atual composição, se tornou nocivo ao povo e afronta a Constituição diariamente. Nosso sistema de votação elege quem não elegemos, e não nos deixa saber se de fato elegemos alguém.

A síntese disso é que qualquer um, esquerda ou direita, funcionário público ou não, em sendo minimamente bem intencionado e honesto consigo mesmo, sabe há um monte de coisas que deveríamos nos livrar, sem prejuízo à democracia, ou mesmo em favor dela. Quebremos o pau sobre a forma como é melhor tornar a sociedade melhor e mais feliz, mas deixemos de lado os absurdos com os quais temos que conviver diariamente.

A “minha” Covid

Visualization of the coronavirus causing COVID-19
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Recebi ontem o diagnóstico de Covid-19. Ontem de noite mesmo fui a um posto drive-thru, e menos de 2h depois tinha na mão o diagnóstico de “reagente”. Os preparativos pra me segregar do meu povo foram rápidos e estou confinado ao meu escritório de trabalho, em casa, e ao meu quarto. Tudo bem, tudo tranquilo, só coriza e uma tosse seca. Essa tosse, aliás, tenho diversas vezes por ano. Só uma chateação alérgica.

Mas que quantidade de reflexões essa peste nos leva a fazer. Minha reação inicial é a de sempre – fazer piada comigo mesmo, tipo “encomendem o caixão”, “Deus já tá me chamando” e tudo o mais que um piadista de mau gosto consegue fazer, para o entretenimento de ninguém além de si mesmo.

Algumas reflexões devem ser feitas a despeito de a quem possam eventualmente ofender (flocos de neve que me perdoem) e sem qualquer viés ideológico ou político.

1 – O Vírus me Pegou, e não tenho medo dele

Mesmo que eu venha a morrer disso, que fique claro a todos que eu não vou pautar minha vida pelo medo disso. Se eu tivesse decidido viver acovardado, não teria feito nada do que consegui, pouco ou muito, nesta vida.

Se morrer ou não morrer, podem escrever – não pretendo modificar minhas palavras aqui – uma porque não conseguiria (morto) e outra porque não teria razão (vivo). Viver no medo, comandado por terceiros que decidem até o que você deve temer, não é coisa de macho (sem sexismo aqui, no sentido “latu” da palavra, de antigamente).

2 – O Vírus não afetará minha visão de que podem haver tratamentos diversos

Seja precoce ou não, continuo a crer que nossos médicos devem ter toda liberdade de prescrever o que sua prática determina como útil. Cercear o direito à opinião divergente, e ainda chamar de “terraplanista” quem tenta algo diferente do que o outro prescreve e “afirma” ser ciência, NÃO é ciência. É imposição, é ditadura.

Acredito tanto na possibilidade de que alguns tratamentos precoces deem muito certo como estou certo de que as vacinas de uma forma geral funcionam muito bem. Minha dúvida está na “Vachina”, ou Coronavac (se eu morrer antes, alguém que chegar no céu depois de mim me avise como acabou a novela). Tenho uma baita desconfiança de uma vacina que já está dando errado (estatisticamente) no Chile e Uruguai, e que não dá NENHUM tipo de efeito colateral. Além disso, se é produzido na China, é de duvidar, por razões mais do que sobejas, a quem tem um mínimo de desconfiômetro.

3 – A China é Epicentro, Culpada e Algoz

Minha opinião. Sujeita a todos os reparos e xingamentos possíveis, mas ainda assim minha opinião.

Entendo que a China como epicentro tenha que ser chamada à responsabilidade. Omitiu o fato e só o reconheceu depois de muito sumir com médico e reporter, ou seja, quando já não tinha como negar.

A China é culpada por ter-se negado a informar o quanto sabia sobre os detalhes do virus e entregar à comunidade internacional TUDO o que sabia, inclusive para propiciar uma vacina mais rápida possível. A China é culpada ainda por ter cooptado a OMS para falar o que ela queria, levando a um caminhão de decisões erradas e mudanças absurdas de rumo de políticas de saúde, que deixaram os países tontos, Brasil no meio (e com uma crise política pra ajudar a gerar críticas a cada passo do caminho). A China, por fim, é culpada por não informar claramente por que tem TRÊS óbitos por milhão de habitante, contra, por exemplo, quase 3 mil no Brasil. Será que são TÃO bons assim? Quem viu as raves em Wuhan pode ficar se perguntando se eles já tinham uma cura “na manga” ou se simplesmente mentem sobre suas estatísticas.

Por fim, a China é algoz, no sentido em que não apenas de ter tentado silenciar – e conseguido em boa medida – a opinião pública mundial, aliada a gigantes da tecnologia como o FaceBook, por exemplo. O FB se fez de capacho do PCCh, liderando (por tamanho absoluto) um movimento de censura a qualquer um que ousasse dizer coisas como “tratamento precoce pode ajudar”, ou ainda “isso veio da China”, e, pior que tudo, “a China tem uma obrigação financeira com o mundo todo”. A China não é uma nação confiável, moral ou comercialmente. A China quer vender ao mundo uma narrativa de uma “democracia” que é muito parecida com qualquer ditadura vagabunda com a qual tenhamos tido que conviver no passado ou presente (me refiro ao seu governo, não a seu povo, tradições e história, obviamente). A China é sim, algoz e deverá ser tratada como tal no concerto das nações – se é que ainda restam nações com liberdade e independência suficientes para isso.

4 – Mais Importante – Quem define minha vida e Futuro é Deus

Irrite a quem irritar, minha vida se define pela minha relação pessoal e profunda com meu Criador. Sou dEle e Ele é meu Senhor. Nada vai me separar dEle, como disse o Apóstolo Paulo:

Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? 
Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. 
Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. 

Romanos 8:35 a 37

Mesmo que na hora da angústia eu às vezes tenha a tendência em achar que Deus “pisou na bola” comigo, posso afirmar que Ele continuará comigo, seja em cima da terra ou debaixo dela; ou melhor, além dela, no lugar que Ele disse que iria preparar para nós, Sua Igreja.

La nave và… e nós também…

Envelhecer

man standing beside wall
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São muitas as frases e as análises sobre o processo de envelhecimento. Pablo Picasso dizia que

Leva muito tempo para nos tornarmos jovens.

Pablo Picasso

E não é que é? A capacidade de rir de mim mesmo inexistia, entre meus 12 e 40 anos. Foi o processo de ver a comédia de minha burrice que me fez rir do que faço. Isso não foi ensinado a mim. Foi fruto dos anos de janela, vendo a banda passar.

Na mesma toada, George Bernard Shaw dizia

A juventude é uma coisa maravilhosa. Pena ter que desperdiçá-la com os jovens!

G. Bernard Shaw

Aqui e acolá vemos gente velha e talvez ressentida deixando claro que a juventude que viu e vivenciou foi desperdiçada, ou não apreciada devidamente, exceto quando a tal banda já passou.

Talvez por conta dessa falta de humor, de se levar demasiado a sério, ou por pura inexperiência, a frase seguinte cabe bem para os dias atuais, e para todos os dias, desde que o grande cisma social foi (artificialmente) criado:

Quem não foi comunista aos 18 anos, não teve juventude; quem é, depois dos 30, não tem juízo

Atribuído a Carlos Lacerda

Hoje, lendo matérias de jornalistas mais experientes, pude ver o amargor deles com os profissionais do jornalismo de hoje, os mais jovens, em seu afã de SER parte da notícia, em vez de CONTAR a história, como ela ocorreu. Um deles conta como o fato de estar de câmera em punho, diante de manifestantes, fez reacender um conflito já pacificado pela polícia.

Outro conta como o apreço a causas “libertárias”, de esquerda, majoritariamente (mas nem só) faz com que a objetividade pule pela janela das redações do país e do exterior.

O pior é a dificuldade de argumentar com jovens devidamente doutrinados. Eles não escutam, não argumentam mais racionalmente, não fatiam os problemas para estudá-los, não usam (não todos, obviamente) de racionalidade em suas análises, normalmente mais rasas do que deveriam, para que se chegue a conclusões minimamente corretas.

Assisti outro dia um comediante num desses “Late Shows” dos EUA falando que passando na rua, ouviu um “buuum” e de repente começou a chover chocolate. Como estava do lado da fábrica da Hershey, ligou os pontos e pensou “explodiu algo na fábrica e o chocolate foi pelos ares, e agora cai sobre nós aqui na rua”. Ao falar isso, viu-se cercado de pessoas dizendo que não, que obviamente a fábrica não explodiria, e que havia outra explicação. Talvez o governo tivesse jogado gotas de chocolate de helicópteros, pra adoçar a vida da triste população…

Ele emenda, dizendo que na cidade que possui o Centro Wuhan de Estudos do Coronavirus ocorreram os primeiros casos de… Coronavirus. Mas não… logicamente a razão NÃO é o tal Centro de Coronavirus. A razão deve ser outra… Um virus desse não vazaria de um laboratório tão seguro! Nunca! Nós devemos procurar explicação em outro lado.

Pois é. A juventude embarca toda numa explicação dessas, quando a relação de causa-efeito parece tão óbvia. Alguém com a veia do pescoço saltada me dizia aos berros que eu estava sendo “terraplanista” por acreditar numa evidente bobagem dessas, criada pelo Trump somente pra culpar o regime Chinês, que nada tinha a ver com isso.

Barbaridade, pensei… e me calei.

Se a juventude já é em si insegura, se se leva a sério demais, se convive com a sombra dos pais e avós, e precisa lutar ainda para assegurar seu lugar ao sol, imaginemos essa mesma juventude sendo propositalmente manobrada e ensinada a NÃO pensar? Sabe aquela qualidade mental que só apreciamos depois de sermos surradas por ela, a habilidade matemática, que mais do que fazer contas, parece que nos dá uma habilidade secundária de medir efeitos… sabe ela? Coloquemos a matemática de lado, pois dá um trabalhão, e passemos a falar como nos nos “sentimos” sobre os números.

Sabe a gramática, aquela que meu pai, professor de Português, lutou a vida toda para enfiar em cabeças jovens? Aquela que é cheia de regras, que odiamos a vida toda? Ela também parece ter um efeito colateral de “freio de arrumação” na nossa lógica e entendimento do que está escrito… algo que só damos valor quando passamos pelo processo disciplinador do aprendizado duro e tenso, das provas e “sabatinas”.

Os jovens, por culpa de muitos adultos, desperdiçavam sua juventude preocupados demais com o amanhã, em ganhar dinheiro, casar, ter filhos… perdiam (ou nem chegavam a ter) bom humor. Hoje, ao contrário, essa carga foi tirada dos ombros dos jovens. Pode-se ser o que quiser. Pode-se trabalhar, ou não… estudar, ou não… pensar, ou não… e não há qualquer consequência sobre isso.

Envelheci um tanto, muito (se Deus quiser) falta ainda por envelhecer. Estou tentando me preparar mentalmente para as restrições impostas pela saúde, mobilidade e perda de agilidade mental da maneira como acho válida, e que vai me dar um pouco de alegria mesmo velho. Pensar, estudar, dar risada, fazer bagunça com os filhos (e às custas deles, muitas vezes!!! Haha!) e quem sabe, em alguns anos, com os netos.

Só não quero ser acusado do que já o fui quando jovem – carranca excessiva, se levar à sério demais, viver pra si mesmo, querer sucesso quase a qualquer custo, ser levado “em roda” por qualquer vento de ideologia, enfim, as tragédias normais que cercam todo adolescente e jovem.

Que venha a velhice, pero en forma de chiste!

O Idiota em mim, e em você

people gathering on street during daytime
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Se sentir um completo idiota é uma coisa que deve, na minha opinião, ocorrer com cada um de nós pelo menos uma vez por dia, senão mais. Não que eu queira, ou que algum de nós queira ser um idiota, ter cometido uma idiotice ou faça algo com consequências graves, ou não, de sua inépcia, insensatez ou idiotice mesmo. Tenho o dever de me sentir idiota, para que não seja sem saber.

Mas o fato é que reconhecer que fez algo idiota já é algo bom. Pelo menos a gente está ligada no que faz, acha que poderia ter feito melhor, ou reconhece quando algo não está à altura do que é preciso ser feito. É uma sensação horrível, de incompetência, mas ao mesmo tempo libertadora, pensando bem, por pelo menos eu saber que entendo o que fiz errado.

Adoro atribuir ao Apóstolo Paulo uma frase que ele nunca disse (pelo menos que eu saiba) mas que tem toda a cara dele:

Bem aventurado aquele que sabe aquilo que ignora

Apócrifo

Como é bom olhar algo e ter certeza absoluta de não saber nada, zero, a respeito. Eu estou em busca de expandir o limite da minha ignorância (ou melhor dito, daquilo que conheço), a fim de ignorar cada vez menos. Mas é muito difícil.

Nelson Rodrigues dizia com muita propriedade que

Os idiotas vão tomar conta do mundonão pela capacidademas pela quantidadeEles são muitos.

Nelson Rodrigues

Somos mesmo muitos…

Mas a razão de eu falar de tanta “idiotice” é menos filosófica e mais prática. Existem várias “bolhas”, como se diz por aí. Fala-se muito em “fazer algo repercutir fora da bolha”, e coisas parecidas. Eu costumava não me achar encerrado em em nenhuma delas. Mas francamente, já não sei não. E falo da bolha política, mas também da bolha dos costumes, do politicamente correto/incorreto e todas as outras, que os tempos de Mídias Sociais parece que reforçaram. Eu começo a achar que eu talvez esteja olhando o mundo com óculos errados. Afinal, amigos meus, grandes amigos, deram de ralhar comigo, à vera, por conta de certas posições minhas. Não são necessariamente posições políticas, mas são posições que tem um profundo impacto no que eu penso ser o meu modo de viver ideal.

Já escrevi várias vezes que me identifico como um conservador, cristão e que tento ser racional. Por isso, assuntos como a liberdade de cátedra, a inviolabilidade do direito de opinião, e o caráter absolutamente iconoclasta da ciência tendem a ter muito eco no que eu penso e faço. Assuntos que eu julgava que não mereceriam mais do que um olhar superficial, como por exemplo, a realização ou não de um campeonato de futebol de 30 dias, com sei lá, 16 seleções, sem público, todo mundo testado pra Covid, estão gerando tanto problema que eu chego a me encolher diante de opiniões de amigos que eu julgo inteligentes e sábios.

Outra feita, é uma tal CPI da Covid, que eu não entendo como é que alguém em sã consciência pode dar a mínima credibilidade, ganha tanto espaço e é considerada tão fundamental pra sociedade, neste momento de pânico e suspense: como uma comissão que é presidida e relatada por dois sujeitos desqualificados, moral e legalmente, pode ser levada adiante sob holofotes do Brasil e do mundo, sem qualquer questionamento.

Devo estar priorizando somente um lado da opinião, e isso não gosto de fazer. Deve haver, então, algo errado, e é COMIGO. Afinal, gente que considero muito melhor do que eu enxerga razoabilidade nisso tudo. Desde discutir por conta da tal Copa como assistir uma CPI como se fosse um seriado da NetFlix.

Desde o início desse processo de pandemia eu tenho pensado em muitas coisas que em outros tempos não teriam qualquer repercussão, como o uso ou não desse ou daquele comprimido disso ou daquilo, do tempo que o comércio deve ficar aberto ou fechado, do tanto de transporte coletivo que temos que ter, do atraso de dias, ou meses (dependendo da fonte) para obtenção de vacinas… Tudo o que tenho visto parece formar parte de uma curva de aprendizado sobre algo que nenhum de nós têm a menor experiência, e cujos erros certamente foram cometidos. São patentes, mas não são mais do que isso mesmo – erros, inadequações, idiotices. É o Galípoli, do mesmo Churchill que nos salvou da ameaça nazi-fascista, anos depois. É a tragédia de uma situação que ninguém poderia dizer-se preparado para enfrentar.

Meus amigos, que realmente (não é ironia) são melhores e mais sábios do que eu fazem coro com boa parte da população que bate sem parar no governo (vou fazer aqui a ressalva de sempre – votei e votaria de novo em Bolsonaro em 2018, mas não voto nele se houver alternativa conservadora minimamente capaz de vencer uma eleição).

Um dos meus esportes preferidos é dividir problemas em partes e tentar raciocinar sobre cada uma das partes. Coisa de gente limitada – como eu tenho dificuldade com variáveis múltiplas, busco isolar cada uma e resolvê-las separadamente, e tentar assim chegar a uma conclusão sobre o todo. É isso que tenho tentado fazer ao longo da vida, com algum nível de sucesso.

Mas estou apavorado comigo mesmo. Não sei se estou numa bolha tão, mas tão fechada, que não consigo enxergar algumas coisas que outros veem por óbvio. Eu realmente não consigo “fechar questão” sobre alguns assuntos que uns têm por certo. Eu não consigo achar defeito grave numa economia que conseguiu cair, com Covid e tudo, menos do que entre 2013 e 2014, sem nada, exceto o fato de termos tido um péssimo governo.

Além de tudo isso, tenho uma visão de que no final das contas, o mercado consegue, com seus milhares de interações diárias, de milhares de cabeças pensantes, indicar o que realmente está acontecendo, quando as câmeras e microfones são desligados e os políticos voltam pros seus sepulcros caiados.

Enfim, terminando, outra citação de Nelson Rodrigues, que pretendo manter na mente, justamente por tudo o que já escrevi acima:

Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.

Nelson Rodrigues