Opiniões

Amen and Awomen

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Um pastor metodista, Emanuel Cleaver, foi convidado para orar na abertura do 117a. legislatura de congresso norte-americano. O tal reverendo terminou a oração dizendo “Amen and Awomen” (em Inglês soaria como “Ahomem e Amulher“). Gargalhadas à parte, o fato reflete o “Ésprit des Temps“, uma desgraceira idiotizante que se instalou na sociedade mundial, EUA na frente. É, como diria Fernando Lyra, a “vanguarda do atraso“… Amém, todo mundo sabe ou deveria, significa “Assim seja”. Nada mais do que isso, em hebraico.

Vou deixar em ingles mesmo porque é engraçado… “Back in the 60s this joke made the rounds: “Why do we say ‘amen’ and not ‘awomen‘?” The reply: “Because it comes at the end of a hymn, not a her. A piada é quase intraduzível e não tem graça alguma em Português, mas é muito legal assim mesmo… mas ERA uma piada…

Em tempos passados expressões como “meus povos e minhas povas“, “everybodies e everycabras“, e mais recentemente “presidenta“, “Amigues“, entre outras pérolas, ou eram, de cara, piadas e motivo de muita risada, ou foram objeto de ridículo até por quem nem estudou tanto assim. “Povo de Sucupira…” como diria Odorico Paraguassú… um desses dias vamos acabar achando que saudar a mandioca faz sentido…

Gente sem ter o que fazer já até teorizou que “Amen” derivaria de “Amen-Rá” (ou Amun-Rá, divindade egípcia – não confundir com o terrível personagem de quadrinhos Moon-Rá, dos Thundercats…). Mas ninguém ainda tinha duvidado da masculinidade do “pobre” Amém.

O reverendo não ficou satisfeito em orar ao Deus Único – que de uma ou outra forma, é o Deus dos “povos do livro” (Judeus, Cristãos e Muçulmanos) que representa a fé de uns 95% do congresso. Inventou na hora, provavelmente, uma inclusividade que chegou até a deuses pagãos. Só faltou incluir o Deus dos sem-deus, os ateus.

De novo, gargalhadas à parte, é uma tragédia intelectual que um cara que se formou em teologia, numa importante denominação cristã cujos princípios foram deixados por John Wesley (do qual meu nome – que odeio – deriva) tenha falado tamanha asneira. O fato é que os “progressistas” vão quebrando com as tradições e a cultura de um povo – pra não falar da fé, mesma – aos pouquinhos. Colocar um monge budista pra orar no congresso americano não ia pegar bem agora, de cara. Mas começar com um tresloucado qualquer, disposto a aparecer à custa da fé que deveria representar, vai quebrando algo muito caro aos americanos de forma paulatina. Fica “lindo”, “inclusivo”, uma beleza aos ouvidos de alguns, e não tão cacofônico aos ouvidos de quem se espantaria com a temperatura da proverbial água no balde do sapo.

Barbaridade, diriam os gaúchos. Barbaridade mesmo – coisa de bárbaro roendo o Império pelas beiradas, impulsionados pela sede de destruir o que está lá. Podem ter certeza de que vai dar certo, se Jesus Cristo não retornar primeiro – no que creio firmemente. Ocorre que, assim como em 473 DC, o resultado costuma ser uma “Idade das Trevas” de mil anos.

Estamos pagando pra ver. Estão reescrevendo o significado das palavras na nossa cara, à força, e sem o auxílio luxuoso do povão, que é quem sanciona as mudanças, em última instância. Se pagamos pra ver, vamos acabar vendo, ou não, por estarmos mortos, nós que ainda achamos que a língua importa.

O próprio bafo

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Se tem uma coisa irritante em toda essa pandemia, não é o medo do vírus, não é o lockdown, não é a falta de restaurante aberto pra ir nem a falta dos amigos, que não podem nos visitar. É o bafo! Pior. É o NOSSO próprio bafo. Represado dentro das miseráveis máscaras, sentimos o que dantes não nos incomodava.

Bafo é algo que normalmente só irrita o alheio. Bafo é como chatura. O chato, ou o bafudo, nem se dá conta. No caso do bafo a culpa é da glândula pituitária, que “satura” e a gente nem percebe mais. O chato é igual. Eu como chato de galocha sei disso: a gente tá mais preocupado com o que nós mesmos achamos e pensamos que saímos distribuindo nossa “expertise” a torto e a direito, sem perguntar se o outro gosta ou não do que estamos falando. Adoramos ouvir o som da própria voz.

A chatura é o bafo da alma. O bafo é a chatura da boca. Mas qual é a do bafo? Sabe bem quem usa máscara. Tem que cobrir a boca e o nariz. É como aquele gesto de bafejar na mão antes de um encontro, pra ver se a moça que vamos beijar não vai desmaiar como resultado do nosso mau hálito. Coisa de tempos em que não havia Listerine. Comia-se pasta de dente e olha lá. A máscara institucionalizou a estética do hálito. Estética é algo que não costuma ser relacionada com bafo, nem com coisas do nariz, mas creia-me: depois da Covid, o próprio bafo se tornou uma questão de sobrevivência. Tem gente que não liga, que põe a máscara, sente aquele “gás mortal” entrando de volta pelas narinas e em 5 minutos já não sente mais… e segue pela vida, bafejando e sendo bafejado.

Cubro a boca e o nariz porque me mandaram cobrir. Não me convenceram totalmente de que é realmente necessário, mas faço em respeito ao meu vizinho, meus semelhantes. Isso teve o saudável efeito colateral de me informar que (e quando) estou bafudo. Dia desses me peguei em oração – “cuida da alma que o corpo já era“… Que bafo! E tratei de caçar o enxágue bucal. Aline, a patroa, não gosta de criticar o bafo alheio, mas eu peço pra ela fazer um certo controle de qualidade. Ela faz sob protesto, mas faz. De vez em quando ela fala “tá com um pouquinho de bafo” – e eu sei que estou matando urubu em pleno voo – ou estaria, não fosse a máscara.

Já a chatura, essa não tem muito jeito. Não tem uma máscara de cobrir a cara que tenha o condão de fazer a chatura voltar na nossa cara. Quem dera! Seria um aliado fantástico pra não perder amigos, negócios ou se envolver em discussões tolas. Outro dia, eu e o filho de um grande amigo expulsamos da sala de jantar o resto dos convivas, só pelo caminho que certa discussão pegou. Era “papo cabeça”. Chatura na veia! O bafo da nossa chatura afastou o povo. Não demos a mínima – como todo chato que se preza – estávamos curtindo o bafo um do outro, e nem ligamos pra quem se afastou. Coisa de chato profissional.

Estou certo de que a Covid, então, teve esse efeito colateral positivo – a redução do bafo (acho que reduziu-se o bafo percebido, claro, mas certamente o “real” também). Tem gente que nunca se importou com o próprio bafo, já que não a incomodava, mas deve estar roxa de vergonha agora, ao lembrar de momentos de cochichos e conversas próximas que de repente afastavam o outro… Só restava um fingimento do tipo “ora veja você!“… “não diga!” e um menear de cabeça pra trás, pra longe do jato de vento fedorento diante de nós.

Peço a Deus por uma Covid da alma – entendam-me – não quero um vírus pra alma (tem gente que é literal e não interpreta texto muito bem…): falo de algo que devolva na nossa cara o odor fétido da nossa chatice – aliás, chatice, chatura, chateza, chateação… leiam como quiserem (não sejam chatos vocês também!). Quisera eu receber na cara uma lambada de chatice fedorenta de volta, cada vez que começasse a chatear o alheio.

Chato assumido que sou, embora com a melhor das intenções, descobri que um bom disfarce pra chatura é o humor. Você disfarça sua vontade de jogar indiscriminadamente pros outros suas ideias, exatamente como o chato. Mas sob forma de humor se torna um pouco mais palatável (ou cheirável). Humor é o Listerine do chato.

Argentina e o Aborto

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Não era minha intenção escrever nada hoje. Não iria tampouco fazer uma retrospectiva de 2020, já que escrevo para mim mesmo e para os meus (amigos, parentes, etc) e não para nenhum grande público. Quem quiser ler, leia, quem quiser malhar, malhe (sem ofensas, mas no raciocínio – afinal é possível discordar de quase qualquer coisa) mas esses escritos são para mim mesmo.

Não posso deixar de comentar para mim mesmo e para minha posteridade sobre o insano ato da Argentina em legalizar o aborto, de forma praticamente irrestrita. Bom, isso é praxe em muitos lugares, e países ditos civilizados matam seus bebês não-nascidos de forma quase indiscriminada. Um massacre e uma hipocrisia sem fim. Em alguns desses países, como a Holanda, Bélgica e Canadá, se você abandonar um cachorro na rua ou maltratar um gato, você vai preso. Mas matar uma criança pode. O “meu corpo, minhas regras” impera – sem que seja dada à criança não-nascida o direito de dizer a mesma coisa.

argentina aborto
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Mas o que me chamou a atenção não foi nada disso. A foto acima é o retrato que quero discutir (comigo mesmo, com quem ler). Veja quem quiser a atitude das mulheres da foto e quem é representado ali. O que me chama a atenção é a alegria incontida dessas militantes. Quase todas sem muita pinta de que gostariam algum dia de ter, nutrir e criar como gente de bem um ser humano que escapasse do cataclisma do aborto. Na era da pílula e dos contraceptivos, será que vale lutar pelo direito de matar inocentes?

Esses são movimentos de esquerda, saudados pelo El País (Espanha) como “Argentina legaliza o aborto e se põe na vanguarda dos direitos sociais na América Latina“. (https://brasil.elpais.com/internacional/2020-12-29/votacao-historica-no-senado-de-projeto-para-legalizar-aborto-na-argentina.html). Vanguarda dos direitos sociais. Pois é… é assim que a mídia trata o assassinato. Bem, para quem aprova o que a mídia atual aprova, isso não é nada estranho.

Como disse a reportagem da Gazeta do Povo, o movimento pró-aborto se traveste de “saúde pública”. Um rolo compressor passou por cima da vontade da maioria dos argentinos (conheço o país pelas trocentas viagens que fiz para lá a serviço) e a mesma narrativa será aplicada aqui no Brasil pelos mesmíssimos mobilizadores.

É com uma tristeza incontida que eu vejo isso. Eu tive 3 filhos, dois dos quais ainda estão comigo, e um está na posse do Senhor Deus. Lutei por 12 anos pela saúde do meu “Piá”, como se diz aqui em Curitiba. Fizemos, minha esposa e eu, o que pudemos, e oramos em família pela cura dele até o dia 04 de Agosto de 2015, quando Deus houve por bem leva-lo. NÃO me conformo que as pessoas tratem a vida de modo tão “light”. NÃO me conformo que as pessoas imaginem que alguém como a foto que encabeça esse artigo, essa vida iniciante, não tenha sentimentos, não sinta dor, não tenha direito a existir. Lutei por algo que alguns já jogaram fora algumas vezes na vida, desprezando numa privada qualquer, numa clínica qualquer. NÃO consigo achar normal. Meu corpo, minhas regras, claro. O corpo do ser dentro de mim, as regras dele.

O triste é ver fila de gente querendo adotar uma criança, e as pessoas desprezando isso. Talvez apelar para a ganância das pessoas desse resultado – quem sabe uma lei permitindo que a mulher que não abortar uma criança tenha o direito de “vende-la”. Parece horrível, e é. Mas do ponto de vista daquele serzinho em formação, será a maior bênção. Será a vida mesma. Ora, melhor que a “parideira” venda a criança e faça uns trocados do que jogar no lixo de uma clínica qualquer algo criado por Deus.

O paradoxal é que diante da possibilidade de escolher livremente – sem pressões ou campanhas de mídia – os argentinos certamente, na minha opinião, haveriam de escolher a vida, e não o aborto. Os brasileiros fariam o mesmo. Ocorre que se trata de agenda de “colonização moral”. Criar um fait accompli, e esperar que a sociedade bovinamente aceite isso. Tudo está indo nesse sentido, na agenda da esquerda – aborto, poligamia, proibição dos pais disciplinarem seus filhos, restrições ou mesmo criminalização de práticas religiosas ou objetos religiosos, escolas com partido, tudo vai na direção de criar uma tremenda onda de maldade que avassalará a sociedade, solapando tudo, como um tsunami de más intenções que, se não detido, gerará o caos que propiciará a um pequeno grupo, uma Nomenklatura, a formação dos novos Politburos, que acabarão com o resto das liberdades individuais.

O grande problema é que nós, cristãos, gente que acorda cedo, trabalha duro, cria empregos, gera riqueza, vai à igreja, paga impostos, respeita contratos, nós, os otários, ficamos calados diante disso tudo, vendo nossos potenciais filhos e netos exterminados no Holomodor, um Shoah de proporções diluvianas, sem que falemos nada. Nem um pio…

Deus permita que tenhamos força de nos expressar, deixando de lado o medo de nos expor, invadir redações de jornais – como profissionais, não na marra – e mudar a sina desse mundo tenebroso.

Os extremos do Ministério Público

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Dificilmente alguém vai discordar, em sã consciência, da importância última do Ministério Público. Pra quem não sabe, o MP é um órgão de estado, separado da política (ou deveria) e a quem cabe iniciar ações em nome dos cidadãos. É um órgão da Constituição de 1988, que quis dar voz e vez ao cidadão, em seus pleitos. Não sou jurista, e não vou falar nada juridicamente, mas dar minha opinião sobre o que interessa: os efeitos mesmo, na bucha, da atuação do MP. Positivos e negativos.

Assim, um Procurador de um MP qualquer, estadual ou federal, pode e deve examinar assuntos e iniciar ações, inclusive – e principalmente – contra o governo em suas esferas, protegendo o cidadão contra o governo e suas conhecidas avançadas contra as liberdades individuais e patrimoniais da população.

Mas temos dois ministérios públicos, ao que parece. Se de um lado existem os caras da Lava Jato, que com uma tenacidade incrível conseguiram desbaratar uma quadrilha encastelada no poder por anos, e trazer à luz coisas horrorosas, crimes cometidos por empresas “queridinhas” do poder, por outro lado existe um MP um pouco mais obscuro em suas atividades.

O membro do MP tem o direito de agir “em nome do povo”. Se espera (eu espero, pelo menos) que um membro do MP trabalhe dentro da melhor técnica possível, pensando no espírito das leis, e no que fará bem à sociedade como um todo, como decorrência de seu trabalho. Ocorre que há de tudo no MP, e pode-se afirmar que boa parte dos membros dos MPs, tanto estaduais como federais, tomaram consciência que detêm um “poder próprio”, e não a ser exercido para bem da população.

Os exemplos abundam. Um membro do MP pode, por exemplo, “cismar” com uma empresa, e dar em cima dela até achar algo que não case com suas preferências sociais, políticas ou de qualquer natureza, e criar um caso que pode custar milhões ao dito contribuinte, e ao próprio governo, no final das contas. A área trabalhista, onde o MP é bem atuante, decidiu contestar os efeitos da última modificação da CLT, interpretando a lei no sentido de suas convicções. Assim, temos membros do MP levando empresas a tribunais, criando uma enorme incerteza jurídica no país.

Talvez o caso mais flagrante sejam os membros do MP que se dedicam a aspectos ambientais. Há, me parece, um ativismo no MP sobre questões ambientais que ultrapassa a letra da lei e cria um grau de incerteza absurdo para empresas nas áreas de agricultura, pecuária e, principalmente, mineração e extrativismo. Do nada, mesmo com tudo bem regularizado, papelada em ordem, surge na porta um oficial de justiça a mando do MP intimando a isso, mandando aquilo, propondo TACs (Tratados de Ajustamento de Conduta) que tornam a vida de quem explora essas atividades uma insanidade.

No norte do país, a região amazônica se mantém como a região mais atrasada do país. Claro que a existência de condições naturais complexas e a necessidade de preservar o rico patrimônio biológico e ecológico do país são fatores que contribuem para isso. Mas nada explica a piração que atinge tantos no MP, auxiliado pelos zilhares de ONGs da região, na defesa da região contra projetos que, tocados como previstos, trariam imenso progresso com impacto ambiental quase nulo – e remediável.

Parece que temos dois MPs em um só. Um MP parece ser composto de gente técnica, que quer buscar o equilíbrio entre o estado e o cidadão, que busca o bem comum (definição atual mais aceita de “justiça”). Tem outro MP cuja função é tão somente criar caso, aparecer em TVs e jornais, atacar um ou outro personagem político (não se desconsidere aqui o viés de cada representante do MP nessa seara). À esquerda e à direita, alguns se movimentam com o intuito de criar as condições para sua alçada ao estrelato político. Quanto mais ruidoso o processo, parece que melhor.

Como o acesso ao MP é o mais democrático possível – é só estudar feito um condenado e passar numa prova dificílima, não há como dizer que eles estão lá por qualquer força que não o mérito individual. Quanto a isso eu creio restarem poucas dúvidas. São, portanto, uma elite técnica e intelectual. Isso, por si só, não garante que por isso seu trabalho seja sempre do nível que se esperaria de alguém tão preparado e inteligente.

Concluo dizendo que o MP é uma bênção para o país, como um todo, e que foi um dos (poucos) acertos da Constituição de 1988, na minha modesta opinião.

Não posso deixar de dizer que alguns membros do MP causam ao país danos incríveis, que eles mesmos não pesam ao começar suas cruzadas, aqui e acolá. Entendo que a primeira arguição que um membro do MP se deveria fazer ao começar uma dessas cruzadas é “isso presta ao país”? “isso ajuda mais do que atrapalha”. Pensando assim, creio que teriam mais apoio popular.

Frases

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Frases são pílulas. Poucas palavras, bem arrumadinhas, mais ou menos pensadas, podem ter um impacto devastador ou abençoador. Frases contém em poucas palavras muitos conceitos, que podem destruir ou construir.

O problema com as frases é que elas são pequenas, compactas e potentes como uma injeção intravenosa, ou uma pílula potente. Podem matar ou curar. Frases são o recurso tanto do pensador, sábio, ou do incendiário, destruidor. Mas frases nunca são o recurso do “morno”, do cara do meio da fila, do mais ou menos. Frases nos levam a “completar as lacunas” com nossas próprias ideias, de onde quer que elas venham.

Uma frase é um gancho. Nos dá “pêga” como se dizia antes da reforma ortográfica (Sic!) e nos leva numa ou noutra direção. Frases são anzóis, que nos fisgam, ou não, como diria Caetano…

Frases Sabedoria

Algumas frases contém muita sabedoria em poucas palavras ou linhas:

“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. ”

Paulo, o Apóstolo, em I Coríntios 13:1

Frases de sabedoria teriam mesmo que começar com uma citação da bíblia. Esta é uma daquelas frases que ninguém, de qualquer religião (ou até sem ela), cultura ou língua poderia dizer que não é preciosa, se é que a pessoa tenha algo de moral e razão na cabeça. Essa é daquelas que marcam e que servem a tantos momentos, e nos ajudam e dão norte na vida. Ter amor é fundamental, e com amor é possível extrair significado da vida.

Consideramos estas verdades como autoevidentes, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes são vida, liberdade e busca da felicidade.

Os “Pais Fundadores” no Preâmbulo da Declaração de Independência dos EUA

Apesar de haver um grande movimento contra a base mesma do pensamento que ordenou e conduziu a Revolução Americana, não dá para não se embasbacar com conceitos como por exemplo, o direito à busca da felicidade.

Quem faz errado, faz duas vezes…”

Armindo Constantino Montechiari, meu avô materno

“Seu Careca” como era chamado, tinha pouquíssima educação e lia muito porque lia a Bíblia sempre. Quase que exclusivamente Ela. Essa sua citação persegue a nós, nesta família Montechiari, de uma forma terrível. Sempre é a mesma coisa: fazemos algo “provisório” ou “matado” ou com preguiça, apenas e tão somente para nos deparar com a cara rosada do Velho Careca a nos dizer “eu te disse… quem faz errado…”…

Frases Nonsense

Existem frases que não significam nada, ou muito pouco. Algumas delas são clássicos que estão no imaginário popular como “pérolas de sabedoria”. Vou citar somente uma, sabendo que vou apanhar bastante por citá-la, por ser a predileta de muita gente. Essa frase voltou à tona no Facebook recentemente:

“Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativou”

Antoine de Saint-Éxupery in Pequeno Príncipe

Não sei se vocês são como eu, que paro e penso no que raios algo realmente significa. Essa frase me chama atenção por não me dizer muita coisa do ponto de vista prático. Eu sempre fico de frente pra essas frases-esfinge (decifra-me eu te devoro) e me pergunto – o que o cara quis dizer com isso? Ora, sim. Por que eu me torno responsável? Que tipo de “cativeiro” eu provoquei? Uma amizade imorredoura? Se sim, por que me tornei responsável pelo bem estar ou qualquer outro aspecto da vida de alguém que desejou, voluntariamente, ser meu amigo para sempre?

Tenho pessoas que se dizem meus melhores amigos. Algumas dizem isso há anos e acredito piamente. Outras disseram isso enquanto estavam tirando o máximo de proveito de minha amizade – a que dediquei a ela – e rapando o tacho das coisas que podia obter de mim, em nome dessa amizade. Então alguém me responda, de forma cabal: o QUE o estimado Pètit-Prince quis dizer. Estou escravizado por alguém ter se escravizado (cativado) a mim? Não sei.

Este tipo de frase é bastante difundida, e soa bem. Às vezes só isso. Mas estou aberto a ser introduzido aos augustos mistérios de frases similares.

Frases Veneno

Existem frases, contudo, que são como pílulas de veneno. Quem reconhece o veneno fica possesso de raiva, sabendo que muitos engolirão as frases sem fazer qualquer análise crítica delas. Alguns exemplos vão parecer chocar ou querer parecer politicamente carregadas, mas tentarei não ser tão abertamente conservador (o que sou).

“Não basta saber ler que ‘Eva viu a uva’. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.”

Paulo Freire – Aqui uma frase muito cara ao coração de professores, principalmente de esquerda. Qual é a relação entre o aprendizado (neste caso, em idade tenra) do bê-a-bá com o contexto social, o lucro com a uva, ou se Eva só viu a uva ou se vendeu a uva? Que razão existe por trás dessa frase sem sentido algum, exceto o estímulo a que o educador fuja de seu compromisso básico com o bê-a-bá, em si uma tarefa coberta de honra e de glória, para dedicar-se a encher a cabeça dos pequenos com considerações que deveriam ser feitas para pessoas com condições de percebê-las?

Frases Piada

Ainda outras frases parecem piada, mas têm um fundo de verdade extraordinário. Essas são tantas e tão legais que não tem como não citar umas duas.

“De onde menos se espera… é de onde não sai nada, mesmo”

Aparício Torelly, o “Barão de Itararé”.

O genial jornalista e escritor me sai com essa aí. O genial é que é absolutamente correta, na maioria das vezes: pode ter certeza. Olhou para uma coisa e acha que não vale um tostão furado, normalmente não vale mesmo… É válida para “intelectuais”, para alguns cientistas, mas aplica-se com maior validade a políticos e juízes…

A política é a arte de procurar problemas, encontrá-los em todos os lados, diagnosticá-los incorretamente e aplicar as piores soluções.

Groucho Marx

Taí um que eu admiro! Igual a esse ainda vai demorar a nascer. Groucho era um gênio por encapsular em poucas palavras o que achamos, e ser muito correto sobre o tema. No caso acima, de fato ninguém como um político para achar problema onde não existe, diagnosticar incorretamente e aplicar as piores soluções possíveis! É incrível como passam o dia “devarde” (como dizem os paranaenses) caçando um problema que não existe pra dar uma solução que ninguém quer, que não resolve nada e que vai certamente tornar a vida do cidadão pior, mais penosa ou mais cara.

Em síntese, frases, essas pílulas, são venenos, sabedoria, ironia, idiotice ou gargalhada enlatada para consumo rápido. A cultura dos memes de hoje em dia criou uma situação em que quase qualquer um é um frasista, e o resultado é uma diarreia de conceitos mal usados, e uma prisão de ventre de ideias verdadeiras…

Fico com o humor…

Kaos e Controle

Maxwell Smart | Get Smart Wiki | Fandom
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Quem tem pelo menos 45 anos lembra bem da figura acima. É o trapalhão Maxwell Smart, do “Agente 86” (em inglês “Get Smart” ou “Fique esperto”). Steve Carell fez um bom trabalho no filme “remake” do pastelão dos anos 60 e 70. Trata-se de um cretino sortudo que por sabe-se lá que meios, se tornou agente de uma rede de espionagem americana à lá Cia, chamada “C.O.N.T.R.O.L.”. Era o auge da guerra fria, e a TV americana fazia piada com a situação. Do outro lado do “Controle” estava a organização (provavelmente da então Alemanha Oriental) chamada “K.A.O.S.”. Outro panaca, o agente Siegfried “Sig”, com planos mirabolantes para destruir o ocidente e implantar um regime ditatorial baseado no “Kaos”.

A quem não viu, recomendo ver, porque é um microcosmo satírico de algo que estamos prestes a viver de novo – talvez não tão engraçado. Estamos diante do ressurgimento de uma contraposição cada vez mais forte do Caos ao Controle.

Tudo está sendo feito no sentido de, desta vez, colocar os espiões não como “invasores” dentro do Ocidente, mas ter aqui gente nascida e criada debaixo da liberdade e padrão de vida ocidental, somente que fervorosos e fieis adeptos de uma ideologia que não conhecem bem mas que nós sabemos o que quer e no que vai dar. As Venezuelas, Cubas e Coreias do Norte da vida não são suficientes para desencorajar esse “amor” por esta causa que está cada dia mais próxima de nós e mais “raivosa”.

Os autores da série de TV tiveram sacadas ótimas com os nomes, pois é disso mesmo que se tratava antes, e se trata agora – Criar o K.A.O.S. a fim de assumir o C.O.N.T.R.O.L…, e do lado do ocidente, manter o C.O.N.T.R.O.L…a fim de evitar o K.A.O.S.. A coisa tá de volta com força total… só que em vez de governos atrás da Cortina de Ferro, temos agentes do K.A.O.S. infiltrados entre nós, trabalhando dia a dia por um caos que lhes beneficie, em última análise. Tudo isso travestido de “amor” e “carinho” pelo ser humano.

Até a palavra Controle assumiu significados novos. No meu tempo moleque, os pais lutavam pra que a gente fosse independente e assumisse o Controle, pra não cair no Caos. Isso significava pôr ordem sobre a própria vida e a busca incessante por fazer o que é certo. Arrumar a cama todo dia e pagar as contas em dia e assumir responsabilidades pelos seus – pais e filhos. Hoje, Controle é palavrão, em muitos meios.

Max Smart tinha um telefone no sapato, um celular fora de época, muito eficiente – mas tinha que tirar do pé, e depois recolocar. Um K.A.O.S.. no Controle. Era uma piada, mas é o que às vezes queremos fazer. Criamos uma situação complicada pra resolver um problema mais simples do que a solução mesma. Hoje fazemos o mesmo: soluções que políticos dão às coisas parecem um celular no sapato. Até funciona – se você estiver disposto a baixar, tirar o sapato, virar uma chave no salto, colocar o ouvido na sola, discar, depois recolocar tudo no lugar e ainda ter que cheirar o próprio chulé.

Fazem parte desse tipo de solução a taxação das grandes fortunas, a CLT, o emaranhado tributário atual, as saidinhas de fim de ano pra presidiários, as ações dos partidos junto ao STF, e mais um caminhão de leis tão bem intencionadas quanto o sapato-telefone do Agente 86. E nós cheirando chulé para falar.

Além das soluções tipo “sapato-telefone”, tem o Caos que é criado propositalmente para dar a falsa sensação de que o “Grande Irmão – Governo” está cuidando de todos. São as soluções que cabem numa frase curta e apelativa, mas cujos resultados são espantosamente ruins e de difícil explicação. Cada frase do tipo “meu corpo, minhas regras“, “viva a redistribuição de renda“, “por uma política de quotas para negros, gays, mulheres, etc“, entre outras, contêm venenos terríveis, de efeitos nocivos, mas não imediatos, sobre a vida de todos nós. Só que pra rebater cada uma dessas frases com racionalidade, gastamos tanto tempo que perdemos a atenção do interlocutor, que prefere a solução simples da frase feita.

Segundo os agentes do K.A.O.S., Controle é ruim, pois que ele no fundo emana de cada um de nós. É o conjunto de nossos controles individuais diários, nas pequenas ações, e é da nossa independência intelectual, financeira e moral que obtemos o Controle que nos leva a precisar menos e menos da burocracia estatal. Não queremos e não devemos nos submeter a governo algum, exceto no sentido de que o governo deva ser empregado e não patrão de todos nós.

Eu quero Controle. Deixe o K.A.O.S. pro Sig…

A idade certa

woman sitting on bed with flying books
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É um mundo muito estranho:

  • Para votar, 16 anos;
  • Para responder por crimes, 18 anos;
  • Para beber, 18 anos;
  • Para trocar de sexo, 13 anos;
  • Para fazer sexo, 14 anos;

É um mundo que dá o direito aos pais de trocarem o sexo dos filhos aos 4 anos de idade e nega aos pais uma boa palmada de amor no bumbum por ter feito algo errado. É um mundo que não permite que um marmanjo de 16 anos seja julgado por ter matado um pai de família, por ser “criança” mas permite que alguém de 12 anos possa começar a tomar hormônios para inibir puberdade.

Pior e mais trágico ainda – neste mundo (que há 30 anos pareceria um episódio de “Twilight Zone”), quem tem menos de 18 anos está proibido de trabalhar, salvo em situações tão específicas que é difícil, quase impossível, conseguir colocação. Pais que são profissionais em certo ofício, como marceneiros, pecuaristas, açougueiros ou outras profissões, estão literalmente impedidos de ensinar aos filhos o seu ofício. O que até 50 anos atrás era basicamente a regra, hoje não existe mais, quase que nem como exceção.

É de uma tristeza abjeta viver neste mundo. A Greta é exaltada por matar aula para supostamente “salvar o planeta” (mesmo sem saber bem o que está fazendo, e falando através de ventríloquos), viaja o mundo cercada de câmeras e exaltação ao seu “trabalho”. O Joãozinho, porém, teve o pai com sérios problemas com o juizado da infância e juventude porque o filho ajuda na lojinha da família depois das aulas.

A inversão dos valores originais, civilizacionais, como o trabalho, honestidade, adiamento de recompensas, honra aos pais, responsabilização pelos próprios atos e coisas do estilo, está tão entranhada na nossa sociedade que já achamos estranho ver uma criança atendendo no balcão da farmácia da família (coisa que na minha família era considerada honra para os pais, que os clientes vissem um filho ou filha tão responsável…).

Onde mais nossa ignorância da realidade da vida vai nos levar? Para onde uma geração fraca e “mimizenta” vai conduzir o mundo? Que estofo moral os nossos jovens terão, quando convocados a repelir o próximo Hitler, o próximo Stalin ou Mao?

São boas perguntas, e que certamente vão me dar muita dor de cabeça, muitos dislikes e muito xingamento. Que comece o jogo…

Epitáfio, Eulogia

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Aqui jaz Wesley Montechiari Figueira 
Viveu com temor a Deus (e à Esposa)
Sofreu e fez sofrer, sabendo e sem saber.

Viveu buscando a paz, até entrou em guerras,
Mas nunca foi capaz de deixar de amar quem erra
Aqui jaz um pecador, redimido pela Graça.

Aqui jaz quem somente aprendeu a rir
Depois da era em que todos choram
E deu de fazer graça, pois que já não era sem hora.

Aqui jaz quem fez do trabalho a sua Sé 
Que combateu o bom combate, 
Acabou a carreira, e guardou a fé.

Mandamentos da Empregabilidade Cristã

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Regras claras de empregabilidade foram estabelecidas há anos, na verdade, há 2 mil anos. Coisas hoje consideradas inovadoras, como o conceito do “Líder servidor” são mais antigas do que se imagina. Pensando nisso, e pensando na minha própria empresa, enxerguei na Palavra de Deus, ao longo dos anos, algumas características que fazem de um profissional uma joia preciosa, que é valorizada pelos superiores e que acaba por se tornar indispensável a qualquer organização.

I – Trabalhe como se o negócio fosse seu

“E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira fazei-lhes vós também.”

Lucas 6:31

Convivo muito com CEOs de vários tipos de empresas. Todos, volta e e meia, reclamam da falta que fazem profissionais com “espírito de dono” em suas empresas. Por espírito de dono entendem o funcionário que trata o negócio como se fosse sua própria casa, sua própria empresa; que faz as coisas com prazer e que tenha alegria no que faz.

O texto de Lucas, acima, é uma palavra direta de Jesus Cristo a nós e é a famosa “regra de ouro”, existente desde tempos imemoriais, e ela mesma uma das mais antigas ações civilizatórias da humanidade- aja com os outros da forma como você gostaria que fizessem a você.

Está trabalhando? Trabalhe como você gostaria que trabalhassem para você. Quer que alguém lhe roube? Não? Então não defraude, não roube ninguém. Gostaria que alguém mentisse para você? Não né? Então não minta.

Esse tipo de atitude eu coloquei na cabeça dessas regras da empregabilidade, pois é o fundamento e a base filosófica do “bom viver”.

II – Vá além do que te pediram

“Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.”

Lucas 17:10

Jesus Cristo, de novo, dá o tom: “fez tudo o que lhe mandaram? Legal… fique triste então porque você foi quase um inútil, pois que fez somente o que lhe mandaram.

O que isso significa? Primeiro, na origem da ordem está uma necessidade do empregador, que você terá que suprir. Ora, ao longo do tempo decorrido para fazer aquilo, é quase impossível que alguém em seu juízo perfeito não observe que há mais a ser feito. Mesmo que não tenha dado tempo de fazer mais do que pedido, até o prazo final da tarefa, seja proativo; leve as coisas que você viu e ouviu para a chefia e alerte sobre cosias que poderiam ser feitas de forma melhor, mais rápida, mais barata, mais bem feita… é isso, que é parte do tal “espírito de dono” que vão lhe fazer indispensável a quem paga o seu salário.

III – Quer liderar? Sirva!

“Porém o maior dentre vós será servo de todos”

Mateus 23:11

Você já cresceu na organização; você agora lidera um grupo de pessoas ou de atividades. Muito bem. Quer liderar, de fato? Sirva! Tem até livro, best-seller mesmo, para falar o que Jesus disse há dois mil anos.

Parabéns ao autor do livro, e espero que tenha dado o crédito aonde é devido. Se não, bom, pelo menos a ideia é de inspiração divina.

Quer liderar? Seja parte do processo de ajudar, de ensinar, de dar explicações, de apoiar. Esteja disposto a arregaçar mangas, sujar as mãos e amassar barro.

IV – Faça sem resmungar – faça por amor – a si próprio e a Deus

“Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.”

Filipenses 2:3

Se a gente reconhece Deus como o doador de tudo, da vida e da capacidade de trabalhar, não vai restar muito espaço para a vanglória. Tem vários tipos de vanglória, e o pior tipo é aquele que se esconde sob o manto de uma humildade fingida. Com o tempo as coisas sempre se esclarecem, e o profissional humilde por legitimidade aparece como uma lâmpada numa noite escura.

Na passagem o Apóstolo Paulo nos ensina a fazer tudo por humildade, e nada por briga ou na busca do holofote. Os americanos têm um acrônimo bacana – WYSIWYG (What you see is what you get) – o que você vê é o que você vai levar – algo, ou alguém, sem máscara, sem agendas ocultas, sem humilhar os outros e sem viver na retórica da auto promoção.

Bom, tem gente que se sente humilhada por qualquer coisa. Vivemos num mundinho dos “flocos de neve”. Gente que não pode ser chamada atenção, não pode ouvir uma crítica, não pode receber nada senão elogios e “medalhas de participação”. Bom, esses, o mercado de trabalho tem uma forma boa de tratar – o desemprego.

“Mas é chato, é sem objetivo, é ‘nonsense’”. Tem essa visão? Discuta, converse com franqueza, procure passar sua visão – essa proatividade também abençoa a empresa, se dita com o coração e com mansidão. No entanto, lembre que muitas vezes não temos ideia do propósito maior de algo, e nos metemos a criticar.

Não é assim em nossa relação com Deus? Creia-me, já passei pedaços da vida com Deus em que a última coisa que eu queria é que Ele estivesse certo. Lutei para ter razão. Não tinha ideia do plano maior (e ainda não tenho nem me conformo muito) mas posso dizer “seja feita a Tua vontade”).

Se sua postura é humilde, de verdade, e você já seguiu os passos I e II, este é um passo largo no caminho da empregabilidade constante.

IV – Tem um talento? Multiplique-o!

“E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles e granjeou outros cinco talentos”.

Mateus 25:16 

Tem gente que tem talento natural; tem gente que é rápido de raciocínio e brilhante para ter ideias; tem gente que tem uma capacidade ímpar de trabalhar em projetos difíceis e que requerem muito jogo de cintura. Outros são resilientes e não desistem fácil de tarefas tediosas ou repetitivas.

Independentemente das suas características, qualquer um manterá sua empregabilidade se “granjear outros talentos”. Colegas meus, que foram meus assistentes, tiveram a capacidade de lutar contra suas próprias limitações e aumentar seus talentos. Gente muito tímida se torna grande vendedor; gente muito dispersiva se torna excelente em tarefas detalhadas e cansativas. Tudo pelo granjear de novos talentos. Se Jesus deu a dica, e aqui os talentos podem ser vistos como somente dinheiro, ou como “talentos” mesmo (no sentido moderno do termo), creio que devemos perseguir esse objetivo.

Ninguém é imutável; ninguém é totalmente incapaz de aprender algo novo; ninguém é incapaz de reaprender algo. Faça o melhor. Isso o fará empregável.

V – Seja verdadeiro!

“O que diz a verdade manifesta a justiça, mas a testemunha falsa engana.”

Provérbios 12:17

Alguns de meus piores erros de contratação e seleção se deram em pessoas muito habilidosas no falar e polidas ao extremo. Gente bacana, encantadora, muitas vezes culta e de aparente bom senso.

Isso é bom, e desejável. O erro, nas minhas experiências, se deu pela falta de um atributo imprescindível à empregabilidade – a verdade, a capacidade de dizer sempre a verdade. Não “doa a quem doer”, nem espalhando brasa (como aliás, é algo que me incomoda, pessoalmente, há anos), mas com mansidão e domínio próprio.

Eu vou perguntar a Deus, e está anotado no meu caderninho de perguntas irrespondíveis, por que quase sempre o mais gentil é o mais inverídico, e por que o mais polido costuma esconder mais suas intenções. A verdade sempre nos libertará – mesmo que não nos pareça assim em algum dado momento.

Integridade é fundamental!

VI – Faça as coisas para que durem!

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.”

Mateus 7:24 

Vivemos no mundo do descartável. Esta semana tivemos que trocar a bomba de água de nossa casa, depois de tão somente 4 anos. Ela tinha conserto. Estou seguro disso. Mas o conserto não vale a pena para quem conserta, e portanto eles se negam sequer a olhar para ver se dá para fazer algo. É a era do já era.

Até os relacionamentos estão nesta mesma toada. O conhecimento então, obsolesce com uma velocidade estonteante. Os valores não existem, e a sociedade não se dá conta de que perdeu todos os referenciais. Certo é errado, o errado passou a certo.

Quando fazemos um trabalho, façamos com o objetivo de que esse dure. Digo isso por duas razões: a)se você não mirar em fazer o que dura, fará algo menos bom do que poderia fazer. Com certeza – mirar baixo significa errar o alvo; b)se você fizer algo que dura, alguém pode até substituir o que você fez por algo alegadamente melhor. Mas o que você fez não explodirá, ou dará resultados ruins, ou emitirá erros, na cara de ninguém.

Em síntese, fazer a coisa para que dure, num mundo descartável, é, em si só, um ato revolucionário e, acho eu, libertador.

VII – Procure ser sábio; Planeje!

“Quem é como o sábio? E quem sabe a interpretação das coisas? A sabedoria do homem faz brilhar o seu rosto…”

– Eclesiastes 8:1

Costuma-se dizer que os orientais planejam muito, para que gastem menos tempo executando. Nós brasileiros, por outro lado, somos considerados os adeptos, por excelência, da “moda vamos s`embora”, plagiando o grande Wilson Simonal… “vamo simbora”… Não sabe para onde ir? Vamos simbora! Não sabe se tem gasolina no tanque? Simbora! Não sabe se a viga aguenta o peso da laje? Simbora e não conte para a prefeitura!

Pois fazendo assim estamos sempre a um passo do fracasso e do desastre. Há, claro, um charme especial em fazer férias sem grande planejamento, em passar um sábado sem agenda, sem lenço nem documento. Legal, e isso só interessa a você mesmo. Quando se trata de nossa vida profissional, não se planejar é um risco que não devemos correr.

Na Bíblia, Salomão nos chama a ter sabedoria. Esta passagem diz que se vê no rosto brilhante do sábio sua característica marcante. Por que brilharia o nosso rosto? Não sei, mas tenho algumas ideias – entendo que brilha de orgulho por ter trabalhado e pensado com afinco numa ideia, conceito ou problema; brilha por se saber útil aos demais; brilha por ser fundamento para pessoas que dependam de si, para apoia-las na caminhada do dia-a-dia; brilha, enfim, porque interpreta as coisas, lê as situações, medita e então acha um caminho. Brilha porque é de sua natureza dar luz a situações escuras.

Faça isso e será difícil te demitir ou rescindir seu contrato.

VIII – Nunca Desanime!

“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados;”

2 Coríntios 4:8

Vivemos, como cristãos, num mundo que nos odeia cada dia mais. Estamos vivendo momentos em que se levanta contra nós e contra nosso modo de viver uma onda de ataques que sequer sabemos os fundamentos. Aborto se tornou escolha, nomes perderam seu significado, e até a ciência é colocada sob xeque, por uma sociedade cada vez menos afeita à correção.

De nosso lado, somos chamados de extremistas e radicais por crermos num Deus Criador – teoria tão boa quanto qualquer uma daquelas patrocinadas pela dita “ciência”. Ou seja, somos atribulados em tudo. Mas não devemos ser angustiados ou desanimados.

A empregabilidade está diretamente ligada à resiliência, esta palavra trazida da ciência dos materiais, e que designa uma pessoa que “enverga e não quebra”, que “flete mas não despedaça”. Tenha bom ânimo, mesmo diante de um chefe chato, de uma situação complexa, de uma tarefa enfadonha. Isso agrada a Deus, e aos empregadores.

IX – Sirva a UM Senhor

  Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer a um e amar ao outro ou se há de chegar a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.

Lucas 16:13

Por fim, não se pode mesmo servir a dois senhores. A etimologia da palavra “diabo” está justamente centrada nisto – “duas abas”, “dois lados”. O diabo é aquele que vem dividir, roubar, matar e destruir. É tanto um ser como um conceito poderoso.

Por isso, a unidade em sua mente faz de você alguém menos afeito aos “diabinhos” do mundo. E eles são muitos e poderosos. Nem todos vêm do “diabo-mor”, mas muitos advêm de nossas características. Temos a tendência a colocar a culpa no “inimigo” (me recuso a colocar o nome dele em maiúscula), mas entendo que na maior parte das vezes “ele” nada tem a ver com nossos erros.

Está empregado? Trabalhe para o seu empregador – trabalhe, na verdade, para o Seu Empregador (o Senhor), porque no final das contas, se você se pretende um cristão, não há outro para quem trabalhemos.

Todos esses conselhos aí funcionam, independentemente de você ser cristão ou não. Funcionam porque, como a Lei da Gravidade, quer você creia nela ou não, continuará a despencar de um prédio à razão de 9,8 m/s² inapelavelmente. As Leis de Deus são “leis” não porque são algo obrigatório. São leis porque, como a Lei da Gravidade, acabam tendo efeitos iguais. Deus não seria justiça, além de amor, claro, se não tivesse feito princípios aplicáveis a todos. Por isso é possível ver pessoas que não ligam, ou não creem em Deus que frutificam nas suas vidas, pela simples aplicação dos princípios/leis da Palavra. 

* Este é um capítulo do meu livro, ainda não lançado, sobre finanças e a Bíblia, a ser denominado “Finanças, uma abordagem cristã”.

Novas Aspirações da Eleição

Lançamento de Candidatura - Sympla

Tive a oportunidade de, pela primeira vez na vida, ver um candidato a vereado em que votei (candidata, na verdade) ser eleito. Mais do que isso, eleito em primeiro lugar num colégio eleitoral disputado como é Curitiba. Eu jamais poderia acreditar que a performance da candidata fosse ser tão boa. O partido, o Novo, a quem eu sou filiado, teve na Indiara a melhor performance do país. Fico feliz.

Fico também indignado quando as mídias sociais colocam o Novo como “nova esquerda”. Só pode ser má fé intelectual ou burrice mesmo. O Novo é liberal na economia. É menos conservador nos costumes do que eu gostaria, mas ok, faz parte, e não se pode ter tudo. Principalmente, seu ex-presidente, João Amoedo, hoje me chateia bastante por ter se tornado um crítico-pela-crítica do governo federal, em contraposição pela maior figura do partido, na minha opinião, o Marcel Van Hattem do RS. Esse sim, digno do meu aplauso (até agora).

Minha candidata, agora vereadora-eleita, é uma colega de profissão (auditora), e uma pessoa com a quem tive algumas interações profissionais ao longo dos anos. Pensem numa chata-de-galocha… Eu e ela, em lados opostos da mesa, discutindo aspectos técnicos de uma avaliação feita para cliente. O pau quebrando, ela querendo focar no ponto de vista dela, e eu no meu. Dois bicudos de marca maior… uma coisa engraçadíssima!

Bom, essa moça, profissional de uma das áreas mais cri-cris do mundo, é agora nossa representante na Câmara de Vereadores de Curitiba. Tenho certeza que é o início de uma carreira política (como eleita) brilhante. Digo isso por conta das minhas experiências profissionais com ela. A profissão nos exige independência, atenção aos detalhes e um amor meio que desmedido pelo que chamamos de “ceticismo saudável”. São características importantes para um vereador, cuja tarefa, mais do que dar nome a rua, deveria ser de fiscalizar os atos do executivo municipal. Pois bem, Rafael Greca que fique esperto, pois não espero da Indiara Barbosa menos do que o que ela é, no contexto profissional – tinhosa, metódica e atenta a detalhes.

Espero e peço a Deus que ela saiba dosar a necessidade de fiscalização com o bom senso. Sim, porque atitudes mais “carbonárias” podem tão somente inviabilizar um mandato, pois que sabemos todos que a quantidade de lixo a ser varrida de debaixo do tapete oficial-municipal não deve ser pequena. Que Deus dê sabedoria para enfrentar os “de sempre” com um sorriso nos lábios, mas que, na necessidade, tenha a força e a coragem de denunciar sem medo qualquer ato menor, praticado por quem quer que seja.

Ninguém te elegeu, Indi, para ter direito a fazer “pedidinhos” ou “contrapartidas”. Não foi pra isso que te ajudamos a ir para o legislativo! Foi justamente para recusar qualquer “favorzinho” que alguém (eu inclusive) possa te pedir.

Vamos te cobrar, assim como esperamos que você cobre do executivo e de seus pares. Vamos te olhar com os mesmos olhos que você pretende olhar as contas públicas. Sabemos da sua qualidade pessoal e profissional. Estamos felizes agora, e tenho certeza de que estaremos felizes daqui há 4 (ou 2) anos.