Gosto de pensar sobre as Escrituras e em como, nas entrelinhas de suas histórias, há ensinos aplicáveis à vida. Ao ler sobre a queda da humanidade em Adão e Eva, fiquei a considerar a respeito de algumas questões existenciais.
Quando, no texto bíblico, a serpente tenta Eva, afirma que aquele que provasse do fruto da árvore seria como Deus, conhecendo o bem e o mal. Considero que o equívoco, a mentira, estava em que Adão e Eva já eram como Deus. Eles eram plenos, inteiros, Santos e em completa comunhão com Ele e entre si mesmos. Mas cederam ao engano e à ilusão de que havia uma falta e, ao mesmo tempo, uma má intenção oculta. Negaram o presente que é o Eu Sou, por um Eu Serei baseado em uma perspectiva de falta, insatisfação, desconfiança e medo.
Usando esta reflexão como uma metáfora, fico a considerar se esta não continua sendo a problemática que, ainda hoje, enfrentamos em relação ao ser e à maneira insatisfeita e ansiosa que vivemos? Pois ao negarmos o eu sou, numa busca contínua de ser como o outro, de sermos como os “deuses” em seus Olimpos de sucesso e poder, nos perdemos num turbilhão de exigências e cobranças; deixamos de enxergar o que é e quem somos, para buscarmos ser o que afirmam nos faltar.
Ao fixarmos nossa atenção ao mal desconhecido, à ausência do bem, despertamos para o medo e desconfiamos do amor. Em função disso, o mal se torna parte de quem somos, pois nossas ações e personalidade absorvem as estratégias defensivas diante de um mundo visto como mal e perigoso. Assim, perdemos as oportunidades que surgem em função do medo que nos orienta e, as escolhas benditas são desperdiçadas por nossa incapacidade de afirmarmos nossa identidade com o bem e o eu sou.
É prudente não sucumbir diante daqueles que afirmam a sua inferioridade e negam o seu ser. Afirme o seu valor e valorize suas habilidades. Sabemos que o mundo traz sua mazelas, mas não seja casa para nenhuma delas.
Se não bastasse todo o apuro e dificuldades por que passa o empreendedor brasileiro, nesses ano e meio de Covid, a Justiça do Trabalho, a jabuticaba jurídica mundial, a maior destruidora de empregos do país, vem agora com uma linda pérola, para tornar a vida de quem dá emprego ainda mais complicada:
Um juiz do trabalho de Três Corações, MG (veja em https://portal.trt3.jus.br/internet/conheca-o-trt/comunicacao/noticias-juridicas/justica-do-trabalho-reconhece-morte-por-covid-19-como-acidente-de-trabalho-indenizacao-sera-de-r-200-mil) acaba de decretar que contaminação por Covid agora é responsabilidade do empregador.
Segundo Sua Excelência, “a adoção da teoria da responsabilização objetiva, no caso, é inteiramente pertinente, pois advém do dever de assumir o risco por eventuais infortúnios sofridos pelo empregado ao submetê-lo ao trabalho durante a pandemia do coronavírus.”…
Mais ainda – “Na visão do juiz, o motorista ficou suscetível à contaminação nas instalações sanitárias, muitas vezes precárias, existentes nos pontos de parada, nos pátios de carregamento dos colaboradores e clientes e, ainda, na sede ou filiais da empresa.“
Na dúvida, puna-se a empresa pelos resultados da pandemia… o precedente pode acabar de quebrar desde a pastelaria da esquina até a Petrobrás, e dar ampla razão à turma do “Fique em Casa”, aqueles de colchão cheio de grana, geladeira abastecida e salário garantido no final do mês. Viu? Se tivesse fechado tudo e ficado em casa não teria sido contaminado… simples assim né?
Empresário neste país caminha a passos largos para ser uma raça em extinção, o que é, obviamente, o objetivo não confessado do socialismo a nós impingido pelos “de sempre” – tudo no estado, nada e ninguém fora dele (na verdade, fascismo é socialismo, pois a frase, ou parte dela, é de Mussolini).
O juiz entendeu que cabe à empresa “provar que deu todas as condições para que não houvesse contaminação”, e como não há – em caso algum – a possibilidade de alguém provar “negativamente” algo (desde a inexistência de Deus até a inexistência de culpa), manda o magistrado que a empresa se vire e pague R$ 200 mil para à viúva e à filha. Se a moda pega, todo mundo vai culpar empresas pelas mortes e mandar as empresas “provarem que não são culpadas”.
Inviabilizar um país, plantar discórdia e miséria, é o objetivo das facções importantes do país. Depois de inviabilizada a nação (os “Failed States” como dizem nos EUA), completa-se a revolução pela tomada do poder por uma minoria com armas e violência. Mas é fundamental plantar a miséria via confusão, caos. Para isso contribui uma multidão de inocentes úteis, gente que crê que está fazendo “o bem”, como militantes de todos os matizes, dentro e fora das cortes fazem dia a dia.
“Another brick in the Wall”, diria Roger Waters… e vamos que vamos nessa terra cada vez mais de ninguém.
Hoje, numa roda de grandes amigos no WhatsApp, falei uma frase que quero repetir, abaixo:
O ser humano, quanto mais bem sucedido, mais próximo está do caos.
Eu mesmo
Por que e em que contexto eu disse isso? Estávamos discutindo sobre uma recente matéria da revista Nature (https://www.nature.com/articles/s41467-021-22446-z) sobre o caráter inócuo da Hidroxicloroquina no tratamento de Covid-19 (o tema que não quer calar).
Eu, como bom negacionista que sou, argumentei com dois links de entidades igualmente respeitáveis, o Lancet (https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(20)31180-6/fulltext) e o New England Journal of Medicine (https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMc2031780) as quais, respectivamente, se retratam (Dez de 2020) de um artigo com o mesmo teor da Nature de ontem, ou dão certa razão à mal/bendita HcQ.
Do lado de lá deste debate virtual algumas das melhores cabeças pensantes que conheço e partilho amizade. Gente difícil de convencer e de argumentar. Intelligence is a bitch!…
A frase, que adoraria ver celebrizada, veio de um pensamento que tive na hora que mencionei a frase recente de um prêmio Nobel de medicina, Richard J. Roberts:
Medicamentos que curam não são rentáveis e, portanto, não são desenvolvidos por empresas farmacêuticas que, em troca, desenvolvem medicamentos “cronificadores” que sejam consumidos de forma serializada.
Richard J. Roberts, Nobel de Medicina
Somei as duas frases, e coloquei então de lado, na minha cabeça, toda a discussão sobre HcQ e Covid e pensei no paradoxo que me levou à frase inicial: Quanto mais bem sucedidos como espécie nos somos, mais perto estamos do caos, e da extinção.
Eu fico pensando no meu jardim aqui em casa, e do fato de que preciso podar sem piedade algumas plantas para que elas continuem viçosas e produtivas. A vida das plantas depende, de certa forma, delas não crescerem indefinidamente. Deixado à própria sorte, o jardim cresce até se matar.
Essa constatação vem de encontro ao que o Mr. Smith, o vilão de Matrix, disse ao Neo (personagem de Keanu Reeves): “os seres humanos são como um virus sobre a terra… se reproduzem até destruir tudo ao seu redor“.
Então estamos fadados, desde o Jardim do Éden (ou desde o paleolítico, como queiram) a nos auto destruir na exata medida em que a civilização progride? Será que teremos que receber “podas” rasas frequentes, como a Peste Negra, a Gripe Espanhola, ou as Grandes Guerras, a fim de nos mantermos viçosos num mundo finito?
Essa já foi a indagação de vários filmes e livros sobre Distopias. Ora é um mundo em que deve-se morrer aos 30 anos (Admirável Mundo Novo de Huxley), ora é um mundo em que somos confinados em “mônadas urbanas” (Mundos Fechados de Robert Silverberg).
O ser humano é (até onde podemos confirmar) o único ser “imagem e semelhança de Deus” (eu creio), no sentido em que somos sencientes, ou seja, pensamos de forma autônoma, e detemos livre arbítrio. Portanto, somos os primeiros seres vivos sobre o planeta a termos a oportunidade de não experimental o caos como resultado de um vigoroso crescimento, reduzindo ou eliminando guerras. Como?
O Japão nos dá uma lição e uma pista importante sobre este tipo de futuro. São uma nação que envelheceu em pouco tempo (de 1945 para cá) e hoje tem a primeira população francamente em declínio no planeta.
O declínio gerou uma população velha e incapaz de arcar com custos como seguridade social (que no modelo atual equivale a um esquema Ponzi – pirâmide – que só funciona se tiver mais gente na base do que no topo). Esse declínio gerou também gastos médicos muito mais altos do que o resto do mundo, e menos dinamismo na economia. O fato é que há 20 anos os Dekasseguis brasileiros eram odiados por lá, e hoje tolerados, por serem da mesma “raça” (com pedido antecipado de perdão aos mais sensíveis) do que eles e falaram algo do idioma.
O Japão nos mostra que controlar a natalidade não resolve a equação da sobrevivência com sucesso, ou resolve até determinado ponto. Os economistas e biólogos estimam em 2,1 filhos por mulher (Opa… seres humanos que menstruam) como ponto de estabilidade para a raça humana continuar indefinidamente no planeta, desde que aprenda a lidar com ele.
Antibióticos, nutrição, segurança e educação fizeram com que a população do mundo explodisse, consumindo recursos e colocando o planeta em risco, nós dentro dele. Como não temos outro planeta, a grita por medidas que não agridam ou meio ambiente aumentam também exponencialmente. Por outro lado, algumas das propostas para isso implicarão em fome (ainda existente, e muito), desemprego e instabilidade política e social. O “fique em casa” de hoje é apenas um ensaio de uma situação que pode vir a ocorrer, por outras razões, muitas vezes, num futuro próximo.
O problema é que as soluções aventadas nunca, ou quase nunca, passam por um processo democrático ou humano. São quase sempre impostas, e não infrequentemente, letais. Esquecem-se, também frequentemente os formuladores de soluções “de força” que o fator tecnologia e inteligência, além do fator bondade, amor e empatia devem ser levados em consideração. Tecnologia e inteligência salvaram o mundo pós guerra da miséria e da fome. Fatores como bondade e misericórdia, quando aliadas à tecnologia, costumam produzir milagres.
Estamos diante do impasse que propus na frase que abre o artigo. Que o impasse seja resolvido com bondade, misericórdia e tecnologia, e não com guerras, pestes e fome.
Li um interessante artigo no excelente site Quillette (www.quillette.com), um artigo longo, textão mesmo, como são quase todos os artigos desse site, mas detalhado e muito bem escrito. Coisa fina. Vale ler.
O artigo está acima e mesmo quem não conhece inglês pode traduzir lá mesmo.
Lá o autor trata de uma “briga” de palentólogos em torno das chamadas “Primeiras Nações” ou “Primeiros Povos”. Arqueólogos escavaram numa região que vai do estado do Maine até Newfoundland (Terra Nova), no Canadá, fósseis datados de uns 10 mil anos atrás, que apresentam um povo mais desenvolvido do que povos nativos mais recentes, da região. O “suco do assunto é que os povos nativos americanos passaram a exigir que os paleontólogos e arqueólogos NÃO estudem esses povos, mas que enterrem de volta os achados arqueológicos, no que chamam de “restituição”.
Será que eles não querem saber sua origem? Não é assim. É que os achados apontam para o fato de que os povos que hoje se consideram vítimas dos Europeus foram, eles mesmos, algozes de povos que já estavam na região há mais tempo, desfazendo o mito da sua primazia, e a narrativa de seu bom-mocismo.
Ciência bota medo…
Em outra ocasião, mais recente, cientistas brigam com outros cientistas sobre a validade de destruírem certas posições anteriores com teorias mais modernas, e mais corretas.
Tem gente querendo substituir o Big Bang a todo custo, simplesmente porque não cabe na sua narrativa sobre a origem do universo e da vida. O mesmo Stephen Hawking lutou com unhas e dentes até o fim da vida para tentar achar uma equação, uma explicação para “desdizer” a teoria que ele mesmo trabalhou para explicar e popularizar. Tudo porque seu ateísmo, ou agnosticismo, não podia suportar a afronta de que o universo teria tido um início, e portanto, um “causador”.
Diante disso tudo, nos vemos, cristãos, diante de uma situação em que, frequentemente chamados de negacionistas, terraplanistas e anti-científicos, temos que optar por uma postura mais bíblica, entendendo que a Bíblia pode contradizer a ciência em algum momento.
Os que chamam o cristianismo, principalmente o Catolicismo original e os Reformados de obscurantistas talvez se esqueçam que a quase totalidade das instituições de ensino que hoje lideram a pesquisa científica no mundo são de origem, inspiração ou manutenção cristã ou de cristãos (desde a Universidade de Padova, passando por Oxford, Harvard, Cambridge, todas as PUCs do planeta, e por aí vamos).
Muito, ou mal usado pelo Presidente, o texto de João 8:32, sempre foi um dos meus preferidos. Costumo brincar que é o Texto Áureo dos Auditores:
“E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará”
Jo 8:32
Se a bíblia é a inspirada palavra de Deus (e eu creio nisso) e o texto acima partiu da própria boca do Filho de Deus (eu creio nisso também), então cristão algum tem o DIREITO de ser acrítico, anti-científico ou jogar na retranca, quando o assunto é ciência.
A razão é muito simples – cremos (eu creio) que Deus é o autor da ciência. Se Ele criou as regras e leis deste universo, que são explicadas e desfiadas na física, química, biologia, etc, NÃO TEMOS o direito de achar que uma equação vai desdizer, ou desfazer o que cremos.
A Bíblia nunca se propôs a ser um livro científico. Escrita para pessoas tão diferentes quanto (adoro falar isso) Albert Einsten e Forest Gump, a Bíblia teve por obrigação ser atemporal, e acessível a ser explicada a todos.
Quando a Bíblia fala de um assunto que está francamente acima da capacidade, mesmo dos mais iluminados humanos, ela deixa claro que há coisas que são “mistérios”, ou que ainda não foram reveladas. Mas isso nada tem a ver com obscurantismo ou qualquer tipo de limitação à investigação. Nos escritos do Velho Testamento, Deus já falava a Adão e Eva que entendessem o mundo, dessem nomes às espécies (numa ordem de taxonomia bem clara).
Posso concluir que se a ciência em algum momento contraria a Bíblia, só pode ser por dois motivos:
Erro de Interpretação – Quem diz falar “pela Bíblia” na verdade entendeu errado ou criou um “dogma” que não deveria haver. Um exemplo claro éa insistência da igreja católica em condenar as teorias da terra redonda e que não seria o centro do universo. Na verdade o livro de Isaías já nos advertia de que “Ele é o que está assentado sobre o globo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; ele é o que estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar” – Isaías 40:22)
A Ciência ainda não chegou lá – Aqui, o maior exemplo vem da antiga teoria cosmológica, válida durante décadas, de que o universo nunca teria tido começo e não teria fim. Desbancada pela descoberta da radiação de fundo, e comprovada nos laboratórios Westinghouse, em Nova Jersey, por Arno Penzias e Robert W. Wilson. Os “fósseis” de luz comprovariam a teoria de que alguém riscou o fósforo que gerou a explosão.
Que tranquilidade é saber que a ciência não desbancará, nunca, o Deus Onipotente. Que alegria é saber que a Bíblia é mais inteligente do que alguns se arvoram o direito de se achar. O caso mais recente, emblemático e francamente ridículo foi o do artigo de Mário Sérgio Conti, comparando nossa crença em Jesus Cristo à do coelhinho da Páscoa.
Este douto senhor, do alto de sua inaudita inteligência e certeza de todas as coisas declara-nos a todos nós como crianças burras e obscurantistas… Como se homens (de verdade) muito maiores e mais inteligentes do que ele não tivessem declarado seu pasmo e reverência a esse Deus Criador.
Termino com as palavras de Louis Pasteur, sempre citado pelos cristãos, cujos feitos excedem, talvez, um pouquinho, à montanha de maravilhas criadas por Conti:
Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima.
Lendo uma matéria que poderia perfeitamente mostrar a precariedade da FUNAI ou outro organismo ligado ao cuidado com os índios ou meio ambiente (ou qualquer outro órgão público destes que temos olvidados, abandonados ou sem função…), notei algo bem perturbador.
Poderia ser o fato de que a matéria, de maneira até infantil (o que mostra como nossa população é manobrável), tentava transformar abandono de um posto avançado dentro de uma reserva indígena como “ataques”… O titulo da matéria tentava logo de cara dar contornos de crime e mistério para algo idiota:
Na terra indígena mais ameaçada do Brasil, base da Funai é destruída, e ninguém sabe quem cometeu o crime.
G1
Da leitura, era claro que o posto nunca teve condições de funcionamento, foi abandonado pela FUNAI e foi sendo depredado lentamente, ao largo de anos. Também fazia links forçados com o tema de desmatamento e queimadas, como se o posto da FUNAI fosse fazer o trabalho do IBAMA e outros órgãos ambientais.
O problema do desmatamento e queimadas não é o foco destas minhas linhas – é um assunto grave e este texto aqui é só uma brincadeira, uma reflexão minha que mandarei para uns amigos e que morre aqui.
Bom, mas o que realmente era perturbador eram os números que apareciam dentro da matéria, de forma complementar e quase passaram sem ser notados, especialmente para mim que sou avesso à matemática (confesso!).
A reserva em questão era a Karipuna, que tem um território de 153 mil hectares (homologado em 1998). Mais uma vez confessando minha ignorância no assunto e esquecimento das aulas da tia Nanci de matemática, fui ao Pai Google ver quanto isso correspondia em metros.
Você sabe a quanto equivale um hectare em metros? Segundo o pai dos burros modernos (Google), “Um hectare, representado pelo símbolo ha (conhecido também como hectômetro/hectómetro quadrado [hm²]), é uma unidade de medida de área equivalente a 100 (cem) ares ou a 10.000 (dez mil) metros quadrados. 10.000 (dez mil) metros quadrados. Eu gosto de futebol. Assim, ficou gravado na minha memória quando fui a primeira vez ao Maracanã e me disseram que o campo (só o gramado, ok?) do Templo do Futebol possuía 9.000 metros quadrados. Seguindo minha ladainha de hoje, confesso – de novo – que fiquei impressionado como o nosso Brasil é grande: o território Karipuna corresponde a mais de 153 mil gramados do Maracanã…
Imaginei, então, que a nação Kari (deixa eu voltar o mouse aqui que já esqueci o nome da tribo) Karipuna seria um mar de gente, NÉ? É aqui que termino minha viagem de hoje: de acordo com a matéria, os Karipuna são 58 pessoas vivas, das quais 22 frequentam a tribo. O Brasil é grande AND generoso…
Sempre tento fugir da platitude, do lugar comum, quando escrevo algo. Não é tanto por mim mesmo, mas pra tentar não encher o saco de quem lê. Se o texto já não é tão bom em si, fazê-lo intolerável é fácil. Difícil é fazer alguém ler.
Falo isso por conta das tristezas dessa vida, que parece que parou desde Março de 2020, e as pequenas e grandes tragédias que nos acometeram, como família, nesse tempo. Tragédias que são exacerbadas na nossa cabeça por estarmos trancados sem direito a habeas-corpus por um vírus.
A tristeza que começou em 2020, com Covid, mas principalmente pela morte do Tio Aluízio, o tio mais velho, de 87 anos – não dessa peste, mas de coração mesmo. 2020 terminou com aquele ar de “que vá e não volte”… uma exaltação prévia a um 2021 que poderia se mostrar mais benevolente. Não foi.
Em Fevereiro, um primo-irmão Carlos Eduardo, filho deste mesmo tio Aluízio, é assassinado por um condômino do mesmo prédio, amante da síndica, e que estava com ela cooperando pra subtrair o condomínio em uma bela grana. Meu primo, na comissão fiscal, descobriu e foi morto dias antes da assembleia que discutiria o fato. Morte brutal, desnecessária, horrenda. Mas não foi a Covid, ainda.
Agora em Março, ontem mesmo, outro primo-irmão, Arisley, morre depois de curta mas dura agonia, num hospital em Teresópolis. Felizmente morre cercado de amor da esposa Bernadeth, da irmã, Rosane e da mãe, Tia Chirley (com C mesmo). Sofreu menos do que sofreria, mas aos 61 anos ninguém acha que vai morrer. De novo, nada de Covid, Foi câncer mesmo.
Três amados, que, em tempos da Covid, não sucumbiram a ela. No fundo, fica aquela impressão de “quem dera” em mim… E por que? Ora, quando milhares de mães e pais enviam seus filhos a uma guerra (sempre me vem à mente a II Guerra, que consideramos “justa”), todos sabem que podem receber um telegrama dos militares informando da “morte corajosa, em batalha”. E assim, coletivamente, nos consolamos.
A Covid, como batalha, daria talvez mais sentido às mortes. Ora – há uma justificativa. Estou junto com milhares de famílias que sofrem por algo que “está aí”, está acontecendo, e que nos faz coparticipantes dessa tragédia coletiva. Guerra, ou Peste, são mais fáceis de justificar pra nós mesmos. Nossa cabeça encontra racional para isso, mais do que para um coração dodói, para um assassinato idiota, pra uma doença terrível (mas curável e conhecida).
É o caráter coletivo da Covid e da Guerra que nos traz certo conforto. O conforto do “combatente”. O conforto de quem está numa guerra – contra nazistas ou contra um vírus – mas uma guerra, em que a regra é acabar morto, e ter escapado uma exceção.
Meus soldados caídos, meus amados que verei na Glória Eterna, esses estão guardados por Deus. Não me chateia, não me irrita nem me faz maldizer o Criador. Pelo contrário, no fundo me faz ansiar pela minha própria “cura definitiva”, quando Deus enxugará dos meus olhos toda lágrima.
A última vítima da insanidade da vida na terra, Arisley Montechiari, deixa filha e neta, esposa, mãe e irmã, que certamente chorarão muito de saudade, mas não creio que de tristeza ou raiva. O conforto é muito grande, quando se anda com Deus. O que dizer de tantas outras vítimas das mesmas insanidades, e que além de tudo, creem firmemente que os queridos viraram pó e acabou tudo ali?
De novo, escrevo sempre e primariamente para mim mesmo. Portanto, estou ME consolando, ME tratando psicologicamente, para não enlouquecer, trancado numa gaiola de ouro, esperando o momento em que nossos mestres e líderes nos deixarão viver em certa liberdade ainda. Mas vou me consolando com o fato de que tudo aponta para o fim dessa brincadeira de mau gosto enorme chamada humanidade decaída, pecadora, miserável.
A quem fica, meu respeito. Não consolo, apenas respeito. Sei o que vocês passam – estamos passando juntos. Sei o que representa viver sem alguém amado – todos sabemos. Sei o que é a insanidade da perda devido a um universo que saiu de dentro do amor de Deus e se perdeu nos erros dos tantos alvos com os quais nos confrontamos todos os dias.
A quem coloca pequenos deuses entre si e sua família, sejam políticos, ídolos de qualquer matiz, não se leva a sério. A quem coloca ideologias acima da racionalidade e entendimento da vida, com suas mazelas e alegrias, meu profundo desrespeito. Não um desrespeito que age, que xinga, que menospreza. Não. Desrespeito no sentido lato da palavra: não respeito. Adoraria ver seres humanos discutindo em paz, mas sempre, com a cordialidade que advém da certeza da finitude da vida, com a certeza de que no final das contas, não pagam as minhas contas: Deus e eu fazemos isso. A esses, e me incluo, peço que tiremos de entre nós os pequenos deuses que nos infernizam o relacionamento.
Deus nos console a todos, nessa nova e insana guerra.
Como sempre, escrevo primariamente pra mim – escrevo pra no futuro eu mesmo e minha descendência sermos lembrados do que senti, como reagi e até (por que não?) como estava errado, ou certo. Aqui vai mais um pouco da percepção do dia infame de ontem, no qual o STF nos presenteou com um ex-culpado.
Engulhos no estômago à parte, a sessão de ontem da 2a. turma do STF, que definitivamente transformou Lulla em “ex-ladrão” (nos dizeres do Caio Copolla) foi mais do que um acinte. Foi algo que não tem cabimento em país algum com alguma pretensão à OCDE ou ao concerto das nações civilizadas. Foi um “xô” como diria o ex-culpado. Um Xô de milongas jurídicas e malabarismos verbais pra justificar o injustificável – considerar o juiz como algoz, e o ladrão como vítima. Amigos juristas disseram coisas como “o mecanismo venceu”, “vão precisar fazer a terceira temporada de O Mecanismo” e por aí afora.
Gente que sempre tive por equilibrada, ontem talvez tivesse jogado o bom senso pra trás e partido para as armas, para eliminar fisicamente um STF “totalmente acovardado”, nos dizeres do próprio meliante. Lá atrás, acovardado diante do maciço apoio da Opinião Pública. Hoje, acovardado pelo quê? Talvez pelo José Dirceu e algum “revólver” (virtual ou físico) contra os magistrados… Talvez pelos muitos BitCoins a serem recebidos em local (lógico) incerto e não sabido, derivado das diversas “tenebrosas transações” perpetradas por um partido que deveria ter sido caçado há tempos. Acovardado, talvez, pela pressão de uns ministros sobre outros, em sua sanha para tornar o Brasil uma Venezuela jurídica. Sabe-se lá.
Em todo o Teatro de Sombras de ontem, o que mais chamou atenção foi o choro de Gilmar Mendes. Cá entre nós: Choro? Que razão existiria para chorar, ao falar da atuação de Zanin et caterva? Será que chorou de remorso ou medo antecipado? Por ter sido jogado contra a parede para votar (e influenciar votos) como o fez – e talvez tenha feito principalmente contra Carmen Lúcia? “Carminha, os caras estão com uma arma na minha cabeça (virtual/física?)… me ajuda aí e mude seu voto… Carminha, balanga sua capa de Bento Carneiro e invoque os poderes do aquém do além adonde que véve os môrto e me help-me, please“…
Será que chorou de alegria por estar pingando na conta (sua, do seu instituto) uns BitCoins maneiros, comprados a uns R$ 20 mil pelo partidaço e entregues agora a Gilmar pela bagatela de R$ 200 mil cada (nem partidão mais é, pelo volume de recursos que ele mesmo, Gilmar, declarou que o PT teria – “para se eleger até 2038” ou coisa que o valha)? Que razão teria vossa excrescência para chorar? Alegria pelo “virtuose” de cabelinho ralinho penteadinho pra trás ter lhe dado uma aula de saber jurídico?
Qualquer que seja o motivo do choro, Gilmar dá à nação uma aula do que NÃO se fazer. Uma aula, como algum jornalista falou, de parcialidade à flor da toga. Uma aula de como faltar com a Dignitas do cargo e lançar-se à sarjeta da história jurídica nacional, como um ordinário desqualificado? Ou seja, o que quer que tenha motivado o choro, boa coisa não é.
E Carminha, nosso Vampiro Brasileiro? Balangou a toga e nos mandou todos às favas. Sequer deu, esta segunda turma, a chance de que os membros do MP e o ex-juiz de se manifestar! Ora, lá estavam Zanin e Cia. Onde estavam os pretensos acusados? Ou melhor, O pretenso acusado? Não será ouvido? Será jogado no lixo bilhões em custos e procedimentos da Operação Lava Jato sem que SEQUER sejam ouvidos os (agora) “criminosos”?
E os juízes do TFR-4? Os três caras que decidiram não apenas manter as condenações, mas aumenta-las? Num raciocínio básico, se alguma coisa deveria ser feita, deveria ser contra o STJ (em parte) mas principalmente o TRF-4, que é, em termos de mérito, a última instância de julgamento (e razão pela qual a condenação em segunda instância faz tanto sentido – no mundo todo).
Neste histórico dia de infâmia, 23 de março de 2021, no meio de uma pandemia que não permite que estejamos nas ruas, para combater (pacificamente) essa corja, vimos um Crocodilo derramar suas lágrimas enquanto estraçalhava o único herói não esportivo deste país dos últimos quase 200 anos (Dom Pedro II foi o último).
Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!
Circula um vídeo do ator Pedro Cardoso, que interpreta(va) Agostinho Carrara na TV, no qual ele derrama sua sabedoria sobre todos nós, respondendo perguntas feitas por internautas sobre os mais diversos temas.
Agostinho, ou melhor, Pedro, nos brinda com o melhor do padrão Globo de pensamento. Tive que comentar porque parece inteligentíssimo. O cara é articulado, e tal como Agostinho da TV, convence quem não entende o que é “blague” e o que é raciocínio, no duro, pra valer.
Duas coisas me chamaram atenção, e comento as duas em separado pois pode interessar a quem queira entender porque falar certas coisas é fácil, e desmenti-las dá um trabalhão…
Portugal é um destino Socialista
Uma das perguntas feitas a Agostinho (digo Agostinho pois certamente parece ter sido ele que respondeu, mas creio que poderia ter sido o Pedro, com os mesmos efeitos) era por que ele não ia pra Cuba, em vez de ter escolhido Portugal.
Com muita ginga e malandragem típicas do Agostinho, o cidadão responde que “se não sabíamos, Portugal era governado por um primeiro ministro socialista”. E para por aí, obviamente sem elaborar, pois que se elaborar, lascou o cano. Explicar com muitas palavras é coisa que complica, em alguns temas – principalmente naqueles em que há necessidade de rigor técnico e veracidade.
Portugal… Cuba… Cuba… Portugal… hummm, sei não. Qual dos dois é o destino que poderíamos considerar compatível com o que pensa o Pedro (o Agostinho creio que gosta mesmo é de Miami)? Se o objetivo é ser coerente com o que pensa o Pedro, ou pelo menos o que verbaliza, Cuba, ou ainda, China ou Coréia do Norte, seriam destinos mais alinhados ideologicamente.
Afinal, Portugal “está” sob um primeiro ministro socialista, eleito democraticamente, e cujo mandato pode ter um fim a qualquer momento, caso uma moção de desconfiança o retire do cargo prematuramente. Ainda, Portugal já esteve sob vários governos com tons de ideologia diferente, e certamente predomina uma certa social-democracia, embora se vejam nas ruas (a última vez que vi ao vivo e a cores foi entre 15 e 30 de Novembro de 2019, antes dessa peste toda) bandeiras com foices e martelos por todo lado.
Nada disso, porém, tirou (ainda) a liberdade dos portugueses de votar e serem votados, propor mudanças na legislação, eleger de acordo com a representatividade de cada região, demitir seus políticos, ter propriedade privada, fazer negócios intera e externamente, comprar e vender como bem entenderem, e qualquer outra atividade que configure uma nação fundamentalmente democrática. Tal não pode ser visto em Cuba, China, Coréia do Norte e outros paraísos frequentemente descritos como o céu na terra pelos ideólogos, o Shangri-la, o objetivo a ser atingido.
Pedro foi para Portugal. Pedro poderia ter ido para Cuba. Não existe forma de convencer Pedro a ir para Cuba, exceto de férias, na praia, talvez. Pedro é “Cardoso”, o que lhe deve ter legado um passaporte da Comunidade Europeia, um ente significativamente democrático, ainda que com viés social-democrata.
Pedro não ganhou dinheiro com Agostinho – só a Globo
A segunda grande colocação que ouvi (confesso que depois disso tive que sair pra não vomitar) foi a resposta à colocação de um internauta sobre o fato dele ter ficado rico com o Agostinho, e posar de socialista.
A resposta, pérola de hipocrisia e desintendimento sobre a natureza do capitalismo foi mais ou menos assim: “eu não ganhei dinheiro; ganhei um salário; quem ganhou dinheiro foi a Globo. É essa a natureza do capitalismo – o capital é que ganha dinheiro”, ou coisa que o valha.
É odiosa a posição dele. Provavelmente não deve ter recebido o jabá dele como “salário”. Como quase todo vivente bem instruído por contadores e advogados, o sujeito deve ter aberto sua Pejotinha (empresa de prestação de serviços), sabe-se lá, a Pedro Cardoso Produções Artísticas Ltda., e se aproveitado dela para faturar pagando algo em torno de 16% de tributos totais, e usando o resultado líquido como distribuição de lucro (não tributada) para receber os proveitos na sua Pessoa Física.
Duvido que o referido socialista tenha deixado na mão da Globo o valor integral do que recebeu, à razão de 27,5% de IR mais 11% de INSS… duvi-de-o-dó.
Bom, às colocações dele:
Salário não é lucro e portanto não deixa ninguém rico
É isso que se pode inferir da resposta – Ora, mesmo na hipótese de que Pedro tenha sido subtraído em mais de 40% sobre seus vencimentos, de IR e INSS, convenhamos que um salário de, sabe-se lá, R$ 1 milhão ou R$ 500 mil por mês está acima do rendimento de quase qualquer brasileiro. Trata-se, porém, de um sujeito que se equipara, em termos de renda, aos maiores empresários do país. Não. Ele não detém o capital (pois não aplicou nenhum na produção do programa nem correu qualquer risco, não contratou gente, contra-regras, não comprou câmeras, nem nada).
Pedro, portanto, se coloca na mesma posição de qualquer trabalhador, empregado com carteira assinada, se sorte tiver. Considera-se um mero peão num joguete que é controlado pela malvada corporação à qual pertence, e que é o vilão de um jogo do qual ele seja, talvez, um dos grandes beneficiários. Não dá pra ser mais hipócrita.
A Globo é o Capital, e como tal, não deve ser boa
Bom, isso ele não disse, mas certamente, ao fazer a colocação do item anterior, certamente é a única coisa que se pode presumir. Capital é ruim. Ponto final. Capital é o vilão e não há discussão – se discutir é fascista, genocida e sei lá mais o que.
Qualquer conservador sabe que capitalismo, no duro, NÃO se faz com monopólios. A Globo já foi quase monopolista, hoje está entrando na vala comum das outras TVs, em termos de audiência. Em termos de qualidade é superior tecnicamente, e inferior moral e em termos de sua objetividade. Há anos sofremos um massacre da Globo. Eu mesmo tive que ser “desmamado” da Globo, como um toxicômano. Que falta fazia o JN… Por que? Por ter assistido desde os tempos do Reporter Esso, Cid Moreira e Eron Domingues à bordo. Outros tempos, herdados por esses que aí estão.
A Globo, sob comando da geração atual, se perdeu em seus padrões morais, e, pior, tenta insistentemente nos influenciar a crer no que os irmãos Marinho parecem ser os temas a serem levantados: promiscuidade sexual, adultério, louvor ao “espertalhão”, desestruturação da família, homossexualismo e outros tópicos que não lembram em nada a Santa Missa em seu Lar, dos tempos idos.
Concluindo, Pedro/Agostinho lançam mão dos argumentos manjados e batidos de qualquer esquerdista. É fácil, diz-se em poucas palavras, e para combatê-los leva-se tempo e é necessário pensar e refletir. Isso não é o forte dessa nossa geração, “shallow now” (and ever).
Vamos pedir a Deus que Pedro finalmente tope passar um tempinho em Pyongyang… Lhe fará bem ver o quanto há de distância entre lá, e Lisboa. Vá com Deus, Pedrinho…
Jean-Jacques Rousseau tenta explicar, em seu “O Contrato Social”, a forma como a sociedade elaborou, ao longo de séculos, um pacto, em que os indivíduos abrem mão de determinados direitos em nome de obter as coisas básicas para uma vida “normal”: ordem, paz (ausência de guerras), justiça, etc.
Rousseau viveu numa época em que os estados nacionais modernos se encontravam ainda no nascedouro – tudo, até então, passava por imposição, em maior ou menor grau. Portanto, julgo eu, até a renascença, pelo menos, estados nacionais no conceito moderno do termo, não existiam.
Em 1762, quando Rousseau escreve, estávamos ainda a 14 anos da declaração de independência dos EUA, que abriu a “era moderna” (minha opinião) dos Contratos Sociais. Logo após, em 1789, a Revolução Francesa, uma excelente iniciativa cooptada pela esquerda da época, que a transformou em nada mais do que um grande banho de sangue, mudaria para sempre o comportamento dos reis e presidentes em suas cadeiras – de déspotas, ou quase, a seres incomodados com a opinião alheia – do povo. Isso, pela primeira vez na história.
Para ser bem justo, o primeiro experimento (forçado, diga-se) de algum tipo de descentralização de poder, se dá com a Magna Carta (o título inteiro dá uma boa ideia do que era – “Grande Carta das liberdades, ou concórdia entre o rei João e os barões para a outorga das liberdades da Igreja e do rei Inglês”, assinada debaixo de porrete pelo Rei João sem Terra, da Inglaterra, ainda em 1215. Descumprida pelo monarca desde o princípio, serviu, mesmo assim, de base para a moderna sociedade inglesa. Pasmemos: um documento odiado pelos reis, mal usado pelos nobres e posto em frangalhos pela Igreja serviu, mesmo assim, de base para a primeira grande nação da era moderna, e até hoje nos causa espanto.
Tudo isso computado, quando os EUA se chamam de um “Farol sobre a Montanha”, se referindo ao exemplo que deram ao mundo, não podemos dizer que se trata de exagero. De fato, ter constituição, e leis que tornem o estado democrático de direito algo primordial em uma sociedade, em que:
We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness”… (Temos essas verdades como sendo auto-evidentes, em que todos os homens são criados iguais, dotados pelo seu Criador de certos Direitos inalienáveis, entre os quais esão a Vida, Liberdade e a busca da Felicidade)
Bill of Rights, 1789
Definição de Estado Nacional
Antecede esses direitos e definições o conceito mesmo de Estado Nacional. Portugal é considerado o primeiro estado nacional dentro do conceito moderno, de nação – território definido, governo central, cidadania, etc. Fundado (conquistado por casamento) por Dom Afonso Henriques, depois Afonso I, tinha as características que hoje se esperam de um estado nacional:
Fronteiras – Definições claras de fronteiras marcam a base de um estado nacional moderno. Sem fronteiras demarcas, e principalmente, reconhecidas, não há estado nacional moderno; Disputas de fronteiras podem ocorrer, mas dentro da sede de um marco legal preexistente e reconhecido ao menos em parte, por outros estados nacionais
Cidadania – A definição de cidadão de determinado país, dada fundamentalmente por nascimento em suas fronteiras, é definida diferentemente por alguns países – desde os ultra-estritos, como o Japão (para quem alguém que nasceu lá pode não ser japonês, se não tiver características e ancestralidade japonesa) até os EUA (para quem o nascimento em seu território, mesmo se por acaso ou propósito específico de gerar cidadania são a regra), as definições de cidadania é a mesma – alguém “nosso” para quem nossas leis se aplicam. Neste conceito se abriga o “direito” de deportar cidadãos, por quaisquer razões que o Estado entenda aplicáveis.
Governo Central – Entidade controladora da justiça, leis, regras, a quem se delega o monopólio da violência (com exceções, como os EUA e seu sagrado direito de porte de armas ao cidadão) e controle da economia, moeda, etc.
Ficamos apenas nessas três características, já que o texto já se alonga.
Estados Digitais
Se eu estou dentro do Facebook, Instagram ou outra rede qualquer, apenas para ficar nas mais influentes e poderosas, aparentemente estou dentro de um “local virtual de convivência”. Chama-los de “redes sociais” implica, em minha opinião, em chama-los, fundamentalmente, de “estados digitais, no sentido em que, de fato, esses “espaços geo-digitais” se constituem num Estado Virtual. Como não?
Fronteiras – Possuem fronteiras claramente demarcadas. Aliás, são as fronteiras mais claras da história – tem que entrar no sistema, ou seja, passar por suas fronteiras, para “estar” no “país Facebook” ou “país Instagram”. Dentro desses países virtuais, temos a clareza absoluta de onde estamos no momento, mas não sabemos onde estão as fronteiras. É como morar no Amazonas e não enxergar, ou talvez sequer compreender, a distância que existe até o Rio Grande do Sul. Pior ainda, porque essas fronteiras se expandem na medida em que novos cidadãos virtuais nascem e desenvolvem novos territórios virtuais, alargando o tamanho da “nação”
Cidadania – Ora, para entrar neste país virtual, temos que nos cadastrar, e sermos aceitos. Isso obviamente gera uma cidadania, a qual é-nos graciosamente concedida pelo Governo Central. Os casos atuais de “cancelamentos” virtuais são uma analogia mais que perfeita com os banimentos praticados por alguns estados nacionais. Banir, cercear, punir, prender (ainda que virtualmente), multar ou quaisquer outras atitudes contra o “cidadão” comprovam que há, nesses países virtuais, um conceito claro de cidadania
Governo Central – Fica claro que se alguém dita as regras, tem o poder de definir as “leis” e detém o poder de polícia – o monopólio da “violência virtual”. Sua constituição e sua declaração de princípios, da qual lança mão para punir quem quer. Em sendo uma propriedade privada, trata-se, portanto, de uma monarquia, no mais estrito sentido do termo – Um que Manda.
Resultados
Somos então, cidadãos de estados nacionais virtuais, que cobram de nós impostos (pagamos, direta ou indiretamente, para estar ali, ou pagam por nós), nos mantém “na linha” e tem o direito de prender e banir, perguntamos: que direito temos?
Em monarquias tradicionais (sobram pouquíssimos exemplos delas), os direitos costumam ser nuisances, à disposição e alvedrio do monarca. Aplicam-se, ou não. Ocorre que, sendo estados virtuais supranacionais, não devem nenhuma obediência aos seus súditos. Ou será que deveriam dever (sic!)?
Em termos de Facebook, Instagram, WhatsApp, Parler, etc, não temos muita liberdade de expressão, e, no fim das contas, acabaram por nos caçar o direito de falar o que pensamos. Percival Puggina, hoje, reflete texto de Alex Pipkin, no qual este diz que “o primeiro cancelamento a gente nunca esquece”. De ontem para hoje, um texto dele foi “banido” (equivalente no mundo real de terem censurado o texto por ferir a moral e bons costumes, ou algo semelhante).
Como conservador convicto, creio que a empresa privada tem o direito de fazer o que quiser. No entanto, já não parecem se tratar de empresas, mas de monopólios, monarquias, e como tal talvez devam ser tratadas. À exemplo da Standard Oil ou da Mother Bell, talvez o nosso CADE virtual devesse impor algumas regras de funcionamento ou até provocar sua divisão.
Não apoio a divisão desses meios, pois a medida seria mais arbitrária do que o que essas “comunidades” fazem com seus cidadãos-virtuais. No entanto, equivalente a um posto de gasolina que tem que ter determinadas regras de segurança, ou frigoríficos que devem ter regras sanitárias, entendo que a constituição de um país deva ser aplicada ao mundo virtual que circula e contém seus cidadãos de carne e osso. Ora, se temos, no mundo real, o direito a opinião – ainda que por isso possamos ser levado à justiça – que tenhamos a mesma condição no mundo virtual. Não sermos taxados disso ou daquilo por conta de um rapazote ou moçoila de 20 e poucos anos, que se arvorou no direito de nos cancelar, por terem ficado irritado(as) com o texto.
No fim das contas, num mundo em que vivemos boa parte do dia virtualmente, estamos acabando por ser mais cidadãos virtuais do que reais.
Diversidade é uma dessas palavras que ganharam novo significado, nos tempos que vivemos. Ganhou um significado que talvez nem todo mundo goste, e que preciso – confesso – entender bem, para não cometer erros de julgamento.
Um cântico que tínhamos em nossas igrejas (evangélicas, e algumas católicas) antigamente se chamava “Unidade e Diversidade”, e se baseava num texto de Atos dos Apóstolos e diz assim:
O texto fazia menção à diversidade das pessoas que creram em Jesus Cristo, a nova fé do primeiro século, de sua condição diversa (pobres, ricos, livres, escravos) e sua unidade através de “um coração e uma alma”, a ponto de ninguém considerar algo como sendo seu mesmo (voluntariamente).
Era uma diversidade um tanto diferente da que temos aqui: por serem diversos, uniam-se voluntariamente, debaixo de uma fé e um coração, sem necessidade de imposição ou campanhas “explicativas”. O CEO e o peão do chão de fábrica, usando uma comparação moderna, conviviam e tinham as coisas em comum, de forma que ninguém passava necessidade. Voluntariamente, as pessoas davam o melhor de si, uns aos outros, e dessa forma, silenciosamente, essa estranha fé foi mais forte do que um império milenar, fazendo com que o apelo marcial, que mantinha coeso o imenso território de Roma, ruísse pelas mesmas razões da fé em que estavam fundados: o caráter espontâneo, voluntário, de suas atitudes, e o desprezo pelo ataque, pela ofensa, pela violência não defensiva e não provocada.
Ocorre que, aparentemente, voluntariedade, liberdade e discurso se misturam, hoje, numa confusão que torna difícil o que é mais importante – “um coração e uma alma”.
Lendo o texto do artigo acima, depreende-se o objetivo real e explícito de dar exposição a segmentos entre segmentos da sociedade, principalmente a inclusão de pessoas dessa ou daquela origem, cor, raça ou orientação sexual, a fim de dar diversidade aos Conselhos de Administração das empresas.
A entrevistada é uma excelente profissional, membro de diversos conselhos de administração de grandes empresas mundo afora. Portanto, está ali por capacidade e não porque é mulher, ou negra, ou homossexual, ou qualquer outra especificidade, válida ou não. Muito bom.
Minha dúvida vem no sentido contrário: o quanto de fato sabemos sobre a diversidade e quanto dessa diversidade está povoando as administrações públicas e privadas mundo afora, apenas pelo “conceito” de diversidade, em si, e não por efetivamente agregar algo, no que importa – capacidade de realizar o que é necessário.
O “sentido contrário” a que me refiro aqui diz respeito ao fato de que para mim pouquíssimo importa se uma pessoa é branca, negra, homem ou mulher, hétero ou homo, cristão ou não-cristão, no que tange à sua qualidade para orientar a tomada de decisões (ou tomá-las) na esfera dos grandes conselhos de administração mundo afora. Sempre vou privilegiar a capacidade intrínseca, em estado bruto, da pessoa que senta comigo em um Conselho ou que comigo compartilha decisões.
Nossa empresa é uma empresa fundada em valores cristãos, e como tal não pode discriminar por qualquer razão – pode, sim, e deve, deixar claro o que pensa em termos da fé que fundamenta nossos princípios de negócios, e a igualdade, verdadeira, dentro da diversidade do ser humano, sem, contudo infringir os princípios da Palavra de Deus em nossas decisões.
O tipo de confusão semântica gerada pela hiperssimplificação de termos às vezes difusos, ou difíceis de definir – como diversidade – nos leva a situações às vezes cômicas (como as discussões sobre a diversidade na matemática) ou trágicas (como a incapacidade de trabalho conjunto e proativo para debelar uma pandemia). A realidade tem importado menos do que os desejos, sensações ou estados de espírito.
Viva a diversidade, com consciência e responsabilidade!
P.S. – E viva o melhor que temos na nossa sociedade, a Mulher, em seu dia!