Quem tem pelo menos 45 anos lembra bem da figura acima. É o trapalhão Maxwell Smart, do “Agente 86” (em inglês “Get Smart” ou “Fique esperto”). Steve Carell fez um bom trabalho no filme “remake” do pastelão dos anos 60 e 70. Trata-se de um cretino sortudo que por sabe-se lá que meios, se tornou agente de uma rede de espionagem americana à lá Cia, chamada “C.O.N.T.R.O.L.”. Era o auge da guerra fria, e a TV americana fazia piada com a situação. Do outro lado do “Controle” estava a organização (provavelmente da então Alemanha Oriental) chamada “K.A.O.S.”. Outro panaca, o agente Siegfried “Sig”, com planos mirabolantes para destruir o ocidente e implantar um regime ditatorial baseado no “Kaos”.
A quem não viu, recomendo ver, porque é um microcosmo satírico de algo que estamos prestes a viver de novo – talvez não tão engraçado. Estamos diante do ressurgimento de uma contraposição cada vez mais forte do Caos ao Controle.
Tudo está sendo feito no sentido de, desta vez, colocar os espiões não como “invasores” dentro do Ocidente, mas ter aqui gente nascida e criada debaixo da liberdade e padrão de vida ocidental, somente que fervorosos e fieis adeptos de uma ideologia que não conhecem bem mas que nós sabemos o que quer e no que vai dar. As Venezuelas, Cubas e Coreias do Norte da vida não são suficientes para desencorajar esse “amor” por esta causa que está cada dia mais próxima de nós e mais “raivosa”.
Os autores da série de TV tiveram sacadas ótimas com os nomes, pois é disso mesmo que se tratava antes, e se trata agora – Criar o K.A.O.S. a fim de assumir o C.O.N.T.R.O.L…, e do lado do ocidente, manter o C.O.N.T.R.O.L…a fim de evitar o K.A.O.S.. A coisa tá de volta com força total… só que em vez de governos atrás da Cortina de Ferro, temos agentes do K.A.O.S. infiltrados entre nós, trabalhando dia a dia por um caos que lhes beneficie, em última análise. Tudo isso travestido de “amor” e “carinho” pelo ser humano.
Até a palavra Controle assumiu significados novos. No meu tempo moleque, os pais lutavam pra que a gente fosse independente e assumisse o Controle, pra não cair no Caos. Isso significava pôr ordem sobre a própria vida e a busca incessante por fazer o que é certo. Arrumar a cama todo dia e pagar as contas em dia e assumir responsabilidades pelos seus – pais e filhos. Hoje, Controle é palavrão, em muitos meios.
Max Smart tinha um telefone no sapato, um celular fora de época, muito eficiente – mas tinha que tirar do pé, e depois recolocar. Um K.A.O.S.. no Controle. Era uma piada, mas é o que às vezes queremos fazer. Criamos uma situação complicada pra resolver um problema mais simples do que a solução mesma. Hoje fazemos o mesmo: soluções que políticos dão às coisas parecem um celular no sapato. Até funciona – se você estiver disposto a baixar, tirar o sapato, virar uma chave no salto, colocar o ouvido na sola, discar, depois recolocar tudo no lugar e ainda ter que cheirar o próprio chulé.
Fazem parte desse tipo de solução a taxação das grandes fortunas, a CLT, o emaranhado tributário atual, as saidinhas de fim de ano pra presidiários, as ações dos partidos junto ao STF, e mais um caminhão de leis tão bem intencionadas quanto o sapato-telefone do Agente 86. E nós cheirando chulé para falar.
Além das soluções tipo “sapato-telefone”, tem o Caos que é criado propositalmente para dar a falsa sensação de que o “Grande Irmão – Governo” está cuidando de todos. São as soluções que cabem numa frase curta e apelativa, mas cujos resultados são espantosamente ruins e de difícil explicação. Cada frase do tipo “meu corpo, minhas regras“, “viva a redistribuição de renda“, “por uma política de quotas para negros, gays, mulheres, etc“, entre outras, contêm venenos terríveis, de efeitos nocivos, mas não imediatos, sobre a vida de todos nós. Só que pra rebater cada uma dessas frases com racionalidade, gastamos tanto tempo que perdemos a atenção do interlocutor, que prefere a solução simples da frase feita.
Segundo os agentes do K.A.O.S., Controle é ruim, pois que ele no fundo emana de cada um de nós. É o conjunto de nossos controles individuais diários, nas pequenas ações, e é da nossa independência intelectual, financeira e moral que obtemos o Controle que nos leva a precisar menos e menos da burocracia estatal. Não queremos e não devemos nos submeter a governo algum, exceto no sentido de que o governo deva ser empregado e não patrão de todos nós.
Regras claras de empregabilidade foram estabelecidas há anos, na verdade, há 2 mil anos. Coisas hoje consideradas inovadoras, como o conceito do “Líder servidor” são mais antigas do que se imagina. Pensando nisso, e pensando na minha própria empresa, enxerguei na Palavra de Deus, ao longo dos anos, algumas características que fazem de um profissional uma joia preciosa, que é valorizada pelos superiores e que acaba por se tornar indispensável a qualquer organização.
I – Trabalhe como se o negócio fosse seu
“E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira fazei-lhes vós também.”
Lucas 6:31
Convivo muito com CEOs de vários tipos de empresas. Todos, volta e e meia, reclamam da falta que fazem profissionais com “espírito de dono” em suas empresas. Por espírito de dono entendem o funcionário que trata o negócio como se fosse sua própria casa, sua própria empresa; que faz as coisas com prazer e que tenha alegria no que faz.
O texto de Lucas, acima, é uma palavra direta de Jesus Cristo a nós e é a famosa “regra de ouro”, existente desde tempos imemoriais, e ela mesma uma das mais antigas ações civilizatórias da humanidade- aja com os outros da forma como você gostaria que fizessem a você.
Está trabalhando? Trabalhe como você gostaria que trabalhassem para você. Quer que alguém lhe roube? Não? Então não defraude, não roube ninguém. Gostaria que alguém mentisse para você? Não né? Então não minta.
Esse tipo de atitude eu coloquei na cabeça dessas regras da empregabilidade, pois é o fundamento e a base filosófica do “bom viver”.
II – Vá além do que te pediram
“Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.”
Lucas 17:10
Jesus Cristo, de novo, dá o tom: “fez tudo o que lhe mandaram? Legal… fique triste então porque você foi quase um inútil, pois que fez somente o que lhe mandaram.
O que isso significa? Primeiro, na origem da ordem está uma necessidade do empregador, que você terá que suprir. Ora, ao longo do tempo decorrido para fazer aquilo, é quase impossível que alguém em seu juízo perfeito não observe que há mais a ser feito. Mesmo que não tenha dado tempo de fazer mais do que pedido, até o prazo final da tarefa, seja proativo; leve as coisas que você viu e ouviu para a chefia e alerte sobre cosias que poderiam ser feitas de forma melhor, mais rápida, mais barata, mais bem feita… é isso, que é parte do tal “espírito de dono” que vão lhe fazer indispensável a quem paga o seu salário.
III – Quer liderar? Sirva!
“Porém o maior dentre vós será servo de todos”
Mateus 23:11
Você já cresceu na organização; você agora lidera um grupo de pessoas ou de atividades. Muito bem. Quer liderar, de fato? Sirva! Tem até livro, best-seller mesmo, para falar o que Jesus disse há dois mil anos.
Parabéns ao autor do livro, e espero que tenha dado o crédito aonde é devido. Se não, bom, pelo menos a ideia é de inspiração divina.
Quer liderar? Seja parte do processo de ajudar, de ensinar, de dar explicações, de apoiar. Esteja disposto a arregaçar mangas, sujar as mãos e amassar barro.
IV – Faça sem resmungar – faça por amor – a si próprio e a Deus
“Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.”
Filipenses 2:3
Se a gente reconhece Deus como o doador de tudo, da vida e da capacidade de trabalhar, não vai restar muito espaço para a vanglória. Tem vários tipos de vanglória, e o pior tipo é aquele que se esconde sob o manto de uma humildade fingida. Com o tempo as coisas sempre se esclarecem, e o profissional humilde por legitimidade aparece como uma lâmpada numa noite escura.
Na passagem o Apóstolo Paulo nos ensina a fazer tudo por humildade, e nada por briga ou na busca do holofote. Os americanos têm um acrônimo bacana – WYSIWYG (What you see is what you get) – o que você vê é o que você vai levar – algo, ou alguém, sem máscara, sem agendas ocultas, sem humilhar os outros e sem viver na retórica da auto promoção.
Bom, tem gente que se sente humilhada por qualquer coisa. Vivemos num mundinho dos “flocos de neve”. Gente que não pode ser chamada atenção, não pode ouvir uma crítica, não pode receber nada senão elogios e “medalhas de participação”. Bom, esses, o mercado de trabalho tem uma forma boa de tratar – o desemprego.
“Mas é chato, é sem objetivo, é ‘nonsense’”. Tem essa visão? Discuta, converse com franqueza, procure passar sua visão – essa proatividade também abençoa a empresa, se dita com o coração e com mansidão. No entanto, lembre que muitas vezes não temos ideia do propósito maior de algo, e nos metemos a criticar.
Não é assim em nossa relação com Deus? Creia-me, já passei pedaços da vida com Deus em que a última coisa que eu queria é que Ele estivesse certo. Lutei para ter razão. Não tinha ideia do plano maior (e ainda não tenho nem me conformo muito) mas posso dizer “seja feita a Tua vontade”).
Se sua postura é humilde, de verdade, e você já seguiu os passos I e II, este é um passo largo no caminho da empregabilidade constante.
IV – Tem um talento? Multiplique-o!
“E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles e granjeou outros cinco talentos”.
Mateus 25:16
Tem gente que tem talento natural; tem gente que é rápido de raciocínio e brilhante para ter ideias; tem gente que tem uma capacidade ímpar de trabalhar em projetos difíceis e que requerem muito jogo de cintura. Outros são resilientes e não desistem fácil de tarefas tediosas ou repetitivas.
Independentemente das suas características, qualquer um manterá sua empregabilidade se “granjear outros talentos”. Colegas meus, que foram meus assistentes, tiveram a capacidade de lutar contra suas próprias limitações e aumentar seus talentos. Gente muito tímida se torna grande vendedor; gente muito dispersiva se torna excelente em tarefas detalhadas e cansativas. Tudo pelo granjear de novos talentos. Se Jesus deu a dica, e aqui os talentos podem ser vistos como somente dinheiro, ou como “talentos” mesmo (no sentido moderno do termo), creio que devemos perseguir esse objetivo.
Ninguém é imutável; ninguém é totalmente incapaz de aprender algo novo; ninguém é incapaz de reaprender algo. Faça o melhor. Isso o fará empregável.
V – Seja verdadeiro!
“O que diz a verdade manifesta a justiça, mas a testemunha falsa engana.”
Provérbios 12:17
Alguns de meus piores erros de contratação e seleção se deram em pessoas muito habilidosas no falar e polidas ao extremo. Gente bacana, encantadora, muitas vezes culta e de aparente bom senso.
Isso é bom, e desejável. O erro, nas minhas experiências, se deu pela falta de um atributo imprescindível à empregabilidade – a verdade, a capacidade de dizer sempre a verdade. Não “doa a quem doer”, nem espalhando brasa (como aliás, é algo que me incomoda, pessoalmente, há anos), mas com mansidão e domínio próprio.
Eu vou perguntar a Deus, e está anotado no meu caderninho de perguntas irrespondíveis, por que quase sempre o mais gentil é o mais inverídico, e por que o mais polido costuma esconder mais suas intenções. A verdade sempre nos libertará – mesmo que não nos pareça assim em algum dado momento.
Integridade é fundamental!
VI – Faça as coisas para que durem!
“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.”
Mateus 7:24
Vivemos no mundo do descartável. Esta semana tivemos que trocar a bomba de água de nossa casa, depois de tão somente 4 anos. Ela tinha conserto. Estou seguro disso. Mas o conserto não vale a pena para quem conserta, e portanto eles se negam sequer a olhar para ver se dá para fazer algo. É a era do já era.
Até os relacionamentos estão nesta mesma toada. O conhecimento então, obsolesce com uma velocidade estonteante. Os valores não existem, e a sociedade não se dá conta de que perdeu todos os referenciais. Certo é errado, o errado passou a certo.
Quando fazemos um trabalho, façamos com o objetivo de que esse dure. Digo isso por duas razões: a)se você não mirar em fazer o que dura, fará algo menos bom do que poderia fazer. Com certeza – mirar baixo significa errar o alvo; b)se você fizer algo que dura, alguém pode até substituir o que você fez por algo alegadamente melhor. Mas o que você fez não explodirá, ou dará resultados ruins, ou emitirá erros, na cara de ninguém.
Em síntese, fazer a coisa para que dure, num mundo descartável, é, em si só, um ato revolucionário e, acho eu, libertador.
VII – Procure ser sábio; Planeje!
“Quem é como o sábio? E quem sabe a interpretação das coisas? A sabedoria do homem faz brilhar o seu rosto…”
– Eclesiastes 8:1
Costuma-se dizer que os orientais planejam muito, para que gastem menos tempo executando. Nós brasileiros, por outro lado, somos considerados os adeptos, por excelência, da “moda vamos s`embora”, plagiando o grande Wilson Simonal… “vamo simbora”… Não sabe para onde ir? Vamos simbora! Não sabe se tem gasolina no tanque? Simbora! Não sabe se a viga aguenta o peso da laje? Simbora e não conte para a prefeitura!
Pois fazendo assim estamos sempre a um passo do fracasso e do desastre. Há, claro, um charme especial em fazer férias sem grande planejamento, em passar um sábado sem agenda, sem lenço nem documento. Legal, e isso só interessa a você mesmo. Quando se trata de nossa vida profissional, não se planejar é um risco que não devemos correr.
Na Bíblia, Salomão nos chama a ter sabedoria. Esta passagem diz que se vê no rosto brilhante do sábio sua característica marcante. Por que brilharia o nosso rosto? Não sei, mas tenho algumas ideias – entendo que brilha de orgulho por ter trabalhado e pensado com afinco numa ideia, conceito ou problema; brilha por se saber útil aos demais; brilha por ser fundamento para pessoas que dependam de si, para apoia-las na caminhada do dia-a-dia; brilha, enfim, porque interpreta as coisas, lê as situações, medita e então acha um caminho. Brilha porque é de sua natureza dar luz a situações escuras.
Faça isso e será difícil te demitir ou rescindir seu contrato.
VIII – Nunca Desanime!
“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados;”
2 Coríntios 4:8
Vivemos, como cristãos, num mundo que nos odeia cada dia mais. Estamos vivendo momentos em que se levanta contra nós e contra nosso modo de viver uma onda de ataques que sequer sabemos os fundamentos. Aborto se tornou escolha, nomes perderam seu significado, e até a ciência é colocada sob xeque, por uma sociedade cada vez menos afeita à correção.
De nosso lado, somos chamados de extremistas e radicais por crermos num Deus Criador – teoria tão boa quanto qualquer uma daquelas patrocinadas pela dita “ciência”. Ou seja, somos atribulados em tudo. Mas não devemos ser angustiados ou desanimados.
A empregabilidade está diretamente ligada à resiliência, esta palavra trazida da ciência dos materiais, e que designa uma pessoa que “enverga e não quebra”, que “flete mas não despedaça”. Tenha bom ânimo, mesmo diante de um chefe chato, de uma situação complexa, de uma tarefa enfadonha. Isso agrada a Deus, e aos empregadores.
IX – Sirva a UM Senhor
Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer a um e amar ao outro ou se há de chegar a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
Lucas 16:13
Por fim, não se pode mesmo servir a dois senhores. A etimologia da palavra “diabo” está justamente centrada nisto – “duas abas”, “dois lados”. O diabo é aquele que vem dividir, roubar, matar e destruir. É tanto um ser como um conceito poderoso.
Por isso, a unidade em sua mente faz de você alguém menos afeito aos “diabinhos” do mundo. E eles são muitos e poderosos. Nem todos vêm do “diabo-mor”, mas muitos advêm de nossas características. Temos a tendência a colocar a culpa no “inimigo” (me recuso a colocar o nome dele em maiúscula), mas entendo que na maior parte das vezes “ele” nada tem a ver com nossos erros.
Está empregado? Trabalhe para o seu empregador – trabalhe, na verdade, para o Seu Empregador (o Senhor), porque no final das contas, se você se pretende um cristão, não há outro para quem trabalhemos.
Todos esses conselhos aí funcionam, independentemente de você ser cristão ou não. Funcionam porque, como a Lei da Gravidade, quer você creia nela ou não, continuará a despencar de um prédio à razão de 9,8 m/s² inapelavelmente. As Leis de Deus são “leis” não porque são algo obrigatório. São leis porque, como a Lei da Gravidade, acabam tendo efeitos iguais. Deus não seria justiça, além de amor, claro, se não tivesse feito princípios aplicáveis a todos. Por isso é possível ver pessoas que não ligam, ou não creem em Deus que frutificam nas suas vidas, pela simples aplicação dos princípios/leis da Palavra.
* Este é um capítulo do meu livro, ainda não lançado, sobre finanças e a Bíblia, a ser denominado “Finanças, uma abordagem cristã”.
Adão e Eva, segundo o relato bíblico, “ouviam de Deus na viração do dia”. Cam, filho de Noé, viu o dilúvio que Deus mandou e viveu dentro de uma arca por um ano. Moisés recebeu as famosas tábuas da Lei da mão do próprio Deus. Davi viu o que Deus havia feito em seu favor, ao lhe colocar por rei sobre Israel. Pedro viu Jesus fazer coisas maravilhosas. Judas Iscariotes passou três anos vendo Jesus multiplicar pães, curar leprosos, levantar mortos. A lista de coisas grandiosas que as pessoas veem outros fazerem é grande. E olha que só mencionei a Bíblia.
O que esses episódios têm em comum? O que me leva a coletá-los num único parágrafo? O que essas situações, separadas e juntas, nos ensinam?
Viremos a página para os dias atuais e vamos para a empresa, principalmente a empresa com valores, empresa com objetivos não puramente empresariais, mas sociais e espirituais (elas existem, estão entre nós e fazem a diferença – para o bem e também para o mal).
O que faz uma empresa o que ela é? O que faz uma empresa perder sua essência, ou seja, o que faz dela o que é? Será algo propositalmente feito? Uma pedra colocada no seu caminho? Um ato de sabotagem?
O que normalmente faz uma empresa perder o viço, seu propósito, seus valores, o foco na sua meta, é simplesmente o tempo e seus efeitos deletérios sobre a mente humana – individual e coletivamente. Uma casa está limpinha, muito bem arrumada. Deixe-a por 2 anos sem que ninguém a toque, e o resultado é o caos. Você lavou e trocou óleo do seu carro, deixou limpinho e brilhando. Colocou numa garagem coberta. Deixe lá, abrigado, por 2 anos e veja o resultado.
O caos se instala em qualquer lugar, mesmo que tenhamos visto a limpeza feita, o reparo, a lataria polida… Adão e Eva, com quem Deus “falava na viração do dia”, com um simples empurrão da serpente, sem forçá-los, entraram numa desgraceira que nos atinge até hoje. Cam viu seu pai dançar nu, com a cara cheia de vinho, e foi dar risada, desonrando o velho. Moisés, mesmo sabendo do poder de Deus, ficou brabinho e deu uma cacetada na pedra com quem tinha sido instruído somente a falar. Davi, tendo visto Deus agir, não se conteve e foi cobiçar a mulher alheia. Pedro, mesmo sabendo quem Jesus era, negou o Mestre o quanto pode. Judas, ah, esse aí então, esqueceu tudo o que viu e ouviu por três anos e entregou Jesus por um punhado (há controvérsias) de prata…
O que tudo isso tem em comum? Não importa o quanto tenhamos visto de bom ter sido feito a nós (esqueça Deus por um momento e lembre-se de uma pessoa que tenha sido preponderante na sua vida empresarial ou pessoal). Tendemos a deixar a poeira do tempo e a ferrugem da vida entrar na nossa cabeça, e transformar em lixo toda beleza que acumulamos ao longo da vida.
Empresa, assim como a pessoa, tem que ter propósito, missão, razão de existir. Empresa que nasce com um propósito não tem garantida sua manutenção para sempre. É preciso que nós, liderança, tanto na vida pessoal como profissional, sejamos diligentes em manter aceso o ideal que nos motivou – se é que esse ideal vale (ou valia) a pena. Se o ideal era ruim, mude-o. Se a premissa era podre, jogue-a fora e assuma novas.
Aqui falo especificamente para quem quer usar sua empresa e sua vida para o propósito maior de fazer o bem, físico e espiritual, a quem quer que seja. Além do natural combate do “lado negro da força”, que sempre tende a nos impelir ladeira abaixo, temos que cuidar com nossa natureza ruim, inerentemente pecaminosa, e que ninguém vai cuidar por nós.
Que como Moisés voltemos a enxergar o fato de que, mesmo não entrando na terra prometida, tenhamos visto-a de longe, e nos alegremos com isso.
Que como Davi, mesmo tendo errado feio, aceitemos a repreensão do profeta, mesmo que feio e barbudo, vestido de pele de camelo, e nos arrependamos do mal feito.
Que como Pedro, choremos amargamente, mas não fiquemos no choro e partamos para a ação, mudando nossa mente para sempre.
Que não sejamos Adões e Evas, Cams e Iscariotes, que se “jogaram nas cordas”…
A empresa só mantêm o foco se seus líderes mantiverem. A vida só se mantém ordenada se fazemos de nossa mente um local de limpeza constante, num enorme 5S espiritual que só termina com a morte.
* Este artigo foi publicado originalmente no site do Movimento Elo – www.movimentoelo.org.br
Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.
I Timóteo 6:10
Frequentemente pessoas com algum dinheiro são vistas, geralmente por outras com menos dinheiro, como sendo “escravas” desse ídolo.
Jesus Cristo deixou bem claro que:
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
Mateus 6:24 e Lucas 16:13
Lucro e Missão
O assunto foi tão marcante, que DOIS, e não somente um dos evangelistas mencionaram as palavras de Jesus Ipsis Literis.
Como membros de uma classe média “padrão”, temos a impressão de que o conceito de “amor ao dinheiro” é algo mais distante um pouco, e que no fundo no fundo, enquanto tivermos o “bocado acostumado”, não vamos sofrer nenhum tipo de má influência quanto ao que temos e como tratamos o que temos.
Ledo engano… que o digam os dólares nas partes íntimas de nossos políticos, como os dois rumorosos casos. Que o digam as sentenças prolatadas em favor de criminosos, em troca de “peitas” como o livro de Provérbios já nos advertia, há mais de 3 mil anos.
Como empresários, e mais, empresários com um compromisso com o Reino de Deus e sua expansão, estamos sempre diante da tênue linha que divide o Lucro da Missão. O Lucro não pode nem deve ser esquecido, como forma de manter a atividade (e quem dela depende) e a própria Missão. A Missão, por suas vezes, pode até depender do Lucro, mas depende muito mais do Senhor que dá a capacidade de obter o Lucro.
A Linha Divisória
O reconhecimento de que estímulo ao Lucro ultrapassou a Missão pode ser mais claro ou menos claro, mas alguns itens podem nos levar a pensar se ultrapassamos a tal linha:
Meu Lucro advém, ou pode advir, em algum momento, do prejuízo de alguém? A questão aqui pode parecer mais ou menos evidente, a depender do caso, mas quase sempre é possível raciocinar e concluir sobre o assunto, e, tendo orado antes, obter do Senhor a visão da tal Linha. Eu já me vi em diversas oportunidades em que eu tive que abrir mão de algum dinheiro em troca de não correr o risco de ofender meu parceiro/cliente/investidor. A questão do conceito de “soma-zero” no que tange ao Lucro já deveria estar plenamente resolvida na cabeça de quem empreende para o Reino – há um conceito que eu chamo de “Economia Adiabática” (fazendo um paralelo com o mundo físico, onde a economia seria um “sistema fechado”) onde, para um ganhar, o outro tem necessariamente que perder). É o conceito usual nas visões econômicas mais socialistas ou socializante – o empreendedor acaba sendo mau, pois ao lucrar está retirando recursos de alguém. A economia não é um sistema fechado de soma zero. O ganho de alguém, desde que honesto e voluntário, acaba por representar o ganho de todo o sistema econômico, inclusive de quem “forneceu” o lucro ao comprar. No entanto, não podemos confundir a margem de lucro que vai contribuir para a continuidade de um negócio com casos em que, de fato, o Lucro ocorre em detrimento de outro, por razões não-voluntárias.
Ao lucrar, estou beneficiando a outra parte? Um exemplo claro disso vem do aumento de preços durante períodos de relativa escassez de algum tipo de material ou serviço. É natural, pela lei de oferta e procura, que os preços aumentem, e com eles, por um tempo curto, a margem de lucro de quem vende. Há aspectos econômicos que advém daí – como a necessidade de repor materiais ou mão de obra mais caras, que necessariamente implicarão em aumento de preços. Mas há aspectos mais mundanos, como o aproveitamento de uma oportunidade gerada, por exemplo, por um “efeito manada”, no qual a oferta é dada como “escassa” de forma artificial, e portanto, sim, retirando riqueza de forma, pelo menos parcialmente, parte da riqueza do outro de forma não-voluntária.
Estou criando condições artificiais para lucrar? Algumas empresas, em alguns nichos de mercado, conseguem gerar, por períodos de tempo mais ou menos longos, condições em que o aspecto voluntário das trocas econômicas é controlado. Cartéis, oligopólios e outras formas de controle de mercado não deveriam fazer parte do vocabulário de empresas ligadas ao Reino. Aliás, a mega empresa tem-se mostrado, ao longo dos anos, cada vez menos capitalista (no sentido das trocas voluntárias de bens e serviços) e mais favoráveis e formas econômicas menos livres.
Escravidão e Liberdade Financeiras
Voltando ao Senhor Jesus, a Bíblia é muito clara sobre o trabalho, inventividade, sabedoria, prosperidade, mas é mais clara ainda sobre a necessidade de que dominemos sobre isso – o conceito de “dominar sobre a Criação” contido no Gênesis, na minha opinião, vai até o domínio sobre as criações do intelecto humano – o que criamos não pode nos dominar, e dinheiro é mais uma das criações humanas.
Crescer, multiplicar-se, encher a terra e sujeitá-la, dominar sobre a criação, são mandamentos que vão até nossos bolsos. Sujeitar nosso bolso à vontade soberana de Deus é parte do processo de ser feliz no Senhor. Se isso representar perder, ou deixar de ganhar, dinheiro, que seja! Não vamos nos esquecer nunca de Quem dá a condição de que tenhamos algo sobre o que trabalhar e lucrar, em primeiro lugar.
Lucro é a base para a sobrevivência de um negócio. Lucro, aliás, representa a possibilidade de manter CAPEX (Capital Expenditures, ou Inversões de Capital), OPEX (Despesas Operacionais), pagamento de tributos e contribuições sociais, remunerar sócios (que precisam viver).
No caso de BAM, lucro é uma “cunha” necessária para que a entidade possa usar parte dele para manter a Obra de Deus, entregar produtos ou serviços com qualidade, honestidade e dentro de regras vigentes. Em síntese, Lucro em BAM é cumprimento da missão, do Ide.
Não temos que nos envergonhar do Lucro, se observamos: a)o caráter voluntário das trocas; b)a existência de justeza, no produto e no preço, dado o mercado; c)a inexistência de manipulação de preços, pela constrição da oferta ou aumento artificial da procura.
Somos servos, antes de sermos homens e mulheres de negócios!
Vai na mídia uma grande celeuma em torno de algumas questões envolvendo perdão de dívidas a “Igrejas” (templos de qualquer culto). A Gazeta do Povo de hoje trouxe um interessante parecer da ANAJURE- Associação Nacional dos Juristas Evangélicos, que trata da questão com bastante clareza. Não puxa brasa pra lado algum e de certa forma esclarece tanto o que a imprensa, de forma geral, fala, como o que é fato, neste imbróglio todo.
Para começar, não são “igrejas” que são imunes, mas “templos de qualquer culto”. Uma conquista derivada de várias entidades de cabeça clara, desde os primórdios constitucionais do país, como a Maçonaria, os militares, as próprias Igrejas, etc, fizeram, na minha opinião corretamente, com que a religião ficasse segregada do Estado de forma que qualquer culto, e não só cultos cristãos ou afins, fossem alcançados pelas garras deste.
A imunidade foi e é uma forma do Estado brasileiro dizer claramente que é laico (não laicizante) e que não interferirá na dinâmica da fé, que é uma questão de foro íntimo. De forma análoga, o Estado se recusa a esposar esta ou aquela fé religiosa, deixando aos diversos proselitismos a tarefa de arrebanhar seus adeptos.
Portanto, o caso não está centrado em “Igrejas”, cristãs ou não.
Desvios de Finalidade
A ANAJURE faz uma sábia ressalva, e que, de fato, baseia-se numa realidade, e que escandaliza e cria rejeição por parte da sociedade, sobre a atitude de algumas seitas (não se pode chamar de Igrejas, tecnicamente) que usam a religião como forma de tirar proveito econômico de seus fiéis, enriquecendo seus líderes, que sugam o caixa das entidades como “Prebendas” ou “Côngrua” e usam como bem entendem. São seitas, antes de qualquer coisa, porque os fiéis não participam da vida financeira da Igreja.
Em síntese, há, de um lado, um abuso por parte do poder público, em tributar algumas instituições de forma injusta e infundada tecnicamente, principalmente pelo já mencionado fator Imunidade Constitucional.
Por outro lado há uma justa grita da sociedade contra os “Robbing Barons” (os Barões Ladrões) da fé, que preferimos não nominar, mas que tanto eu quanto o Brasil inteiro sabemos exatamente quem são. O Apóstolo Arnaldo, figura caricata do YouTube, é bastante preciso ao identificar os que abusam da fé. Ele faz troça (com as quais muitos evangélicos se escandalizam, com razão apenas parcial).
E o que é justo?
Interpretar “justiça” num mundo de “justiceiros sociais”, gente que sai por aí atacando quem quer que seja por qualquer razão que seja, só pra se sentir bem ou “dar uma lição” (à lá Black Lives Matter, etc) é algo bem difícil.
No entanto, alguns parâmetros de justiça, sobre o assunto acima, poderiam ser definidos assim:
Se nossa sociedade quer ser justa em termos de respeito à fé alheia, todas têm que ser tratadas igualmente;
Se todas têm que ser tratadas igualmente, logo todas tem que ser ou tributadas ou todas não tributadas;
A Constituição Federal instituiu não a “isenção” (como um jornalista da CNN Brasil erradamente propalou umas 10 vezes ontem), mas a imunidade. É imunidade justamente para que alguém com viés ateísta ou extremista (de uma determinada religião) não crie uma situação que venha a tornar o Estado brasileiro “oficialmente cristão” ou “oficialmente ateu”;
As religiões não têm, nem podem ter, finalidade de “ajuntar tesouros na terra”, como bem disse J.C… Portanto, é sim, desvio de finalidade, dar ao apóstolo “A” ou o pastor “B” um salário maior do que a responsabilidade ou liderança que ele exerce, ou pior ainda, deixar as finanças da entidade na mão desse líder carismático – líderes carismáticos, quando não vigiados, tendem a se tornar déspotas;
Qualquer entidade sem fins lucrativos no Brasil tem regras a seguir, entre elas regras associativas, de representatividade, entre outras, e, inclusive, o dever de fiscalização pelo Ministério Público.
Como evangélico, membro de uma das “Igrejas Históricas” (Batista), tenho orgulho de dizer que conheço a contabilidade de minha igreja e qualquer membro dela tem acesso a qualquer informação que queira, inclusive salários dos pastores. Portanto, pra nós, batistas, importa ZERO se o Ministério Público vai vir nos investigar. Teremos alegria em demonstrar nossa fé e zelo pelas coisas do Reino de Deus (o verdadeiro, não um “universal” qualquer) a quem quer que seja.
Fico muito feliz com opiniões equilibradas como da ANAJURE, e acho muito bom que seja exposta à sociedade essa faceta terrível de um submundo de seitas que são usadas para fins obscuros.
A independência acadêmica, leia-se, liberdade para pesquisar o que quiser, e chegar a conclusões independente de pressões ou interesses, é um assunto muito sério. Em alguns países o assunto é (ou era) levado muito à sério. Essa liberdade deveria ser levada a sério em disciplinas como sociologia ou história, mais ainda em engenharia, matemática, e medicina, principalmente. As disciplinas “de humanas” são as que menos parecem respeitar a liberdade acadêmica, devido à enorme ideologização das diversas correntes políticas. Como ninguém morre por um diagnóstico histórico errado, no curto prazo, ninguém dá muita bola pra isso. Mas imagine em medicina.
O risco de perda de liberdade acadêmica começa a ser pouco a pouco revelado, onde menos eu esperava qualquer ação jornalística mais independente, depois do Brasil claro – a França. E sobre o vilão do momento, a Covid-19.
O Jornal France Soir (antigamente um “vespertino”, quando havia jornal impresso) publicou no início do mês uma lista de pesquisadores que recebem fundos de laboratórios farmacêuticos, entre eles dois principais, Gilead e AbbVie, que querem levar ao mercado remédios contra a Covid-19 . Esses que estariam de certa forma “tendenciosos” contra a bendita (ou maldita, dependendo da ideologia) Hidroxicloroquina, ou HCQ para simplificar. Lá constam pelo menos 13 renomados cientistas que pesquisam em
France Soir publica lista de professores pagos pela Gilead. São todos contra a cloroquina e contra o Professor Raoul (Didier Raoul, Univ. de Marselha).
France Soir, citado pelo blog de J. L. Douret
Estamos todos aqui no Brasil, “hiperinformados”, gordos de tanto dado na nossa cara, e sem quase nada de verdade pra olhar. Esse blog do J.L. Douret tem um lema interessante: “Pense certo, pense errado, mas pense por si só“. Achei interessante o lema, pois estamos sendo cada dia mais motivados a não fazê-lo.
O que o France Soir fez foi colocar em dúvida a liberdade acadêmica que 13 “grandes nomes” da pesquisa francesa, por conta de sua receita proveniente de duas grandes empresas farmacêuticas, e, ao mesmo tempo, seu veemente ataque às pesquisas do Dr. Didier Raoul, que ficou célebre recentemente por algumas entrevistas e artigos propondo um coquetel de HCQ, zinco e azitromicina para prevenir a Covid-19. Lá na França, como cá no Brasil e em praticamente todo o mundo há uma guerra meio que deliberada sobre o tal coquetel. Ninguém sabe muito bem a natureza da “raiva” e espírito encarniçado contra alguns fármacos que juntos não somam R$ 5,00 por paciente por dia. Ou talvez por isso mesmo a raiva esteja justificada.
Na minha modestíssima opinião, um acadêmico ser pago para fazer pesquisa científica é válido. É lícito e desejável que as universidades trabalhem em conjunto com as empresas a fim de gerar patentes, métodos e pensamentos que tornem o mundo melhor. É um grande exemplo de bom capitalismo. No entanto, é necessário um freio na intervenção que o poder econômico tem na liberdade acadêmica. Aparentemente (dados de Wikipédia são sempre disputáveis, mas bastante acurados), o conceito de liberdade acadêmica começou na Universidade de Leiden, na Holanda, esta fundada em 1575, e se espalhou pelo mundo. Os suspeitos de hábito, URSS, China, Cuba, países do leste europeu, atentaram e atentam contra a liberdade acadêmica dia e noite.
Leiam o artigo (tem tradução, meia boca mas têm) pro Português, e dá pra compreender rapidamente que a soma de grana no bolso e animosidade contra o Dr. Raoul de certa forma está patente. O caso mais estranho é atribuído ao Dr. como abaixo traduzo:
“No. 1. – A Palma de Ouro vai para o Prof. François Raffi de Nantes. com € 541.729 [recebidos de farmacêuticas] , incluindo € 52.812 da Gilead. Será que é coincidência que falaram que o telefonema anônimo ameaçando Didier Raoult, se ele persistisse com [os estudos e propagação da informação] da hidroxicloroquina, saiu de um celular do departamento de doenças infecciosas do Hospital Universitário de Nantes, do qual François Raffi é o chefe ? Certamente uma pura coincidência. [ironia embutida]
Blog J.L. Duret
Como diz o lema do blog, pense certo, pense errado, mas pense por si só. Sem teoria da conspiração, mas sabendo que as farmas são o que são porque fazem o que fazem, pense… e conclua.
O Capital é um bicho esquisito, amorfo, apátrida, fluido, desconfiado, medroso… um monte de adjetivos podem ser aplicados ao Capital. Burro, o Capital não é. Se for, dura pouco e vira zero, ou dívida (menos que zero).
O nível de problematização social quanto à raça atinge níveis “nunca d`antes navegados”. Nos EUA, a morte de uma pessoa de cor por um policial negro gerou uma série de protestos, matando mais gente negra, branca, azul e amarela, a torto e a direito, gerando um monte de prejuízo material e histórico (quebra de estátuas, etc). Estamos sendo submetidos a uma tentativa cada vez mais escrachada de divisão social. Um cisma que não levará a nada produtivo. Só tristeza, morte, destruição, ódio.
A manchete acima traz um exemplo de hoje mesmo sobre essa problematização. “Brasil nunca teve fundos para projetos liderados por negros“. Em primeiro lugar, queria entender se a autora tem algum tipo de bola de cristal, ou supercomputador fantástico pra “cravar” a frase acima. Mais do que isso, por que o Capital, esquivo como é, faria uma decisão com base ese submeteria a ser usado com base numa orientação, seja sexual, religiosa, ou outra qualquer?
Existem fundos dedicados a determinados investimentos. Há fundos dedicados a empresas da nova economia, a “economia limpa”, a fintechs, entre outras áreas. Há fundos que restringem suas aplicações em empresas que não se comprometam com o combate à escravidão, ou ao uso de imigrantes ilegais, e por aí vai. O grande capital, no entanto, busca retorno; só isso. Parece, e é, bastante egoísta. O Capital é egoísta; o capitalista, o empresário, é egoísta. Dizia Adam Smith, abaixo:
Os justiceiros sociais se arrepiam ao pensar no que está escrito acima. A URSS faliu justamente porque todo mundo cuidava do seu interesse, e ninguém cuidava do interesse do país. “Gente horrível”!… não necessariamente. A ideia da “farinha pouca, meu pirão primeiro” é a expressão da imperfeição humana, e do uso que temos que fazer dela para manter a ordem.
Se formos subordinar as necessidades de geração de riqueza à cor das pessoas, se dermos quotas para essa ou aquela cor ou gênero, ou religião, estaremos criando um artificialismo que cedo ou tarde vai estourar na minha cara. Eu não quero saber se o médico é cubano ou adventista, gay ou negro. Quero que ele resolva o problema da minha saúde, ora bolas!
Da mesma forma, ninguém vai despejar dinheiro em um projeto porque tem um branquelo comandando, se o tal branquelo não tiver massa cinzenta e força de vontade. É o resultado que conta. Ah, não há fundos para essa ou aquela “raça”? (raça mesmo, só a humana…), então é porque há melhorias e serem feitas até que algo venha a acontecer.
Quebraram uma estátua de Frederick Douglass nos EUA esse fim de semana. Douglass, um símbolo do processo de libertação dos escravos naquele país; Douglass, o autor da célebre frase “Eu me uniria com qualquer um para fazer o certo e com ninguém para fazer o mal“. Um cara que deveria ter mais estátuas nos EUA e no mundo todo; oposto exato ao “nosso” Zumbi, que era escravocrata, um homem do seu tempo, cuja obra extravasa os tempos, e só não chegou ainda aos caras da Antifa, que sob pretexto de “combater o fascismo”, o exalta através dessas ações.
Há capital para empresas tocadas, e bem tocadas, por negros, hispânicos, orientais, indígenas (! vai dar zebra esse termo), etc. Muitos eu conheço e admiro pessoalmente. Não estou nem aí pra cor do indivíduo. Não me uniria jamais ao coro dos que lançam, aqui e acolá, sementes de divisão e ódio, ou seja, eu também me uniria com qualquer um para fazer o certo e de nenhuma forma, com ninguém para fazer o mal.
Viva Frederick Douglass, e vai catar capital da forma correta, sem preconceitos!
O cara tem basicamente a minha idade, 55 ou coisa que o valha, mas é o “Véio da Havan”. Criou uma rede de lojas que crescia vertiginosamente até a tragédia da Covid-19. Catarinense, acostumado com um estado em razoável boa situação, com um IDH alto, o cara prosperou onde outros fracassaram. Tem o que todo empresário brasileiro tem – ativos, passivos, dívidas, e algumas encrencas com a Receita Federal.
Impossível não ter encrenca com a Receita. Qualquer empresário digno do nome, pagador de impostos e empregador, tem pelo menos algum fiscal da Receita batendo na porta, multando, certo, e errado. A Receita Federal do Brasil é um órgão que perdeu o rumo há anos. Como me disse certa vez um renomado advogado tributarista, e ex-membro do CARF (Conselho que julga ações administrativas na esfera da RFB), “o conceito de justiça tributária no Brasil foi jogado no lixo em 2002”. O objetivo passou a ser arrecadar, nem que para isso seja quase obrigatório distorcer o que diz a legislação.
O exemplo mais recente disso, julgado pelo STF é o “bis in idem” gerado pela inclusão do ICMS na base de cálculo de dois impostos, PIS e Cofins, o que gerou uma receita indevida imensa para o Fisco Federal, ou confisco sem tamanho. Se alguém olhar o tamanho da dívida ativa da Receita vai ver lá um monte de grana “que os malditos empresários devem ao país”, e vai sair batendo boca com qualquer um sobre o assunto, julgando quem quer que se lhe oponha de “fascista” e defensor de empresário ladrão… é da política de esquerda, faz parte do jogo de palavras, mas NÃO é verdade. Tem empresário ladrão, como em todo lugar, mas a maioria do empresariado muitas vezes nem sabe como pagar o imposto, por falta de clareza. Não é incomum “brigas” entre fiscais de diversos níveis, federal, estadual e municipal, pra saber quem tem o direito de cobrar. Isso gera às vezes duas multas sobre o mesmo assunto. E o empresário que se vire para se defender.
O caso agora é que o Véio da Havan, o empresário Luciano Hang, apelidado de “Zé Carioca” por um grande veículo de imprensa, entre outros epítetos, que ele jocosamente absorve e os torna a seu favor, foi quase que “acusado” pelo Estadão de hoje de estar sendo “sonegador”. Obviamente que mais de 50% dos comentários foram do naipe de “Pegaram o Zé Carioca de novo? Não é à toa que vive lambendo as botas do Bolsonero. Vai cair o Secretário da Receita.” e também “O gnomo sonegador é personificação do empresário que apoia o governo genocida.“.
Não estou aqui fazendo defesa de Luciano Hang, que deve ter advogados muito bons. Nem estou defendendo o empresariado de uma forma geral. Tampouco estou dizendo que a Receita Federal não cumpre o seu papel. Estou dizendo que a Receita Federal, com sua postura arrogante e “legisladora” em cima de temas que não lhe competem, criou no contribuinte a necessidade de “se defender” do fisco. Uns fazem isso de forma grotesca, sonegando simplesmente. Outros interpretam a legislação por meio de pareceres jurídicos e vão às vias de fato (juridicamente) caso autuadas pelo Fisco. É seu direito.
O que chama a atenção é gente que demoniza alguém sem qualquer base legal para faze-lo. Mas mais do que isso, um veículo de comunicação de massa que lança uma matéria dessas, cria um enorme ruído na cabeça da população (não me estranharia se os dois criadores dos posts em itálico acima sejam totalmente leigos em termos de tributos e com objetivo claro de associar o empresário ao ladrão, sem direito a sursis…). Isso pra não falar do “governo genocida”, coisa que encontra tanto eco na realidade quanto nos dois neurônios semi-mortos da Dilma.
O Véio da Havan não está sozinho. Tem muito “véio” da empresa A, B e C sendo demonizados há décadas por uma corja de idiota cuja única conquista na vida tenha sido a de se filiar a determinado partido, ser amigo do deputado A, senador B, ou líder sindical L… Esses “Véios” de tantas Havans Brasil afora estão neste momento lutando desesperadamente pra não demitir (demissão custa financeiramente, mas muito mais em termos de capital intelectual investido, re-treinamento, etc).
Que muitos Véios da Havan tenham muitos problemas mais com o Fisco, pois é sinal, pelo menos, de que estão tentando fazer algo, e pelo menos criaram uma base de cálculo de tributos que permita ao Estado tentar se apropriar de parte dela (ou seja, criaram alguma riqueza).
Li outro dia um post de um advogado, que me parece bem interessante. Não concordo com tudo o que está ali, mas no que tange a alguns aspectos constitucionais, sou forçado a concordar.
Direito de Ir e Vir
A Constituição preconiza a “liberdade de ir e vir” (artigo 5º, XV, da CF). Já o artigo 5º, II, da mesma Constituição diz que existem as “obrigações de fazer ou deixar de fazer determinado comportamento “somente em virtude da Lei”. Grandes conquistas. Como não sou advogado, mas contador e perito em causas judiciais aqui e ali, tenho que ir buscar conselho em quem entende (neste caso https://www.conjur.com.br/2020-abr-12/ricardo-marques-covid-19-nao-direitos#sdfootnote1sym).
O autor deste artigo é enfático em dizer que:
“Chamou a minha atenção o fato de o presidente da República Jair Messias Bolsonaro, nessa sexta-feira da paixão, passear pelas ruas da capital federal, sendo massivamente criticado pela imprensa, que o classificou como delinquente social e irresponsável[2], diante das regras de governadores de estados que limitam a liberdade das pessoas e a atividade econômica. Mas, apesar da crítica ferrenha, outro fato despertou a minha atenção a frase do presidente: “Ninguém vai cercear meu direito de ir e vir”. …“sua frase e, mais do que ela, seu direito, sob o ponto de vista jurídico’… ‘se ampara na tradição jurídica secular, da Carta Magna de João Sem Terra, às Revoluções Francesa e Americana.”
E aí? Que direito têm então, sem quebrar a Constituição, governadores e prefeitos de mandar fechar uma loja, prender o dono, mandar todo mundo ficar em casa sem exceção?
Ah, mas a Lei da Quarentena não prevê isso? Não. Prevê o isolamento somente de quem estiver contagiado (pessoas, bagagens, cargas, etc). “Ah…” – dirá você – “mas como é que vamos saber quem está contagiado ou não?”. Você pode argumentar que deveria haver medida mais dura na Lei. Existe, mas obviamente os políticos e o STF jamais daria essa moleza ao Bolsonaro – afinal, Estado de Sítio e Estado de Calamidade Pública, com o aumento de poderes presidenciais e dos militares, o que não interessa a ninguém do establishment político-jurídico (e aqui, sem crítica a esses poderes, e também sem preferência pelo executivo).
De quem são os espaços públicos?
A questão mais direta aqui lida com a “praia”. Esta é federal, faixa de marinha, sendo impossível, inclusive, construir nela sem expressa autorização. No Brasil, ao contrário de muitos países, não existe “praia particular”, exceto se por alguma “sorte” do dono do local, um acidente geográfico impeça a entrada normal de pessoas – mesmo assim tem que haver uma “servidão” (passagem).
Como é que se arvoram em prender gente na praia os governadores de alguns estados?
Qual é a questão
Não se trata de ser contra o isolamento, ou ser contra o lockdown. Nada disso. Trata-se apenas e tão somente de saber que limites existem. A questão fundamental é que evitar lockdown é apenas uma forma de manter a constituição, enquanto esta não for mudada. Infelizmente estamos fazendo, todos, parte de um grande experimento social, que pode até não “visar” eliminar liberdades, mas certamente dão a pista de como a sociedade vai responder em caso de uma ameaça real às liberdades individuais.
A Suécia disse algo mais ou menos parecido, para justificar o fato de que não iria colocar todo mundo trancado em casa, preferindo apelar para o bom senso da população, o que funcionou, em boa medida. E mesmo que tiver funcionado em escala menor do que em outros países, pelo menos não serviu pra criar uma determinada ruptura constitucional. Bom, cada país com suas leis, e em alguns casos, como nos EUA, é possível, por haver uma constituição mais enxuta e mais poder ao executivo.
Em suma, acima apenas dois problemas para os quais a mídia não deu nenhuma atenção, e que, gostemos ou não, tornam a posição do executivo mais entendível. Ao delegar aos estados, de forma monocrática, a responsabilidade pelas medidas de combate ao COVID-19, o STF criou ainda mais complicação jurídica numa seara já nebulosa. Ao tomarem as medidas que estão tomando, os governadores e prefeitos estão sendo frontalmente contrários à constituição. Se as medidas são boas e apropriadas ou não, não vem ao caso aqui (até acho que em boa medida o são).
Um STF minimamente alinhado com a Constituição teria dado indicações mais claras e ajudado a resolver um problema de segurança jurídica. Bolsonaro estará certo se sair pela tangente dizendo que “a responsabilidade foi assumida pelos governadores”…
Uma economia pujante é como uma vaca premiada. Ela dá muito leite, é bonita e dá retorno ao dono. Mas geralmente é um animal frágil. Qualquer economia, mesmo se ligeiramente maltratada, tende a murchar e morrer.
A vida econômica é como o sistema sanguíneo – um sistema de vasos comunicantes infinitos, cujo vai-vem de “nutrientes” que mantêm a vida. Qualquer interrupção nesse sistema provoca confusão, doenças e males que levam até facilmente à morte.
Independentemente de se você é contra ou a favor de restrições às movimentações de pessoas, #fiqueemcasa ou #obrasilnaopodeparar, o que escrevo aqui nada tem a ver com seu ponto de vista. É uma constatação às vezes difícil de engolir.
A história demonstra que a supressão de fluxos comerciais ou da circulação de bens e serviços, mesmo por curto período, sempre gerou catástrofes. Apenas para citar algumas:
O “grande salto adiante” (China, 1958-60) foi a tentativa chinesa, no início da dominação comunista, de criar uma indústria de base e uma agricultura de bases centralizadas. O planejamento feito em Pequim, por burocratas, deu tão errado que causou a morte de mais de 100 milhões de pessoas, de fome – produtos ruins e caros chegavam a uma população empobrecida;
O “Gosplan” (abreviação de Comitê Estatal de Planejamento) instituiu na União Soviética, os planos quinquenais, entre 1921 até a derrocada final do regime, em 1991. O sistema de planejamento quebrou a espinha dorsal da produção e levou a Rússia ao caos econômico e à sua ruína. Isso pra não falar o Holomodor, uma chacina de camponeses impedidos de produzir, que gerou quebras de safras e efeitos em cascata de fome e destruição;
Os planos de safra em Cuba – A criação do Ministério do Açúcar define bem o nível de dirigismo dessa economia, e por que a economia cubana dependeu tão profundamente da URSS. Ainda hoje os efeitos das quebras de racionalidade nas transações vindas daí cobram um preço no baixo crescimento da economia cubana (a despeito da propaganda em contrário e das estatísticas “oficiais”).
Esses artificialismos econômicos não ocorrem só em países socialistas. Entendo que a OPEP é uma forma artificial de controle de preços que quebrou cadeias produtivas no mundo e gerou duas crises (choques do petróleo) de grandes proporções. Qualquer cartel é um artificialismo que gera pobreza. A política dos “campeões nacionais” de triste e recente memória no Brasil é outro exemplo trágico.
Independentemente de sua preferência durante esta crise da COVID-19, e independentemente do seu nível de hipocondria (que eu creio que direciona mais as ações e opiniões do que outros fatores), a economia continua sendo uma “vaca premiada”, que adoece por qualquer coisa e corre risco de morrer. As recentes intervenções na economia, começando pelos PNDs no Brasil (Planos nacionais de desenvolvimento), ainda nos governos militares, passando pelos planos de estabilização econômica, foram coroados nos anos Lula/Dilma pela intervenção maciça na economia, que nos levou a uma recessão que encolheu o PIB em mais de 10% em 2 anos, o que pode dar “2 Covids”.
Assim, dada a fragilidade das trocas econômicas, das cadeias de produção, dos fluxos de dinheiro em circulação (e em poder de quem precisa, a população de mais baixa renda, não empregados do governo), precisamos desesperadamente de deixar a economia fluir TANTO QUANTO possível. Claro, com todo cuidado, com prevenção e isolamento social (3 metros ou 30 Km dá no mesmo) deve ser tomado. Tem que ser absolutamente rígido nisso. No entanto, já vemos começar o esgarçamento do tecido econômico aqui e acolá.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema econômico, os zilhões gastos até agora pelo Governo para tentar minimamente remediar a situação dos mais fragilizados não vai dar pra resolver a vida nacional por mais do que algumas semanas. E isso ocorrerá à custa de um aumento brutal no déficit público. O tamanho da economia é desproporcional à capacidade do governo – qualquer governo – em suprir a diferença gerada pela quebra de cadeias econômicas inteiras.
Por enquanto estamos rumando para dois tipos de caos – de saúde e econômico. Resta saber qual matará mais. Aposto no econômico (com tristeza por ambos)…